"The taste of sin- O Sabor do Pecado" escrita por Poetizando


Capítulo 3
A Proximidade Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi voltei no nyah haha Vou postar capítulos aqui toda sexta. Boa Leitura



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“Ele se virou e foi em direção a porta da Secretaria da Igreja.”

Ele saiu de lá, já sem o traje sacerdotal. Vestindo uma blusa azul marinho e calça jeans (pareciam meio desgastadas), foi em direção ao seu carro e abriu e destrancou com o alarme.

Eu já estava abrindo a porta do banco de trás- até porque não teria um pingo de coragem em ir ao banco da frente com ele.- Quando abri..

— Rita, esta ai atrás por quê? Venha para o banco da frente. Assim a viagem fica melhor.

Eu paralisei. Não sabia o que dizer o que iria responder? Recusar o pedido? Ou ser vista com um padre de 40 anos em um mesmo carro? Então apenas fui para frente e coloquei o cinto.

Ele estava tirando o carro do estacionamento (dirigia muito bem por sinal).

— Rita, por que você decidiu fazer aula de filosofia?- Perguntou ele pra mim,  e eu mega sem jeito respondi

— Pra ocupar a cabeça. Pra saber o que eu irei fazer no futuro. Sempre gostei de filosofia na época da escola, então pensei em seguir pra minha vida.

Ele me olhou.

— Eu também sempre gostei de filosofia, parece que temos muitas coisas em comum não?- Nessa mesma hora eu pensei “Meu Deus, o que responder?”

— Acho que sim.

— Interessante você é interessante- E seus olhos foram parar nos meus. Nesse exato momento eu virei o rosto, sem ter o que fazer, e acho que ele percebeu.

Ficamos em silencio por alguns segundos, eu quase sem fôlego lembrei da frase que sempre disse a mim mesma “Não tenha medo Rita, os Santos estão ao seu favor”.

— Você é Católica? – Disse ele, percebi que era pra puxar assunto, pois ele já sabia a resposta.

— Sim Padre.

— Já pensou em ser freira?

— Freira não, não sei se iria conseguir ficar a vida inteira tirando minha própria liberdade...

Ele me olhou, como se eu tivesse dito algo errado, confesso que fiquei com medo de sua resposta, porem ele era tão genial, que sua resposta foi pegar um livro do porta-malas sobre “Madre Teresa de Calcutá” e disse:

— Recomendo que leia esse livro, você como Católica já deve conhecer Madre Teresa de Calcutá, a padroeira dos pobres

Eu olhei para o livro, ele me entregou.

— Ah sim, eu irei ler o mais rápido possível. Gosto muito dela.

— Pode ficar com esse livro, eu já li. – Meus olhos brilharam.

— Obrigada Padre, mas não precisa...

— Fique com ele, é um presente meu. Quem recusaria um presente meu?

Nesse exato momento eu sorri e guardei o livro. Mas uma duvida pela frase “QUEM RECUSARIA UM PRESENTE MEU?” Isso não seria uma frase desumilde? Ele era um padre, quem ele achava que era? Isso era uma vaidade, ou eu não tinha entendido direito.

— Você é uma leitora?- Disse ele mais uma vez puxando assunto.

— Sim Padre.

— Mais uma coisa em comum, nossa como você esta me surpreendendo hoje.

Mais uma vez ele me elogiou, eu estava ficando corada até demais. Então o silencio permaneceu dentro do carro, eu nem tinha percebido, mas ele estava com uma aparência saudável e não abatido.

Depois de 40 minutos... Deparamos-nos com um transito, mas eu já estava perto de casa, poderia ir a pé ou pedir para o meu padrasto vir me buscar. Me ofereci para sair do carro.

— Padre, aqui já esta perto da minha casa. Posso ir andando. Obrigada de qualquer forma.

— Não, eu faço questão. Sou acostumado com transito. E você não irá sair do meu carro... - Ele me olhou com uma aparência seria, como se a vida dele dependesse de mim.

Eu apenas permaneci. O transito começou andar. Ele ia devagar, como se não quisesse chegar em minha casa. Ele me perguntava o caminho, e sempre que eu respondia parecia que ele não estava escutando.

— É esse portão bege?

—  É sim- Ele freou o carro e o estacionou (achei aquilo estranho, pois era só me deixar na frente de casa). Quando vi ele estava descendo do carro.

— Sua família iria se importar se eu entrasse? Posso dar uma benção na sua casa... Mas só se eu puder

Ahh como eu queria dar alguma desculpa pra ele ir embora. Sim, embora. Eu não estava confortável com a situação, mas eu iria dizer não ao PADRE FABIO DE MELO? QUEM DIRIA NÃO PRA ELE?

— Claro que pode, a casa é sua! - Tentei sorrir o mais normal possível. Ele pegou em minha mão que estavam geladas, e deu um beijo, olhou pro meu rosto com uma cara séria. EU GELEI.

— MÃE? TEM VISITA- Eu gritei chegando na sala

— Sua mãe não está, ela saiu e volta daqui uma hora- Disse meu padrasto tomando café.

O Fábio então apareceu, a luz da sala parecia refletir sobre ele, era harmonioso o modo de como ele arrumou o cabelo, ele olhou para meu padrasto e foi cumprimentá-lo.

— Olá senhor. Tudo bem? Eu dei uma carona pra Rita.

— Oi, Bença Padre. Obrigado viu!- Meu padrasto parecia não entender nada, absolutamente nada. Ele estava confuso. Eu com medo.

— Deus te abençoe amigo. – Disse Fábio num tom de voz suave, parecendo até Cristo nos filmes.

Eu sem reação, fui para varanda, muito tímida. E Fabio me seguiu. Já era tarde.

— Fábio você não tinha um compromisso? Não era hoje?- Disse como se eu quisesse o expulsa-lo.

— Não, o compromisso é amanhã, mas venho um dia antes.

— E aonde irá ficar? Você tem casa por aqui?

— Não, geralmente fico em um hotel ou coisa do tipo.- PRONTO, EU IRIA TER QUE OFERECER MINHA CASA PRA ELE DORMIR. Eu não queria isso, Sim! Eu sei que ele é o Fábio de melo, ele é artista, ele é bonito e um padre. Mas eu estava desconfortável com a situação. Não era natural. Claro que ele é um padre e não iria acontecer nada demais. Mas ele poderia ir em um hotel né?

— Entendi. - Virei o rosto, já estava escuro. De repente eu senti uma mão sobre meu ombro, um toque simples, romântico, coisa de filme. Quando me virei era Fabio. Eu não acreditei, minha consciência estava conturbada, eu queria fugir, Patrícia tinha razão não era uma boa idéia ser amiga dele .

— Sua mãe chega que horas?

— Não sei Padre. Não sei nem onde ela está.

— eu vi que ela gosta de mim, queria que eu a esperasse?- NÃO EU NÃO QUERIA, MAS EU IRIA RESPONDER ISSO? NÃO.

— Claro, será muito bom.

Dava pra escutar o som do carro estacionando, não demorou muito. Ela entrou e “deu de cara” com o Fabio sentado no sofá.

— PADRE FABIO DE MELO?- Ela estava tão contente, os olhos dela cheios de lagrima, parecendo uma criança quando ganha um doce, ela ficou corada, ela estava muito feliz, afinal Ele era o ídolo dela

— Oi senhora- Ele deu um abraço nela. Eu vendo tudo aquilo deixei os dois na sala e subi para meu quarto sem que eles escutassem.

Chegando no meu quarto tranquei a porta, deitei na minha cama e tentei ficar calma, isso era coisa da minha cabeça né? Afinal ele é um padre, eu também estava muito cansada. Peguei meu pijama e toalha, e fui direto pro banho, quem sabe aquele sentimento não melhorava.

Quando acabei, meu irmão chegou no quarto:

— RITA, mamãe pediu pra você descer lá em baixo, pra jantar.

Ele saiu rapidamente. Pensei “E se ele estiver lá?” “Eu estou de pijama, isso é ridículo “ “Um padre me ver desse jeito?” Mas também pensei “Se ela esta me chamando, é porque ele foi embora né. TOMARA DEUS.

Desci as escadas. Sabe quem estava a mesa jantando? ISSO MESMO ELE. Meu coração palpitou, e sentei a mesa ao lado dele. Ele observou meu rosto, e eu observei o dele. Ele se serviu, aquela parecia minha refeição mais demorada do século. Eu estava com muita vergonha.

Finalmente acabou, ele iria embora né? De repente minha mãe desce as escadas e coloca um colchão na sala. NÃO ISSO NÃO ESTAVA ACONTECENDO.

— Rita o Padre Fábio de melo ira dormir aqui hoje, sabia?- Minha família inteira me encarou.

— Eu já desconfiava- E tive coragem o bastante para pegar na mão dele. A mão dele estava fria, gelada.

— Padre se o senhor quiser, pode ir tomar banho.

Ele aceitou.

— Rita, você poderia pegar minha mala no meu carro?- Ele me perguntou.

— Claro, cadê as chaves?

Ele tirou do bolso e me entregou. Eu fui pro lado de fora. O carro dele era ruim de abrir, peguei uma mochila na qual tinha a Biblia em cima.

— Aqui esta Fabio.

— Obrigada Rita, agora posso tomar banho- Ele pegou a mochila e foi direto pro banheiro.

Quando ele fechou a porta eu chamei minha mãe para conversar.

— Mãe? VEM AQUI AGORA.

—O que foi Rita?

— Como você chama ele pra vir dormir aqui? VOCÊ ESTA LOUCA? SE ALGUMA PESSOA SOUBER? MÃE PARE COM ISSO.

— Rita cale a boca, como expulsar um Padre de uma casa? Que coração é esse?

— PARE DE BANCAR A BOAZINHA. VOCÊ ACHA ELE BONITO, MAS VOCÊ É CASADA E ELE PADRE.

— Então Rita, ele é padre, qual o problema? Não vai acontecer nada demais.

Ela deu as costas, meu padrasto veio na minha direção e falou:

— Eu também fui contra, mas ele é bacana, um cara bom de conversa. Não vejo problemas.

— VOCÊS ESTÃO LOUCOS MESMOS.

Minutos passaram, eu estava no meu celular, tentando parar de pensar nele. A porta do banheiro abriu. Fiquei de boca aberta. Deus me perdoe.

Ele usava uma bermuda de algodão preta, e uma blusa regata branca. Que realçava “tudo aquilo” que ele ganhava na academia. Eu o olhei da cabeça aos pés. ERA POSSIVEL UM PADRE SER ASSIM? QUE PECADO.

Percebi que ele ficou sem jeito.

— Olá Rita.- EU EM CHOQUE.

—Oi- Disse quase morrendo

Já era bem tarde. Ele se ajoelhou beirando o colchão pois iria rezar. Eu só o observei, que reza demorada. Quando ele acabou, perguntou se eu não gostaria de rezar um “Pai Nosso” junto com ele. Teria como eu recusar? (Mas na verdade eu não queria recusar)

Começamos. Eu estava me sentindo mais a vontade. Não era tão constrangedor como no começo. Vi que isso tudo era coisa da minha cabeça, talvez eu estivesse carente.

Ele fez o sinal da cruz na minha testa.

— Boa noite Rita, o dia foi ótimo hoje.

— Boa noite Padre.

Ele se deitou no colchão. Cobriu-se- infelizmente- Eu subi as escadas com as pernas tremulas. Cheguei no meu quarto e me joguei na cama, peguei meu celular e fui no WhatsApp. .

Naquele momento eu percebi. É eu nasci pra filosofia. Eu estava a mil.  E vi que aquela noite eu iria demorar pra pegar no sono.

Eu estava por algum motivo muito feliz. Eufórica, todo constrangimento valeu a pena


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui, obrigada. Por favor comente, pra eu poder continuar. Um beijão



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