Lovers - One-Shots escrita por Rosalie Potter


Capítulo 3
Lola e Bash-Angel By The Wings


Notas iniciais do capítulo

Link da música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=EXfLirBwBKY

Observação: A fic se passa na primeira temporada, quarto episódio. Para quem não se lembra, o Bash tinha sido ferido em uma emboscada inglesa.
Para quem não se lembra também, Tomas é um príncipe português que tentou se casar com a Mary, um crápula basicamente.
Sabendo disso, aproveitem :3



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"Pegue um anjo pelas asas, é hora de dizer tudo a ela, peça força para ficar"-Angel By The Wings (Sia)

Bash
—Quando olho para ela, me sinto melhor. E quando olho para você, sinto-me pior.


A frase saiu para Nostradamus. Lady Lola havia aparecido para levar notícias minhas a sua rainha, mas acabara por se sentar ao meu lado e engatar uma pequena conversa que por alguns segundos havia me distraído da dor iminente e do mal estar que se apossava do meu corpo.


E é claro, quando se acha algo em meio a dor que a faça parecer menor, você vai querer esse algo por perto. E que Nostradamus fosse para ele sabe onde com essa ideia de que ela não estava me deixando descansar. Não havia essa! Ela estava atenuando minha dor, isso sim.


Acho que ele entendeu o recado porque se retirou e ela continuou ali. Lembrei-me, pelos barulhos que vinham de fora do palácio, que tinha um torneio acontecendo. E é claro que entre cuidar de um morimbundo e aproveitar a festa uma jovem e bela moça iria escolher a segunda opção e longe de mim tirar o tempo dela.


—Quer voltar para o torneio? Não precisa se incomodar com esse pobre miserável. -Falei em tom de brincadeira a última fala, com uma ponta toda dramática.


—Bash... -Ela riu com o meu tom, balançando a cabeça. -...Eu não quero voltar para o torneio, estou bem aqui. Posso passar um pouco do meu tempo com esse pobre miserável.


Acabei rindo de leve com o tom dela dessa vez, mas apenas um pouco porque toda vez que eu fazia algum esforço, ainda que fosse para rir, meu ferimento doía. Acho que talvez por isso eu tenha feito uma leve careta e ela franziu o cenho, algo que eu citei que era adorável.


—Não se preocupe. -Rapidamente falei por ver sua preocupação. -Estou bem. Bem... Eu ficarei melhor se a senhorita puder ler para mim.


—Ler? -O franzir da testa ficou um pouco mais suave. -O que?


—Aquele livro. -Indiquei com uma das mãos e ela se levantou para pegá-lo.


Era um livro de livros nórdicos que eu adorava. E, naqueles momentos de tédio, estavam me ajudando muito. Além disso, dormir era difícil durante a dor portanto a leitura me acalmava o suficiente para me distrair e me permitir pegar no sono. Algo que facilmente ocorreu com a voz dela. Era calma, suave, embora um tom grave a tornasse um tanto quanto sensual. Foi simples e rápido me perder no timbre dela e deixar que me guiasse a um sonho tranquilo e sem sonhos.


~X~


—Francis está preocupado. -Ela comentou enquanto pegava água para mim.


Era a segunda visita que ela fazia e dessa vez Nostradamus tinha sido gentil de se retirar logo que ela entrou. A morena se sentou ao meu lado, me dando de beber com gentileza antes de colocar o copo na mesa e voltar a se sentar ao meu lado.


—Com o que?


—Tomas. O príncipe português. -O tom de voz dela me indicava que não era só Francis que estava preocupado. -Está fazendo perguntas sobre ele por todo o castelo.


—Você também está?


—Eu não sei nada sobre ele. E ele vai se casar com a minha rainha. Eu seria uma tola se não estivesse preocupada. Ela é minha amiga também. E ele é um completo desconhecido. Tem se mostrado bom até agora... Mas até quando?


—Eu entendo suas preocupações. Confesso que me preocupa também.


Mary era claramente a paixão do meu irmão caçula e eu me importava com Francis. E, não iria mentir para mim mesmo, com a rainha escocesa também. Havia algo nela que me atraíra desde que eu botara os olhos sobre aquela cabeleira negra e olhos castanhos ferozes, mas ao mesmo tempo ingênuos. Não queria que alguém que pudesse fazê-la mal a levasse. De forma alguma.


—Eu acho que vamos descobrir logo. Estou fazendo minha parte também.


—Como...?


—Eu estou conversando. Ouvindo. Descobrindo alguns rumores. Estou fazendo o que posso. Qualquer coisa que me deixe mais tranquila quanto a isso. Ou mais preocupada. Eu não sei, acho que o importante é algo que me esclareça, pelo menos um pouco.


Ela era corajosa. Claro que era e eu admirava. Ela também era nova na Corte, nova na vida. E estava correndo atrás de ajuda para sua rainha. Isso era lealdade e bravura. E ser leal e bravo na Corte significava que você acabaria com problemas em momento ou outro. E não me agradava que ela estivesse com problemas no momento em que eu estava preso a uma cama.


—Se puder, matenha-me informado do que descobrir. E tome cuidado. Se ele for perigoso para ela vai ser para você também.


~X~


Na terceira vez que ela entrou naquela sala eu tinha acabado de descobrir que estávamos certos sobre nossas preocupações sobre Tomas. O que não tinha sido uma completa surpresa. Eu, Lola, Francis. Todos preocupados com isso, era de se imaginar que realmente teria algo por trás.


Ter impedido meu irmão de ter socado aquele monstro tinha custado como preço uma pontada dolorosa e constante no meu recém fechado machucado. Mas era um pequeno preço a se pagar. Francis teria feito uma imensa besteira. Bom... Nada que eu não teria feito, a diferença é que ele é o futuro rei da França. E não poderia ter feito aquilo.


—Tomas é um monstro. -Falei assim que a vi. -Ele veio aqui, falou de Mary como uma propriedade, ameaçou ela e Francis e... Meu irmão quase perdeu a cabeça. Teria batido nele se eu não tivesse impedido.


—Como eu temia. -Seus olhos olharam para o céu por alguns instantes como se buscasse ajuda divina ou respostas. -Espera... Você disse que impediu? Bash, seus ferimentos.


—Seria melhor do que o que aconteceria se tivesse deixado Francis bater no homem. Não que ele não merecesse.


—Você tem que tomar cuidado, não pode abrir isso agora, não agora que a febre finalmente passou. Deixe-me ver isso.


Sem me pedir permissão ela já foi desenfaixando meu ferimento. Olhei surpreso pela atitude, até porque não era exatamente apropriado uma dama ver um homem sem camisa em um quarto quando ambos estavam sozinhos. Não que eu estivesse maliciando a situação, claro. Sabia que ela estava apenas preocupada. Preocupada o suficiente para esquecer as convenções.


—Lola, está tudo bem. -Tentei acalmá-la, mas ela não se deu por satisfeita.


E ela estava certa. O ferimento estava voltando a se ensanguentar quando ela retirou a faixa. Fiz uma careta, isso não significava coisa boa. Não parecia exatamente muito grave, mas eu me mataria se tivesse que ficar naquela cama por mais tempo.


—Eu disse. Vou cuidar disso, deve ter as coisas por aqui. Apenas... Não se mexa.


Não me mexi. Não muito. Percebi ela rapidamente andando por entre as coisas de Nostradamus, amassando ervas e acrescentando óleos. Ela sequer piscava e em momento algum ficou confusa ou hesitou.


—Você parece saber o que está fazendo.


—Eu disse a você que enterrei dois irmãos. Eu aprendi uma ou duas coisas com isso. -Lola fazia uma emplasto verde bastante parecido com o que Nostradamus colocava em meus ferimentos.


—Percebi.


A morena terminou rapidamente e veio até mim com a mistura dentro do pote. Abaixou a minha frente e com uma espécie de pincel molhou na substância verde que nunca parecera agradável. Porque não era.


—Isso vai arder.


—Não está mesmo me envenenando, não é? -Brinquei e ela me olhou balançando a cabeça rindo de leve.


E então pincelou aquilo onde sangrava. Ardia, muito. Mas eu já estava acostumado. Já tinha tido muitos ferimentos e já estava acostumado com essas misturas que apesar de arderem e não terem um cheiro muito agradável, realmente ajudavam. Pacientemente esperei que ela terminasse, observando suas feições. Lola estava concentrada, com o cenho franzido que volto a ressaltar, era absolutamente adorável. Na verdade, a feição compenetrada dela o era. Ela fazia aquilo como se fosse a última coisa que faria no mundo, cuidadosa com cada detalhe e percebia-se pelo seu olhar que nenhuma perturbação externa tiraria sua concentração.


Mechas encaracoladas caíam sobre seu rosto e ela teimava em afastá-las, mas ela sempre tornavam ao lugar. Então, inconscientemente eu levei minha mão aos fios, os afastando e os segurando longe de seus olhos. Um sorriso pequeno em agradecimento transcorreu seus lábios. Deveria ser eu sorrindo em agradecimento ali, afinal era ela cuidando de um problema meu. Mas preferi não expor isso em palavras, não queria tirar sua concentração. E também não queria que ela percebesse meu olhar tão focado em seu rosto bonito.


—Pronto. -Minutos depois ela determinou, voltando a enfaixar como alguém que já tinha experiência nisso. -Tente não morrer e não abrir esse ferimento de novo.


—Eu tenho certeza que vou precisar me esforçar bastante nisso. -Sorri de canto enquanto suas mãos pequenas me apoiavam para que eu pudesse voltar a me deitar. -Pode ler para mim?


—Claro Bash. Claro.


~X~


Duas outras visitas dela precederam minha tão aguardada saída daquele molho que me colocaram. Eu já estava quase enlouquecido em ter que ficar tanto tempo parado. Era uma espécie de tortura apenas interrompidas pelas visitas do meu irmão e Lola. Se não fosse por isso eu com certeza teria me afogado no tédio.


Durante a festa de São Miguel eu aproveitei para treinar com as espadas. O ferimento ainda doía e eu queria saber até onde eu podia ir, até onde eu ainda dava conta. Afinal, eu queria voltar a ativa o mais rápido possível. E com toda a agitação com Tomas eu não sabia quando eu talvez precisaria daquelas habilidades.


E foi quando eu a vi. Ouvi uma voz conhecida me chamando para então me virar e ver. E naquele momento eu tive certeza que era um anjo. Não pelas asas falsas ou pela roupa branca, mas por aquele sorriso. O sorriso aberto dela de dentes brancos e alinhados me roubou o ar por alguns segundos e eu me perguntei como não tinha reparado naquele sorriso antes. Ele brilhava. Eu deveria estar cego para não ter visto antes.


—Eu acho que conheço você. -Falei sorrindo para ela. -Devo ter visto em algum livro. Talvez um certo livro nórdico.


—Talvez. -Ela concedeu, ainda sorrindo abertamente e fazendo meus pensamentos se embolarem todos uns nos outros.


—É, eu devo ter visto em algum sonho. A realidade é bem melhor. -Foi minha vez de sorrir e ela sacudiu levemente a cabeça como se não acreditasse no que eu estava falando.


E então o olhar azul dela pousou na espada em minha mão. Eu nem precisei olhar para saber o que viria a seguir. O cenho franzido (que eu adorava!), o nariz torcido e a cabeça que balançava de um lado para o outro em reprovação. Já tinha visto aquela expressão um monte de vezes em meio ás inúmeras visitas que ela tinha feito. Eu me sentia um pouco mal por ficar um tanto feliz quando ela demonstrava essa preocupação. Nem eu entendia de onde surgia essa felicidade, afinal.


—Você não deveria estar com essa espada, deveria?


—Não estou fazendo esforços demais. Nada de abrir ferimentos, prometo.


—Você sempre fala isso. -Ela estalou a língua duas vezes em reprovação e eu sorri.


Abri a boca para dizer algo quando Francis chegou preocupado. E eu, é claro, sabia qual era a razão de sua preocupação. Teríamos problemas a vista, como previsto.


~X~


A briga com Tomas tinha sido séria. Meu irmãozinho tinha matado alguém pela primeira vez. E isso não é algo fácil. É arrasador, para qualquer pessoa que tenha um coração minimamente decente. E Francis tinha um coração decente e bom. Mas claro, ele não era culpado pela morte do príncipe. Ele tinha causado sua própria morte


E mais uma vez o ferimento tinha pagado o preço de uma briga. A dor dessa vez era maior. Não tanto quanto no dia em que cheguei ferido ao castelo, mas o bastante para fazer minha cabeça começar a ficar toda enevoada e dolorosa. Mas ainda assim algo em mim estava completamente tranquilo.


E a razão da minha tranquilidade veio correndo em direção ao meu cavalo, tomando as rédeas assim que me viu. Percebi, mesmo por cima da minha vista enevoada pela dor, que ela mal olhou para o corpo de Tomas morto tamanha a sua preocupação. Lola estava me olhando daquele modo que já era comum e singular.


—Bash! -Falou em tom de desaprovação, com a minha tão conhecida a adorada expressão.


—Shii. Eu estou tranquilo. Você está franzindo a testa de novo, sabe que acho adorável. Sabia que viria cuidar de mim. -Levei minha mão até o seu rosto de maneira meio grogue, mas com o máximo de coordenação motora que eu ainda possuía. Os guardas se aproximavam para me ajudar a ficar de pé, se eu conseguisse fazer isso.


Mas antes que conseguissem eu segurei seu rosto mais firmemente e lentamente colei meus lábios nos dela. Sabia que ela estava surpresa pela maneira como tomou ar. Eu também estava, mas aquele meu momento me disse que eu deveria fazer aquilo. Aquele momento de calma porque eu sabia que alguém estaria esperando por mim quando eu voltasse, alguém estaria ao preocupada comigo. E, enquanto eu estava no calor da luta, eu sabia que queria voltar para essa pessoa.


Senti o toque macio em minha bochecha de suas mãos e ela retribuiu em uma leve carícia de seus lábios. O beijo foi curto e casto, infelizmente apenas o que minha situação delicada permitia. Prometi a mim mesmo que daria muitos outros, de todos os modelos, quando ficasse melhor.


—Você vai cuidar de mim, não é Lola?


—É claro que eu vou. Por que acha que me fantasiei de anjo?


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Notas finais do capítulo

Eu shippei esse casal loucamente nesse episódio. Tinha um clima maravilhoso não só entre os personagens, mas os atores também tinham uma bela e maravilhosa de uma química. E cara, as cenas entre eles ficaram ótimas e eu tive mesmo esperança que ia acontecer alguma coisa, mas os autores simplesmente não prosseguiram e eu fiquei realmente decepcionada.
Nesse caso, eu vim realizar meu sonho nas fanfics.
Espero que tenham gostado :3



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