Meu querido diário escrita por JéChaud


Capítulo 80
Fria e Silenciosa


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como estão?!
Olha mais um capítulo cheinho de amor para vocês ♥ ♥ ♥
Quero avisar também que acabei meu novo roteiro, da nova fanfic que vem por ai em breve, estou ansiosa ♥ ♥ ♥
Obrigada gente, vocês são incríveis de verdade, muito obrigada pelos comentários, favoritos, pelo carinho ♥ ♥ ♥
Amo vocês ♥



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POV Cebola

Agachei rapidamente o puxando para perto, lembrei como um flash do dia que havia o ganhado. Presente da própria escritora, para a Amanda, um exemplar do Meu querido diário, da Mel Sousa.

Deitei na cama e me dei conta que nunca o havia lido até o final, nunca tinha permitido que ela me contasse as coisas do seu ponto de vista. Acomodei um travesseiro sob minha cabeça, e o abri, era hora de descobrir o que ela realmente planejava para o desfecho daquela história.

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Antes mesmo de começar a lê-lo novamente, reparei em um recado carinhoso deixado por ela a todos os leitores desejando que aquela história de amor pudesse inspirar-nos de alguma forma. Com um sorriso no rosto, comecei a folheá-lo.

Tendo conhecimento da história, pude perceber a modificação de algumas coisas, como nomes, situações e fatos ocorridos no decorrer da leitura, talvez por isso no passado eu não tinha percebido que era o protagonista daquele romance. As mudanças e adaptações foram necessárias e lógicas, uma vez que quando terminado o livro, muita coisa ela ainda não tinha vivido. Era exatamente por esse motivo que eu ansiava ler aquele final, para finalmente saber o que ela havia escolhido para nossa história mesmo sem ao menos tê-la concluído na vida real.

Pulei mais algumas paginas um tanto afobado, meu coração deu uma acelerada inconsciente e quando avistei o parágrafo que procurava, parei para apreciá-lo.

“Não foi fácil tomar a decisão de prosseguir com meu sonho, deixando outro tão grande quanto para trás, mas era o certo e o mais sensato a se fazer. Me senti entre a cruz e a espada, confesso, porém ele era tão maduro, gostava tanto de mim, entendia tanto minha batalha interna, que acabou ajudando-me a tomar a decisão, mesmo que inconscientemente, de ir estudar fora. Ainda que aquilo significasse a nossa separação. O fim do nosso romance. O termino de todo sacrifício que fizemos para tentarmos ficar juntos.
A adaptação foi difícil, assim que cheguei na faculdade, ainda não tinha certeza se eu realmente havia feito o certo, não só pelo meu romance deixado há 700km atrás, também por toda minha vida em 18 anos construída. Mentiria se dissesse que melhorou o sentimento na semana seguinte, mesmo conhecendo algumas pessoas dos alojamentos, e me enturmando, ainda assim a saudade amarrotava meu coração com todas as forças possíveis.
Por noites e noites me permiti chorar, vi o Sol nascer sem ao menos ter cochilado, e amanheci cabisbaixa pensando em tudo que envolvia aqueles anos longe da cidade. Conforme os dias foram se tornando semanas e essas virando meses, as coisas foram melhorando um pouco. Comecei a ficar cheia de atividades da faculdade para fazer, aos poucos as lembranças foram dando lugar aos compromissos, as matérias, e quando menos percebi, me sentia melhor. Claro, não cem por cento, mas me permiti guardar aqueles sentimentos sob sete chaves, para destrancá-los somente quando fosse necessário.”

Passei mais algumas folhas com o coração apertado, lembrei fortemente do dia de sua viagem, o quanto chorei em meu quarto, no silencio, sem poder me despedir da forma que queria. Pensei com pesar no quanto tivemos que abrir mão do nosso sentimento por algo maior.

 “Meu dia de voltar havia chegado, quatro anos se passado, e muita coisa mudado! Sentia-me preparada, renovada, e formada. Não sabia mensurar tudo que aqueles anos haviam me ensinado, o quanto eu havia amadurecido, estava voltando quatro anos mais velha, e vinte anos mais sábia.”

“Voltar para casa dos meus pais, fez toda nostalgia me atingir em cheio, lembrei mesmo tentando evitar, da época da escola, quando vivi intensamente aqueles grandes acontecimentos. Estava tudo completamente igual, meu quarto, minha família, o meu cachorro, até mesmo o  bairro. Meu irmão ainda era o mesmo irritante, mas se posso dizer, até daquilo eu senti saudade.

Pra não dizer que não falei das flores, me relacionei com uma pessoa no segundo ano da faculdade, ficamos juntos e firmamos um namoro, só nos separamos de fato quando resolvi voltar para minha cidade, o convidei para conhecê-la, mas ele negou, afirmando não deixaria a dele, então preferimos aguardar para ver o andar da carruagem. Eu gostava dele, ou pelo menos assim achava, Fazíamos planos juntos, tínhamos vontades e sonhos, mas todos eles foram embora da minha mente assim que a campainha tocou e eu fui em direção a porta atendê-la no dia seguinte a minha chegada.

Não pude acreditar em quem era, e achei que teria uma crise nervosa quando ele fitou meus olhos tão surpreso quanto eu. Meu coração tomou um ritmo descompassado, e pude jurar que nossa vontade foi a mesma. Era ele, meu antigo professor, um tanto mais velho, um pouco mais forte, mas exatamente com o mesmo olhar, aquele que me desfocava, era inconfundível, nada mais nos separava, nem idade, nem posição de trabalho, nem irmão, nem nada, éramos apenas nós e um reencontro, ambos intactos, parados frente a frente. O reconheceria de qualquer lugar do mundo, seu cheiro era do mesmíssimo perfume amadeirado, aquele que eu mais gostava.
Foi a primeira vez que nos vimos depois de quatro longos anos, e foi suficiente para eu entender que o carinha da faculdade não tinha chance alguma.”

Parei a leitura, um pouco angustiado, respirei fundo tentando preencher meu pulmão de ar, ler as características do perfume, exatamente do meu perfume, provocou um aperto em meu coração, tive que levantar para beber água trocando por alguns minutos o foco, para só então voltar a pegá-lo.

“Esperei um tempo em frente a webcam do meu notebook, fazia uma noite fria e silenciosa, parecia que o tempo transparecia meu interior, sentia um gelo intermitente dentro de mim e um buraco no estomago marcando minha crise de ansiedade frente a situação. Somente quando ele apareceu do outro lado que criei coragem para falar, pronunciar o primeiro som em meio a madrugada. Foi difícil, dolorido, mas necessário. Não queria ter feito pela internet, mas minha viagem até lá naquele momento era inviável. Jamais o enganaria, ele era um homem de ouro, mas o que eu podia fazer?! Meu coração era de outro.
Terminar com o menino da faculdade foi mais complicado do que imaginei, me senti um monstro por deixar outra pessoa triste. O que me consolava era pensar que ele sofreria muito mais se eu ficasse com ele, gostando de outra pessoa.
Chorei por pelo menos duas noites, insegura das minhas decisões, só voltei a ter certeza quando encontrei meu grande amor novamente em um dos pubs que mais gostávamos de freqüentar.
Entrei em uma noite, varada de fome, o frio daquela época do ano permanecia, fiz meu pedido e sentei numa das mesas do canto, a que eu mais gostava pra ser exata. Não, não foi combinado, muito menos premeditado, apenas aconteceu, nossos caminhos mais uma vez se cruzaram, fazendo com que eu desse um salto da poltrona na qual estava aconchegada.
Falamos durante a noite inteira, nossa conversa era leve, fácil, nosso papo sempre fluía, ele me contou um pouco da vida dele, das conquistas, de tudo que fez durante aquele tempo e quando comecei a falar, ele tornou a me hipnotizar com aquele olhar. Como eu senti falta daqueles olhos castanhos, penetrando cada centímetro da minha pupila. Me perdi dentre as palavras, com sede dos seus lábios, ele não demorou a perceber, em poucos segundos depois me envolveu em um beijo, daqueles que me tiravam o fôlego.

Não precisei mais me preocupar e não tive espaço para dúvida alguma tornar a brotar, finalmente eu tinha voltado para onde queria estar.”

Terminei de ler agoniado, com a garganta queimando e o coração acelerado. O livro não acabava ali, mas eu não precisava e nem agüentava ler mais nenhuma pagina.

Ela, mesmo sem saber do andar da sua vida e namorando na realidade o Mauricio do outro lado do Oceano, havia escrito e concluído um livro no qual nós dois ficávamos juntos no final. No qual mesmo com o futuro incerto, ela terminava com o namorado para ficar comigo.

Como nunca havia lido aquilo antes? Eu não era muito de chorar, mas naquele momento não consegui conter a agitação dentro do meu corpo, abaixei a cabeça e deixei que as lágrimas rolassem, aquilo foi realmente demais para mim.

—-

POV Monica

Cheguei à Austrália admirada com a sua beleza, não era minha primeira viagem internacional, mas cada novo local visitado continha uma emoção diferente.

Desci tão animada, que sequer ouvi a responsável pela nossa turma de jornalistas nos chamar, só a segui quando umas das meninas me avisou.

Tentei disparar mensagens para todo mundo que precisava, porém não obtive sucesso, reparei com pesar que meu sinal no celular simplesmente não existia e rapidamente deduzi que precisaria de ajuda para habituá-lo ao novo local, coloquei-o novamente na bolsa e tornei a caminhar sentido hotel, olhando atentamente tudo ao meu redor.

Era um sonho de lugar, uma oportunidade indescritível de conhecer onde antes eu só via em cartazes de companhias aéreas que anunciavam as férias mais esperadas. Bondi Beach é um daqueles locais que sempre estampam a capa de panfletos de vendas de pacotes para famílias, fica localizada em Sydney, capital do New South Wales, um estado na costa leste da Austrália.

Antes de nos instalarem, tivemos uma mini palestra explicativa sobre localizações dos eventos, alimentação, dormitórios, lazer e tudo o mais. Recebemos também um panfleto sobre os horários de reuniões e palestras, bem como o nome dos responsáveis pela organização e direção do congresso.

Fiquei em um quarto ótimo, de solteiro, com armário embutido, banheira, uma grande TV em frente a cama e uma varanda que me deixava de cara para a praia mais linda que já tinha visto na vida.

Demorei um pouco para ajeitar tudo no dormitório, tomei um banho, troquei de roupa e quando finalmente deitei para descansar, minha mente recaiu sobre o Cebola, fazendo meu coração dar uma batida um pouco mais rápida, desejando que ele me esperasse.

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Não foram os dias mais calmos da minha vida, claro que o local era incrível, espetacular melhor dizendo, não tinha absolutamente nada a reclamar, mas a rotina de palestras, participação de eventos e entrevistas estavam me esgotando.

Minha linha no celular não tinha voltado a funcionar, o que me causou um nível de estresse alto, então estava usando provisoriamente uma nova para conversar com minha família e falar com a Magali diariamente, passávamos algumas coisas por e-mail, respondia algumas perguntas necessárias para a entrevista dela e seguia meus dias assim.

Mandei mensagem para o Cebola algumas vezes, o avisando daquele imprevisto, pedindo noticias sobre ele, mas não obtive respostas e continuei sem noticias a não ser pela Maga, até o vigésimo quinto dia, onde tudo mudou.

Recebi uma proposta de prorrogação da viagem de um dos empresários presentes que queria montar uma equipe de jornalistas para seu novo jornal local, no total fomos oito por ele escolhidos.

De imediato não o respondi, tornei para o quarto em silêncio, e diferente dos outros que comemoravam animados, meus pensamentos vagaram para longe. Liguei uma chamada de vídeo para a Magali ignorando totalmente nosso fuso horário e para meu alívio ela já estava acordada, atendeu aproximadamente no terceiro toque.

— Está tudo bem? – Ela verificou as horas assustada.

— Sim! Quer dizer, eu acho que sim – Respondi colocando as pernas em cima da poltrona, fazendo assim com que abraçasse meu joelho.

— Não parece, se não me engano ai já esta anoitecendo não é? – Comentou ainda cismada.

— É, sai do último evento agora, queria te perguntar uma coisa, você tem visto o Cebola por ai? – Questionei apoiando o queixo sobre os joelhos.

— Ah! Não muito, você sabe, esses dias não parei cobrindo o congresso – Falou um tanto curiosa.

— Eu tentei falar com ele e não consegui, não sei se esse número aqui não manda mensagem para outro País, ou se está apenas me ignorando – Contei cabisbaixa, enrolando minha franja com as mãos.

— .... – Ela emudeceu do outro lado.

— Sinto falta dele – Choraminguei ainda na mesma posição.

— Mo, mesmo achando que não devia, vou te contar uma coisa – Ela enfraqueceu a voz.

— O que? Ele está namorando não é? Eu sabia, não acredito que o perdi novamente! – Chutei a primeira coisa que veio em mente, com medo da resposta.

— Não! Longe disso Mo, acho que ele também está sentindo e muito a sua falta, por isso veio aqui no dia que você embarcou – Contou fazendo meu coração disparar.

— Que? Como assim? Por que não me contou isso antes? – Questionei surpresa.

— Eu... Achei melhor, pelo menos até você voltar, não contar! Te conheço, sei que iria sofrer, poderia até atrapalhar suas palestras – Ela se defendeu. – E essa é uma oportunidade daquelas que não se perdem.

— Eu passei a viagem inteira acreditando que ele havia desistido. Nem uma mensagem, nem e-mail, nem nada, provavelmente tenha tentado me ligar, mas nem isso conseguiu porque estou sem celular – Comentei chorosa.

— Me desculpa, sei que não tinha esse direito, só fiz o que achei melhor para você. – Explicou-se claramente arrependida.

— Eu sei Maga, só estou confusa – Respondi sinceramente – Recebi uma proposta de estender minha viagem por mais ou menos um ano.

— NOSSA! Como assim? Você vai aceitar? – Ela perguntou eufórica.

 - Então... – Comecei a falar, mas fui interrompida pelo barulho de um novo e-mail chegando.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥ ♥ ♥
Se puderem deixem seus comentários, são super bem vindos, e lidos com muito carinho ♥
Beijãooo e até o próximo capítulo ♥



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