Digimon Kizuna escrita por Black Hunter
Fulano: Não cheguem perto dela!
Sicrano: É aquela garota esquisita!
Beltrano: Credo, que nojo!
Sozinha em um canto escuro, a pequena garota chorava pela injustiça que sofria. Desamparada, sem afeto, ela nunca soube o que era amor. E nasceu assim, cresceu assim. A pobre menina orfã via todos as outras crianças serem adotadas, e ela sendo deixada de lado. Apesar de ser meiga e gentil, havia alguma coisa de errado. Algo que afugentava qualquer um que tentasse se aproximar. E por isso, ela era rejeitada pelos adultos, e maltratada pelas crianças e funcionários de um pequeno orfanato. Essa garota era Mizuki Ono, de apenas oito anos.
???: Ei, acorda!
???: Acorda, sua vadia!
Mizuki: Hum? Quem está aí?
Quando a garota despertou, os digimons que a rodeavam se afastaram. Impmons. Haviam vários deles. Mizuki estava no meio de uma floresta escura, e cheia de ferimentos. Suas roupas estavam rasgadas, e sua mente já não lembrava mais de nada do que viveu no Mundo Digital.
Impmon 1: Quem é você?
Impmon 2: E o que está fazendo na nossa floresta?
A garota parou, e pensou. Porém, estava muito confusa para responder.
Mizuki: Eu não sei...
Impmon 3: E esse digimon aí com você?
Impmon 4: Ele também não sabe?
Mizuki: O quê?!
Kyaromon: Kya, Kya!
Kyaromon, a forma anterior à de Kudamon. O ovo, resultante de sua morte, rachou e agora ele precisava reiniciar o ciclo evolutivo.
Impmon 5: A gente devia ter deixado os urubus comerem você!
Impmon 6: Olhe só pra você! Está um trapo!
Mizuki: Ai, ai!
A cabeça da menina não aguentou ver, e ouvir aquilo tudo. Ao tentar lembrar-se de algo, sentiu uma forte dor de cabeça e desmaiou.
Kyaromon: Kya, Kya!
Impmon 7: Ah, essa não!
Impmon 8: E agora pessoal, o que vamos fazer?
Impmon 9: Eu já sei. Vamos levá-la até o chefe.
Os outros concordaram. Mizuki seria levada até o líder do Impmons.
Mizuki: Eu posso brincar com você?
Menina 1: Ai, meu deus é ela!
Menina 2: Vamos embora!
Mizuki: Esperem, não me deixem!
A pobre garota, orfã, não tinha ninguém. Sozinha no mundo, ela lidava com rejeições como essa a toda a hora. Ansiosamente, ela esperava por alguém que a compreendesse. Mas ninguém nunca veio.
Kyaromon: Kya, kya!
Mizuki: Hum? (sonolenta)
Ao abrir os olhos novamente, Mizuki deu de cara com Kyaromon.
Mizuki: Onde eu estou?
Era um pequeno quarto, dentro de uma cabana no meio da floresta. Os Impmons a trouxeram, mas ela não sabia. Aliás, Mizuki não sabe de mais nada referente ao mundo que está.
???: Parece que se sente melhor.
Mizuki: Ah, quem é você?
???: O que está fazendo? Eu não quero machucá-la.
Mizuki: E-Eu não sei, mas a sua cara é bem suspeita pra mim!
Surpreendida por um digimon estranho, Mizuki assustou-se com a possibilidade de ser um inimigo. Kyaromon colcou-se prontamente na frente da garota.
Kyaromon: Gr....
???: O que é isso? Um cachorro?
Mizuki: Fique longe de nós!
Realmente, sua aparência não era a das melhores. Vestia um gorro azul, e uma máscara de boca preta. Possuía uma longa capa branca e gasta. Sobretudo, portava uma espada na mão direita.
???: Se eu quisesse matá-la, já teria feito há muito tempo. Meus companheiros a trouxeram para cá, e eu a acolhi.
Mizuki: C-Companheiros?
Impmon: Ei, volta aqui!
Ditas essas palavras, Mizuki escutou inúmeras vozes vindas do lado de fora da janela. Ao se aproximar da fenestra, ela contemplou uma linda visão.
Impmon: Me devolve!
Impmon: Vem pegar seu otário!
Um vilarejo de Impmons. Aquela floresta era o lar deles. Mizuki sentiu-se contente por ver tantos deles se divertindo.
Mizuki: Ei, isso não tem graça!
Garoto 1: Achado não é errado, tampinha!
Mizuki: Mas isso é meu!
Garoto 2: Vai fazer o quê, contar pra diretora? Ela não gosta mesmo de você!
Todos: Hahahahaha!
Subitamente, a menina volta à realidade. Aquelas lembranças estavam perturbando demais a sua mente, e a deixando enfraquecida.
???: Ei, você está bem?
Kyaromon: Kya, Kya!
Mizuki não respondeu, e estava prestes a cair no chão quando foi segurada.
Mizuki: Quem é você?
???: Meu nome é Baalmon.
Naquele momento, Mizuki percebeu que podia confiar nele. Sua alma emanava energias boas, e ela conseguia sentir isso.
Mizuki: Por que vocês me ajudaram? Poderiam ter me deixado morrer.
Baalmon: Nós não somos tão maus quanto pensa, sabia?
Mizuki: Mas eu achei que...
Baalmon: Pode falar, é por causa da minha aparência, não é?
Mizuki: Não! Quero dizer, sim.
Baalmon: Obrigado por admitir.
Mizuki: As aparências enganam, não é?
Baalmon olhou para Mizuki, e a mesma comtemplava a paisagem. A luz do sol iluminava seu sorriso, e os ventos balançavam seus longos cabelos.
Baalmon: Por que você estava lá? Quem fez isso com você?
Mizuki: Eu não lembro...
Baalmon: Ah, conta outra!
Mizuki: É verdade! E-Eu não sei de nada.
Mizuki entristeceu-se, e baixou a cabeça.
Baalmon: Me desculpe! Eu acredito em você.
Mizuki: Me fale sobre você. Como conseguiu se tornar o líder deste vilarejo?
Baalmon: Por que quer saber?
Mizuki: Nada não, eu só...Estou curiosa ao seu respeito.
Mizuki olha para Baalmon, e ele cora de vergonha.
Baalmon: Tudo bem. Lá vai.
FlashBack de Baalmon
Impmon: Lopmon feio e inútil! Lero-Lero!
Lopmon: Impmon, seu bobo!
Após arremessar uma bola de fogo no primeiro digimon que viu, Impmon correu para se safar.
Impmon: Ninguém pode se esconder de mim! Eu sou o rei da floresta!
A rotina de Impmon era sempre a mesma. Se esconder em um local estratégico, atacar digimons à distância, provocar brigas e discórdia entre eles.
Gazimon: Filho da mãe!
Labramon: Para com isso!
Impmon: Hehe, eu sou demais!
Escondido em um arbusto, Impmon preparava-se para atacar o próximo digimon que avistasse.
???: Impmon!
Impmon: Ai, mamãe, eu não fiz nada!
Sem pensar em mais nada, Impmon abaixou-se, tremendo de medo.
Impmon: Espera, eu não tenho mãe.
???: Vejo que anda se divertindo bastante, não é?
Impmon: Ah! Então é você.
Era o Angemon. Naquela época, era ele que cuidava da floresta, e de seus habitantes. Além disso, estava sempre de olho nas peripécias de Impmon.
Angemon: Não acha que deveria parar de bancar o bobo, e começar a fazer amigos?
Impmon: Me deixe em paz! Eu faço o que eu quero.
Angemon: Se continuar com essa atitude, nunca será capaz de evoluir.
Quando dizia isso, Agemon tocava na ferida de Impmon. E ele perdia a paciência.
Impmon: Night of Fire!
Era um ataque inútil, pois nem fazia cócegas nele.
Angemon: O que eu digo é para o seu próprio bem. Abra o seu coração. Diga o que sente. Sempre estarei aqui para ouvi-lo.
Impmon: V-Você...
Por um momento, Impmon sentiu que podia confiar em Angemon, e lhe revelar todas as suas angústias. Mas...
Impmon: Ah, não me enche! Tudo isso é besteira!
Impmon saiu correndo, e rejeitou os conselhos de Angemon. Mas mal sabia ele, que estava cometendo um grande erro.
Impmon: Quem precisa dele! Quem precisa de amigos?
Era um dia como outro qualquer. Impmon estava fazendo suas travessuras, como sempre.
Impmon: Eu vou fazer cogumelo assado, daquele Mushmon!
Angemon: Ainda está aprontando, Impmon?
Impmon: Que susto! De onde você veio?
Angemon: Te vigiando, como eu sempre faço.
Impmon: Tanto faz. Então fica quieto, e assista o show.
Impmon mirou cuidadosamente em Mushmon. Tomou distância, e atirou.
Impmon: Vai!
A pequena bola de fogo era incrivelmente veloz, mas não conseguiu atingir o seu alvo.
Impmon: Droga! Ele desviou!
Porém, a bola de fogo continuou seu trajeto até acertar alguém.
???: ROOOOAAAR! QUEM FEZ ISSO?
Impmon: Ai, meu Yggrasil!
O rugido feroz de Cerberusmon afugentou a todos. Sua ira se alastrou pela floresta. O cão do inferno, visava Impmon com os olhos em chamas.
Cerberusmon: Você...
Angemon; Não dê mais um passo!
Impmon: O quê?!
Enquanto todos os outros fugiram, Angemon ficou para ajudar Impmon.
Cerberusmon: Me dê o moleque, e vá embora.
Angemon: Foi apenas um acidente. Esqueça isso, por favor.
Cerberusmon: Ele teve a audácia de me ferir! Isso não vai ficar assim!
Impmon: Eu não quero virar torrada!
Angemon: Vá embora, seu demônio! Eu o ordeno como protetor desta floresta!
Angemon ergueu seu bastão, e o apontou em direção à ele. Porém, Cerberusmon não se intimidou.
Cerberusmon: Me ordena?! Com que diabos pensa que está falando?
Angemon: Impmon, se afaste!
Cerberusmon ficou furioso, e não teve dó. Queimou tudo pela frente.
Cerberusmon: HELLFIRE!
Angemon: Cuidado!
Impmon: Não!
Angemon colocou-se na frente de Impmon, e foi incinerando pelas chamas ardentes de Cerberusmon. O pequenino presenciou aquilo horrorizado.
Cerberusmon: Que idiota. Morrer tentando defender um lixo como você. Totalmente patético.
A dor e a tristeza pela morte de Angemon, somadas à ira pelas palavras de Cerberusmon, fizeram Impmon despertar. Um raio negro caiu na floresta, e ele culminou num demônio ainda pior.
Baalmon: Morra, maldito.
Com apenas um movimento, Cerberusmon foi reduzido à meros dados. A morte de Angemon havia sido vingada, mas um vazio inexplicavel tomou conta de seu ser.
Impmon: Obrigado, Baalmon!
Woodmon: Esse é o nosso Baalmon.
Pouco tempo depois, Baalmon tomou o lugar de líder da floresta, e passou a ajudar todos com graça e sabedoria. Agora, ele trilhava pelo caminho certo, que Angemon sempre esperou para ver.
Fim do FlashBack
Baalmon: E foi assim que eu me tornei o líder.
Mizuki: Essa história foi...
Baalmon: Ah, não vai chorar, né?
Kyaromon: Kya, kya!
A menina não se conteve e expôs as suas lágrimas. Baalmon as enxugou.
Baalmon: No começo, foi difícil pra mim. Mas depois, eu finalmente achei a resposta.
Mizuki: e qual foi?
Baalmon: Não importa o quanto te julguem, são as nossas atitudes que fazem de nós, o que realmente somos.
Mizuki: O quê?!
Baalmon: Durante muito tempo, eles acharam que eu era um monstro, mas depois que tomei a decisão certa, fui capaz de reverter tudo isso.
Mizuki estava se identificando com as palavras de Baalmon. Sim, essa é a resposta! Não importa o que os outros digam, devemos confiar em nós mesmos!
Kyaromon: Kya, Kya?
Baalmon: Ei, você tá bem?
Mizuki: Estou. E agora é a minha vez.
Agora, o passado de Mizuki se revela...
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