Meu querido diário escrita por JéChaud


Capítulo 68
Gesto mudo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como estão????
Todos bemmm??? ♥ ♥ ♥
Venho aqui com um capítulo novinho, cheinho de amor para vocês ♥ ♥ ♥
Quero agradecer MUITOOO por todo carinho que depositam nos comentários, nos favoritos, nas mensagens, nas dicas, nos palpites, isso é realmente INCRIVEL ♥
AMO VOCÊS ♥ ♥ ♥



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— Eu te amo Mo, não quero que tenha uma má impressão disso, só estou tentando adaptar minha rotina a minha nova vida – DC passou uma de suas mãos pela mecha solta do meu cabelo.

O observei quieta, abrindo um meio sorrisinho ao seu toque.  Eu gostava dele, aprendi a gostar daquele jeitinho confuso, do modo como me tratava, da forma calma que lidava com as coisas, ele equilibrava meu jeito impulsivo, minha intensidade de sentimentos. Mas naquelas últimas semanas muita coisa havia acontecido. Se ele ao menos soubesse do barulho que envolvia aquele meu silencio.

—-

Chegamos ao hospital de mãos dadas, entrei animada e abri um sorriso maior ainda quando vi a Aninha radiante, sentada exatamente no mesmo local onde antes se escondia chorando.

Meus pais estavam juntos ao seu lado igualmente felizes comentando alguma coisa que não entendi, só pararam quando eu me aproximei o bastante para cumprimentá-los.

— Oi Mã – Abracei minha mãe carinhosamente.

— Oi Senhora Sousa, quanto tempo – DC imitou meu jesto educadamente.

— Oi Mauricio, achei que não viria nenhum dia – Ela o alfinetou discretamente com um o sorriso no rosto.

— Mãe... – Arregalei os olhos para ela.

— Desculpa dona Luisa, é que ando lotado de coisas da empresa para resolver – Ele se defendeu um tanto surpreso, mas sustentando a animação.

— Imagino querido. Em breve o casamento vai acontecer e terá que encontrar tempo para sua família hein!!! – Ela concluiu sob os olhares de todos no local.

— Ela só está com saudade Mauricio – Papai tentou amenizar as coisas para ele não se sentir assustado. Eu não tirava a razão da mamãe, mas com certeza ali não era lugar para aquele tipo de conversa e nem o momento certo.

— Eu também estava... – Ele completou envergonhado, cumprimentando meu pai com um aperto de mãos.

— Seus amigos estão aqui filha – Papai me avisou mostrando o pessoal no sofá ao lado.

— Nossa, nem tinha visto!!! – Comentei um tanto desconcertada, reparando que o Cebola olhava diretamente para nossas mãos juntas, minha e do DC.

— Acabamos de chegar também – A Magali respondeu minha pergunta antes mesmo de eu pronunciá-la, provavelmente tentando cortar o clima pré instalado daquela chegada.

— Que ótimo, o Titi vai amar ver vocês por aqui – Agradeci verdadeiramente.

— Estávamos pensando em comemorar na semana que vem, quando ele receber alta, com uma festinha surpresa lá na casa dos seus pais Mo, o que acha? – A Aninha perguntou se sobressaindo no meio deles.

— Ah... Acho incrível, ele vai ficar super feliz – Me animei imediatamente com a idéia, já pensando nos preparativos – Podemos comprar algumas bexigas, e pendurá-las no teto, formar o nome dele com aquelas prateadas de gás héli...

— Amor, você tem o começo da turnê do seu novo livro – O DC me lembrou, cortando meus planos no meio.

— Nossa!!! Verdade...Não tem como adiar lindo? Queria tanto estar aqui quando meu irmão voltasse pra casa – Choraminguei o olhando.

— Você sabe que não Mo, esses eventos são planejados com meses de antecedência, levando em consideração dias de alta comercial, agendas de produtores, essas coisas, e é uma ótima chance para divulgação – Ele respondeu me abraçando.

— É... Poxa galera, então realmente não participarei, não posso perder essa oportunidade de lançar meu novo livro no evento de jeito nenhum, só não iria se o Titi... Bom se algo desse errado – Conclui cruzando os braços.

— Conseqüentemente também não poderei – A Magali comentou, lembrando-se da sua profissão num repente – Tenho que acompanha – lá, o evento é de grande porte, não tem nem chance de eu te deixar sozinha amiga.

— Isso é verdade, não posso ir ser a Maga, ela que faz todo o marketing e contato por lá, mas vocês fazem sem a gente, ele vai gostar do mesmo jeito, tenho certeza que entenderá nossos motivos – Tentei animá-los, percebendo que já se entreolhavam preocupados.

— Isso, e os respectivos companheiros vão para representarem as namoradas/noivas não é? – Aninha concordou com uma palma voltando o olhar para o Cascão e o Mauricio.

Nesse momento pude perceber o Cebola incomodado, desviei o olhar assim que os dele caíram sobre os meus, permaneci muda.

— Com certeza, estarei presente – Cascão concordou na hora dando um beijinho na Magali.

— Eu não tenho certeza se poderei – O DC cortou o clima de festa pré-instalado no ambiente.

— Como não vai Mauricio? – Questionei um pouco sem paciência. – Pelo menos uma passadinha lá não é? É meu irmão, seu cunhado lembra?

— Prometo que se der eu apareço amor, mas tenho compromisso na empresa – Ele reforçou me abraçando contra minha vontade.

— Você nem sabe o dia direito, como tem compromisso?! – Reclamei virando os olhos – Mas ok, esquece isso!

— Não fica chateada, ainda nem aconteceu, relaxa! – Ele me deu um selinho não correspondido e sentou no sofá, com cara de paisagem, tirando o celular que não parava de apitar do bolso para mexer.

— O Titi sabe que se você não for, será por uma boa causa e não porque não o ama – O Cebola quebrou o silencio que se instalou após a pequena discussão encerrada.

Meu olhar tornou a se encontrar com o dele por segundos antes de recaírem sobre o DC que já não dava mais a mínima atenção para o que estávamos falando, mexendo freneticamente no seu mais novo aparelho telefônico de ultima geração, trazido dos Estados Unidos pelo seu pai. Balancei a cabeça negativamente, respirando fundo e por fim tornei a me envolver no assunto agradecendo num gesto mudo a atenção a mim destinada do Cebola.

Não demorou muito para eu me empolgar novamente, não era porque eu não iria participar, que eu não ajudaria a organizar, afinal seria um dia muito importante para todos nós. Foi em meio a conversa descoordenada, ideais mil jogadas ao vento, e muita risada, que ouvimos a enfermeira chamando trios para se prepararem para visita que começaria em breve.

 Coloquei-me a frente para entrar com meus pais, e em menos de cinco minutos já estávamos prontos, com as identificações, seguindo pelo corredor gelado. Aos poucos o barulho da sala de espera foi ficando para trás, sendo substituído por bips contínuos dos aparelhos hospitalares. Um arrepio frio correu pelo meu corpo quando finalmente avistamos a sala do meu irmão.

Assim que o doutor abriu a porta minha mãe chorou, eu me segurei ao máximo que consegui para não desabar em lágrimas e meu pai abriu um sorriso emocionado.

Uma maca solitária preenchia o meio do aposento, ladeada de dois sofás igualmente brancos e beges e de um criado mudo onde podíamos ver uma foto da família unida, colocada pela própria enfermeira, a meu pedido.

Ele estava um tanto inchado, alguns lugares cobertos por grandes curativos brancos, mas o sorriso fraco se abriu assim que anunciaram nossa entrada, infelizmente aparelhos respiratórios e um soro o obrigavam a se manter deitado, nos impedindo de abraçá-lo.

Os olhos ainda vermelhos se abriram um pouco mais, tentando visualizar todos a sua volta e assim que nos aproximamos, ele chorou silenciosamente, segurando em nossas mãos, todas de uma vez.

Não foi preciso explicação alguma naquele momento, o silencio que se instalou no quarto foi suficiente para todos entenderem que tudo estava bem, que estávamos unidos novamente, que qualquer desavença ou separação havia ficado no passado, dando lugar a um novo futuro.

Como o tempo era limitado por visita, não conseguimos falar tudo que queríamos, claro que até ele receber alta, teríamos muitas outras dessas, mas a ansiedade de ouvir sua voz novamente, ou de vê-lo sempre acordado, ultrapassava o limite da espera.

Sai da sala comovida, ver que ele estava bem, foi mais forte do que imaginei, jamais queria que nos separássemos novamente, senti naquele momento que o amor que eu tinha pelo meu irmão, era maior do que qualquer vestígio de desavença do passado. Fiz um sinal afirmativo para a Aninha que aguardava ansiosa pela sua vez, indicando que o mal tempo havia passado, o que ela entendeu na hora abrindo um sorriso segundos antes de entrar pelo corredor, acompanhada do Cebola e do Cascão.

— O clima está muito bonito, tudo maravilhoso, mas e ai, quem me explica o que está acontecendo? – Perguntei para os meus pais que caminhavam de mãos dadas.

— Não sabia que os filhos interrogavam os pais agora – Minha mãe rebateu sorridente.

— Ah Sra. Sousa, pode começar a falar – Brinquei cruzando os braços na frente dos dois.

— Estamos felizes filhota – Papai respondeu alegremente.

— Isso da pra ver estampado na cara dos dois... – Concordei animada.

— Bom, tudo isso que passamos novamente, nos fez enxergar o quanto fomos imaturos da primeira vez. – Ele começou a contar – Diante de todas as dificuldades, ao invés de darmos as mãos, nós as soltamos. Quando o Titi teve a primeira crise respiratória, éramos jovens, eu só pensava em trabalhar, praticamente o dia todo, não dei suporte à minha família, nem à sua mãe que fazia jornada dupla, emendando o escritório com o hospital. – Concluiu emocionado.

— Não foi só você Sousa, eu também, eu estava uma pilha de nervos, seu pai te buscava na creche, te levava pra casa, te dava banho, comida, preparava o jantar, mas quando eu voltava, preocupada, deixando meu filho pequeno no hospital, eu não tinha paciência para conversar, não queria aceitar aquela situação, então descontava em quem estava próximo a mim, foi um período muito difícil – Minha mãe completou, com a intenção clara de tirar parte da culpa das costas do papai.

— Nunca tinha escutado essa história tão detalhada... – Comentei atenciosa.

— Acho que era difícil admitirmos que quando mais precisamos da família unida, nos separamos... Não queremos repetir isso, eu amo vocês, e quero que permaneçamos assim sempre – Papai concluiu abraçando a mim e a mamãe.

Limpei uma lágrima sorrateira que escapou por entre meus olhos, e automaticamente levei meu olhar ao Mauricio, que permanecia no celular entretido, provavelmente conversando com alguém da empresa. Por alguns segundos lembrei-me do que meu pai havia falado minutos antes, sobre ter sido imaturo, e ter priorizado somente o trabalho quando sua família mais precisou. Não sabia o porquê, ou sabia e apenas queria me proteger, mas tinha quase certeza que em uma situação daquelas a escolha do meu futuro marido teria sido a mesma.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥ ♥ ♥
Se puderem deixem suas opiniões, elas são super bem vindas e lidas com muito carinho ♥
Obrigada, amo vocês ♥ ♥ ♥



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