Cavaleiro - (Contos do Branco e Vermelho) escrita por emrys


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ele veio montado em um dragão alado cuspidor de fogo, ao pousar em frente à grande torre nada disse a fera, apenas acariciou levemente o topo de sua cabeça escamosa saiu de cima de seu pescoço e lhe deu as costas para ir à entrada da torre, enquanto a fera se dobrava em torno dela mesma esperando pelo cavaleiro.

O cavaleiro trajava sua armadura completa, que lhe foi dada especialmente por seu mestre, o traje era completamente negro com alguns detalhes de relevos nas ombreiras, joelheiras e peitoral, que imitavam pequenas labaredas de fogo, seu capacete lhe cobria o rosto e se assemelhava ao da fera alada que ele deixara aguardando. Caminhou em direção a grande torre, as paredes externas rachadas e descascadas lhe davam um aspecto antigo e a impressão era que poderia vir a cair a qualquer momento. Olhou para cima, os trovões dançavam incessantemente pela vastidão do céu e deles era de onde vinha a luz necessária para se ver.

Tentou calcular o tamanho da torre, tarefa que não o fez, pois não era possível enxergar o topo daquele arranha céu que se estendia alem das nuvens, então sem diminuir o ritmo de seu andar empurrou o grande portão de ferro, única entrada e saída existente do local.

 Chegara ao primeiro andar.

Ao entrar foi tomado por uma fumaça densa de cor roxa de um odor pouco peculiar, mas a fumaça contornava o corpo do cavaleiro, e jamais chegava a tocá-lo.

— Cof cof, ae! Pega aquele maço de cigarro ali pra mim brow, cof.

A fumaça era espessa de mais para ver quem havia falado, mas o cavaleiro sentia a presença e seguiu facilmente aquela voz até encontrar o ser a qual ela pertencia. A criatura estava em cima de alguma coisa coberto de panos e parecia ser extremamente confortável, pois o ser quase que afundava em seu acento tão comprido que fazia com que ele estivesse mais deitado do que ditamente sentado. A criatura era magra de pele acidentada e com os cabelos castanhos embaraçados e sujos, estava em volta de cobertores surrados e velhos com vários buracos e marcas de queimado feitas pelas cinzas que caiam do cachimbo que estava em sua boca seca e lábios rachados.

— Sinto muito, mas com essa nevoa não consigo ver onde esta o seu cigarro. – Disse o cavaleiro em um tom simples e cordial. Porem essa não era a verdade, pois quando se aproximou viu que estava jogado ao chão a 2 metros da criatura.

Ao ver o cavaleiro, os olhos da criatura se arregalaram de forma que mais parecia que ela estava entrando em transe do que por surpresa.

— Voocêê... Hãaan... Quem era você mesmo?

— Apenas alguém que deseja subir para falar com sua mestra, mas com essa fumaça não consigo ver onde esta a porta que leva a escadaria, o senhor me daria o privilegio de me mostrar onde ela esta.

— Kahawaahaahaa - a criatura soltou uma risada asmática e cansada - seja lá quem é você, até que é engraçado, mas é burro para achar que a princesa tenha a presença de qualquer um.

— Vejo que ainda não se lembra de quem sou eu.

— Algum morto qualquer, mas não sei como agüenta há tanto tempo a minha fumaça.

— Não é necessário que eu "agüente", veja sua fumaça sequer chega a tocar o meu corpo.

A criatura voltou a fazer o mesmo olhar de surpresa, mas ao invés de falar qualquer coisa deu uma longa fungada, e com uma baforada soltou uma rajada daquela fumaça que cobriu todo o corpo do cavaleiro.

— Kashaahaashaaa, quero ver voltar a falar agora com o rabo cheio da minha fumaça, kahahaha.

A criatura falava aos gargalhos em frente a uma nuvem de fumaça. Mas ao terminar de rir, ouviu apenas um curto estalar de dedos. Não houve mais risos ou ofensas enquanto uma forte rajada de vento expulsava toda a fumaça do lugar, e que por sua vez também fez com que voasse a criatura e seu querido acento, ouviu-se um sonoro "sprack" quando a criatura parou de costas com a cabeça mal apoiada em um monte de narguiles que se espatifaram com seu peso e em seguida o cobertor caiu por cima de sua face, expondo o corpo terrivelmente magro e de pernas atrofiadas.

— Desculpe por isso, mas aquela terrível fumaça havia ficado mais densa e não conseguia enxergar nada, mas agora parece que finalmente achei a porta, estava bem atrás do senhor, obrigado. E acho que encontrei o seu maço de cigarros. - Disse o cavaleiro apontando para ao lado do pé da criatura.

Desengonçado ela puxou o coberto do rosto e tentando não se machucar enquanto se sentava entre cacos de vidro.

— Poooooow valeeeeuu.

— Por nada. – Disse já passando pela criatura em direção a uma porta de ferro enferrujado.

— Jáaaa éeeee - acendeu-o e deu uma longa tragada - tava na maior preguiça de pegar isso aqui.


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Notas finais do capítulo

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