Como Escrever um Romance em 10 Dias escrita por Alena Santana


Capítulo 5
“A sua cara me irrita” é o novo “eu te amo”


Notas iniciais do capítulo

Hei, people!!
Eu consegui cumprir o prazo, uhul!!!
Espero que gostem... Principalmente você Emily! Parabéns pelo seu mês ♥ ♥
Boa leitura!



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Como escrever um romance em 10 dias

“A sua cara me irrita” é o novo “eu te amo”

Thomas tentou ao máximo não olhar para o rosto de Wind enquanto este se ajoelhava diante dos restos de seu manuscrito. Ele sabia que o prazo final era no dia seguinte. Ele sabia que outro – por algum motivo estranho – usava uma máquina de escrever. Ele também sabia que, assim que Wind descobrisse que tudo aquilo era sua culpa, ele o odiaria... E teria razão.

— Me desculpe... Eu sinto muito. – murmurou, afastando-se da porta de entrada que ainda estava aberta.

— O quê? Por quê...? – Antes que outro pudesse terminar a pergunta, Thomas fugiu dali.

Ele sabia exatamente quem tinha feito aquilo e o porquê. Mas, não deixaria barato. Não dessa vez.

...

Robert, seu ex, chegara rápido ao local marcado. Uma praça que ficava próxima do prédio onde Thomas morava. No período da manhã era cheio de crianças, mas, naquele horário estava completamente vazia.

— Sabe porque o chamei aqui, não é? – questionou tentando manter a calma. Estava extremamente bravo e isso era notável. Seus olhos e nariz estavam vermelhos devido a irritação, mas, isso poderia ser disfarçado pelo frio. A expressão colérica não, no entanto.

— Imagino que por causa do seu amiguinho. – disse com desdém. Se Thomas estivesse se importando naquele momento, notaria a perturbação do outro e a expressão de criança que fez algo errado e que fora descoberta.

— O nome dele é Windsong e ele não é meu amiguinho. Mas você sabe disso, não é? – a irritação contida era algo terrivelmente assustador, fazia com que parecesse prestes a explodir a qualquer momento. – Fez isso para que ele me odiasse, não é? Para que se afastasse de mim. Mas, já chega. Isso acaba aqui.

— Eu deixo seu querido amigo em paz... Se você ficar longe dele. – Com aquela, Thomas teve que rir. Riu tanto que algumas lágrimas escaparam de seus olhos.

— Isso foi uma ameaça? – questionou, assim que se recuperou do ataque. – Pois eu tenho uma melhor. – arregalou os olhos e sorriu como se estivesse explicando algo para uma criança. – Você fica longe de mim, do Windsong e de qualquer maldita pessoa que eu conheça ou...

— Ou o quê? – desafiou.

— Eu vou fazer o maior escândalo que você já viu na vida. Pense só na manchete... “Empresário milionário desmascarado: amante da sustentabilidade em público e maníaco perseguidor nas horas vagas”. Muito sensacionalista, não acha? – colocou a mão no queixo e olhou para cima como que pensando. – Bem, acho que vão preferir colocar gay no meio, afinal, seus pais são uns homofóbicos de merda. – debochou. Thomas sabia que estava pegando muito pesado e que depois se sentiria culpado. Na verdade, já se sentia. Podia ver o quanto Robert ficara machucado com aquilo. Falar sobre os pais sempre fora algo difícil para ele.

— Vo-você não faria isso...Eu... Vo-você sabe que eu faço isso porque te amo. – gaguejou, assustado.

— Eu faria sim. – deixou o tom teatral de lado e continuou, sério. – Eu já cansei disso. E acredito que você também. Eu não posso ser sua válvula de escape, sua ponte de salvação, seu escudo ou que quer que você pense que eu seja. Você não me ama, Robert. Nunca me amou. Eu só sou o único cara assumidamente gay que você conhece e que, aparentemente, não tem nenhum problema com isso... Mas você acha mesmo que foi fácil? Meus pais não falam mais comigo... Meu pai me expulsou de casa e minha mãe ficou lá chorando e perguntando porque eu tinha feito isso com ela.

— Você se arrepende de ter falado? – questionou, curioso. Não parecia mais tão assustado, “resignado” o definira bem naquele momento.

— Não. Antes, uma parte de mim se arrependia. Mas, um amigo me disse que eram eles que estavam perdendo, não eu... Então, agora eu posso dizer que não me arrependo. Esse sou eu, se eles não gostam... Problema deles.

— Não sei se consigo fazer isso.

— Ou você faz ou vive assim... Mas, acho que a sua noiva não merece isso. Não merece ser arrastada para essa mentira. Você não merece isso. – começou a se afastar. Não tinha mais nada a dizer para o outro. Por mais que soubesse na pele o quão difícil era a situação de Robert, ele ainda não tinha perdoado o que ele havia feito. Por mais que entendesse o que ele fez, sabia que prejudicar os outros não era algo justificável.

Robert percebeu uma sombra estranha atrás de uma estátua da praça. A notara desde o começo da conversa, mas agora tinha visto ela se mexendo. Pelo tamanho e parte do cabelo que conseguia ver, sabia exatamente quem era. Havia os visto juntos quando foram ao mercado. Ele os seguiu. Pareciam muito íntimos para serem “só amigos”. Daí o surto e a destruição do apartamento alheio. De qualquer forma, deu-se conta de que podia remediar, minimamente, o que havia feito. Então disse:

— Ei, Thomas... – chamou, antes que o outro pudesse se afastar mais. – Se eu fizer isso, você...

— Não. – Interrompeu, porque sabia exatamente o que ele diria. E não tinha mais chances disso acontecer. – Eu já estou em outra, lembra? – Tentou ser um pouco mais agradável. Não queria mais cortar os laços de forma dolorosa, mesmo que no início esse fosse seu objetivo.

— Você sabe que ele é hétero, né? – Robert não foi maldoso, pelo contrário, parecia verdadeiramente preocupado. Evitou um sorriso quando viu a sombra se aproximar. Parte do rosto era quase visível. – Ele tem uma namorada, eu acho. Tinha um porta-retrato na sala, a foto era dele com uma garota.

— Eu sei. Mas ele é meu amigo e estou bem com isso. – Isso não era bem verdade, mas, tampouco era mentira. Não entendia porque Robert precisava falar disso. No dia da “faxina” ele tinha visto a foto. A garota era linda, parecia a Olivia Newton-John quando era nova. – Se for a namorada dele, ela tem muita sorte.

Decidiu dar a conversa por encerrada. Já tinha aceitado que eram só amigos... Bem, em parte. Tinha a esperança de que aquela garota fosse parente ou uma amiga, quem sabe. Wind nunca tinha falado da vida amorosa ou algo assim. E, antes disso, a Sra. Allen tinha dito que ele era um solteirão e um tanto recluso. Tinha perguntado algumas coisas para ela depois que o viu pela primeira vez. Não no dia em que levou a torta na casa dele e meio que invadiu seu apartamento. Foi antes disso. Na primeira vez que o viu, Wind estava discutindo calorosamente com um vendedor. Usava um roupão largo demais e pantufas. O cabelo estava ridiculamente bagunçado e os óculos teimavam em escorregar pelo nariz fino – como sempre, notara mais tarde.

Digamos que foi amor à primeira vista. Algo que achava um tanto fútil. Mas, depois de algum tempo com Wind, percebeu que ele era simplesmente incrível. Mesmo sabendo que não daria em nada, ele estava bem com isso. Wind era um ótimo amigo, não gostaria de perder isso por nada... Só tinha um problema, na verdade dois: o manuscrito destruído e o fato de seu autor estar bem ali o encarando com uma expressão enojada.

— Você ouviu? – questionou enquanto Robert saía à francesa.

— Sim... A garota da foto não é minha namorada. Que nojo! Ela é minha irmã... gêmea! – contou, extremamente indignado com a confusão.

— Mas vocês não se parecem. – Não pareciam mesmo. A garota era loira e tinha os olhos azuis enquanto Wind tinha tanto os olhos quanto os cabelos castanhos.

— Ela deu sorte no quesito beleza. Mas, chama-se Starlight que é tão ruim quanto Windsong... Acho que é pior.

— Sim, é pior. – riu um pouco, mas parou logo em seguida. – Seu...

— ‘Tá tudo bem, eu tenho uma cópia guardada no quarto. Também tinha escaneado. Sempre mando para a minha irmã. – enfatizou a última palavra. Aproximou-se de Thomas, ele ainda parecia triste mesmo com a notícia boa. – O que foi? Eu não acho que foi culpa sua o que aconteceu, ‘tá tudo bem! Não estou com raiva, não estou bravo nem com o Alex... Robert, quero dizer.

— Não é isso... Bem, é isso também. Mas, você ouviu tudo? Tudinho?

— Sim. Você saiu do meu apartamento todo estranho e eu... meio que fiquei com medo de que alguém ainda estivesse lá. Enfim, decidi te seguir... – Thomas parecia cada vez mais perturbado, achou melhor continuar a falar antes que o outro dissesse algo. – Acho que você pegou pesado com o cara, mas no final você mandou bem. Sinto muito pelos seus pais, imaginei que tivesse sido ruim... Mas você contando pareceu mais ilustrativo.

— Obrigado. Foi ruim, mas já passou. – sorriu cabisbaixo.

— Você está assim porque no final da conversa pareceu que você estava afim de mim, né? – perguntou de uma vez de forma desconexa. Queria tratar do assunto com mais calma. Depois que pudesse pensar direito no que tinha acontecido. Mas, não conseguia ignorar a chateação do outro. Qualquer coisa além de animação parecia fora do lugar em Thomas. – Parece um pouco desnecessário. Eu já desconfiava. E ficou óbvio quando você limpou a minha boca, lambeu o dedo e fez uma cara engraçada. Eu posso ser meio lerdo, mas eu não sou burro.

— Então está tudo bem? Podemos continuar sendo amigos? – Thomas estava feliz. Ter a amizade de Wind era mais do que podia querer depois daquela noite.

— É claro! Sua cara sempre animada me irrita e sua intromissão e folga me deixam maluco... Mas, já me afeiçoei. A vida seria estranha sem isso. Está tudo bem em sermos só amigos?

— Obrigado, acho! E sim, é mais do que eu poderia pedir. – sorriu animadamente, como costumava fazer. Estava tão feliz que abraçou o outro que logo correspondeu o abraço.

— Eu queria ter um tempo para pensar sobre. Mas, acho que podemos tentar. – disse com convicção, segurando o rosto de Thomas que parecia confuso. – Às vezes você é tão lerdo. Eu só tive duas namoradas, mas sempre pensei que se eu me apaixonasse por um cara... – deu de ombros. Thomas parecia estar processando a informação como se fosse um computador velho dando defeito. Aidan decidiu ser mais ilustrativo e o beijou. Nada digno de cinema ou algo assim, apenas encostou os lábios e aplicou uma leve pressão. Mexeu um pouco a boca, avaliando. Logo depois se afastou. – Bem, foi meio estranho...

— Estranho bom ou estranho ruim? – questionou tentando ser imparcial, mesmo que fosse uma avaliação sobre ele.

— Bem, ruim não foi. A barba pinica. Podemos tentar de novo depois...

— Estou ansioso por isso. – E ele estava mesmo.

....

William tinha adorado o livro. Bem, de cara ele ficou meio irritado. Mas, Aidan explicou a ideia ma-ra-vi-lho-sa dele. Era algo muito além do fanservice. Teria mais no próximo livro e ele daria a entender que certos romances se concretizaram. Entretanto, a ideia consistia numa participação maior dos fãs. Eles já escreviam tanto sobre sua saga, por que não reconhecer isso?

A ideia era fazer um outro livro, depois do último. Ele mesmo escreveria algumas coisas extras e selecionaria algumas fanfics e fanarts que mandassem para fazer parte disso. O livro deveria refletir o preço de custo de impressão, apenas. E as versões digitais seriam disponibilizadas gratuitamente. Não deveria ser algo para lucrar em cima, mas algo feito de fã para fã.

Além disso, finalmente Aidan achava que era a hora de aparecer. Ir em livrarias para lançar os livros e dar autógrafos, dar entrevistas e essas coisas. Ainda se sentia receoso com tudo isso, mas tinha o apoio de seus fãs, sua família e de Thomas. Este sempre estava lá com aquela cara estupidamente animada. Sempre lá quando ele precisava e isso era mais que suficiente.


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Notas finais do capítulo

Hei, o que acharam??
Mentalmente eu criei um final para o Robert! Mas não coloquei aqui porque eles perdem o contado, digamos assim. Enfim, ele sai do armário e vira um ativista LGBT... Os pais dele ficam relutantes no começo, mas acabam por surpreender. E rompe com a noiva e depois eles ficam amigos.
E é isso, final feliz para todo mundo ♥ ♥
E sim, o Thommy e o Wind ficaram juntos ♥ bem, pelo menos para mim eles ficam juntos. Deixei meio que em aberto e não aprofundei muito porque não tinha tanto tempo e, principalmente, porque o Wind nunca se sentiu atraído por um cara antes. Ele sabia que se acontecesse ele não teria nenhum problema... Mas foi a primeira vez e tal. Meio que não dava para fazer como nos mangá yaoi, se é que vcs me entendem ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Bem, acho que é isso!
Se vc gostou, não gostou, achou meia boca... Por que não deixar um comentário? Não vejo nenhum problema nisso, haha.
Beijocas e até...



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