A Torre Esquecida escrita por Zabalza


Capítulo 1
I- Fui salva por um lobo?


Notas iniciais do capítulo

Oi, Leitor (a)!
Cá estou eu com um projetinho novo, não sei bem como vai ser a recepção dele, mas tenham a mente aberta! algumas coisas mudaram na timeline da história, porém tudo em seu devido tempo.
Espero que curtam!



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  Se você acredita que pode viver sua vida  sem saber da verdade sobre o mundo Pokémon, recomendo que você vá ler outra coisa.  

  Eu vivi quinze anos acreditando que era somente alguns bonecos bonitos,  jogos legais, e um desenho bacana. Estava enganada, e a ficha só caiu quando dois estranhos estavam parados na minha porta, esperando que eu desse uma resposta sobre a maior maluquice da minha vida. 

  Tudo começou um pouco mais cedo, haviam chamado minha mãe para uma reunião surpresa, por que meu desempenho escolar era péssimo. Não que isso seja alguma novidade, eu só não acho que as coisas que eu aprendo na escola vão servir para mim, é como se eu realmente não me importasse. Isso incomodava a Diretora, eu gosto de chamar ela de "Bruxa", que é um apelido bondoso considerando a personalidade horrorosa dessa belíssima pessoa. 

A Senhora "Bruxa" ( que os leigos chamam de Dolores), estava há meia hora falando sobre meu desinteresse sobre a escola, e como isso era ruim para o meu futuro, como eu vou passar para uma faculdade se eu não sei nem fazer contas direitos, coisas do tipo. Minha mãe, por outro lado, só escutava tudo calada, olhando fixamente para os rabiscos que eu fazia nas provas ( que eram somente  símbolos que eu sempre sonhava, acho que já devo ter visto em alguma revista e fiquei fascinada) eu não sei dizer como ela se sentia, os seus olhos azuis sempre me transmitiam calma e paz. 

Eu? Não tinha nada a dizer, tudo que ela estava falando era a mais pura verdade, infelizmente. Eu não me interesso por física, matemática, química, geografia, inglês. As vezes eu só fingia prestar atenção nas coisas que ela dizia, acenava a cabeça, desviava o olhar para minha mãe, e continuava fingindo prestar atenção. 

Por fim, tudo acabou dizendo que minha mãe "Daria um jeito" e que " conversaria comigo mais tarde". Foi com essas palavras que partirmos para o carro. Sentei no assento ao lado dela, e ficamos as duas paradas no estacionamento, em total silêncio. 

— Então você escreve respostas curtas nas provas para desenhar símbolos?— Ela disse, olhando para as minhas provas fixamente. 

— Bem, eu só consigo me concentrar depois que eu vejo algumas delas no papel, eu raciocínio melhor escrevendo com ele, mas quando eu vou traduzir o que eu escrevi o tempo de prova esgota, ai eu tenho que correr com as respostas. 

— E de onde você tirou esses símbolos? 

— Não sei, eu devo ter visto em algum lugar.— Eu encolhi os ombros, olhando para os meus pés. 

— Eu não quero saber de você desenhando símbolos, escutou? 

— Mas mãe.. 

— Sol, é a quarta escola em dois anos que te chama atenção por conta de seu desinteresse. Ou você não se adapta, ou você tira notas muito ruins, ou dizem que você não faz o perfil da escola. O que você quer eu  faça com você?— Pude perceber o tom de voz trêmulo dela, não era bem a cara da minha mãe brigar comigo. 

 — Eu vou me esforçar para melhorar. 

—  Chega de símbolos, entendeu? 

—Sim 

— Ótimo.— Ela respirou fundo e deu partida no carro. 

 Seguimos a viagem sem falar, o clima tinha ficado tenso. Provavelmente o que eu sentia era vergonha, eu não sou nenhuma rebelde sem causa, pelo contrário, eu sou uma pessoa bastante prestativa e obediente: ajudo em casa, as vezes assumo turnos na padaria da minha mãe, até já passei fim de semanas lá! Porém escola não é meu forte, nunca foi, na verdade, eu sempre fui a garota problemática, sem muitos amigos , isso piorou com o tempo. 

 Quando eu era criança, eu era linda, tinha bochechonas, algumas sardinhas e tinha os olhos da minha mãe. Todas as tias me adoravam, eu já fui até garota propaganda minha escola! Hoje, eu tenho que me conformar com a Bruxa dizendo que eu sou uma falha na vida, igual a toda diretora de lá para cá. 

Mais alguns metros em silêncio e minha mãe parou o carro, ela iria para uma reunião com um fornecedor e me deixou no começo da rua que nós morávamos, eu continuei o resto do percurso a pé, refletindo sobre o que eu poderia fazer para tentar melhorar meu empenho no colégio. Acho que cheguei até cogitar em colar de alguém, mas eu não tinha muitos amigos inteligentes para fazer isso, que emocionante. 

Minha vizinhança era uma típica  cena de filme, todas as casas tinham o padrão da cor creme, duplex, um pequeno jardim na frente, e algumas possuíam uma cerca para proteger os jardins. As casas eram dispostas em linhas ao redor de uma rua sem saída, acho que tinha o total de doze casas. 

Acho que foi na altura da casa vizinha que eu pude começar a escutar, um barulho. Era algo como um chiado, um grunhido um tanto fino. É  claro que eu estranhei, o animal que produzia isso parecia estar se machucando, e eu , e nenhum vizinho, tínhamos animais de estimação.  Ajeitei a minha mochila nas costas e fui persegui o barulho. Eu tentei adivinhar, o som parecia vir do terreno abandonado do lado da minha casa, era de uma construtora que acabou desistindo, mas mesmo assim tinha uma obra meio andada, onde plantas cresciam por todo lado.  O acesso teria que ser feito por cima do muro de concreto, já que a porta estava emperrada. 

Eu deixei minha bolsa encostada perto de uma enorme pedra, e fui me aventurar por dentro da propriedade. Para começar, tive que pegar impulso em alguns buracos que tinham se formados no muro para conseguir subir e pular, que por fim ainda me resultou em um corte na perna, que ardia muito por sinal. Ao descer do muro, aterrissei na grama, por dentro a construção na passava de alguns ferros, não tinha piso, lona, nada. Eu arrisquei mais alguns passos , até encontrar uma cachorro sem pelo preso em um buraco. Com certeza era o animal mais estranho que eu tinha visto, ele tinha uma cor meio parecida com barro, e sua barriga toda branca. cogitei que talvez fosse realmente um cachorro sem pelos e com alguma doença genética. Me ajoelhei perto dele e segurei em seu torso, começando a puxar para tentar tira-lo dali. Não faço a mínima ideia de como foi parar ali, mas conseguiu ficar preso de um jeito ótimo. 

Tive, então, a brilhante ideia de pegar impulso com o pé na parede e puxar com mais força, e finalmente consegui tirar ele do buraco, o barulho "pop" dele saindo dali foi tão alto, que acho que a vizinhança toda escutou. Olhei por alguns segundos o animal que tinha acabado de libertar, tinha olhos bem negros, uma cabeça oval que se assemelhava a uma planta carnívora. Estaria eu sonhando?  

Com certeza 

Isso é tudo era uma ilusão, eu tinha certeza. Me levantei, ignorando totalmente a presença do pequeno ali e voltei até a  parede de onde eu vim. Pus minha mão no topo, colocando o pé encaixado em um buraco, e percebi um peso no meu ombro, quando dei conta, aquela coisa  estava sobre mim outra vez, não me contive em berrar e me soltar de vez, caindo de super mal jeito no chão. Mesmo assim, ainda reuni forças para me afastar do jeito que pude da criatura, que só olhava para mim em silêncio. 

— Olha, eu não sei o que é você, mas fica longe de mim.— Disse, engatinhando até um dos ferros. Eu pude escutar ele emitir algum som, o que era super estranho, já que de certeza ele não era um gato, cachorro, papagaio. 

Aquilo continuou em silêncio, me encarando como se eu fosse totalmente louca, eu conseguia sentir aqueles olhos  me julgando mentalmente. O mais engraçado é que algo dentro de mim acha aquilo normal, eu não sei bem o que era isso. Era como comer algo que faz muito tempo que você não tinha comido, é diferente, mas algo dentro de você reconhece a essência. 

— Fica Longe.— Eu acrescentei, me levantando com cuidado. No mesmo instante que eu disse essas palavras, o bicho se ergueu e REALMENTE se afastou de mim, como seu eu acabará de lhe dá uma ordem. Eu arqueei a sobrancelha, ele estava me obedecendo?— Senta.— Eu disse, e como esperado, ele sentou, mantendo seus olhos fixos em mim. Isso é realmente bizarro. 

Só talvez, eu devesse fazer um carinho nele, ele tinha um olhar muito fofo, vendo ele assim tão comportado. O que eu  estou pensando? Ele pode ser um animal raivoso, ou pior, uma mutação genética ou coisa do tipo. Apenas dei de costas e subi outra vez no muro, outra vez pronta para pular para o lado de fora. Por algum infortuno do destino, olhei para o animal deitado na grama. 

Coitado, estava ali no escuro, sozinho, com frio, com fome, tão inocente. 

— Vamos.— as palavras simplesmente pularam da minha boca. O bicho se levantou e veio em minha direção, sem muito esforço. 

Eu sei que eu poderia ter colocado um animal assassino dentro da minha casa, mas eu tenho coração muito mole para certas coisas, ele só era muito fofo, certo?! 

Recolhi minha bolsa e fui andando de volta para casa. Ele veio atrás de mim uma boa parte do percurso, depois, subiu em meu ombro ( sem antes quase me matar do coração). Eu tinha certeza que não importava quão fofo ele era, minha mãe iria me matar caso eu levasse um animal para casa, portanto, assim que cheguei, corri para o meu quarto e fiz um esconderijo improvisado para ele dentro do meu armário. 

Meu quarto não era lá grande coisa, então não tinha muitos esconderijos para eu coloca-lo. Tinha uma cama, uma cabeceira com meu relógio, uma escrivaninha onde meus papeis e laptop ficavam jogados, e em outro canto meu armário, que era mais um closet.  Peguei um lençol florido velho para forrar o chão, e um pote com um pouco de água, para ele e joguei lá dentro, perto dos meus sapatos. Eu o tirei do meu ombro com cuidado, mesmo pequeninho era até pesado, e sentei ele na superfície forrada. Como resposta, ele olhou para mim com uma cara super entediada e deitou. Desculpa se eu sou um poço de monotonia?! Catei meu celular na bolsa e fiquei checando meu e-mail, para ver se algo relevante apareceria enquanto o bicho estava em uma vibe super "animada".  

  Minhas pálpebras já estavam pesando, quando escutei uma virada brusca de carro, seguido por um barulho alto de pneus cantando. Eu me levantei alarmada, e me direcionei até a janela, era o carro da minha mãe, ainda era possível ver a marca dos pneus no asfalto. Encostei a porta do closet devagar e corri escada abaixo, ela não deveria estar na reunião? Alguns segundos depois, ela praticamente arrombou a porta, entrando com muita pressa. Sua respiração estava acelerada, seu rosto totalmente pálido. Ela não trocou uma palavra comigo, apenas trancou a porta de todos os meios possíveis, e fez a mesma coisa com a porta traseira. 

— Mãe, aconteceu alguma coisa?— eu disse, a seguindo até a cozinha, onde ficava a segunda porta. 

— Sol, vá para seu quarto, só saia quando eu mandar. 

— Mãe, você está pálida- — Tentei toca-la, mas ela virou o rosto, se dirigindo até uma janela, fechando as cortinas. 

— Me obedeça. 

— Não até você me dizer o que está acontecendo.— Indaguei. Antes que ela pudesse me responder, várias batidas violentas na porta da frente tomaram o ambiente. 

— Sol, agora. 

Tentei retrucar alguma coisa, mas o barulho só ficava mais alto, o que me causava mais desconforto. Minha mãe ficava visivelmente mais irritada a cada minuto, a situação me deixou estarrecida, por fim subi correndo até meu quarto. Ao entrar no cômodo, pude escutar o barulho estrondoso da porta sendo arrancada vindo lá de baixo. Pensei que meu coração fosse pular da minha boca nesse momento, o que estaria acontecendo com minha mãe?! Ela sempre pagava as contas certas, tratava bem todos, isso não fazia sentido algum! 

Uma parte de mim quis voltar, mas eu não queria desobedecer minha mãe. O meu novo bichinho saiu do esconderijo e se dirigiu até a janela, onde ficou cheirando o ar. Eu fui ate ele, para desce-lo ( a situação já não está boa, não preciso de ninguém se acidentando aqui) e vi que dois homens esperavam do lado de fora e juntos deles, altas criaturas, as mais estranhas que eu já vi. Os nossos olhos se cruzaram, e eu gelei ao escutar um deles gritando " Tem mais uma ali em cima, peguem-na! Ela tem um Trapinch!"  

Trapinch?  eu olhei para o animal no meu colo, isso é algum tipo de espécie nova? Eu não tenho tempo para pensar, precisaria dar o fora daqui o mais rápido possível, ou me esconder. O closet! Eu segurei o "Trapinch" com força e me joguei no closet. Eu conseguia sentir minha respiração pesando, uma lágrima involuntária escorreu sobre minha bochecha, o que estaria acontecendo? 

Não demorou muito tempo para eu escutar passos pesados vindos para o meu quarto, eles estavam atrás de mim, por algum motivo. Meu coração apertou quando houve um silêncio absoluto, seguido por um estrondo, só deu tempo de eu proteger meu rosto, e  a porta do closet foi quebrada em dois, por uma criatura estranha. Eu tinha certeza que era humanoide, repetia " Lee! Lee!" Enquanto pulava, como se estivesse se aquecendo. Minha criança interior falou mais alto, e eu não me contive em cair no choro. 

Eu não entendo isso! Eu quero minha mãe! 

Enquanto eu desmoronava em lágrimas, uma outra criatura apareceu, e chutou o humanoide para fora do quarto. Eu pude sentir a força em seus olhos vermelhos, ele me lembrava muito um cachorro. 

—  Lucario, pegue a Sol e a leve para o Professor!—  "Lucario" aparentemente não gostou da ideia da minha mãe, e retrucou com alguns grunhidos. Eles estavam conversando?! Minha mãe conhecia essa maluquice?!—  Dessa vez sou eu quem vai te proteger, velho amigo.—  ela completou 

Foi muito rápido para eu perceber, ele me pegou em seus braços, e me segurou firmemente. Eu olhei a última vez para minha mãe, antes de dois homens a puxarem para fora do cômodo, Lucario pulou pela janela. 

—  Eu te amo, Sol.—  pude escutar as últimas palavras, antes de eu desaparecer na noite. 

 


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Notas finais do capítulo

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