A Herdeira escrita por TessaCrowled


Capítulo 6
5


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo, espero que gostem!



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1° de Setembro estava ensolarado.

Considerava isso um bom sinal, já que os dias de sol eram um pouco escassos em Londres. Mas quando olhei pela janela, um corvo preto me observava fixamente e um arrepio percorreu meu corpo. Porém ignorei o corvo e me concentrei em Hogwarts.

Eu não conseguia conter minha ansiedade e não parei quieta a manhã toda. Minha mãe me mandou sentar e terminar o café por que eu ficava andando de um lado para o outro. Meu pai ligou para um táxi. Eu alimentei Zia com uma maçã.

—Vamos ver. - Minha mãe olhou meu malão pela quarta vez. - Uniformes, casacos, calças, blusas... Tem umas saias aqui e uns vestidos, caso você precise. É, está tudo aqui.

—Está sim mãe. - Eu disse. -E é melhor irmos, já são quase 10:30!

O táxi chegou, colocamos minhas coisas no porta-malas e entramos. A cara que o motorista fez quando entrei segurando a gaiola de Zia, foi memorável.

—Para onde?

—King's Cross, rápido por favor. - Meu pai disse.

Em menos de meia hora estávamos lá, em King's Cross, completamente lotada. Meu pai me contou que já tinha comprado o bilhete do trem que me levaria a Hogwarts e eu deveria pegá-lo as onze em ponto, na estação nove três quartos.

—Essa estação não existe! - Minha mãe disse, quando tentávamos encontrar a estação.

—Só falta dez minutos. - Meu pai parecia nervoso, bem mais do que eu. - Não vamos chegar a tempo...

—Ei! Moça! - Eu gritei para uma mulher que carregava um carrinho com um malão e uma gaiola de coruja. A mulher virou-se para mim e sorriu.

—Você sabe onde fica a estação nove três quartos? - Perguntei.

—Sim, querida. Na verdade estou indo para lá. Por que você e seus pais não me acompanham?

—Muito obrigada. - Sorri para ela. Andamos um pouco, até uma coluna que ficava entre as estações nove e dez.

—Preste atenção. - Ela disse e correu em direção a parede. Segurei um grito de terror, para que ela parasse, mas a mulher simplesmente atravessou a parede.

—A parede. - Eu disse, chocada. - Temos que atravessar a parede.

—Acho que não poderemos atravessar. - Minha mãe disse.

—É melhor correr querida. - Meu pai disse e me abraçou. Minha mãe me deu um beijo e enxugou uma lágrima.

—Amo vocês! - Eu exclamei, tomando coragem e correndo na direção da parede. Fechei os olhos e esperei pelo choque contra a parede, mas de repente, eu ouvi um apito e abri os olhos.

Segurei um suspiro de admiração.

Havia uma placa indicando o número da plataforma, 9 3/4. Corri pela plataforma, na direção do trem, o Expresso de Hogwarts. Era lindo, preto e lustroso, lotado de crianças e adolescentes. Quando cheguei a porta do trem, um carregador me disse.

—Deixe suas coisas aqui. Sua coruja será levada a torre do corujal e estará lá quando chegar na escola. Tenha uma boa viagem no Expresso de Hogwarts!

—Obrigada. - Sorri e entrei. Eu procurava Alvo ou Tiago. Mas quando entrei, vi Harry ajoelhado na frente de Alvo, conversando com ele. Perto de Harry, estava Gina e Lily, conversando com uma mulher de cabelos castanhos cacheados e um homem magro, ruivo. Ele se parecia muito com Gina e eu podia apostar que eles eram irmãos.

Decidi esperar por Alvo, quando alguém bateu em mim e eu caí, vendo apenas dois olhos castanhos escuros a minha frente.

—Me desculpe. - Dissemos ao mesmo tempo e eu me levantei, pois tinha caído em cima do garoto. Nós rimos e ele se levantou. Ele era um centímetro mais alto que eu, cabelos loiros rebeldes e os olhos mais gentis que eu já tinha visto. O garoto estendeu a mão e eu a apertei.

—Oi, desculpe. Sou Scorpius Malfoy.

—Oi, também sinto muito pela queda. Sou Claire Laurent.

Sorri para ele que retribuiu.

—Você está esperando alguém? Não é muito seguro ficar perambulando pelos corredores do trem.

—Estou esperando meu amigo, Alvo.

—Alvo Potter? - Scorpius perguntou, erguendo uma sobrancelha.

—Sim, você o conhece?

—Bem, somos amigos. Venha para nossa cabine. Ele vai vir para cá.

—Obrigada.

E o segui pelos corredores estreitos do trem até chegar em uma cabine. Scorpius abriu as portas de vidro e disse:

—Olha quem eu achei perdida por aí. Essa é Claire Laurent, amiga de Alvo.

—Oi Claire. - Tiago cumprimentou. - Trouxe suas coisas. Não deu para mandar de coruja, mas elas estão na minha mala. Você trouxe o dinheiro?

—Sim, eu trouxe.

—Depois eu te entrego. Deixa eu te apresentar o pessoal. - Ele disse e se levantou. - Esses são meus primos, Rose, Roxanne, Dominique Weasley. Não são irmãs.

Apertei a mão de cada um deles. Dominique e Roxanne eram ruivas, a primeira de olhos claros e a segunda de olhos castanhos. Rose era morena, com cabelos lisos e olhos de um castanho um pouco mais claro.

—Onde está Alvo? - Tiago perguntou.

—Aqui estou eu. - Ele disse, aparecendo na mesma hora na nossa cabine. - Olá Claire.

—Olá Alvo. - Cumprimentei.

O trem começou a se mover e Alvo correu para a janela, acenando para o pai, assim como os outros o fizeram. Eu fiquei sentada, imóvel. Meus pais não passaram da estação e eu já sentia uma dor lancinante no peito. Seriam quase três meses sem vê-los. Suspirei e esperei todos voltarem aos seus lugares.

Eu estava sentada entre Alvo e a janela. Ele e Scorpius conversavam, enquanto Tiago contava o que tinha feito nas ferias para Rose, Dominique e Roxanne.

—O que você é Claire? - Scorpius perguntou. - Mestiça? Nascida - trouxa?

—Nascida - trouxa. - Respondi.

—Cuidado então com a Sonserina. - Ele disse. - Meu pai me contou sobre coisas horríveis que eles faziam com os nascidos-trouxas.

—Por que eles fazem isso? - Perguntei. Eu já tinha lido sobre Sonserina. Aprendera o nome e as cores de cada casa de Hogwarts e até sabia sobre o Chapéu Seletor. Eu só me perguntava, onde ele me colocaria.

—Por que acham que só deviam existir filhos de bruxos puro-sangue e blá, blá, blá. - Rose disse e revirou os olhos.

—São uns chatos. - Tiago concordou.

—Horríveis. - Dominique acrescentou.

—Não tem um bruxo das trevas que não foi de Sonserina. - Alvo disse. Decidi que não queria entrar em Sonserina.

—Nem todos são horríveis, Claire. - Scorpius suspirou. - Só é difícil encontrar algum deles que seja gentil.

—Aí, essa pessoa teria de ser da Lufa-Lufa. - Rose revirou os olhos.

Iniciou-se uma séria discussão para saber a casa de preferência de cada um. Tiago já era de Grifinória e disse que a sua era a melhor casa. Alvo disse que não sabia em qual entraria, mas que tinha um truque para entrar na casa desejada. Rose declarou que Covirnal lhe chamava atenção. Dominique gostava da Lufa-Lufa. Roxanne também preferia a Covirnal. Só e eu e Scorpius ficamos calados.

Acho que nenhum de nós dois estava muito a fim de falar sobre isso.

Fred Weasley II, irmão de Roxanne, apareceu na cabine e chamou por Tiago. Ele foi junto com o amigo e nos desejou boa sorte.

—Não fiquem com medo dos barcos, nem do lago negro. Os monstros costumam dormir a noite.

Ele riu e saiu.

Pouco depois, uma mulher passou oferecendo doces. Com o dinheiro que meus pais me deram, comprei alguns feijõezinhos de todos os sabores, sapos de chocolate e um pedaço de torta de limão.

—O meu feijão é de meia velha. - Alvo cuspiu o feijão. - Qual o seu Claire?

Coloquei o meu na boca e senti um gosto de moeda velha. Fiz uma careta e cuspi.

—Moeda velha.

Alvo riu da minha cara. O de Scorpius era de cera de ouvido. Infelizmente, não conseguimos encontrar feijõezinhos de um sabor bom. Resolvemos guardar os sapos de chocolate para mais tarde.

Eu cochilei um pouco e fui acordada por Alvo, quando estávamos perto da estação de Hogsmeade.

—Crianças. - Uma menina loira, muito bonita, apareceu na nossa cabine. - Vistam os uniformes. Estamos quase chegando.

Rapidamente, trocamos de roupa. Alvo e Scorpius ficaram fora da cabine enquanto eu, Rose e Dominique trocávamos de roupa. Depois nós saímos para que eles trocassem.

Quando chegamos a Hogsmeade, já era noite, o sol tinha acabado de se por e descemos do trem.

—Alunos do primeiro ano! Por aqui! - Gritava um enorme homem que mais parecia um urso de pelúcia. Ele tinha barba e cabelos cheios e crespos e olhos castanhos.

—Ora, vejam só! - Ele disse, quando nos aproximamos dele. - Você deve ser Alvo Potter. Você deve ser Rose Weasley. E você Scorpius Malfoy.

O gigante olhou um pouco torto para Scorpius, mas ficou quieto.

—E você, pequena, não me lembro de você... - O gigante me observou, enquanto as outras crianças se aproximavam de nós. De repente ele arregalou os olhos, assutado. - Pode me dizer seu nome?

—Claire. - Respondi nervosa. - Claire Laurent.

O gigante balançou a cabeça e murmurou algo baixinho, que não ouvi.

—Para todos vocês, eu sou Hagrid, Guardião das Chaves e das terras de Hogwarts. Por favor, me sigam.

O seguimos. Eu estava nervosa, admito. Muito nervosa. Em breve, eu estaria em Hogwarts e seria sorteada. A parte do sorteio era a pior, por que eu não sabia em qual casa entraria.

Será que eu era gentil o bastante para a Lufa-Lufa? Não, eu não era, gentileza e bondade não eram o meu forte. Então... Esperta e inteligente o suficiente para Covirnal? Não, também não, eu detestava estudar, mesmo que gostasse de ler. Ambiciosa o suficiente para Sonserina? Não, não era, minhas ambições eram limitadas, sempre foram. Corajosa o suficiente para Grifinória? Eu me considerava medrosa, então nem pensar.

Será que haveria um lugar para mim aqui? Será que eu me encaixaria em Hogwarts? E se eu não conseguisse, o que faria?

Alvo deve ter percebido meu nervosismo, por que apertou minha mão de leve.

—Vai ficar tudo bem. - Ele sussurrou.

Seguimos por um trilha até um cais, repleto de barcos. Hagrid subiu em um e disse:

—Subam, eles são encantados. Seguem esse barco aqui.

E bateu na lateral do barco dele.

Alvo me ajudou a subir em um barco. Fomos eu, ele, Scorpius e Rose juntos em um barquinho. Deslizamos sobre a água suavemente e eu encarei a linda noite de lua cheia, refletida no lago. Vi o castelo se erguendo ao longe, iluminado por uma trilha de luzes flutuantes.

As pedras se confundiam com o céu da noite, e o escudo da escola, colado a estandartes, estava sendo exibido em cada janela.

—Chegamos. - Eu disse. Até eu podia notar a animação e o nervosismo na minha voz.

—Chegamos. - Alvo repetiu, tão nervoso quanto eu. Segurei sua mão e a apertei.

—Vai ficar tudo bem. - Eu disse e ele sorriu.

Ao chegarmos no cais, descemos e Hagrid reuniu os alunos em uma fila enorme.

—Me sigam. Não saíam do caminho crianças, por favor.

Seguimos Hagrid, até entrarmos no castelo. Seguimos por uma escadaria até portas duplas, que estavam fechadas. Um homem nos esperava lá, sorridente.

—Olá crianças, sejam bem-vindos a Hogwarts! Sou o professor Slughorn. Horácio Slughorn. - Era um homem simpático, sorridente, vestia roupas verdes escuras e uma gravata roxa. - Hagrid, avise a diretora Mcgonagall que as crianças chegaram.

—Sim, professor Slughorn. Até mais crianças.

Hagrid acenou e entrou. Me estiquei para ver um pouco do que me aguardava lá dentro, mas não consegui. Depois de alguns minutos, comecei a bater o calcanhar no chão, inquieta. Todo mundo estava nervoso, conversando baixinho.

Até que, de repente, as portas de abriram e nós entramos, quase correndo, o professor Slughorn nos guiando. O salão estava decorado com velas flutuantes e o teto transformado no céu noturno. Suspirei, admirada.

Caminhamos até perto da mesa onde os professores estavam sentados.

—Quando eu chamar seus nomes, venham até aqui! - Disse o professor Slughorn. Ele apontou para o banquinho ao seu lado, onde um chapéu velho e pontudo descansava. - Alvo Potter!

Alvo se aproximou, claramente nervoso. Os sussurros do grupo atrás de mim aumentaram.

—...O filho de Harry Potter...

—...É ele mesmo...

—...Parece com o pai...

—...A casa dele com certeza será Grifinória...

Scorpius e Alvo trocaram um olhar e o professor Slughorn colocou o chapéu seletor na cabeça de Alvo. Depois de alguns minutos, o chapéu seletor gritou:

—Sonserina!


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Notas finais do capítulo

O que acharam do final? Gostaram ou não?
Comentem!
Beijos!



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