— Ual Fred, você acertou logo de primeira, era esse olho lacrimejado que eu desejava ver quando minha noiva conhecesse o local dos seus sonhos – Ele comentou apertando as mãos do produtor.

— Mauricio, estou sem palavras, aqui é lindo, tem até uma fonte em um dos espaços externos – Caminhei animada até lá, haviam mesinhas, todas de madeira, ladeadas de arbustos e archotes, com uma mini fonte no meio dando um efeito impecável.

— E vocês podem colocar no detalhe da iluminação, a cor que escolherem do estofado – Ele completou, mas eu já não mais o escutava.

A cada passo novo que dávamos, nos aproximávamos mais do casamento.

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Entrei em casa ainda chorosa, não havia me emocionado tanto assim nenhuma vez até aquele dia, voltei exatamente o caminho inteiro pensando no próximo passo importante que eu estava prestes a dar.

Quando aceitei o pedido do DC, sabia tudo que envolvia um casamento e aquela decisão, desde dedicação até responsabilidades, e desde o momento em que disse sim, não parei sequer um segundo para dar voz a dúvida, tentava o menos possível pensar no medo da novidade, ao contrário, procurei me empolgar com tudo que tínhamos que resolver e escolher até a data.

Ainda não tinha escolhido o vestido, eu começaria a procurar quando minha mãe viesse em Julho, nas férias. Ela me fez prometer que não ousaria experimentar nenhum sem ela aqui e assim o fiz.

Joguei as chaves da porta na mesa e soltei meu corpo no sofá, tirando as botas de salto nas quais eu usava, e apoiando a cabeça para trás pensativa.

— Mo? – Ouvi uma voz me chamando do corredor.

— Maga? – Respondi limpando quaisquer vestígios de choro do meu rosto.

— Tenho umas surpresas para você aqui – A voz dela vinha se aproximando, percebi que não estava sozinha pelo barulho dos passos no chão.

Me levantei ainda com os olhos marejados, e assim que mirei de onde vinham, meu coração bateu descompassado.

— Olááá!!! – Um trio de vozes, daquelas que faziam parte da minha lista de maiores saudades, invadiram meus ouvidos. Maria Dudu e Fabio se encontravam parados com sorrisos no rosto me olhando igualmente animados.

— AHHHHHHHHHHHH!!!!!!! - Soltei um grito a plenos pulmões e pulei em direção a eles os envolvendo em um abraço. Permanecemos assim por uns minutos, e só soltamos quando a Maria cortou o silencio.

— Até que enfim consegui te achar – Ela riu emocionada – Que saudade mulher.

— Eu... Eu ia procurar vocês, é que não parei nenhum segundo desde que voltamos – Contei levando as mãos a boca – Como estão? Como me encontraram?

— Pelo Cebola... – Dudu começou a contar, mas a namorada o cortou.

— Meu irmão... – Ela começou a contar um pouco sem graça – Ele me contou que te encontrou em uma sessão de autógrafos, e me trouxe um cartão seu, com o número da Magali como contato de assessoria, liguei aqui e agendei a surpresa.

— Ai que demais! Encontrei ele mesmo na primeira noite que cheguei, não acredito que estão aqui, amo tanto vocês gente – Tornei a abraça-los.

— Como você está linda Mo, está com um ar tão feliz – Fabinho me girou sorridente.

— Obrigada Fabinho, você continua uma graça – Sorri para ele carinhosamente - Maga, devia ter me contado, eu passava para comprar alguma coisa, acho que não temos nada aqui, a gente nem come em casa direito – Contei abrindo espaço no sofá para todos se sentarem.

— PIZZA, conhece? – Dudu riu passando o braço pelo ombro da Maria assim que se acomodaram no sofá.

— Soube que está famosa – Fabinho tornou a falar orgulhoso. – Sempre acreditei em você.

— Ah... Fabinho, que isso... Estou no começo ainda... – Respondi envergonhada procurando algum número de pizzaria na agenda do celular.

— Mo para de ser modesta, seu livro está estampando vitrines, e sessões de autógrafos estão acontecendo, isso é sensacional – Maria se animou ao comentar.

— É um sonho mesmo, as vezes nem acredito que realmente está acontecendo – Conclui eufórica. – Achei um número.

— Eu já pedi Mo!!! – Magali me cortou desligando o telefone.

— Hahaha tá rápida hein!!! – Dudu brincou.

— Ela sempre pensa antes de eu ter tempo de sequer imaginar – Elogiei a Maga pela sua eficiência, ela era incrível no que fazia. – Por isso a Folha está a roubando de mim – Choraminguei.

— Nem é Mo, para de drama, só estou me dedicando mais a eles, porque estou concorrendo a uma promoção – Magali se defendeu rindo.

— Ah dona Monica, pare de ser possessiva – Maria entrou na brincadeira me fazendo rir.

— Que anel lindo – Fabinho elogiou cortando totalmente o assunto.

— Que? – Perguntei puxando meu braço para mais perto de mim, com um reflexo.

— Verdade... Não tinha reparado... Perai, você está noiva? – Maria perguntou se levantando e alterando um pouco a voz levando as duas mãos na boca.

— Eu... Estou, era novidade, queria contar pessoalmente – Respondi abrindo um meio sorriso esticando as mãos para verem a joia.

— Noiva? – Fabinho tornou a perguntar deixando um clima pesado no ar.

— Somos.. Digamos que bem reservados, fugimos um pouco da mídia, é bem pessoal sabe? Por isso quase não divulgamos nada. – Expliquei sob o olhar atento de todos.

— Midia? Eles já estão atrás de você desse jeito? – Dudu questionou atento.

— Ah, atrás de mim ainda é bem pouco, mas da família do DC eles vivem querendo tirar qualquer informação para divulgarem correndo – Contei um pouco constrangida, não gostava quando dava a entender que queria me aparecer, eu era o contrário disso, tentava ser o mais humilde possível.

— Então conte-me tudo sobre esse novo pretendente dona Monica Sousa – Dudu brincou se ajeitando no sofá – Quero nome, RG, CPF.

— Hahaha, posso te mandar via e-mail? – Entrei na brincadeira ouvindo a campainha – Ai!!! A pizza chegou.

Enquanto arrumávamos a mesa, deu para perceber claramente o Fabinho mais quieto, eu jamais imaginaria que depois de todo esse tempo ele ainda fosse se chatear com minha vida amorosa, procurei não adentrar no assunto, mas mesmo assim achei melhor eles saberem por mim. Com certeza os convidaria para o evento e faria questão que fossem, então quanto antes ficassem por dentro, melhor.

Comemos um pouco mais quietos, e somente depois de todos satisfeitos que a Magali cortou o silencio que havia se instalado.

— Vocês vão no aniversário do Titi? – Ela perguntou interessada.

— Ah, sim, eu vi o convite na minha rede social, acho que vamos né linda? – Dudu perguntou para Maria.

— Claro, vamos sim, quero conhecer esse noivo misterioso – Maria riu para mim.

— Eu vou também – Fabinho concordou cruzando os braços.

— Ihhhh amiga, não empolga muito não viu, dificilmente ele irá – Comentei colocando mais refrigerante no meu copo.

— Como assim? – Ela questionou desanimada – Quero conhece-lo poxa.

— Ele é bem ocupado sabe – Tentei não entrar muito no assunto.

— Afinal o que ele faz? – Fabinho perguntou curioso.

— É o filho do dono da Aprel, atualmente gerencia duas unidades – Magali respondeu cortando o suspense fazendo a Maria cuspir o conteúdo de seu copo na mesa.

— Oi? Você está noiva do Mauricio? – Ela perguntou branca da cor da toalha.

— Você conhece ele? – Questionei assustada.

— Claro Mo, não lembra que na época da escola eu vivia indo em eventos da Aprel? Conheci ele em uma festa pós evento, não somos amigos, mas fomos apresentados, ele sempre estava presente ao lado do pai – Ela contou sorridente – Arrasou!!! Não acredito que está noiva dele.

— E eu não acredito que o conhece – Me empolguei com a noticia – Ele é ótimo amiga, vou insistir para ele ir.

— Hey, como assim ela arrasou? Estou aqui viu – Dudu se meteu na conversa com ciúmes da namorada.

— Ihhh, deu ruim – Magali riu fazendo com que todos na mesa rissem também.

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Fui dormir leve, o dia tinha sido agradável e inesquecível, de manhã as surpresas do salão e almoço com o DC, a noite meus amigos, que não via pessoalmente há anos.

Acordei assustada com o barulho de algo quebrando na cozinha, dei um pulo e encontrei uma Magali agachada juntando o que imaginei serem os cacos de um copo.

— Amiga, está tudo bem? – Perguntei observando um pouco de longe por estar descalça.

— Ah! Oi Mo, tudo, tudo ótimo, só estou um pouco ansiosa – Ela me contou claramente agitada.

— Da para perceber, afinal acordou o que? – Perguntei olhando as horas – As 8h00 da manhã.

— O Cebola deu muito mais que meu número para a Maria, ele entregou também para o Cassio – Ela contou eufórica.

— Ta bom, mas quem é Cassio? – Questionei buscando na memória entre as informações, se o conhecia.

— O Cascão Mo, lembra? Na sua festa? Amigo do seu irmão – Ela forçou a minha memoria, embrulhando o resto do copo quebrado em um jornal.

— Ah! Claro que lembro, você ficou gamada nele, com apenas um beijo – Sorri lembrando do dia.

— Não... Quer dizer... Sim... Não... Nem foi assim – Ela gaguejou divertidamente.

— Para Maga, não precisa esconder de mim, mas e ai o que ele queria? – Perguntei me apoiando no balcão.

— Queria se certificar de que eu vou sábado – Contou ansiosa.

 - Como assim? – Tornei a perguntar.

— Ele me perguntou como eu estava, conversamos por quase meia hora e então se ofereceu para vir me buscar para irmos a festa do seu irmão – Concluiu eufórica.

— U-A-L, arrasou, você topou né?  - Questionei animada por ela.

— Claro!!! Mo aquele dia do seu aniversário foi especial, ficamos até de madrugada conversando, vendo o Sol nascer de dentro do carro dele, foi diferente, ele tem um papo ótimo, tão por que não repetir a dose, alguns anos e  muita maturidade depois? – Ela respondeu decidida.

— Ótimo, vou tentar fazer o DC comparecer também, faz tempo que não vamos em uma festa juntos, que não seja da editora dele – Conclui animada.

— Isso, agora vamos tomar café que temos que correr pra Folha, hoje é dia de reunião, você terminou sua nova notícia? – Ela perguntou sentando a mesa.

— Terminei, e já preparei uma outra para concorrer a nova coluna – Respondi comendo uma torrada.

— Você sabe que o Cebola vai nessa festa, não sabe? – Ela perguntou parando no meio do corredor de acesso aos quartos.

— ..... Sei – Respondi pausadamente – O que que tem?

— Nada, só achei melhor te lembrar – Ela concluiu sumindo para dentro do seu quarto.