When I Fell in Love For the First Time... escrita por RayssaE


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Pequena one-shot escrita para esse dia dos namorados. Recebi o texto da Kin, uma das minhas leitoras mais legais, e mesmo tendo demorado um pouco para algo surgir, consegui fazer algo.

Espero que curtam. É algo pequeno e simples, mas...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696176/chapter/1

            Estava sentada na varanda, observando o sol que se punha não tão longe dali, escondendo-se atrás da imensidão azul do mar que era nossa vista diária há alguns dias. Eu amava aquela vista! Sempre disse que a casa na praia foi meu maior investimento, além de ser nosso maior escape dos estresses do trabalho e do meio urbano de New York.

            - Mama! Mama! – Lana pulou em meu colo rindo e me agarrando, enrolando seus bracinhos (pequenos para a sua idade de 11 anos, afinal ela era toda pequenina) em meu corpo e escondendo o rosto no meu pescoço – Mamãe está tentando me pegar.

            Assim que sua sentença chegou ao fim, minha esposa passou pelo vão da porta que dava acesso ao deck com um sorriso estampando seu rosto.

            - Oh, ela está? E o que você aprontou, baby girl? – perguntei, apertando o corpo da minha filha contra mim, enquanto sua outra mãe se aproximava a passos lentos.

            - Eu? Eu não aprontei nada, mama – disse, afastando seu rosto do meu pescoço e me olhando com aqueles enormes olhos cor de mel, que já não me enganavam mais.

            - Ah, não?! – ela negou novamente – Então não há pra quê fugir não é mesmo?

            E antes que ela percebesse, minha esposa pulou acabou com o espaço e ambas começamos a fazer cócegas em nossa filha, que ria sem parar, animada com tudo aquilo.

            Lana sempre adorou a casa nos Hamptons tanto quanto eu, ao contrário de Rachel que sempre preferiu a correria da cidade grande. Mas resolvemos aproveitar as duas semanas de folga que conseguimos do trabalho e os últimos dias de férias da nossa pequena. Além disso, eu e Rachel estávamos comemorando 20 anos de casada (fora os quatro de namoro e um de noivado) e o dia dos namorados. Ou seja, 25 anos. Quem diria que aquele encontro e aquela conversa levariam até isso?

            - Q... – Rachel chamou, tirando-me dos meus pensamentos – Onde está a sua cabeça, amor?

            - Em você – respondi sorrindo para ela – Mais especificamente no dia que nos conhecemos.

            - Mama, mama, mama! Me conta como você e a mamãe se conheceram? Conta, por favor, por favor! – Rachel riu da animação da nossa filha e me olhou com os olhos brilhando. Ela também adorava essa história.

            - Tudo bem, filha. Eu conto...

25 anos atrás...

 

            Havia acabado de chegar ao The Old. Desde que havia ido morar em New York, essa era a primeira vez que eu resolvera sair completamente sozinha. Mais um semestre chegava ao fim e eu já havia me livrado de todas as matérias, ao contrário dos meus amigos que farrearam durante seis meses e deixaram pra estudar nas duas semanas finais. Eu? Eu conseguia farrear e estudar.

            Resolvi ir ao The Old, porque aquela aura de pub irlandês que mistura a calmaria, com espaços onde podemos apenas sentar e beber, e a animação, com música tocando e pessoas dançando por todo o lugar, já havia se tornado meu santuário.

            Entrei e passei por entre as pessoas, cumprimentando os conhecidos, que nem eram tantos assim visto que aquele lugar reinventava seu público todos os dias, e me encaminhei para o bar, sentando em um banco mais afastado, porém que dava visão completa do lugar.

            - Hey Quinn, sozinha hoje? – Paul, o dono do lugar e barman (um dos), me cumprimentou.

            - É isso que dá ser a única que estuda, Paul. Acaba saindo sozinha no final do semestre – respondi fazendo uma leve careta e ele riu.

            - Uma cerveja? – assenti e ele logo voltou com uma garrafa longe neck em mãos, a qual me entregou.

            Tomei um gole e senti a cerveja descer por minha garganta. Com os olhos atentos, comecei a vagar pelo local, observando tudo ao redor. As pessoas, os casais, a música, os bêbados ou aqueles que só tomavam água. O The Old tinha a característica de misturar de tudo um pouco e eu sempre amei aquilo. Na verdade, eu sempre amei como New York tinha o poder de misturar tanta gente diferente em lugares únicos.

            Minha atenção foi traga de volta quando senti alguém, ou melhor, o cheiro de alguém bem ao meu lado e logo em seguida uma voz rouca, porém doce, me perguntar:

            - Eu posso sentar ou o lugar já está ocupado?

            Virei e, mesmo com a fraca luz existente, dei de cara com um par de olhos chocolate me encarando que me deixaram se fôlego por alguns segundos.

            - Não, não. Fique a vontade – respondi e vi a mulher dar-me um sorriso de lado, antes de ocupar o lugar vazio ao meu lado.

            Fiquei em silêncio, observando sem dar muita bandeira. Ela pediu uma cerveja a Paul, que também trouxe outra pra mim. Eu nem mesmo havia percebido que minha garrafa estava vazia.

            - Eu sou a Rachel – disse ela, se virando e ficando de frente para mim, após três longos goles em sua cerveja – Rachel Berry.

            - Quinn Fabray, muito prazer – sorri e peguei sua mão na minha, apertando-a leve, mas seguramente.

            - E você está aqui sozinha, Quinn Fabray? – perguntou, meu nome brincando em seus lábios.

            - Sim, meus amigos ficaram estudando, mas não estava a fim de mofar em casa – respondi – E você?

            - Eu fico feliz de não ser a única pessoa que sai de casa sozinha em uma sexta a noite – riu.

            - Se bem que acho que não estamos mais sozinhas – disse.

            - Eu também estou feliz por isso.

            Engatamos uma conversa. Cerveja vai, cerveja vem. Saímos do balcão para uma mesa no canto, e eu e Rachel já parecíamos nos conhecer há anos. Descobri que ela estava no segundo ano do curso de fotografia em NYU e tinha 23 anos, assim como eu. Ela, descobriu que eu cursava administração em Columbia.

            Conversar com Rachel era fácil. Ela sabia de tudo um pouco e nenhum assunto passava despercebido. Era uma mulher tímida, mas também dona de si. Cada vez que se levantava para ir ao bar em busca de outra cerveja, todo o local parava para olha-la. Sua beleza chamava atenção, sem nem mesmo precisar de roupas chamativas para isso. Era apenas... Diferente.

            Três horas. Esse era o tempo que já estávamos conversando. Assuntos diversos, entre filosofia, artes, astrologia, cinema e viagens passaram entre nós. Até que, em determinado momento, de determinada conversa, ela me disse:

            - Eu acredito que no mundo existem pessoas inamoráveis, e eu sou uma delas.

            Aquilo me deixou intrigada. Ela usara uma palavra que nem existe para de autodenominar e eu não conseguia entender. Uma mulher como ela, dona de si, com casa, carro e vida próprios, que não dependia de ninguém, mas que pensava aquilo sobre si mesma? Os assuntos continuavam a fluir, mas aquilo, “inamorável”, não deixava de rondar minha mente. O que aquilo significava em sua vida?

            Tantas da noite, ela me chamou para dar uma volta. Segundo ela, “aqui está ficando muito pequeno para mim”. Enquanto caminhávamos até a saída, ela tirava sua carteira de cigarros do bolso e cumprimentava as pessoas que passavam por nós duas. Um sorriso brincando no rosto e a cara de menina sapeca que, ao invés de 23, aparentava 18 anos. É, talvez aquilo tudo fosse pequeno, e raso, demais para ela...

            Já nas ruas sempre cheias da Big Apple, as pessoas passavam apressadas, enquanto ela... Ah! Ela brincava com os animais que por ali estavam; deu a garrafa de água que havia pegado antes de sairmos do bar para um morador de rua; explicou a um gringo brasileiro como chegar em uma boate, recebendo um sorriso em agradecimento; comprou chicletes e um pirulito de um vendedor e os deu a um garotinho que passava com sua mãe. E, na minha cabeça, ainda ecoava: “inamorável”. Não sei quanto tempo passamos caminhando, mas eu a observei ele inteiro e ainda não entendia. Não consegui aguentar mais tempo, eu precisava entender. Precisava de uma definição para aquilo e, em consequência, para ela.

            - Por que inamorável? – perguntei-a e ela parou, virando-se para mim com os olhos cheios de significado.

            Rachel agarrou minha mão e me puxou em direção a um bar do outro lado da rua. Entramos, sentamos e ela ficou em silêncio por, mais ou menos, meia hora. Isso mesmo. Trinta minutos de silêncio que eu também não fiz questão de quebra-lo.

            - Olhe ao seu redor – disse ela, quebrando o silêncio e chamando minha atenção – Já estamos aqui há algum tempo. Nesse tempo uma garota passou por nós chorando, porque seu namorado terminou com ela e já está com outra garota hoje, para ele as pessoas são substituíveis. Naquela mesa – apontou para uma mesa no canto – Tem o que? 10 pessoas ali e nenhuma delas está conversando entre si, pois seus iPhones são bem mais interessantes. Talvez aquela garota de vermelho seja o grande amor da vida do cara de azul, mas eles nunca saberão disso, pois ambos são orgulhosos demais para tentar. O cara de camisa polo no bar já está no seu terceiro copo de Martini. Ele está olhando para a loira, mas ela só está tentando chamar a atenção do vocalista da banda. Porém, ele vai fingir que ela não existe, porque ele não pode ficar mal perante a ruiva e a morena que ele pega em dias alternados. Olhe ao seu redor, Quinn – pediu ela novamente – Nós não fazemos parte disso. Nós não somos rasos. Desde que nos encontramos no inicio da noite, não tocamos em nossos celulares. Eu esperava encontrar alguém legal, com um bom papo e então te conheci. No fim da noite, nós voltaremos para casa e permaneceremos invisíveis em um mundo onde o status é mais importante. Onde alguém não vai gostar de você porque sua banda preferida é diferente da dela, ou porque sua cor de cabelo é estranha, ou porque você more longe demais. Tudo é medido em likes e ninguém está interessado em fazer algum esforço para conhecer alguém de verdade. Eu passava como um fantasma por essas pessoas, porque elas preferem procurar alguém no Tinder ao invés de olhar ao redor. E eu me importo? – pausou e suspirou – Não mais. E é por isso, por não me importar mais, que eu sou inamorável. Eu não me importo com o status. Não me importo com quanto tempo levarei para conquistar uma pessoa, se ela realmente valer a pena. Não me importo se ela for loira, ruiva ou morena. Não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando sentir saudades. Não me importo em ir com ela a um show da Taylor Swift, mesmo que não goste do tipo de música, se isso a fizer feliz. Eu sou assim e por isso sou considerada “inamorável”. Simplesmente porque eu resolvi abrir minha mente e coração, ao invés de procurar algo em alguém...

            - E foi naquele momento, Lana – disse encarando a minha filha e depois Rachel – Que eu não só entendi sua mãe, mas sim me apaixonei por ela e seu mundo pela primeira vez.

            Lana apenas sorriu para mim e Rachel, antes de se levantar e sair, nos deixando a sós. Minha esposa ocupou o lugar de nossa filha em meu colo. Os braços morenos rodearam meu pescoço e eu abracei sua cintura. Os olhos chocolate que tanto me chamaram atenção naquela noite estavam ali e brilhavam para mim.

            - Eu te amo, baby. Feliz dia dos namorados – sussurrou Rachel, nossas respirações se misturando.

            - Eu te amo muito mais – devolvi, antes de sentir que ela juntava nossos lábios em um beijo.

            E era ali, naqueles braços, naquele beijo, naquela mulher que eu me apaixonava novamente todos os dias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz dia dos namorados para vocês. Muito amor sempre ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When I Fell in Love For the First Time..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.