Bigode de flores vermelhas escrita por AllBlueSeeker


Capítulo 1
"Pai... Mãe..."


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Eu escrevi isso num belíssimo devaneio que tive no shopping hoje mesmo. Espero que vocês gostem.



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[Rouge]-Ace.

[Ace]-Mãe.

A imponência da ainda jovem mulher loira, apesar da idade levemente avançada, do alto da varanda da casa, era notável:

[Rouge]-Venha almoçar, querido. -ela sorria

Limpei o suor do rosto com a camisa pendurada na bermuda.  Já fazia algum tempo que eu estava livrando o quintal do tapete de grama que crescera com o tempo. Meu pai já não aguentava tanto trabalho como antigamente. Limpei os pés sujos de terra com o auxílio do canhão de água que era a torneira do pomar. Passei direto para a mesa, onde meu pai contava suas histórias à minha esposa, Bonney:

[Roger]-E então, eu surpreendi o peixe e... Plank! Arpoei a besta com toda força! -papai gesticulava com o corpo inteiro enquanto explicava

[Bonney]-O senhor pescava no mar sozinho?

[Roger]-Claro que não, filha! Eu tinha os meus homens. Rayleigh, Gaban, Crocus... Tinha até dois molequinhos: Shanks e Buggy.

[Bonney]-Buggy? Que nome.

[Roger]-Era o apelido dele. Nunca soube o nome ou quis saber. Minha tripulação tinha sua vida cada um, mas quando estávamos no Oro Jackson, éramos uma família. Ali, nosso externo não valia um mísero berrie!

[Bonney]-Uaaaau! -ela estava encantada

[Ace]-Pai, pare de contar as histórias dos livros que você lê como se fossem suas.

[Roger]-Você vai desmentir seu velho, Ace? Vou chamar o Rayleigh aqui, ele vai confirmar toda a minha versão!

Beijei a jovem de cabelos rosados e pus as mãos sobre seus ombros:

[Ace]-Amor, o papai é o melhor contador de história que eu conheço. Eu dormia horrores depois das histórias dele na hora de dormir.

Mamãe, ainda sorridente, trazia as panelas de barro para pô-las sobre a mesa:

[Rouge]-Como recompensa por passar esse tempo todo cuidando de seus pais, fiz seu favorito: Frango ensopado.

[Ace]-É o melhor do Universo! Obrigado, mãe. -eu sorri de volta

Servi meu prato e sentei ao lado de minha amada. Mesmo durante o almoço e sob as restrições da mamãe, meu pai continuava a contar suas histórias. Eu estava há quase um mês cuidando dos dois, desde que tive de socorrê-los. Bonney, o tempo todo, esteve ao meu lado para que eu mantivesse a cabeça erguida:

[Ace]-Mãe.

[Rouge]-Sim, amor?

[Ace]-Acho que seu jardim não tem jeito não... Desculpe.

[Rouge]-Ah, deixe isso de lado, querido. Ele já cumpriu seu papel.

[Roger]-Esse jardim é tão velho quanto nós dois, filho. E parece que ele já encontrou o seu destino final.

Larguei os talheres e olhei incrédulo para os dois. Algo desceu pesado pela minha garganta. Assim que os dois terminaram, ajudei-os a subir para o quarto e a deitar na cama:

[Roger]-Ei, Ace.

[Ace]-Hmm?

[Roger]-Eu queria poder ter levado você no Oro Jackson. Você ia adorar brigar com os peixes!

[Rouge]-Eu não gostaria que você caísse no mar como o bobo do seu pai.

[Roger]-Ei, não é pra contar essa parte!

[Rouge]-E você mentiria, Roger?

[Roger]-Bom, não, mas...

Encostei no marco da porta, cruzei os braços e sorri de canto:

[Ace]-Finalmente uma discórdia entre vocês dois! É um milagre.

[Rouge]-Agora vamos descansar. Quando eu levantar, farei seus biscoitos no forno.

[Ace]-Quer que eu acorde vocês?

[Rouge]-Não se incomode com isso. E talvez seu pai queira dormir um pouco mais.

[Roger]-Eu quero!

[Rouge]-Era uma hipótese.

[Roger]-Eu estou provando que ela é verdadeira! -ele apontava o indicador para si mesmo

[Ace]-Bom descanso aos dois. Qualquer coisa, eu e a Bonney estaremos aqui na sala.

[Roger]-Nada de pegação na minha casa, hein!

[Rouge]-Roger!

[Roger]-Tá, mas com respeito então.

Os dois se deitaram. Me virei de costas para a porta e fui até a varanda:

[Bonney]-Amor, o que foi?

[Ace]-Eu... Eu estou bem. -sorri para ela

Ela voltou-se para a televisão e eu escorei sobre a grade. E foi então que consegui entender a sensação ruim que tive: Era a hora dos dois de irem embora. Eles já tinham vivido bastante tempo, sempre juntos e dando suporte um ao outro. E me deram uma boa criação...:

[Ace]-Eu sei qual é a de vocês dois... Não é um adeus.

Do sofá, a preocupada Bonney me olhava:

[Bonney]-Meu bem?

[Ace]-Pai... Mãe... Eu sei que vocês ainda estão me ouvindo. O que querem que eu diga? Que eu cresci e essas coisas? Que eu sou um homem feliz e que atingi meus sonhos graças a vocês? Não! Eu não vou falar nada disso! Não vou porque não sei como! -as lágrimas pesaram- Não sou capaz de pensar em como responder vocês dois, depois de tanto tempo! Eu só sei agradecer por cada segundo que pudemos passar juntos, por cada ensinamento de vocês dois, por todas as brigas e momentos em família que tivemos. Mãe, ninguém nunca vai fazer seu frango ensopado. Ninguém nunca vai levar mingau para o Ace doente. Ninguém nunca vai sorrir com a mais pura sinceridade até para momentos tristes. Pai, ninguém nunca vai contar as melhores histórias pra dormir, nem mesmo o tio Rayleigh! Por mais que você fosse um simples jogador, nem o homem mais rico do mundo teria tudo o que você teve, o que mamãe teve, o que nós tivemos! E é por isso que eu... -virei para a porta do quarto dos dois e me ajoelhei- AGRADEÇO POR TUDO!

Em meio as lágrimas, pude ver os pés da Bonney vindo em minha direção. Ela se ajoelhou na minha frente e me abraçou:

[Bonney]-Pronto, já passou. Eu tô aqui. -ela alisava meu cabelo - Nada de mal vai te acontecer

Eu não sabia mais falar, apenas soluçar e chorar. Me sentia vazio por dentro, como se minha força vital fosse arrancada de mim pouco a pouco:

[Bonney]-Eles tiveram uma vida ótima, e um filho ótimo. Agora, esse filho é casado com uma jovem que não vai deixar ele chorar assim. Ele nunca vai estar sozinho, porque eu faço questão de estar com ele pro resto da minha vida.

[Ace]-Amor...

[Bonney]-Não não, não fale... Só desabafe. -ela me abraçou mais forte - E fique calmo, meu bem.

A última coisa que me lembro de ver foram as flores da mamãe murcharem devagarinho.... E perderem as cores.


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Notas finais do capítulo

É meio que um test-drive em outro gênero que não romance. Espero que gostem!



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