Piedade parecia algo muito triste para ser considerado uma forma de amar alguém. Passava aquela impressão de que faltava algo a mais; bem mais.

Mesmo assim, Loki parecia realmente não se importar com isso, e se ele não se importava mesmo, então, por que Thor deveria?

Thor sabia que o irmão sempre teve uma estranha obsessão em relação a ele. Loki costumava ficar furioso sempre que o via com alguma garota, nas rotineiras festas em Asgard. Já quando o flerte era direcionado a Loki, este insistia em atrair, de alguma forma, a atenção do loiro, para que o visse com a garota. Thor sabia que depois dos supostos “pegas” de Loki, mesmo que ele perguntasse qual era a cor dos cabelos da mulher, Loki jamais saberia responder. Talvez ele até mesmo dissesse “loiro!”, porque era a única coisa que ele queria enxergar.

Thor havia chegado a conclusão de que o problema de Loki com ele, não era a sua existência; mas sim a sua ausência.

Thor estava sempre ausente em relação a Loki.

Voltando a realidade, Thor ainda analisava agora o que poderia fazer para amenizar o sofrimento do irmão. O problema é que a verdade havia sido revelada e as mesmas desculpas de antes não seriam mais aceitas.

Uma angústia se formava em seu peito. Não sabia o que dizer e muito menos o que fazer; ou pior, se realmente deveria fazer.

Porém Loki ainda o observava de uma forma súplica. Aqueles intensos e brilhantes olhos verde-esmeralda estavam ali, presos em si pedindo por uma resposta definitiva.

E Thor decidiu que ele teria uma.

Inclinou-se para a frente capturando os lábios finos que antes havia se negado a provar. Apesar do asco que sentia de si mesmo por agir daquela forma, não pode negar que seu corpo respondia estranhamente àquilo. Sentiu Loki agarrar-se em seu corpo envolvendo seu pescoço em um abraço possessivo, enquanto o forçava a abrir ainda mais a boca. As mãos do mago subiram provocantes, pelos braços musculosos, até as cordas mágicas que as prendiam, para então, serem soltas devagar.

Thor relutou um pouco em reagir, mas acabou prendendo com certa força as mechas negras entre seus dedos, arrancando um sorriso surpreso de Loki.

— Thor, nossa… você nunca foi violento comigo antes.

— É mas, muitas vezes, tive que me segurar, sabe.

— Mas agora você não precisa mais; não quero que se segure, Thor! - a voz de Loki saiu lânguida e manhosa.

Thor agarrou, com certa brutalidade, a gola do sobretudo que Loki trajava. O moreno o olhou um pouco assustado, achou que talvez Thor apenas fosse realmente lhe dar aquela surra, mas seu semblante voltou a se iluminar ao notar que o loiro apenas tinha pressa em abri-la.

Na verdade, Thor tinha pressa mesmo, pois sabia que se não o fizesse logo, acabaria desistindo. Não era o fato de Loki ser homem que o incomodava, pois sabia que sentiria prazer da mesma forma. O que o deixava receoso era aquele sentimento fraternal que aparecia cada vez que Loki brincava com ele ou o olhava de forma mais doce.

Apesar da urgência da situação em si, demorou muito tempo para que ficassem totalmente nus.

Um outro problema agora era que Loki parecia também compartilhar dos receios de Thor. Ninguém ali aparentava estar disposto a arriscar o próximo passo.

Loki enrolava uma mexa de cabelo nos dedos demonstrando nervosismo. Thor observava os fios negros se enrolarem nos longos dedos de Loki para depois serem soltos formando belas ondulações.

— No que está pensando, Thor? - Loki notou o olhar perdido do irmão.

— Na maneira certa de fazer isso.

— E qual seria ela?

— Qual você acha?

— Não fazer… - Loki arriscou um olhar para Thor que retribuiu.

— Mas, sabe qual é o nosso problema Loki… - o loiro segurou o irmão pelos braços deitando-o no chão e ficando por cima dele. – Nós dois nunca fazemos nada da maneira certa.

Desta vez Loki sorriu ainda mais, pois ali não existia mais aquele sentimento doloroso de piedade, nem tão somente a fraternidade entre eles; havia algo novo ali.

Talvez fosse uma outra forma de amor, e se fosse, Loki queria descobrir qual era.