A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 1
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Contém MUITO spoiler de FullMetal Alchemist: Brotherhood e Akame Ga Kill!
Capítulos novos todas as SEXTAS a partir das 19h OU aos SÁBADOS.



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— Vovó, esse ensopado vai ficar pronto ou não vai?

Quem perguntava isso era ninguém menos que o grande Alquimista Federal, o Alquimista de Aço, Edward Elric. Quer dizer, não tão grande e muito menos Alquimista Federal. Edward desligou-se do Exército de Amestris logo após os acontecimentos sucedidos na Capital Federal, resultando na morte do antigo Führer King Bradley e na derrota dos homúnculos. Para salvar seu irmão Alphonse, Edward sacrificou seu poder de alquimista e não poderia mais ocupar seu antigo cargo no exército. Mas ele nem se queixava disso. Afinal, ser afastado do exército era uma benção para ele.

— Se está com tanta pressa, faça você mesmo! – respondeu, com um leve tom de irritação, uma pequena senhora com um cachimbo equilibrado na boca.

— O que é isso, vovó? – Edward dirigiu-se à Pinako Rockbell com um visível bom humor. Ela não era de fato a sua avó, porém a considerava assim – Não vai pegar leve nem sabendo que o Al está vindo aí?

— Por falar nisso – Winry Rockbell apareceu na porta de casa – quando ele vem?

— Sei lá. Com o Al, a gente pergunta uma coisa e ele responde outra – Edward assumiu uma postura pensativa enquanto assoprava o líquido quente em sua caneca – Ele disse que estava trazendo uma surpresa. O que será?

— Deve ser presentes para todos – diz Winry, toda animada – Al-kun sempre foi muito gentil!

— É mesmo? – Edward faz uma expressão cínica – Então, por que você não casa com o Al-kun?

— Ed, não vai começar... – Winry revirava os olhos.

— Calma. Foi só uma pergunta inocente...

Apesar de tudo, Edward não conseguia esconder suas saudades do irmão. Desde pequenos, eles nunca haviam passado tanto tempo separados. Depois de Alphonse ter recuperado seu corpo e de tudo ter se ajeitado em Amestris, Alphonse partiu em viagem de pesquisa para Xing. Edward seguiu o caminho oposto, para o oeste, e conheceu várias pessoas e novas formas de usar a alquimia. Mesmo sem poder mais fazer transmutações, Edward havia adquirido um vasto conhecimento alquímico durante seu período no exército e seus feitos chegaram até os lugares mais inimagináveis. Quando percebeu, três anos se passaram. Edward resolveu voltar à Resembool e se casar com Winry. Mandou uma carta para o irmão e ele disse que viria correndo para o noivado.

— Não vai se arrumar para receber seu irmão? – Winry perguntou, tirando Edward de seus pensamentos.

— Calma. O Al não vai vir por agora...

Nem terminou a frase e a porta da frente bateu, seguido de alguns latidos agitados.

— Bom dia à todos!! – Alphonse gritou de maneira teatral. Ele apareceu na porta de casa carregando uma pequena mala e com um grande sorriso no rosto. Estava um pouco mais alto e também mais forte. Winry pulou imediatamente em seu pescoço e deu-lhe um abraço apertado – Olá, Winry – disse, simplesmente, com um largo sorriso.

— Al – Edward gritou, surpreso e maravilhado, enquanto Alphonse abraçava a vovó Pinako que havia acabado de sair da cozinha para ver o motivo de tanto barulho – Você chegou antes!

— Não foi nada – Winry pôs as mãos na cintura e ralhou com Edward – Você que supôs a hora que o Al-kun chegaria e concluiu errado... como sempre.

— Está bem – Edward revirou os olhos, derrotado, e pensou em algo para fugir do assunto – Ei, Al! Qual é daquela surpresa?

— Ah, é mesmo – Alphonse pulou com a mesma animação de um garoto na manhã de Natal e correu para a porta de casa – Quero que vocês conheçam uma amiga... – ele estendeu os braços na direção da porta como um autêntico mestre de cerimônias prestes a apresentar o maior espetáculo da Terra – Akame-chan!

Uma garota surgiu de forma acanhada na porta. O que mais chamava atenção nela eram seus longos cabelos negros, quase tocando em seus calcanhares, e seus chamativos olhos vermelhos. Não, os olhos da garota não estavam irritados. A íris do olho apresentava uma coloração estranha, diferente de tudo que já tinham visto, e sob o efeito da luz, Edward poderia jurar que aqueles olhos eram vermelhos. Que incoerência! Quem teria olhos vermelhos?

Edward pensou um pouco e lembrou-se dos ishvalianos. Porém, exceto pelos olhos avermelhados, aquela moça não parecia em nada com uma ishvaliana. Ela não tinha pele bronzeada nem cabelos esbranquiçados, pelo contrário. Sua pele branca e seus olhos puxados a deixava mais parecida com... uma nativa de Xing. Não, não necessariamente de Xing porque a pele dela era ainda mais pálida. Ou, então, ela pertencia a uma etnia muito próxima.

Winry e vovó Pinako não notaram nada de diferente na moça e gentilmente a convidaram para o almoço. Edward percebeu que a tal Akame era de poucas palavras e mantinha sempre uma expressão séria e compenetrada. Mesmo assim, ela comeu uma quantidade absurda de carne. Onde ela escondia toda aquela comida?

— Bonita sua amiga, Al – Pinako disse, encarando os dois. Akame continuava com o rosto indiferente apesar do elogio enquanto Alphonse sorria de orelha a orelha – Vai querer comer mais alguma coisa, lindinha?

— E tem mais o quê? – Edward franziu as sobrancelhas com o mau humor recuperado – Ela acabou de comer tudo que tinha nessa casa.

— Não ligue para o Edward – vovó Pinako pôs a mão na frente do rosto como se estivesse cochichando em segredo com Akame, mas todos na mesa podiam ouvi-la – Ele não costuma ser educado com as visitas.

— VOVÓ!! – gritou o ex-alquimista.

Edward não gostava quando falavam mal dele na frente de estranhos. Principalmente, daquela estranha. Ele não conseguia dizer, contudo teve um mau pressentimento desde a chegada da moça. Não sabia explicar direito. E o que era aquilo que ela carregava nas costas? Uma katana? Edward tinha lido em livros antigos sobre armas de outros países durante seu treinamento e aquilo que a garota carregava era muito semelhante a uma espécie de espada, conhecida em lugares longínquos pelo nome de katana. Não estava gostando nem um pouco disso.

— Eu gostaria de agradecer a hospitalidade de vocês – Akame falou e surpreendeu Edward. Até agora, essa era sua maior frase – Vocês são maravilhosos como o Alphonse-san falou.

— Que fofa – vovó Pinako virou-se para Edward como se estivesse repreendendo uma criança pequena – Está vendo, Edward? É assim que as pessoas educadas agem.

Uma veia saltou da testa de Edward e Winry disfarçou uma risadinha.

— Estou muito feliz de ver todo mundo reunido – Alphonse sorriu – e ver como vocês estão se dando tão bem. Sabia que vocês iriam adorar a Akame-chan.

— Akame, não é? – Edward adotou uma expressão mais suave e sorriu falsamente para a visita – Você não parece ser daqui...

— Não – Akame respondeu de olhos fechados e bebeu um gole de sua caneca – Eu sou do leste.

— E você fazia o quê por lá? – Edward tentou disfarçar seu súbito interesse – Tem família?

— Quase esqueci – Alphonse bateu na própria testa de forma exagerada, atraindo a atenção de todos – Winry, trouxe presentes para você e para a vovó!

— Obrigada, Al-kun – Winry sorriu.

Alphonse puxou todos para a sala e começou a desembrulhar seus objetos de viagem. Além da mala, ele havia trazido sacolas de viagem e logo a sala estava tomada de vários objetos estranhos e incomuns. Winry e vovó Pinako sorriam mais à medida que Alphonse, com a ajuda de Akame, exibia todos aqueles artefatos. Alphonse tagarelava sem parar como havia conseguido todas aquelas coisas, sempre com alguma piadinha ou uma evidente mentira exagerada em suas histórias. Apenas Edward não participava da farra e observava tudo de longe.

Por que Alphonse mudou bruscamente de assunto? Edward conhecia seu irmão. Sabia que havia alguma coisa nessa história. Quem era aquela garota e por que Aphonse a trouxera para casa? Realmente, não estava gostando nada disso.

Um bom tempo depois, Alphonse, Edward e Winry sentaram-se embaixo de uma árvore nos fundos da casa para discutir as descobertas e as aventuras alquímicas de Alphonse em Xing.

— Preciso levar o resultado das minhas pesquisas para a universidade – Alphonse dizia animado. Era o único que estava em pé – Ed, você vai gostar de ver minhas descobertas sobre a ciência alquímica de Xing.

— Sim, Al – Edward enrugava a testa, sem conseguir prestar atenção nas palavras do irmão – E quanto a essa sua amiga... – ele sacudiu os dedos na frente do rosto, imitando uma pessoa andando – Vocês viajaram sozinhos de Xing até aqui?

— Own! Que romântico – Winry juntou as mãos sobre o peito, interpretando erroneamente a pergunta de Edward – Eu acho que vocês fazem um casal muito bonito, Al-kun.

— Do que estão falando? – Alphonse pôs as mãos na cintura e, pela primeira vez no dia, fez uma cara séria – Não viajamos sozinhos. O senhor Jelso e o senhor Zampano estavam conosco.

— Aqueles seus amigos-quimera? – Winry perguntou.

— E cadê eles? – Edward ergueu o queixo em desafio.

— Na casa deles, oras – Alphonse falou como se aquilo fosse óbvio – Além disso, a Akame-chan é bonita demais para um cara como eu – e sorriu sem graça.

— Como vocês a acharam? – Edward diz.

— Na verdade, foi ela quem nos achou – Alphonse respondeu olhando para o nada. No entanto, recuperou-se rápido e continuou – Akame-chan não tem ninguém no mundo. Todas as pessoas que ela amava estão mortas.

— Coitada – Winry estava visivelmente sentindo pena.

— Enquanto ela estiver aqui sejam legais com ela, por favor – Alphonse espia o irmão pelo canto do olho – Certo, Ed?

— Certo, mas – Edward apoia o queixo em uma mão, em uma postura pensativa – Aquela espada que ela carrega... Não sei... Eu senti alguma coisa. Alquimia, talvez.

— Bom – Alphonse meneia a cabeça – é mais ou menos...

Alphonse não teve tempo de terminar a frase. Uma voz os deixou em alerta.

— MINHA NOSSA!!! – eles ouviram a vovó Pinako gritar na frente da casa, fazendo os dois irmãos saírem correndo desembestados na direção dela.

— Calma, vovó! – Edward berrava de forma heroica – Já estamos indo!!

Chegaram à frente da casa e olharam em volta, procurando o motivo de tanto barulho.

— Ué – Edward coçou a cabeça – Cadê a velha?

— Aqui – chamou Pinako, simplesmente.

Ao olharem para onde vinha a voz, os dois irmãos deixaram o queixo cair de espanto. Atrás da vovó Pinako, uma imensa pilha de toras de madeira estava alinhada e perfeitamente organizada.

— Akame-chan já cortou toda a lenha do dia sozinha – Pinako fez um aceno para trás. Só então os dois perceberam a moça parada displicentemente ao lado da pilha com seus longos cabelos negros esvoaçando ao vento – Aliás, tem lenha para um mês.

— Não foi nada – Akame balançou a cabeça, sem expressão alguma.

— COMO... COMO ELA CORTOU TUDO ISSO SOZINHA EM MEIA HORA?!! – os olhos de Edward estavam tão arregalados que quase soltavam das órbitas – E onde ela arranjou tanta árvore para cortar lenha?

— Está insinuando que a lenha se cortou sozinha, Edward? – vovó Pinako o encarou – Porque você, eu tenho certeza que não foi.

— Viu, Ed? – Alphonse derretia-se ao lado do irmão – Akame-chan é incrível.

— Vocês estão loucos – Edward deu meia volta em um rompante – Ela não é humana.

— Aonde você vai, Ed? – Alphonse perguntou.

— Provar que estou certo – e saiu pisando firme.

— Seu irmão continua o mesmo cabeça-dura – vovó Pinako observa Edward saindo e Alphonse apenas concorda – Daqui alguns dias, ele esquece.

— Não sei, não – Alphonse acompanha Pinako em direção à entrada de casa – Ed é muito teimoso, às vezes.

Passam-se poucos dias sem acontecer nada de anormal na casa dos Rockbell. Edward não conseguiu descobrir nada sobre a misteriosa garota. Akame falava apenas o necessário e Alphonse sempre dava um jeito de desviar do assunto quando a conversa pendia para o passado de Akame. Edward somente sabia que Alphonse, Jelso e Zampano esbarraram em Akame no deserto na fronteira de Amestris com Xing. Contudo, o que uma garota fazia sozinha no meio do deserto? E por que ela se juntara a um grupo de desconhecidos? De onde ela veio?

Além disso, todos os dias ela e Alphonse treinavam na frente de casa. Alphonse sempre começava o treino transmutando uma arma. Naquele dia, ele “puxou” uma grossa vareta do chão e apontou uma das extremidades na direção do grande carvalho. Perto da árvore, estava Akame segurando uma vara idêntica a de Alphonse. Ele também havia transmutado sua arma.

— Sempre quis saber como você faz essa coisa com as mãos – Akame comentou, com sua habitual expressão apática.

— Essa “coisa” é alquimia – Alphonse riu da forma como Akame falou, abandonando sua pose de ataque – Como eu já disse para você. Se quiser, eu te ensino. O Ed era até melhor do que eu – ele diz com os olhos brilhando – Ele já foi o mais jovem Alquimista Federal, mas... – Alphonse muda subitamente de humor e assume uma postura mais carrancuda – Ele precisou sacrificar o poder dele para me salvar quando lutamos com... Bom, deixa para lá...

— De qualquer forma – Akame continua séria, porém ela estava realmente admirada apesar de não demonstrar – é impressionante.

— O-obrigado, Akame-chan – Alphonse dá um sorriso sem graça e coça a nuca.

— Então – Winry grita da varanda de casa – vocês vão continuar com esse namoro ou vão começar logo esse treino?

Akame permanece com a mesma cara, no entanto Alphonse fica imediatamente vermelho.

— WINRY! – ele repreende a amiga antes de se virar novamente para Akame, ainda desconcertado com o comentário de Winry – Er... Não ligue para ela. Ela só está brincando. Vamos começar?

— Certo – Akame segura a arma com mais firmeza em uma pose de combate – Mostre o que sabe, Alphonse-sama.

Os dois começam a fazer acrobacias enquanto suas varetas chocavam-se repetidas vezes no ar em movimentos rápidos e precisos.

— O que está fazendo, Winry? – Edward chegou à varanda e a viu debruçada no parapeito.

— Estou assistindo o Al-kun e a Akame-chan no seu treino diário – ela tinha um sorriso maroto nos lábios – O Al fica vermelho toda vez que eu falo que eles estão namorando. Eu acho que ele gosta dela.

— O Al gosta de qualquer coisa que respire – Edward não parecia impressionado – Ele é incapaz de ver a maldade nos outros – e olhou para onde eles estavam treinando.

Nesse exato momento, Akame havia acabado de desferir uma forte pancada na vareta de Alphonse, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio. Para evitar a queda, Alphonse apoiou uma mão no chão e deslizou alguns metros para trás.

— Está mais rápido, Alphonse-sama – Akame comentou – Eu quase não consegui desviar.

— Eu acho que eu apenas tive sorte – Alphonse levantou-se, sorrindo.

— Qual é, Al? – Edward berrava da varanda – Pare de bancar o cavalheiro! Quando a gente treinava, você batia bem mais forte que isso!

— Ei, Ed – Alphonse parecia ter acabado de perceber a presença do irmão – Não quer treinar com a gente?

— Eu? Hunf – Edward virou o rosto para o lado com despeito – Você agora só pode treinar com a “Akame-chan” – e fez o sinal de aspas com os dedos.

— Se você tivesse treinado com a Akame-chan pelo menos uma vez – Alphonse aproximou-se da varanda, sorrindo – você também não iria querer mais saber de treinar com outra pessoa – ele estende a vareta na direção do irmão – Por que você não experimenta treinar com ela?

— Não me leve a mal, Al – Edward entorta a boca com desdém – É que eu não sei se ela consegue me acompanhar. Ela pode se machucar...

— Está com medo de uma garota? – Winry exibia um sorrisinho arrogante.

— Eu? Edward Elric, o Alquimista de Aço, com medo de uma garota? – Edward ergue uma sobrancelha – Essa piada foi tão engraçada que eu me esqueci de rir.

— Pois eu conheço uma piada melhor – Winry cruza os braços e continua a provocação – O Alquimista de Aço foge de treinar com uma garota porque tem CERTEZA que vai levar uma surra. Deve estar com os automails enferrujados.

— Mas você é a minha mecânica, sua maluca – Edward esbraveja. Akame acaba de aparecer atrás de Alphonse e Edward vira-se subitamente para ela – Você! Prepare-se porque você acaba de ganhar um novo desafiante!

Edward dá um impulso, pula no parapeito da varanda e aterrissa no chão ao lado de Alphonse. O irmão entrega a arma com um sorriso.

— Poderíamos fazer assim – Winry era a mais empolgada – O primeiro que for derrubado três vezes vai ter de lavar os pratos da semana toda.

— Eu sujo muitos pratos – Edward disse em tom de provocação para Akame. Ela continuava o encarando com sua típica expressão indecifrável.

— Estão prontos? – Alphonse pergunta enquanto os dois desafiantes tomam distância um do outro – Então, podem começar.

Dando um berro, Edward imediatamente correu na direção de Akame e desferiu um golpe com a vareta de cima para baixo. Ela anulou facilmente seu ataque, mas o ex-alquimista continuou com as investidas rápidas. Depois de algumas pancadas, Edward percebeu que Akame não estava o atacando. Ela esquivava graciosamente, girando o corpo e barrando seus ataques mais agressivos com o bastão, porém não avançava contra o oponente.

— Se você não me atacar – Edward rosnava em meio à chuva de pancadas – não vai conseguir me derrubar.

Edward não seria mais suave com ela só porque ela era mulher. Não pegaria leve. Não, ele não era Alphonse. Em determinado momento, Edward conseguiu derrubar o bastão da mão de Akame e ela defendeu-se com um braço. Edward só teve tempo de sentir uma forte pancada na boca do estômago. Akame havia lhe acertado um soco com a mão livre. Edward deu dois passos para trás, meio atordoado. Akame aproveitou para recuperar sua arma, chutando a vareta para cima e agarrando-a no ar.

— Você tem uma mão pesada, heim? – Edward comentou, fazendo uma careta.

Após recobrar o ar, Edward atacou de novo com golpes rápidos. Quase não dava para ver todos os movimentos das mãos dos dois e o barulho seco do choque das varetas batendo repetidas vezes era o único som ouvido. Edward resolveu tentar algo inesperado. Aproveitando que Akame estava concentrada demais com seus golpes com o bastão, ele esperou uma abertura para aproximar-se dela e a empurrou com seus ombros. Ela desequilibrou-se por alguns segundos, porém não caiu. Contudo, era o suficiente para Edward. Ele ganhou tempo para se abaixar e usar o próprio corpo como alavanca, puxando Akame por um braço e fazendo-a voar por cima dele. Edward suspendeu o corpo, com um sorriso vitorioso, enquanto Akame dava uma cambalhota no ar em direção ao chão. Mas ele cantou vitória cedo demais. Akame usou um dos braços para evitar a colisão contra o chão. Ela apoiou a mão no chão enquanto segurava o bastão com a outra. Na verdade, parecia que ela estava apenas fazendo flexões com uma mão.

— Quase, Ed – Winry gritava da varanda com Alphonse sorrindo ao seu lado – Você quase conseguiu derrubá-la – debochava.

Edward estava ofegante e muito mais enraivecido. Akame mantinha a expressão serena e levantou do chão com a maior tranquilidade do mundo.

Sem pensar, Edward apontou o bastão na direção de Akame e atacou. Akame saiu da frente da linha de ataque, agarrou o bastão de Edward com uma mão e girou o corpo para lhe desferir um chute na barriga. Edward voou longe e caiu esparramado de barriga para cima depois de quicar no chão umas duas vezes.

— Um a zero para a Akame-chan – Winry pulava e ria, animadamente.

— É assim que você me ama?! – ele rosnava para a namorada na varanda enquanto levantava procurando seu bastão.

Ele tateou em volta e não achou nada. Onde estava sua arma? Ele olhou ao redor antes de avistar Akame do outro lado girando dois bastões nas mãos. Antes de ele fazer qualquer coisa, Akame atirou um dos bastões para Edward.

— Não precisava devolver – ele entortou a boca – Eu pegaria de volta de um jeito ou de outro.

Akame não fala nada. Apenas o observa preparar um novo ataque. Os dois voltam a trocar golpes com os bastões, porém havia algo diferente nos movimentos de Edward. Ele parecia estar batendo com muito mais raiva e determinação. A raiva aumentava consideravelmente seu poder de ataque, entretanto abria brechas na sua defesa. Akame sabia bem disso e tentou alertá-lo do jeito dela. Ou seja, toda vez que ela via uma abertura na defesa de Edward, ela golpeava sem pena uma parte diferente do corpo do ex-alquimista com seu bastão.

— Ai, ai, ai – Edward gemia depois de, em menos de sete segundos, Akame ter conseguido acertá-lo nos dois braços, no tronco e, dolorosamente, na perna que não era mecânica – Quer parar com essa brincadeira?!

Como resposta, Akame bateu na vareta de Edward, fazendo-a sair girando da mão dele. Edward se distraiu por uma fração de segundo ao olhar seu bastão rodopiando no ar acima deles e Akame acerta o seu nariz com a ponta do bastão, empurrando-o para trás. Com um giro rápido, ela passa uma rasteira nele batendo o bastão nas suas pernas e Edward cai pesadamente no chão.

— Dois a zero para a Akame-chan – Winry acenava da varanda.

Edward sentia dificuldade de respirar. Dessa vez, a pancada foi bem forte. Ele gastou alguns minutos para conseguir levantar. Não se lembrava de ter visto Akame bater dessa forma no Alphonse em nenhum dos seus treinos.

— Dessa vez, você me pegou – Edward ergue o corpo, arfando.

Edward parecia um pouco tonto e seus movimentos estavam mais lentos. Alphonse sabia que, mesmo nessas condições, seu irmão não daria o braço a torcer. Akame desviou fácil de suas investidas e deu um único chute no peito de Edward. Esse chute foi mais fraco que os outros, mas foi o suficiente para fazê-lo cair.

— Talvez, eu esteja mesmo enferrujado – Edward gemeu baixo.

— Os pratos são todos seus – Winry correu até onde eles estavam e jogou um pano florido no rosto de Edward que ainda estava caído no chão.

— Eu disse para você, Ed – Alphonse também correu até eles – Akame-chan não é incrível? Se vocês estivessem lutando de verdade, você já teria morrido um milhão de vezes.

Akame permanecia calada e saiu junto com Alphonse.

— Não finja que está cansado demais – Winry cutucou-o com a ponta do pé antes de seguir Alphonse e Akame – Trato é trato.


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Notas finais do capítulo

Tive a ideia para fazer essa história quando estava assistindo um episódio de Akame Ga Kill, falando sobre a origem das Teigus e que elas foram feitas com Alquimia e pensei "Será que a história se passa no mesmo universo de FullMetal Alchemist?" Tenho memória ruim e, talvez esqueça de uma ou duas coisas dos animes. Me avisem, se puderem. Respondo os comentários assim que puder.



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