Desejei do fundo do coração que apenas algumas horas não fizessem diferença na minha idade, afinal eu já me sentia com 18, depois da meia noite iríamos somente concretizar o fato. Talvez se eu esperasse até depois da entrega dos diplomas, poderíamos nos casar e ficarmos juntos para sempre, afinal não seria mais sua aluna, e estava prestes a ser maior de idade.

— Hey, se não é a garota mais linda da festa, finalmente te encontrei ó Julieta – Com um susto ouvi a voz do Fabinho cortando o ar, e separando a força que emitia nosso encontro de olhares.

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Num piscar de olhos ele sumiu da minha frente, e eu juntei toda minha força pra não demonstrar minha decepção de ter aquele momento interrompido.

— Fabio, como você está lindo – Sorri o abraçando com carinho, afinal ele jamais imaginaria nada daquela situação.

— Você que está, com certeza a mais linda da festa inteira – Me deu um beijo na testa – Me concede a honra de leva - lá até seu lugar? A cerimônia já vai começar.

— Claro, vamos – Peguei em seu braço, olhando disfarçadamente para os lados, talvez, por mais que eu não quisesse admitir, ele ter aparecido foi o melhor naquela hora.

Os alunos do terceiro tinham os lugares marcados com seus nomes delicadamente bordados nas capas prateadas das cadeiras. Todos nas fileiras da frente, para melhor visualização do palco.

Sorri para o papai que estava claramente emocionado alguns lugares mais para trás, e virei para observar o orador da turma que pediu atenção para começar a falar.

“ – Finalmente e talvez infelizmente, chegou nosso último momento acadêmico dentro do colégio, quantas vezes desejamos isso durante o ano? Mal sabíamos que a saudade bateria antes mesmo de irmos pra casa. Mas hoje não estou aqui para lembrar disso, e sim para dizer o quanto somos gratos por tudo que vocês, professores, diretora e coordenadores, nos proporcionaram. 
Hoje sabemos que nos farão falta, e que um dia, lá na frente, iremos lembrar com carinho de tudo que passamos aqui, das aulas, das brincadeiras, das regras brandas, das quebras de regras... – Pausou para uma risada geral – Ah sempre tem vai... Das paqueras – Por um momento olhei para o Fabinho que me olhou sorrindo - Das oportunidades... Aprendemos e continuamos aprendendo dia a dia, e com certeza vocês fizeram parte desse processo, queremos agradecer de coração e dizer nosso muito obrigado.”

Uma salva de palmas tomou conta do ambiente, e lágrimas tanto dos alunos quanto dos professores e diretores preencheram o local.

Passado alguns minutos para abraços, e felicitações, a diretora tomou a voz e deu abertura a chamada dos alunos para a entrega dos diplomas, seria algo fácil e consideravelmente rápido, um a um os professores iam chamando e entregando, teríamos que parar para foto e depois seguiríamos para nossos lugares com o certificado já em mãos.

Sob aplausos os alunos chamados foram subindo e minha ansiedade por esse momento foi se aproximando.

Tranquilamente, ou pelo menos, o mais calma que eu consegui ficar diante dos acontecimentos, fui ouvindo e aplaudindo meus colegas chamados ...Larissa... Leandro... Leticia.... Leonardo... Maria...

Nesse momento o sorriso estampado em meu rosto ao ver minha amiga recebendo o diploma desapareceu sorrateiramente, percebi com um choque o que aconteceria a seguir, a sorte da Maria ter pegado o Vicente para a parabenizar, não permaneceu para mim que comecei a suar frio ao ver o Cebola se posicionando para a próxima entrega.

Monica...

Ouvi meu nome soando pelo auto-falante do auditório, tentei evitar o rosto dele que provavelmente estaria tão surpreso quanto o meu, então olhei em desespero para a Magali e em seguida para meu irmão, ambos com expressões indecifráveis no rosto. Tornei a olhar para frente e caminhar o mais segura que consegui na direção do palco. Os aplausos ecoavam, mas o único som que eu escutava era o do meu coração disparado.

Subi o mais confiante que consegui, abri um sorriso e estendi minhas mãos tremulas para ele, que as segurou com força, do mesmo jeito que sempre fazia quando eu não estava bem, aquele toque que me acalmava. Entregou-me o diploma, e me abraçou forte, talvez mais forte do que qualquer aluno ali teria sentido. Ouvi então um sussurro, quase inaudível em meio a todo aquele barulho, “Nos encontramos mais uma vez “. Foi demais para mim e para meu sentimento antes trancado a sete chaves, quis chorar e assim o fiz, borrando o ombro dele de rimel, o que para todos seriam lágrimas de emoção e felicidade, para mim eram de saudade.

Posei para a foto e desci ainda emocionada, limpava as lágrimas que escorriam descontroladas, tentei sorrir para quem me olhava sem encará-los nos olhos, qualquer um que observasse um pouco mais perceberia, assim como a Maria, a Magali e a Denise, que meu choro ia muito alem de um diploma.

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— Amiga, o que foi aquilo? – Magali me perguntou assim que a cerimônia terminou e nos reencontramos do lado de fora do auditório.

— Ninguem merece Maga, logo comigo – Respondi tentando arrumar minha maquiagem.

— Monica, você está bem amiga? Parece que é um carma vocês se encontrarem sempre – Maria chegou eufórica segurando a barra do seu vestido.

— Gatz, juro que não tive nada a ver com isso – Denise chegou se explicando, uma vez que tinha ajudado na comissão da formatura.

— Eu sei amiga – Respondi, mas ela me cortou.

— Foi totalmente na ordem que eles estavam sentados...

— É, parece que o destino vive fazendo vocês se esbarrarem – Magali comentou coçando a testa.

— Pois é – Conclui vendo ao longe meu irmão papeando com ele, imaginando do que estariam falando.

— Então estamos esperando o que? Bora animar, vamos pra sua festa? Já são 22h00 – Denise comentou olhando no relógio.

— Sim, vamos – Maria respondeu empolgada.

— Papi, vamos pro salão? – Perguntei me aproximando dele que conversava com outros pais do local.

— Oi filhinha, vamos sim – Respondeu tranquilamente se despedindo.

— Então, encontro vocês por lá – Respondi para elas, entrando no carro, sendo seguida pela Magali.

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Demoramos um pouco mais do que o combinado porque passei em casa para me trocar, novamente olhei satisfeita no espelho, meu look agora era outro, um vestido preto, seu comprimento era curto, acima da coxa, de manga comprida e ombros a mostra, justo até a cintura, e levemente rodado em sua saia. Um sapato de salto alto cor nude fechava o meu modelo, escolhido especialmente pela mamãe. Mais uma sacudida no cabelo, reforçada de batom agora vermelho, e estava pronta.

Chegamos um pouco depois das 23h00 no salão, que já estava consideravelmente cheio, o Titi tinha ido na frente, para ajustar o som e receber seus amigos que o ajudariam.

Desci do carro eufórica, e já me deparei com alguns amigos do colégio que dançavam animados. Chamei o papai para dentro mas ele parou no meio do caminho para minha surpresa.

— Vamos pai, o Titi deve estar lá dentro – Comentei normalmente.

— Filha... Quero que esse dia seja inesquecível, ia esperar até meia noite, mas decidi ir para casa, não tenho muita idade pra isso sabe, e quero que você curta bastante seu aniversário sem se preocupar comigo – Ele começou a falar.

— Mas pai, nada a ver isso, você nunca atrapalha, quero curtir com você também – Respondi cruzando os braços sob o olhar curioso da Magali.

— Eu sei filhota, olha... Toma, isso é para você, para se lembrar sempre desse momento mágico – Me entregou uma caixinha preta de veludo.

Cuidadosamente a peguei com minhas mãos tremulas, e quando a abri, imediatamente me emocionei, um anel de ouro branco com uma pedrinha de brilho rosa se destacava sob a luz do luar.

— Pai... Que coisa mais linda – Comentei embargada pelo choro.

— Você merece filha, eu e sua mãe compramos juntos alguns dias antes dela ir embora – Ele respondeu realizado.

— Amo vocês – Conclui o abraçando alegremente.

— Também te amamos Monica, e saiba que mesmo maior de idade, ainda será nossa menininha.

— Sempre pai, sempre!

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Um pouco mais de dez minutos se passaram, ele se despediu do Titi e em seguida foi embora para casa nos deixando sozinhos na festa, mesmo eu insistindo para que ficasse.

Sorridente analisei meu mais novo anel em minha mão, era realmente incrível, Magali e Maria que se emocionaram ao ver a cena, agora tagarelavam sem parar sobre algo que não consegui entender.

Aproveitei a recente amizade, para dar uma volta no ambiente sem deixá-las sozinhas, quase todo mundo já se encontrava por lá, inclusive vários amigos do Titi que eu não fazia idéia de quem eram.

— Hey, Mo... Esse aqui é o Cascão, meu amigo que vai cuidar do som – Titi me apresentou assim que passei por eles.

— Ah... Oi, tudo bem? Obrigada pela ajuda – Sorri o cumprimentando.

— Que isso... Se preci...

— Mo, onde posso colocar minha bolsa? – Magali nos cortou sem perceber. – Ai desculpa, não vi que estava ocupada amiga.

— Opa, boa noite – Cascão a mediu de cima a baixo sob o olhar atento do Titi. – Sou o Cassio, e você?

— Prazer, sou a Magali – Ela respondeu colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha sorrindo.