A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 24
Com as próprias mãos


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo! E mais uma terça! Ultimamente, não estou com muito tempo para pensar sobre o enredo e não sei se o capítulo de hoje está muito bom. Na verdade, vocês acreditariam se eu dissesse que a maioria das coisas que eu escrevo eu improviso na hora que eu abro o editor de texto?



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Riza Hawkeye tinha uma vista privilegiada do vilarejo. Estava no último andar de uma torre de observação abandonada. As tábuas que cobriam parcialmente as janelas lhe garantiam uma ótima camuflagem. Olhando através da mira de seu rifle, ela observou alguns dos soldados do batalhão do major Armstrong deslizarem furtivamente entre as ruas da pequena cidade, aproveitando os últimos raios de sol do dia. O plano inicial era infiltrar discretamente cerca de trinta soldados na cidade e no hospital do exército. Esse primeiro grupo passaria todas as informações necessárias para que o resto do batalhão, que invadiria o vilarejo no final da madrugada, já soubesse para onde ir quando entrasse na cidade. O major Armstrong transmutou uma passagem subterrânea entre o hospital e o rio para que o pequeno grupo de reconhecimento, subdividido em grupos menores de cinco soldados cada, passassem sem precisar ir pela rua principal. O major esperava um tempo para que o grupo da frente tomasse uma boa distância para poder liberar a saída do grupo seguinte.

Observando a movimentação lá embaixo, Riza concluiu que foi realmente melhor eles terem agido rápido. Parece que o exército rebelde pretendia invadir de fato o hospital na manhã do dia seguinte. Ela conseguia ver grupos de soldados inimigos se organizando nos arredores do hospital. Se a operação do grupo do major durante a madrugada fracassasse, nada poderia salvar as pessoas que estavam no hospital.

— Capitã? – uma voz baixa vinda do rádio não foi o suficiente para fazer Riza sair de sua posição – Está tudo bem aí?

— Nenhuma variação, Breda – Riza respondeu sem tirar os olhos do movimento abaixo de sua janela – Conseguiu contatar os outros?

— Menos com o capitão Falman – a voz de Breda parecia preocupada – Não gosto nem de pensar no que pode ter acontecido...

— Querendo me ver pelas costas, Breda? – uma segunda voz ecoou do rádio, assustando Breda.

— Capitão Falman? – perguntou, incrédulo – É você mesmo? É bom ouvir sua voz de novo!

— Obrigado, tenente Breda – Falman deu uma risada marota – Mas você não faz o meu tipo.

— Seu desgraçado – Breda ria também – Então, a subtenente já te explicou o plano todo?

— Sim. Já sei de tudo – Falman confirmou – A subtenente sempre faz tudo com perfeição. Estou apenas aguardando as próximas ordens.

— Vocês conseguiram localizar onde estão todos os pacientes, médicos e enfermeiros do hospital? – Riza olhou mais uma vez para a área mais ao sul, através da lente na mira.

— Quando a subtenente chegou aqui – Falman continuou – sabíamos apenas sobre os que estavam na Enfermaria Três. Chequei primeiro a situação de todos os feridos que estavam aqui e verifiquei também algumas passagens e pontos estratégicos para nós. Depois, eu e a subtenente saímos para procurar o restante dos pacientes. Encontramos alguns poucos na Enfermaria Dois. Foi a ala mais danificada e algumas pessoas de lá acabaram morrendo quando os rebeldes jogaram uma bomba que derrubou metade do teto. Encontramos o doutor Marcoh, com uma queimadura grave em um dos braços, na Enfermaria Quatro. A princesa de Xing cuidou dele e ele deve melhorar logo. Como a Enfermaria Um foi interditada alguns dias atrás, imagino que conseguimos reunir todos os sobreviventes.

— Excelente – Breda assentiu, com uma expressão determinada – Então, tudo estará pronto para hoje mais tarde.

***************************

Edward gastou mais de uma hora para conseguir convencer Winry a voltar a falar com ele e, mesmo assim, não estava sendo nada fácil persuadi-la a desculpar o ex-alquimista. A comunicação entre eles estava quase impossível.

— Você deveria pedir desculpas – Winry cruzou os braços e virou o rosto.

— Está bem – ele suspirou, derrotado – Desculpa.

— Não para mim – Winry rebateu – Para ela.

— O QUÊ?!! – Edward reagiu de maneira exagerada – Você só pode estar de brincadeira.

— Tudo bem. Não vou pedir para você fazer algo que você é incapaz de fazer – Winry bufou, contrariada – Mas você promete que vai tentar se comportar?

— Vou tentar – Edward revirou os olhos – Mas não prometo nada.

— Qual o motivo de tanta implicância, heim? – Winry perguntou – O que ela lhe fez?

— Não te incomoda nem um pouco o fato dela ter matado milhares de pessoas? – ele provocou.

— Claro que sim – Winry assumiu uma expressão séria – Mas eu não posso julgá-la. Não passei por nem metade das coisas que ela passou. Ela foi criada desde criança assim, Ed. O que fizeram com ela, uma criança ainda, é... desumano. Mesmo assim, ela nunca nos deu motivos para duvidar dela. Ela nunca nos fez mal. Muito pelo contrário. E você ainda insiste em achar que ela é uma péssima companhia para nós?

— Eu não sei explicar – Edward coçou a nuca – Eu acho que ela está escondendo alguma coisa. Alguma coisa ainda mais grave do que o fato dela ter matado a própria irmã caçula.

— O Al tem razão – Winry pôs as mãos na cintura – Isso tudo só pode ser ciúmes.

— Ah, não!! – ele berrou – Até você?!!

— Então, prove – Winry o olhou em desafio – Akame deve estar conversando com o Al agora. Vamos voltar lá e você não vai dar nem um pio, entendeu?

Winry arrastou Edward por uma mão e eles andaram em zigue-zague, desviando das inúmeras camas da enfermaria, até chegarem onde Alphonse estava instalado. Ambos pararam de reclamar um com o outro e congelaram no mesmo lugar ao se depararem com a cena de Akame, com a cabeça apoiada no ombro de Alphonse, e o próprio Alphonse, com o rosto encostado na cabeça de Akame, os dois dormindo tranquilamente na cama improvisada do rapaz.

— É melhor deixar eles dormirem em paz, não? – Winry perguntou, depois de se recuperar do susto – Eles parecem cansados.

— E qual é o problema em chamar? – Edward recuperou o mau humor – Ela nem deveria estar aí. Ei, vocês dois – ele cutucou a perna do irmão – Hora de acordar!

— Ed? – Alphonse acordou, esfregando os olhos – O que foi?

Ao perceber que Akame dormia encostada em seu ombro, Alphonse tentou não se mexer muito, mas não adiantou. A garota tinha um sono leve e acordou meio assustada.

— Desculpe – Alphonse se apressou em dizer quando Akame se levantou rapidamente – Pode continuar dormindo. Não quis te acordar...

— Tudo bem – Akame acenou brevemente para Edward e Winry – Preciso encontrar o capitão Falman mesmo. Ainda preciso terminar a missão – e saiu, sem dar tempo de Alphonse retrucar.

— Al, não sabia que vocês dois... – Winry gesticulou, sorrindo marota, depois de Akame ficar em uma distância que não poderia mais ouvi-la.

— Nem continue a frase – uma veia saltava da testa de Edward.

— Você está realmente melhor, Al? – Winry lançou um olhar mortal para Edward enquanto ajudava Alphonse a ajeitar o travesseiro.

— Estou bem – Alphonse sorriu – Só preciso descansar por essa noite. Enquanto isso – ele esticou o corpo para o lado e pegou um punhado de papeis empilhados sobre uma minúscula e surrada mesa de cabeceira – já que vou ficar “de molho” por hoje, vou organizar minhas anotações de Rentanjutsu.

— Não me diga que é uma parte das suas anotações da viagem à Xing, não é? – Edward se inclinou sobre a cama para espiar melhor os papeis.

— São só algumas cópias que eu datilografei – Alphonse estendeu os papeis para o irmão – Mas, é claro, eu não trouxe tudo. Os originais ficaram em casa.

— “Tratado sobre a fantástica medicina curativa de Xing sob a ótica da Alquimia Amestrina com relatos adicionais sobre a história, a cultura e o povo deste maravilhoso país, por Alphonse Elric?” – Edward leu uma das páginas com uma sobrancelha erguida – Olha o exagero, heim?

— Talvez, eu tenha exagerado um pouquinho – Alphonse sorriu amarelo e coçou a nuca, sem graça – Vai ver por isso que Akame tentou ler e não entendeu nada.

— A assassina está lendo suas anotações? – Edward torceu a boca, desdenhoso – E desde quando ela se interessa em Alquimia?

— Ela fica bastante interessada quando eu falo em Alquimia, Ed – Alphonse concordou com a cabeça – Você precisa ver como ela fica. Nem pisca.

— Não liga, não, Al – Winry sentou na ponta da cama de Alphonse – É que seu irmão acha que só ele pode se interessar por Alquimia.

— EU NÃO DISSE NADA DISSO – só faltou sair fogo da boca de Edward.

— Estou pensando em reunir tudo em um livro – Alphonse buscou amenizar o clima tenso, tentando desviar a atenção – Quando tiver tempo, você poderia revisar para mim, Ed?

— Será um prazer, Al – Edward assentiu com um sorriso de lado.

— Agora, é verdade – Alphonse sorriu – Akame faz a mesma cara que você faz quando está concentrada com minhas lições de Alquimia – e acrescentou, em um tom brincalhão – Eu acho que vocês dois tem mais coisas em comum do que você pensa.

— E eu acho que você deve ter batido a cabeça com muita força – Edward entortou a boca, com um ar superior – Nem em um milhão de anos, eu seria parecido com ela.

***************************

O hospital de campanha do Exército Amestrino estava localizado em um envelhecido e grande prédio. Quando o antigo rei de Xing estava vivo, o pai do rei Ling Yao, ele quis desenvolver o pequeno vilarejo de Xiao Zhen. Naquela época, o povoado era ainda menor, mas estava estrategicamente posicionado entre a capital do reino e a principal rota dos mercadores vindos do deserto. O rei anunciou com grande estardalhaço várias construções, inclusive a de um centro administrativo no local, e as obras começaram logo depois. Contudo, o rei morreu antes das obras terminarem e, logo em seguida, a guerra pelo trono paralisou definitivamente os trabalhos. Quando os amestrinos chegaram naquelas imediações, encontraram um grande edifício e seus anexos abandonados e trataram logo de alojar o hospital do exército naquelas instalações. Contudo, o prédio ficava um pouco afastado da cidade e, por isso, uma das bases do Exército Amestrino instaladas no vilarejo ficava a cerca de duzentos metros do hospital. Quer dizer, a base estava atualmente sob o domínio dos rebeldes. Os primeiros raios de sol da manhã ainda não haviam despontado no horizonte, mas os dois vigias da base continuavam atentos ao silêncio absoluto da madrugada.

— Que noite fria – um dos vigias se arrepiou todo, tentando se esquentar, apesar de estar usando uma pesada capa de peles de animais – Se ao menos tivesse uma boa bebida para esquentar...

— Tenho cigarros aqui – disse o outro sentinela – Vai querer algum?

O primeiro aceitou de bom grado a sugestão do outro e estendeu o braço para pegar o cigarro.

— Droga – o primeiro praguejou com o cigarro pendurado na boca enquanto esfregava dois gravetos em cima de um monte de palha – Não consigo nem uma faísca. A madeira está úmida.

Porém, ele imediatamente largou os gravetos e posicionou sua arma ao ver um estranho encapuzado se aproximar. Seu companheiro ao lado também notou a aproximação do forasteiro, mas os dois relaxaram um pouco porque o estranho mostrava as palmas das mãos desarmadas em sinal de paz, apesar deles não conseguirem ver seu rosto por causa da pouca luz.

— Boa madrugada – disse o estranho, educadamente, aproximando-se aos poucos – Vocês não queriam fogo? – e estalou os dedos.

Os habitantes do vilarejo foram acordados naquela manhã, um pouco antes do sol nascer, com o barulho de uma explosão próxima ao hospital do exército. A coluna de fumaça que se elevou da base militar podia ser vista a quilômetros de distância.

***************************

Fuery, Havoc e Breda foram designados a cuidar da área externa do hospital. Eles deveriam providenciar uma passagem segura para os soldados entrarem no hospital e, logo após, se juntar ao grupo que avançaria para o vilarejo. Felizmente, o grupo que ficaria dentro do hospital, composto de mais ou menos oito soldados, chegou no tempo certo e os três tenentes indicaram uma passagem para dentro do hospital.

— Procurem pelo capitão Falman – era a recomendação de Breda para os soldados.

Dentro do hospital, eles acharam melhor reunir todo mundo em um lugar só para facilitar o resgate. Falman já havia começado a organizar os reféns do hospital na Enfermaria Três, onde havia a maior quantidade de pessoas. Os primeiros a serem transferidos para lá foram os que estavam na Enfermaria Dois porque era a ala com menos gente, mas com os feridos mais graves. Falman colocou Akame, acompanhada de mais três soldados, como responsável pela transferência dos feridos da Enfermaria Quatro. Por mais incrível que isso possa parecer, Edward Elric se ofereceu para ajudar o grupo nessa tarefa.

Havia muitas pessoas feridas jogadas pelo chão e eles precisaram da ajuda de alguns enfermeiros para transportar todo mundo. Entre os incontáveis feridos, Edward acabou encontrando May e o doutor Marcoh em um canto. May parecia ter sofrido ferimentos leves, porém o doutor Marcoh fazia uma careta de dor enquanto May tentava curar uma horrível queimadura em toda a extensão do braço direito do médico-alquimista.

— Está bem, May – doutor Marcoh acenou para a garota parar com o procedimento alquímico em seu braço – Já está bem melhor do que antes. Você precisa descansar, agora. Eu acho que posso voltar a fazer transmutações com esse braço. Apenas preciso descansar um pouco...

— May! Doutor Marcoh! – Edward correu até eles.

— Senhor Edward! – May gritou para o rapaz.

— Estamos transferindo todos para a Enfermaria Três – Edward falou, diretamente – Vamos! Vocês precisam ir para lá, antes que os rebeldes invadam o hospital de verdade!

— Como assim, Edward? – o doutor Marcoh parecia um pouco atordoado.

— Não dá para explicar muito agora – Edward apontou para o bando que se formava na saída da enfermaria – Vá com eles. Eles estão indo para lá. May, se você não estiver muito cansada, você poderia curar o Al?

— O que aconteceu com o senhor Alphonse?! – May se alarmou com a fala de Edward.

— Quando você chegar lá, você vai saber – ele respondeu, enigmático. Na verdade, ele só havia mencionado o estado de Alphonse porque queria que ela e o doutor saíssem logo dali.

May e doutor Marcoh saíram apressados para o local indicado e Edward continuou ajudando a retirar o restante dos feridos. Mas, não havia saído nem metade das pessoas de lá, eles ouviram um estrondo vindo do lado de fora. Claramente, era o barulho de uma explosão a alguns poucos metros do hospital. Edward não sabia que esse era o sinal. A operação de reconquista do vilarejo começara e não demoraria muito para os rebeldes revidarem. O principal receio do major Armstrong era que isso acabasse fazendo com que o exército rebelde invadisse de vez o hospital. Era fundamental reunir todos os feridos em um lugar para facilitar a defesa e, obviamente, eles não haviam concluído o serviço.

— Vamos logo – Edward incentivava – Reúnam todos!

Os últimos ainda saíam quando uma das portas duplas foi escancarada aos pontapés. Os rebeldes entraram atacando os desarmados feridos remanescentes com seus sabres em golpes mínimos e fatais. Um dos soldados da operação de resgate mais próximo de Edward foi pego de surpresa e seu sangue espirrou no chão quando um dos invasores o atacou com a espada, sem dar chance de defesa para o inimigo.

Edward não teve outra escolha, a não ser se defender. Girou o corpo no ar e acertou um chute no homem que acabara de matar o soldado amestrino. Mais oponentes chegaram e ele deu uma cambalhota para poder fugir dos ataques das espadas e pulou no meio deles, distribuindo socos e pontapés para todos os lados. Apesar dos inimigos serem muitos, os anos de treinamento com a alquimista Izumi Curtis renderam a Edward um grande conhecimento em artes marciais e ele derrotou rapidamente seus adversários.

— Ninguém entre vocês é páreo para mim? – perguntou, de forma arrogante, em posição de luta enquanto seus agressores estavam derrotados no chão.

Edward se arrependeu do que acabou de dizer ao ver um dos soldados rebeldes que acabara de atravessar a porta da enfermaria. O homem parecia um gigante! Era tão alto e forte quanto o major Armstrong, Sig Curtis ou, até mesmo, o homúnculo Preguiça.

— Eu e minha boca grande – choramingou, desanimado.

Edward pegou uma espada no chão e pulou na direção do grandalhão, no entanto o gigante se desviou com aparente facilidade dos golpes dele e desferiu um único soco, um gancho certeiro no queixo, contra o ex-alquimista. Edward voou e caiu com grande estardalhaço em cima de um armário cheio de frascos de remédios.

Edward abanou a cabeça, meio atordoado. Ficou tonto com a pancada e ouvia um barulho de apito dentro de seu ouvido. Passou a mão na testa e sentiu o sangue escorrendo, sujando sua roupa. Apesar disso, ele conseguiu perceber o inimigo aproximando-se perigosamente dele.

— Edward! – ele conseguiu escutar alguém gritando por ele. Edward demorou alguns segundos para reconhecer a voz.

Akame avançou com a Murasame contra o gigante, mas ele conseguiu se defender com uma proteção amarrada em seu braço musculoso e os dois trocaram golpes velozes. Edward assistia a cena de luta, totalmente largado no chão. Ele tentou se levantar e não conseguiu. Uma dor aguda o forçou a ficar no mesmo lugar e um gemido alto escapou de sua boca. Por causa disso, Akame se distraiu por um milissegundo, olhando para onde Edward estava caído, e o gigante a acertou, derrubando-a no chão. O grandalhão tentou pisá-la e Akame rolou o corpo para fugir daqueles pés gigantescos. Vendo que não conseguiria acertá-la, o gigante agarrou Akame pela gola do uniforme e jogou a garota longe com apenas uma mão, como se ela não pesasse nada. Akame sumiu atrás de um armário baixo e o gigante voltou seus olhos maliciosos para Edward. Ele andou na direção do rapaz ferido, porém o gigante estancou no meio do caminho e caiu de joelhos, com sangue espirrando de um grande ferimento em seu pescoço. Edward demorou a notar Akame pendurada nos ombros do homem. Ela havia escalado as costas do gigante e cravou a Murasame em uma veia principal, antes mesmo do inimigo colossal perceber seu movimento. Ela pulou para o chão ao mesmo tempo em que o gigante morto desabou com um grande estrondo.

— O que faz aí deitado? – Akame falou com a naturalidade de quem apenas estava de passagem.

— Só estou descansando um pouco – Edward fez um novo esforço para levantar, no entanto, isso só fez seu corpo inteiro doer mais ainda e sua cabeça girar.

— Eu ajudo você – Akame embainhou a Murasame e deu alguns passos para frente.

Mesmo naquelas condições, Edward virou-se para ela, pronto para recusar sua oferta, mas arregalou os olhos com o que viu. Um dos soldados rebeldes que ele derrubara havia se recuperado e aproximou-se furtivamente de Akame pelas suas costas com uma adaga na mão. Edward não teve tempo de alertar Akame quando o sujeito esfaqueou a garota, aproveitando-se de sua distração. Akame desabou para o lado, aparentemente morta, e Edward arregalou ainda mais os olhos. Não conseguia acreditar no que tinha acabado de presenciar.

O guerreiro inimigo virou-se para Edward com a adaga em punho, mas nem teve tempo de abaixar o braço quando chegou perto do ex-alquimista. A lâmina de uma espada surgiu bem no meio do peito do soldado rebelde. Uma mancha de sangue sujou imediatamente suas vestes e estranhas marcas negras começaram a sair de seu ferimento. Ele não conseguiu nem dar um grito de dor, enquanto observava o buraco em seu peito, e caiu de joelhos quando a lâmina foi removida de uma forma meio abrupta.

— Desculpe. Eu me distraí – Edward ouviu a voz de Akame, porém viu apenas um vulto de longos cabelos negros antes de perder a consciência – Isso não vai mais acontecer.

***************************

Estava tudo quieto demais e era isso que preocupava a capitã Riza. Era alta madrugada e ainda estava observando a rua por horas, sem abandonar o seu posto. A torre, onde ela estava, ficava bem próxima ao hospital e o silêncio excessivo já estava incomodando. Não porque a capitã estivesse com medo de pegar no sono. No treinamento do exército, Riza aprendera a manter o estado de alerta, mesmo se ficasse horas sem dormir. Ela estava preocupada com os seus amigos. Se o plano não desse certo, poderia perder todos eles.

Riza se mexeu um pouco e puxou um relógio do bolso. O sol logo nasceria e teriam uma dura batalha pela frente. Ajeitou mais uma vez o rifle e esperou pacientemente no seu lugar.

Menos de meia hora depois, o silêncio da madrugada foi violado. Uma explosão e, logo após, uma coluna de fumaça elevou-se no céu. Era o sinal. A operação de retomada começou. Riza apertou o punho da arma com certa aflição. Respirou fundo e esperou mais um pouco.

Não precisou esperar muito. Alertados pelo barulho, os soldados rebeldes saíram correndo de uma forma meio desordenada de suas barracas. Riza viu um deles gritar ordens enquanto os outros pegavam suas armas e corriam na direção do hospital. O homem que berrava ordens usava roupas diferentes dos demais e estava acompanhado de outro homem que também se vestia com trajes distintos. Claro que estavam. Aqueles dois estavam comandando a ação.

— Bingo – Riza sussurrou e apertou o gatilho.

O homem ainda gesticulava e berrava muito quando uma bala atravessou sua testa. Os subordinados do homem atingido olharam para os lados, assustados, procurando de onde havia partido o tiro.

Riza engatilhou a arma novamente e, dessa vez, acertou o segundo em comando. Depois de eliminar os dois comandantes, Riza começou a atirar em qualquer um dos soldados inimigos sob sua mira.

— Capitã – a voz de Breda ecoou do rádio – como está aí?

— Alvos eliminados – ela respondeu, sem parar de atirar – Eles se dividiram em dois grupos. Um dos grupos foi para a base e o outro acaba de invadir o hospital.

— O major Armstrong já mandou os reforços – Breda continuou – Eles já entraram no hospital pelo outro lado. Daqui a pouco, vamos marchar para a cidade.

Riza percebeu que alguns soldados rebeldes apontavam para o seu esconderijo e corriam para o térreo da torre, onde ela não podia mais vê-los.

— Droga – praguejou baixo.

— Algum problema, capitã? – Breda perguntou pelo rádio.

— Descobriram minha localização – Riza recolhia rapidamente seu equipamento – Preciso abandonar meu posto.

— Tudo bem, capitã. Sua missão já foi cumprida – Breda respondeu – Estamos a duzentos metros ao leste. Consegue chegar até aqui?

— Tranquilamente – Riza respondeu, checando uma última vez suas armas.

Porém, antes de sair para as escadas, Riza ouviu um barulho característico e recuou. Conhecia bem aquele ruído. Era o barulho de uma arma sendo carregada. Riza apoiou as costas em uma parede e pendurou o rifle nas costas. Sacou suas duas pistolas porque preferia usá-las para fazer tiros a curta distância. Verificou se as armas estavam totalmente carregadas e aguardou os soldados inimigos se aproximarem um pouco mais.

Riza fechou os olhos e deu um longo suspiro para se acalmar, antes de sair de seu esconderijo, ao mesmo tempo em que acertava um tiro no peito do soldado inimigo mais próximo.

— Capitã?!! – Breda ouviu o barulho de tiros e gritou, apavorado, quando não escutou nenhuma resposta – Capitã Hawkeye?!! O que está acontecendo?!! Capitã?!! – mais tiros e Breda começou a suar frio – Por favor, responda!! Responda, capitã!!

O tenente esperou, aflito, por um retorno quando o barulho de tiros cessou do outro lado. Longos segundos se seguiram até Breda ouvir um zumbido de estática.

— Desculpe, tenente – Breda suspirou aliviado ao escutar a voz tranquila da capitã Hawkeye – Eu deixei o rádio cair.


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Notas finais do capítulo

Bom, agora eu tenho que ir. Lembrei que tenho uma prova amanhã e eu não faço a mínima ideia de quais são as armadilhas que meu professor planejou para nós.
Até sexta!



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