A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 6
O acordo


Notas iniciais do capítulo

EXTRA! EXTRA! CAPÍTULO EXTRA! Como esse capítulo é mais curtinho, eu resolvi postá-lo hoje. E, mais uma coisa, nessa semana teremos TRÊS atualizações. As próximas atualizações serão, provavelmente na TERÇA e na SEXTA, se não houver nenhum imprevisto, sempre a partir das 19h. Enfim, sem mais enrolação, apresento o capítulo de hoje.



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Winry estava muito atarefada com os preparativos do casamento. Ainda estava perdida em meio às listas de objetos que precisava comprar. Pediu ajuda à Akame para escolher um modelo de vestido de noiva, porém Akame mostrou-se melhor na cozinha do que como conselheira de vestidos. Então, ficou arranjado que ela ajudaria no bufê enquanto Winry e a vovó cuidariam da decoração e das roupas. Mesmo sendo uma cerimônia simples, daria muito trabalho!

Winry e a vovó Pinako ficaram muito espantadas com a notícia do alistamento de Akame nas Forças Armadas Amestrinas. A garota era calma demais para trabalhar como militar, alegaram. Edward contou uma mentira de que havia conversado com alguns conhecidos do exército e arranjara aquele trabalho para facilitar o processo de Akame em conseguir asilo político. Ela cuidaria apenas de funções burocráticas, ele prometeu às duas. A matriarca dos Rockbell e sua neta pareciam terem acreditado na mentira e logo se esqueceram disso. Na manhã do dia seguinte, o dia de folga de Akame no exército, como o Führer Grumman gostou de salientar, Winry e Pinako preferiram ir sozinhas para o centro escolher alguns tecidos e deixaram Akame descansando no quarto de Winry que, desde sua chegada, passou a ser o quarto das duas.

— Ed – Alphonse chamou quando os dois estavam sentados na mesa do café da manhã na cozinha – você viu a Akame-chan?

— Felizmente, hoje não – Edward deu um grande bocejo, ignorando o olhar de reprovação do irmão caçula.

— Winry e a vovó saíram muito cedo hoje – Alphonse diz, pensativo – Pensei que ela iria sair junto com as duas.

— Não. Elas falaram que deixariam ela descansar – Edward aparentava estar pouco interessado naquele assunto – Matar pessoas é realmente muito cansativo.

— Pare com isso – Alphonse franziu a testa – Não disse nada para a Winry ou a vovó, não é?

— Eu disse que não falaria – Edward bebeu um gole de sua caneca, um pouco contrariado – Mesmo não concordando.

Os dois ficaram comendo em silêncio por um tempo. O barulho de mastigação e o tique-taque do relógio da cozinha eram os únicos ruídos do lugar.

— Será que ela já acordou? – Alphonse olhava na direção dos quartos – Ela precisa comer...

— E você está querendo entrar naquele quarto, não é? – Edward encarava o irmão por cima da mesa, com um olhar malicioso.

— O que está falando? – Alphonse devolveu, irritado – Eu me preocupo com a saúde dela.

— Sei... – Edward entortou a boca para provocar o irmão – Está bem. Não precisa fazer essa cara. Não está mais aqui quem falou.

Alphonse suspirou, chateado. Não estava lidando bem com essa história de Akame no exército e, ainda por cima, desde ontem ele não conseguiu falar nem uma vez com ela.

— Ela não está no quarto – Edward falou, de repente.

— Hum? – Alphonse não ouviu o que Edward acabara de falar.

— Ela não está no quarto – repetiu – Logo depois da Winry e da vovó saírem, ela também saiu – Edward completou, entediado – Disse que ia dar uma volta perto da ponte.

Alphonse levantou da mesa sem pedir licença e saiu pela porta da rua.

— Saiu assim só para não lavar os pratos, né? – Edward gritou para Alphonse que já ia longe.

A paisagem bucólica de Resembool era realmente muito linda e relaxante. Os moradores do centro se referiam ao lugar de forma pejorativa e achavam que os habitantes eram todos uns caipiras. Akame não concordava com isso. Nunca vira um lugar tão belo, pensava enquanto atravessava uma pequena ponte sobre o rio e, pela primeira vez na vida, sentiu-se em paz.

— Akame...  – ouviu alguém chamá-la nas suas costas. Nem precisa se virar para saber quem era, porém ela voltou-se e encontrou os olhos de Alphonse do outro lado da ponte – Lembra o que eu disse – ele se aproximou, lentamente – sobre a Lei da Troca Equivalente?

Akame continuou parada, olhando para Alphonse por cima do ombro.

— Para se obter algo – Alphonse parou na frente de Akame e a encarou dentro dos olhos – é preciso oferecer algo em troca de igual valor. Esse é o princípio básico da Alquimia, a Lei da Troca Equivalente.

Akame não disse nada. Apenas sustentou o olhar.

— Você disse que – ele suspirou – tudo que queria era um pouco de paz. E eu disse que para você conseguir uma nova vida, você precisava sacrificar sua vida antiga.

— Eu ainda quero – ela disse em um sussurro.

— Então, por que...?

— Porque não existe paz em nenhum lugar do mundo para uma pessoa como eu – Akame balançou a cabeça – Com essa espada, eu matei milhares – ela apontou para a Murasame presa em suas costas – É por uma espada que eu devo morrer.

— Não precisa ser assim, Akame-chan.

— Precisa, sim – ela deu as costas para Alphonse e se afastou dele – É o destino de todo assassino.

— Por que está me evitando? – Alphonse gritou quando ela já estava a uma certa distância – Eu fiz ou disse alguma coisa errada?

— Não – Akame não voltou os olhos para Alphonse e continuou andando – Você não fez nada.

Akame não queria preocupar Alphonse com seus problemas. O acordo era entre ela e Grumman. Ninguém mais. Ela se lembrava de cada palavra daquela conversa.

*******************************

— Então, senhorita – Grumman debruçou-se sobre a mesa – andando por Amestris sem nenhum documento e ainda mata um amestrino – Grumman para como se estivesse pensando profundamente sobre algo – Sem documento, é como se você nem existisse. Sabe que alguém pode fazer você sumir sem deixar rastro?

Akame continuou sentada na cadeira, com uma expressão apática.

— E essa espada – Panzer pega a Murasame pousada sobre a mesa – Essa é a Espada Demoníaca?

Assim que Panzer empunha a espada, a Murasame começa a emitir uma aura negra e, com um berro, Panzer a larga novamente sobre a mesa. Ele esfrega as mãos, olhando a Murasame com uma expressão de pânico misturado com dor.

— A espada não gostou de você – Akame diz suas primeiras palavras naquela sala.

— Então, é verdade que a espada escolhe seu portador – Grumman coça o queixo.

— Quer dizer que, para usufruirmos dos poderes da Murasame – Panzer apontou para Akame – precisamos levar essa garota de brinde?

— Tenha um pouco mais de respeito, coronel Panzer – Grumman sorri para a garota – Afinal, você está diante de uma lenda viva. Essa garota matou mais pessoas do que muitos soldados veteranos da Guerra de Ishval. Uma verdadeira máquina de matar – Grumman folheia os papeis sobre a mesa – Akame da Espada Demoníaca! – ele diz de forma teatral – Sabe, estive recentemente em seu país e ouvi muitas histórias dos seus feitos. Tantos assassinatos! Fiquei pensando, se você fosse julgada por todos os assassinatos que foram atribuídos a você, quantos anos você ficaria presa? Vinte? Trinta? – Grumman fala de uma forma mais agressiva – Cem? Duzentos anos? Prisão perpétua? Pena de morte?

— Não pode me julgar por supostos assassinatos cometidos fora de sua jurisdição – Akame diz.

— E o assassinato de hoje cedo? – Panzer intrometeu-se.

— Legítima defesa – Akame rebateu – E também não posso ser acusada porque, como o senhor disse, eu não existo.

— Muito esperta, senhorita – Grumman ri – Muito esperta. Mas eu posso deportá-la. Afinal, você está aqui no país ilegalmente. Imagino que teria muitas pessoas aguardando ansiosamente a sua volta – Grumman sorri, sádico – Pessoas que adorariam receber a sua cabeça em uma bandeja...

Akame continuava com o rosto sério, com uma serena indiferença. Mesmo com a vitória dos rebeldes, Akame não estava totalmente segura em seu país. Tinha muitos desafetos, pessoas que juraram se vingar dela. Não era nada seguro voltar para lá.

— Preciso saber de uma coisa – Grumman continuou – As Armas Imperiais. Se a Murasame existe, as demais armas existem. Sabe onde encontrá-las?

— O senhor que está dizendo isso – Akame respondeu.

— Gosto dessa garota – Grumman dá um murro na mesa, rindo – Rápida de raciocínio. Frieza ante o perigo. Como um verdadeiro soldado. Quer se alistar nas Forças Armadas Amestrinas?

Quem ficou impressionado com a proposta de Grumman foi o coronel Panzer. Akame não parecia estar surpresa. Pelo menos, por fora.

— Alistar essa garota no exército? – Panzer perguntou, pasmo – Ela nem tem documentos.

— Podemos providenciar – Grumman meneia a cabeça – O currículo profissional dela é impecável. Foi treinada pela divisão de elite do Exército do Império. Assassina profissional a serviço do Estado. Especialista em luta com espadas. Desertou do Exército para se aliar ao Exército Revolucionário. Ex-membro de uma facção rebelde. Atuou intensamente na guerra civil do país. Com tantas habilidades, eu nem vou te dar um cargo de soldado raso ou sargento. Você vai ser subtenente.

— Tem certeza, senhor? – Panzer arregalou os olhos.

— Obrigada, mas não estou interessada – Akame disse, friamente.

— Pense bem, senhorita – Grumman observou-a por cima dos óculos – Estou lhe dando uma oportunidade única. Terá um bom salário, privilégios e um cargo importante. Poderá até mesmo continuar morando com os irmãos Elric e ganhará cidadania amestrina. Tudo que você precisa fazer é nos auxiliar com as pesquisas sobre as Teigus. Queremos saber como funciona a ligação da arma com o seu portador e como a Teigu potencializa os poderes do portador.

Ele esperou alguma reação de Akame. Como ela continuou imóvel, Grumman concluiu.

— Ou você quer arriscar em ser deportada?

*********************************

Akame sabia que dificilmente uma pessoa como ela conseguiria encontrar um lugar tranquilo para viver. Ela vagava sem rumo em seu exílio no deserto até encontrar Alphonse. Ele parecia uma miragem, uma espécie de alienígena, ingênuo e muito gentil. Era divertido ouvir as histórias de Alphonse e dos senhores Jelso e Zampano. Era bom ter alguém para dividir o almoço outra vez. No começo, ela não queria colegas de viagem, mas ele insistiu tanto e sua companhia era tão agradável que ela acabou cedendo. Alphonse dizia ser contra seus princípios deixar uma dama desacompanhada no meio do nada. Akame riu internamente com isso. Quando eles se conheceram, era ele quem precisava de ajuda. Não, ela.

Ela foi adiando o momento em que se separariam e, ao mesmo tempo, pensava em ir embora antes deles descobrirem sobre seu passado. Inevitavelmente, Jelso e Zampano acabaram descobrindo e contaram para Alphonse. Akame não esperava pela reação de Alphonse. Ele sentou com ela e pediu para que contasse toda sua história. Para ganhar sua confiança, ele também contou tudo que aconteceu com ele e o irmão, inclusive seus maiores arrependimentos. Ele foi a primeira pessoa, com exceção de seus colegas assassinos, que não a julgou.

Quando percebeu, já estavam em Resembool. Para Akame, aquele lugar era o paraíso e ela não conseguiu recusar o convite de Alphonse de se hospedar na casa da família dele. E ele tinha uma família adorável. Seria bom ter uma também.

Pensar sobre essas coisas era muito deprimente. A imagem da irmã caçula vinha em sua mente. Doía demais pensar nela. Preferiu sentar embaixo de uma árvore e ficar olhando o nada. Sem pensar em coisa alguma...

Alphonse achou melhor deixá-la sozinha por enquanto e voltou para casa. Encontrou Edward o esperando na entrada de casa.

— E aí, Salvador da Humanidade? – Edward perguntou em tom de provocação.

Alphonse fez uma careta e entrou em casa sem falar nada.

— Conseguiu encontrá-la? – Edward o seguiu.

— Sim – Alphonse suspirou – Mas ela não me disse nada sobre ontem.

— Por que será que ela fez isso, heim? – Edward coçou o queixo, pensativo.

— Dessa vez – Alphonse foi para a cozinha – eu não sei dizer.

Outra pessoa também estava intrigada com essa pergunta. Olhando através da janela do seu escritório, o general Mustang relembrava os acontecimentos do dia anterior em busca de alguma explicação lógica.

— Ainda pensando sobre aquilo? – Riza Hawkeye falou em suas costas.

— Sim – ele responde, sem tirar os olhos da janela – Mantenha sua arma engatilhada, capitã Hawkeye – Mustang suspira pesadamente antes de concluir – Estou com um mau pressentimento com relação a isso.


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Notas finais do capítulo

Agora, preciso ir.
Comentem se perceberem algo errado.
Até mais.



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