Efeitos Colaterais escrita por ratofilia


Capítulo 1
O caderno azul


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey! Faz tempo que não escrevo por aqui, estava com saudade, hihi. Depois de ler o capítulo 488 fiquei inteiramente desolada. Gajeel é um dos personagens que eu mais gosto em fairy tail, e o fato de eu ser Gajevy/Gale shipper me fez sofrer ainda mais. Queria escrever alguma coisa para colocar para fora a minha insatisfação com a morte de Gajeel, então acabei escrevendo esta one-shot. Mas eu tenho esperanças de que, de alguma forma, Gajeel retornará. (Iludida, eu?)
Boa leitura!



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Àquela noite era serena no sul da costa de Magnolia. O céu estava completamente limpo e estrelado. A maioria das pessoas encontravam-se em suas camas, dormindo profundamente. Há alguns anos antes, a população de Magnolia não conseguia dormir devido aos trágicos eventos envolvendo batalhas entre magos.

Entretanto, havia uma casa, um quarto em particular, onde as luzes estavam acesas. Um homem estava sentando próximo a uma escrivaninha, com um pequeno caderno azul em mãos. Páginas e páginas estavam rabiscadas por uma letra cursiva delicada, porém um pouco descuidada, aparentemente feminina. Uma página em particular chamou a atenção do homem. Então, iniciou a leitura:

A perda de alguém que se ama é como um monstro; ameaçador, possui várias formas de te ferir, cada uma delas mais amedrontadora. Nas garras de um monstro você perde suas esperanças, e isso te deixa ciente sobre seu fim. A grande perda te faz perder as esperanças de ter de volta o que você perdeu, o fim desastroso é inevitável.

A última esperança são as palavras de conforto, porém elas também se vão. Palavras de conforto nunca nos reconfortam de verdade. Tão-somente aliviam um pouco, mas no fundo você sabe que ouvi-las não foi o suficiente.

Quando você se vê em meio à dor, ao caos, nenhuma palavra poderá lhe salvar de um dos efeitos colaterais da perda, que é o desespero.

E, depois do desespero, vem a dor. É mais difícil lidar com esta. Neste efeito colateral as palavras de conforto são absorvidas, porém não são inteiramente compreendidas por você. Você tenta fingir que realmente ajudou, e talvez minta para si mesmo sobre isso.

A única coisa que você pensa é em como dói a grande perda. E a dor da perda é algo ainda mais difícil de se lidar porque nenhum analgésico pode curá-la. Você sempre vai sentir um vazio no peito, mesmo após a aceitação.

Após ler estas linhas, as mãos do homem ficaram um pouco tremulas, mas seguiu com a leitura:

Após os efeitos colaterais, vem a aceitação. Este é como um analgésico. A aceitação faz com que o desespero desapareça, e no entanto, apenas serve como uma redução da dor. E ainda que não esteja sentindo mais dor, ela está lá e uma hora voltará. A dor silenciosa.

Entretanto, uma visão positiva que tenho da aceitação é que com ela você pelo menos tenta seguir em frente.

Quando presenciei o que aconteceu à Gajeel, passei por estes processos. Primeiro vem o caos. Depois o desespero. E então vem a dor. Sobretudo, é o pior efeito colateral.

Por fim a aceitação. E então o desejo de seguir em frente. Juro por tudo o que é mais sagrado, tentei fazer isso. Mas todas as vezes que eu me via fazendo algo que normalmente fazíamos juntos ou quando ele simplesmente estava por perto, sem a presença de Gajeel, a dor se fazia presente. Eu sentia um pedaço vazio no coração. Como quando eu costumava ir à biblioteca, Gajeel aparecia às vezes com a desculpa de que eu precisava dele para pegar os livros nas prateleiras mais altas. Então ele ficava lá, fingia não estar prestando atenção em nada, os pés em cima da mesa, as mãos entrelaçadas atrás do pescoço, a respiração tão calma, enquanto eu lia um romance. Pequenas coisas como essa eram as que eu mais sentia falta.

O homem notou que havia alguns esboços de duas pessoas na página ao lado: o mais alto era um rapaz de longos cabelos negros, de cara fechada, mas parecia segurar um sorriso, e ao seu lado, uma garota baixinha toda sorridente.

Diariamente eu tentava lidar com o vazio que meia volta não era preenchido. Por um tempo me saí bem; prometi que não iria mais demonstrar fraqueza. Era isso o que eu achava que Gajeel gostaria que eu fizesse. Além do mais, o mesmo me fez o seguinte pedido: que eu vivesse. Portanto, eu teria que me manter forte. Tanto por mim quanto por ele.

Mas eu tive muita sorte, não posso dizer que apenas sofri. Eu ainda tinha meus colegas, a Fairy Tail. Sobretudo, Lily foi o que mais me serviu como um porto seguro, embora meus outros amigos também tivessem me apoiado. Todavia, Lily e eu sofremos mais do que qualquer um da guilda. Estávamos cem por cento cientes da dor de cada um; podíamos imaginar e sentir igualmente.

Algum tempo se passou. Não posso afirmar se foi pouco ou muito, porque os dias que passaram após a minha perda não importaram muito. O que realmente importava era o que eu fazia para me ocupar; o que estava fazendo para ficar um pouco mais forte, a fim de não me perder no escuro com meus monstros novamente.

Havia algo estranho comigo, depois de um dado momento. Alguma esperança começou a crescer dentro de mim. Não fazia sentido algum. Porque eu já usufruía da aceitação, estava seguindo em frente. E ele estava morto. Gajeel não voltaria.

Por que os monstros queriam me levar novamente para o caos?

Irônico pensar que, naquele momento, o monstro que me aterrorizavam era a perda, quando, num passado distante, o monstro que me assombrou foi por quem me apaixonei.

Gajeel estava longe de ser uma boa pessoa quando o conheci. Depois da cruel forma como ele usara Jet, Droy e a mim para declarar guerra à Fairy Tail, tive pesadelos algumas vezes. Gajeel me assustou por um tempo.

No entanto, o tempo prova que ele é eficiente em cicatrizar algumas feridas e em fazer as coisas mudarem. Gajeel não era mais um monstro. Ele mudou aos poucos, ainda que não deixasse transparecer, mesmo que fingisse ainda ser o Gajeel-Sama insensível que não dava a mínima para nada. Eu sabia que algo muito importante havia mudado. E eu estava certa. E na verdade, muita coisa mudou.

E pensar que, após sua significativa mudança, Gajeel não teve a chance de viver um futuro feliz, me causava um enorme aperto no coração. Ele, que nos últimos minutos de vida admitira que havia pensando no futuro, em ter uma família, em ser feliz. Comigo. Gajeel pensava em ter um futuro comigo. Fiquei imensamente triste por ele. Triste por nós. O futuro de Gajeel não havia o único a ter sido desmanchado; o meu do mesmo modo, porque eu pensava as mesmas coisas para o futuro, quem sabe até mais. Preciso dizer que isso era o que mais doía.

Algumas páginas à frente, lia-se:

Os monstros voltariam a me assombrar. Sem dúvidas. Mas a cada vez que retornassem, eu estaria mais forte, determinada a combatê-los, com esperança.

Porque eu o amava. Ainda o amo. Provavelmente vou amar até meus últimos segundos. Se eu não posso tê-lo de volta, pelo menos devo tentar realizar seu pedido. Viver por ele.

As mãos deixaram o caderno em cima da mesa ao ouvir um ruído vindo da porta do quarto. Uma mulher baixinha adentrou ao quarto bocejando. O homem, que estava de costas para ela, se virou, esfregando um dos olhos, como se estivesse secando alguma lágrima.

— Ainda acordado, Gajeel? – a baixinha perguntou ao homem. – As crianças não querem dormir. Estão sem sono. As deixei brincando. Acho que você os deixou dormir demais esta tarde. E, pelo visto, você dormiu demais com eles também – ela soltou uma risadinha.

Gajeel se levantou, andou em direção à Levy. Então a abraçou com carinho.

— Por que não me contou sobre o caderno? – perguntou ele, em tom baixo.

Levy demorou um tempo para processar a pergunta do marido. Então ela se lembrara de ter visto Gajeel segurar um caderno azul quando entrou no quarto. O diário.

Ela passou os braços em volta da cintura dele, apertando contra si.

— Porque não havia motivos. Você voltou. E agora estamos felizes.

— Sinto muito por todo esse tempo – Gajeel segurou o rosto de Levy delicadamente. Olhou bem fundos em seus olhos cor de âmbar. – E obrigada por tudo. Amo você, baixinha.

Levy se elevou na ponta dos pés para beijar o marido.

— Mããeee! – gritou uma voz feminina, vinda do outro quarto. – Ele ta usando magia e roubando no jogo de novo!

Levy e Gajeel riram baixinho.

— Era nesse futuro que você pensava? – a baixinha perguntou, enquanto os dois seguiam para o quarto dos filhos.

— Não – Gajeel respondeu com um genuíno sorriso no rosto. – É melhor do que eu pensei.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Espero que tenha apreciado a leitura. Peço, por favor, que comente o que achou, se há algo a melhorar, etc. hihi. Até a próxima!



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