Digimon Kizuna escrita por Black Hunter


Capítulo 41
Nova vida




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Fulano: Não cheguem perto dela!

Sicrano: É aquela garota esquisita!

Beltrano: Credo, que nojo!

Sozinha em um canto escuro, a pequena garota chorava pela injustiça que sofria. Desamparada, sem afeto, ela nunca soube o que era amor. E nasceu assim, cresceu assim. A pobre menina orfã via todos as outras crianças serem adotadas, e ela sendo deixada de lado. Apesar de ser meiga e gentil, havia alguma coisa de errado. Algo que afugentava qualquer um que tentasse se aproximar. E por isso, ela era rejeitada pelos adultos, e maltratada pelas crianças e funcionários de um pequeno orfanato. Essa garota era Mizuki Ono, de apenas oito anos.

???: Ei, acorda!

???: Acorda, sua vadia!

Mizuki: Hum? Quem está aí?

Quando a garota despertou, os digimons que a rodeavam se afastaram. Impmons. Haviam vários deles. Mizuki estava no meio de uma floresta escura, e cheia de ferimentos. Suas roupas estavam rasgadas, e sua mente já não lembrava mais de nada do que viveu no Mundo Digital.

Impmon 1: Quem é você?

Impmon 2: E o que está fazendo na nossa floresta?

A garota parou, e pensou. Porém, estava muito confusa para responder.

Mizuki: Eu não sei...

Impmon 3: E esse digimon aí com você?

Impmon 4: Ele também não sabe?

Mizuki: O quê?!

Kyaromon: Kya, Kya!

Kyaromon, a forma anterior à de Kudamon. O ovo, resultante de sua morte, rachou e agora ele precisava reiniciar o ciclo evolutivo.

Impmon 5: A gente devia ter deixado os urubus comerem você!

Impmon 6: Olhe só pra você! Está um trapo!

Mizuki: Ai, ai!

A cabeça da menina não aguentou ver, e ouvir aquilo tudo. Ao tentar lembrar-se de algo, sentiu uma forte dor de cabeça e desmaiou.

Kyaromon: Kya, Kya!

Impmon 7: Ah, essa não!

Impmon 8: E agora pessoal, o que vamos fazer?

Impmon 9: Eu já sei. Vamos levá-la até o chefe.

Os outros concordaram. Mizuki seria levada até o líder do Impmons.

Mizuki: Eu posso brincar com você?

Menina 1: Ai, meu deus é ela!

Menina 2: Vamos embora!

Mizuki: Esperem, não me deixem!

A pobre garota, orfã, não tinha ninguém. Sozinha no mundo, ela lidava com rejeições como essa a toda a hora. Ansiosamente, ela esperava por alguém que a compreendesse. Mas ninguém nunca veio.

Kyaromon: Kya, kya!

Mizuki: Hum? (sonolenta)

Ao abrir os olhos novamente, Mizuki deu de cara com Kyaromon.

Mizuki: Onde eu estou?

Era um pequeno quarto, dentro de uma cabana no meio da floresta. Os Impmons a trouxeram, mas ela não sabia. Aliás, Mizuki não sabe de mais nada referente ao mundo que está.

???: Parece que se sente melhor.

Mizuki: Ah, quem é você?

???: O que está fazendo? Eu não quero machucá-la.

Mizuki: E-Eu não sei, mas a sua cara é bem suspeita pra mim!

Surpreendida por um digimon estranho, Mizuki assustou-se com a possibilidade de ser um inimigo. Kyaromon colcou-se prontamente na frente da garota.

Kyaromon: Gr....

???: O que é isso? Um cachorro?

Mizuki: Fique longe de nós!

Realmente, sua aparência não era a das melhores. Vestia um gorro azul, e uma máscara de boca preta. Possuía uma longa capa branca e gasta. Sobretudo, portava uma espada na mão direita.

???: Se eu quisesse matá-la, já teria feito há muito tempo. Meus companheiros a trouxeram para cá, e eu a acolhi.

Mizuki: C-Companheiros?

Impmon: Ei, volta aqui!

Ditas essas palavras, Mizuki escutou inúmeras vozes vindas do lado de fora da janela. Ao se aproximar da fenestra, ela contemplou uma linda visão.

Impmon: Me devolve!

Impmon: Vem pegar seu otário!

Um vilarejo de Impmons. Aquela floresta era o lar deles. Mizuki sentiu-se contente por ver tantos deles se divertindo.

Mizuki: Ei, isso não tem graça!

Garoto 1: Achado não é errado, tampinha!

Mizuki: Mas isso é meu!

Garoto 2: Vai fazer o quê, contar pra diretora? Ela não gosta mesmo de você!

Todos: Hahahahaha!

Subitamente, a menina volta à realidade. Aquelas lembranças estavam perturbando demais a sua mente, e a deixando enfraquecida.

???: Ei, você está bem?

Kyaromon: Kya, Kya!

Mizuki não respondeu, e estava prestes a cair no chão quando foi segurada.

Mizuki: Quem é você?

???: Meu nome é Baalmon.

Naquele momento, Mizuki percebeu que podia confiar nele. Sua alma emanava energias boas, e ela conseguia sentir isso.

Mizuki: Por que vocês me ajudaram? Poderiam ter me deixado morrer.

Baalmon: Nós não somos tão maus quanto pensa, sabia?

Mizuki: Mas eu achei que...

Baalmon: Pode falar, é por causa da minha aparência, não é?

Mizuki: Não! Quero dizer, sim.

Baalmon: Obrigado por admitir.

Mizuki: As aparências enganam, não é?

Baalmon olhou para Mizuki, e a mesma comtemplava a paisagem. A luz do sol iluminava seu sorriso, e os ventos balançavam seus longos cabelos.

Baalmon: Por que você estava lá? Quem fez isso com você?

Mizuki: Eu não lembro...

Baalmon: Ah, conta outra!

Mizuki: É verdade! E-Eu não sei de nada.

Mizuki entristeceu-se, e baixou a cabeça.

Baalmon: Me desculpe! Eu acredito em você.

Mizuki: Me fale sobre você. Como conseguiu se tornar o líder deste vilarejo?

Baalmon: Por que quer saber?

Mizuki: Nada não, eu só...Estou curiosa ao seu respeito.

Mizuki olha para Baalmon, e ele cora de vergonha.

Baalmon: Tudo bem. Lá vai.

FlashBack de Baalmon

Impmon: Lopmon feio e inútil! Lero-Lero!

Lopmon: Impmon, seu bobo!

Após arremessar uma bola de fogo no primeiro digimon que viu, Impmon correu para se safar.

Impmon: Ninguém pode se esconder de mim! Eu sou o rei da floresta!

A rotina de Impmon era sempre a mesma. Se esconder em um local estratégico, atacar digimons à distância, provocar brigas e discórdia entre eles.

Gazimon: Filho da mãe!

Labramon: Para com isso!

Impmon: Hehe, eu sou demais!

Escondido em um arbusto, Impmon preparava-se para atacar o próximo digimon que avistasse.

???: Impmon!

Impmon: Ai, mamãe, eu não fiz nada!

Sem pensar em mais nada, Impmon abaixou-se, tremendo de medo.

Impmon: Espera, eu não tenho mãe.

???: Vejo que anda se divertindo bastante, não é?

Impmon: Ah! Então é você.

Era o Angemon. Naquela época, era ele que cuidava da floresta, e de seus habitantes. Além disso, estava sempre de olho nas peripécias de Impmon.

Angemon: Não acha que deveria parar de bancar o bobo, e começar a fazer amigos?

Impmon: Me deixe em paz! Eu faço o que eu quero.

Angemon: Se continuar com essa atitude, nunca será capaz de evoluir.

Quando dizia isso, Agemon tocava na ferida de Impmon. E ele perdia a paciência.

Impmon: Night of Fire!

Era um ataque inútil, pois nem fazia cócegas nele.

Angemon: O que eu digo é para o seu próprio bem. Abra o seu coração. Diga o que sente. Sempre estarei aqui para ouvi-lo.

Impmon: V-Você...

Por um momento, Impmon sentiu que podia confiar em Angemon, e lhe revelar todas as suas angústias. Mas...

Impmon: Ah, não me enche! Tudo isso é besteira!

Impmon saiu correndo, e rejeitou os conselhos de Angemon. Mas mal sabia ele, que estava cometendo um grande erro.

Impmon: Quem precisa dele! Quem precisa de amigos?

Era um dia como outro qualquer. Impmon estava fazendo suas travessuras, como sempre.

Impmon: Eu vou fazer cogumelo assado, daquele Mushmon!

Angemon: Ainda está aprontando, Impmon?

Impmon: Que susto! De onde você veio?

Angemon: Te vigiando, como eu sempre faço.

Impmon: Tanto faz. Então fica quieto, e assista o show.

Impmon mirou cuidadosamente em Mushmon. Tomou distância, e atirou.

Impmon: Vai!

A pequena bola de fogo era incrivelmente veloz, mas não conseguiu atingir o seu alvo.

Impmon: Droga! Ele desviou!

Porém, a bola de fogo continuou seu trajeto até acertar alguém.

???: ROOOOAAAR! QUEM FEZ ISSO?

Impmon: Ai, meu Yggrasil!

O rugido feroz de Cerberusmon afugentou a todos. Sua ira se alastrou pela floresta. O cão do inferno, visava Impmon com os olhos em chamas.

Cerberusmon: Você...

Angemon; Não dê mais um passo!

Impmon: O quê?!

Enquanto todos os outros fugiram, Angemon ficou para ajudar Impmon.

Cerberusmon: Me dê o moleque, e vá embora.

Angemon: Foi apenas um acidente. Esqueça isso, por favor.

Cerberusmon: Ele teve a audácia de me ferir! Isso não vai ficar assim!

Impmon: Eu não quero virar torrada!

Angemon: Vá embora, seu demônio! Eu o ordeno como protetor desta floresta!

Angemon ergueu seu bastão, e o apontou em direção à ele. Porém, Cerberusmon não se intimidou.

Cerberusmon: Me ordena?! Com que diabos pensa que está falando?

Angemon: Impmon, se afaste!

Cerberusmon ficou furioso, e não teve dó. Queimou tudo pela frente.

Cerberusmon: HELLFIRE!

Angemon: Cuidado!

Impmon: Não!

Angemon colocou-se na frente de Impmon, e foi incinerando pelas chamas ardentes de Cerberusmon. O pequenino presenciou aquilo horrorizado.

Cerberusmon: Que idiota. Morrer tentando defender um lixo como você. Totalmente patético.

A dor e a tristeza pela morte de Angemon, somadas à ira pelas palavras de Cerberusmon, fizeram Impmon despertar. Um raio negro caiu na floresta, e ele culminou num demônio ainda pior.

Baalmon: Morra, maldito.

Com apenas um movimento, Cerberusmon foi reduzido à meros dados. A morte de Angemon havia sido vingada, mas um vazio inexplicavel tomou conta de seu ser.

Impmon: Obrigado, Baalmon!

Woodmon: Esse é o nosso Baalmon.

Pouco tempo depois, Baalmon tomou o lugar de líder da floresta, e passou a ajudar todos com graça e sabedoria. Agora, ele trilhava pelo caminho certo, que Angemon sempre esperou para ver.

Fim do FlashBack

Baalmon: E foi assim que eu me tornei o líder.

Mizuki: Essa história foi...

Baalmon: Ah, não vai chorar, né?

Kyaromon: Kya, kya!

A menina não se conteve e expôs as suas lágrimas. Baalmon as enxugou.

Baalmon: No começo, foi difícil pra mim. Mas depois, eu finalmente achei a resposta.

Mizuki: e qual foi?

Baalmon: Não importa o quanto te julguem, são as nossas atitudes que fazem de nós, o que realmente somos.

Mizuki: O quê?!

Baalmon: Durante muito tempo, eles acharam que eu era um monstro, mas depois que tomei a decisão certa, fui capaz de reverter tudo isso.

Mizuki estava se identificando com as palavras de Baalmon. Sim, essa é a resposta! Não importa o que os outros digam, devemos confiar em nós mesmos!

Kyaromon: Kya, Kya?

Baalmon: Ei, você tá bem?

Mizuki: Estou. E agora é a minha vez.

Agora, o passado de Mizuki se revela...


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