Heart on Fire in Her Hands (Hiatus Indeterminado) escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 5
Capítulo 4: Jogos de azar (e amor) II


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, povo da madrugada!
Como vocês estão?

Mais uma vez, de volta com a segunda parte desse capítulo dividido em dois (e de nada adiantou, porque a bagaça ficou comprida da mesma forma Hahahaha)! Desculpe pela demora, mas, meus capítulos escritos se acabaram e eu tive que escrever e aprimorá-lo. Demorou um pouquinho, mas saiu...

Esse é um dos meus capítulos preferidos até agora, eu ri abertamente enquanto escrevia porque eu AMO essa história e esses personagens. Espero que gostem, também!

Leiam ao som de mais duas músicas, essas são "Jaded" da Aerosmith e "Born to Run" do Bruce Springsteen.

Boa leitura!



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Se perguntassem a Quinn o que estava acontecendo no jogo, ela não saberia responder. Assim como não sabia explicar o que estava acontecendo com a sua câmera, com as suas mãos e consigo mesma. A fotografia nunca foi desafiadora, Quinn tinha talento para essa tarefa, entretanto, naquele dia de sol escaldante na praia de Santa Monica, ela falhava miseravelmente a cada tentativa.

E tudo isso era culpa de Rachel.

Rachel e seu corpo moreno que já adquirira certo tom dourado pelo costume de ser dedicado ao sol da Califórnia, um corpo belamente esculpido, com tudo dentro do lugar e nada fora do padrão. Curvas na medida certa e músculos desenvolvidos ao topo. E Quinn ainda tentava, a todo custo, não se ocupar com as gotículas de água salgada que escorriam através das curvas do corpo de Rachel e nem em como a pele dela parecia brilhar pela umidade e pelo sal.

Quinn evitava pensar e, para isso, esforçava-se para não olhar. Olhar provocaria ainda mais estragos e não a deixariam chegar em lugar algum.

A loira voltou a focar a câmera em direção ao jogo, Ruby acabara de realizar um maravilhoso ponto na diagonal e Quinn estava pronta para fotografar a comemoração da californiana com Puck quando, pela terceira vez desde que vira e falava com Rachel, sua câmera teve as lentes embaçadas pela transpiração de sua pele. Quinn bufou, tanto pelo seu comportamento infantil quanto pelo seu nervosismo, e ocupou-se em limpar a lente com a barra de sua camisa.

Brittany que, diferentemente de Santana que torcia e xingava Puck e Ruby, observava Quinn de maneira atenciosa, olhou brevemente para Rachel, sentada entre Kurt e Marley, que também torciam. Brittany cutucou Quinn nas costelas e, tendo a atenção dos olhos verdes, perguntou preocupada:

— Algum problema, Quinnie?

— Não estou acostumada a tanto calor... - Quinn respondeu com um sorriso nervoso que refletia muito bem seu estado de espírito. A loira voltou a focar a câmera no jogo, ela voltou a escorregar entre suas mãos suadas e a sua transpiração embaçou, mais uma vez, a lente. Quinn bufou e Brittany franziu as sobrancelhas para ela. - Não estou acostumada a não conseguir fotografar o que eu quero por causa de suor.

— Eu sei que você adora tornar os momentos inesquecíveis por meio de fotografias, mas, tem coisas que só nossa memória pode lembrar... - Brittany aconselhou com uma expressão gentil, levantando-se da areia e estendendo a mão para Quinn. A outra loira aceitou a ajuda e também se levantou, por cima do ombro de Quinn, Brittany percebeu Rachel olhando para as duas, interessada. - Como, por exemplo, a temperatura da água e as ondas tocando nossa pele. Vamos nos refrescar, algo me diz que você está precisando.

Quinn engoliu em seco, não atrevendo a perguntar o que Brittany quis dizer com aquelas palavras, as duas caminharam alguns passos na areia até Quinn olhar disfarçadamente por cima dos ombros. Como esperava, olhos castanhos e quentes estavam devorando-a.

A loira desviou os olhos rapidamente, mas, sentia a sua nuca queimar e essa chama emanava-se para o resto de seu corpo, deixando-a ainda mais quente e sufocada. Aquela morena não estava brincando quando disse que Quinn estava perdendo algo que sequer imaginava, a atração que explodira entre elas no primeiro encontro no “Jewelry of the Coast” agora queimava intensamente, derrubando as poucas e racionais desculpas que Quinn tinha desenvolvido, nos últimos momentos, para se manter longe de Rachel. Só que estava cada vez mais difícil resistir, desde aquela confusão no trânsito, o mistério que emanava da morena era sedutor.

Quinn queria se afogar naqueles olhos castanhos e naquele corpo moreno, mesmo sabendo que, possivelmente, sairia muito machucada daquela história.

Era muita ingenuidade acreditar que poderia jogar aquele jogo de atração... Rachel era muito mais esperta, sedutora e experiente do que ela. Era uma garota que fora capaz de ficar com Ruby Clearwood e deixá-la, assim como tinha uma fama que a precedia. Era o típico tipo de pessoa que denotava problema, um problema sedutor e atraente, mas, ainda assim, um problema.

E Quinn Fabray não estava acostumada a se lançar em mistérios, em atrações e em seduções. Aprendera a caminhar com os pés no chão e a sua timidez, tão latente quanto a sua beleza, não permitia que ela se arriscasse quando tinha muito a perder.

Entretanto, o que tinha a perder em um Verão maravilhoso na Califórnia?

Quinn sabia que, provavelmente, apenas os dias de Verão não seriam capazes de fornecer o que ela queria e precisava de Rachel... A loira, com certeza, ia querer mais. Muito mais. E essa ganância a assustava porque sequer sabia se poderia ter algo de Rachel...

— Você está ainda mais pensativa do que o normal... Algum problema, Q? - A preocupação de Brittany mais uma vez acalentou a bagunça dentro de Quinn, a loira deixou a quebra das ondas frias tocarem os dedos de seus pés e sorriu para o arrepio que percorreu seu corpo. Seus pés brincaram com a areia molhada à beira do mar e ela respondeu:

— Muitos problemas para pouca cabeça, Britt-Britt.

— Espero que não seja nada relacionado aos seus pais, a Califórnia não é um local para pensarmos em pessoas como eles... Na verdade, não é local para pensarmos em problemas. - Brittany respondeu severa, porém, o sorriso brilhante que ocupava seus lábios deixava bem claro que ela estava apenas aconselhando-a da melhor forma que podia. Quinn sempre tivera a impressão de que Brittany era mais perceptiva do que a sua inocência deixava transparecer, ela era extremamente inteligente quando se tratavam de emoções e sentimentos, o que era um alívio, já que Santana era praticamente cega nesse aspecto. As duas caminharam em direção ao mar e a água salgada beijava suas peles, agora, na altura da cintura de ambas. - Califórnia é a solução para todos esses problemas.

— Eu sei. Só que eu não posso fazer muita coisa se os problemas residem, justamente, aqui. - Quinn respondeu de forma melancólica, procurando o local onde seus amigos estavam sentados e constatando que Rachel não estava lá e sim, caminhando em direção a elas. Quinn pigarreou e deu um passo em direção à areia, Brittany acompanhou os olhos da amiga e sorriu compreensiva ao constatar Rachel entrando na água e aproximando-se delas. Brittany acenou para a morena e sussurrou para Quinn:

— Talvez, esse não seja um problema. Tudo depende da forma como você olhar para a situação.

Quinn não olhou para a amiga porque, mais uma vez, ela olhava distraída para Rachel que caminhava e ria entre as ondas. A morena parecia ser bem conhecida porque acenou para mais de uma garota no caminho, Quinn arqueou a sobrancelha para aquele comportamento - julgando mais do que gostaria - e abaixou a cabeça quando Rachel finalmente chegou a elas.

A morena sabia que, até aquele momento, não chegara nem à metade da espessa camada que envolvia Quinn. Rachel deu o melhor de seus sorrisos e ajeitou seu biquíni antes de terminar sua aproximação, parando em frente a Quinn e de costas para o pessoal à areia. Brittany percebeu que Santana estava em pé, observando atenciosamente o trio na água. A morena mergulhou na água e emergiu, Quinn observou, ainda de cabeça baixa, quando uma gota desceu através do abdômen de Rachel e continuaria a observar se a morena não tivesse comentado entusiasmada:

— Eu achei que seria a única a cair no mar hoje, ainda bem que vocês não perderam a oportunidade!

— A água não está muito convidativa... Já caí em mares mais mornos, Rach. - Brittany respondeu entre risos, jogando um pouco de água na morena. Rachel sorriu para a facilidade de Brittany em se comunicar, essa loira era acessível e parecia extremamente à vontade em sua companhia, diferentemente da namorada latina. Quinn continuava calada, olhando para o mar a sua volta e Rachel sorriu bobamente, os olhos de Quinn pareciam dourados quando estavam em contato com a luz do sol, depois, perguntou educada:

— E você, Quinn?

— Não conheci muitos mares na minha vida, mas, esse é muito frio, mesmo! - Quinn respondeu educada naquele tom de voz suave e delicado que não escondia a sua timidez, muito menos, o seu nervosismo. Rachel não conseguia parar de sorrir perto daquela garota, seu coração estava, estranhamente, dando mortais dentro do seu peito. A morena chacoalhou a cabeça e piscou para a loira, antes de dizer:

— Por isso que existem outras formas de se esquentar dentro desse mar.

A frase pairou no ar entre elas, aumentando a tensão e a atração que já eram palpáveis entre as duas garotas. Brittany sufocou uma risadinha, ainda mais depois de ver as bochechas de Quinn tingidas de vermelho. Quinn riu rouca e desconfortável, insegura, ela respondeu:

— E eu acho que vou me esquentar no sol mesmo.

Sem esperar resposta de suas outras companheiras, Quinn partiu que nem uma bala para a areia. Brittany apressou-se a acompanhá-la sem antes olhar, enquanto ria, para uma Rachel sem graça. A morena foi até as duas, desanimada por suas táticas não a levarem a lugar algum e sim, parecerem afastá-la ainda mais de Quinn.

Quinn parecia ser diferente de qualquer uma das garotas que já a atraíram. E Rachel não sabia como agir diante dela... Sua impaciência começava a falar mais alto, assim como seu orgulho ferido.

A morena, mesmo atrás de Quinn e Brittany, chegou à areia praticamente junto com as duas loiras. Enquanto Rachel e Brittany caminhavam tranquilamente, Quinn praticamente fugia. Não foi surpresa quando ela pisou em falso e quase caiu.

A surpresa foram os braços morenos que envolveram a sua cintura e a mantiveram em pé. Mais uma vez, a proximidade entre os corpos fez Quinn olhar diretamente para os olhos castanhos. E, como estava se tornando freqüente, Quinn encontrou-se perdida nos mistérios e no calor do tom escuro que inundava os seus olhos verdes, dilatando suas pupilas e distribuindo arrepios por toda a sua pele.

Como magnetismo, as mãos de Quinn encontraram e apoiaram-se nos braços morenos que circundavam a sua cintura. A loira lambeu os lábios secos e viu quando os olhos de Rachel foram até sua boca, a morena respirou profundamente e, levemente desnorteada, se afastou. Rachel suspirou e, finalmente, desviou os olhos de Quinn. Brittany, que olhava divertida de uma para outra, perguntou:

— Está tudo bem?

— Sim... E obrigada, Rachel. - Quinn respondeu rapidamente, as bochechas coravam e ela respirava com dificuldade ao agradecer a morena. Rachel apenas acenou com a cabeça e praticamente correu para onde os outros estavam.

Quinn desistira de entender o que acontecia com Rachel assim como desistira de entender o que acontecia consigo mesma. Era incompreensível que tamanha atração existisse e se tornasse insustentável em tão pouco tempo... Porém, os mistérios que envolviam Rachel Berry a motivavam. Quinn queria ver mais daquela garota que a segurara e menos da garota galanteadora.

De alguma forma, Quinn sentia que a verdadeira Rachel era parecida com ela e escondia-se atrás de uma superfície risonha e divertida. Dentro dos olhos castanhos existiam muito mais além do calor e Quinn queria, mesmo contra a sua vontade, descobrir do que se tratava.

# # # # #

Kurt Hummel era extremamente perceptivo e, por muitas vezes, ele não queria perceber as situações antes daqueles que estavam envolvidos. Principalmente, em casos como aquele, que envolviam suas amigas. O moreno imediatamente fechou a expressão quando viu a interação entre Rachel e Quinn na areia depois de elas terem ido até o mar, acompanhadas de Brittany.

Para sua sorte, Marley parecia fascinada pela amiga de Rachel para perceber que ele estava extremamente chateado.

Kurt não gostava da forma como Rachel segurara Quinn e nem de como a morena estava sempre se fazendo presente quando a sua amiga estava por perto, Rachel estava assustando Quinn com todo aquele comportamento invasivo e conquistador. E, conhecendo-a da forma como ele conhecia e sabendo que a fama dela era real, ele sabia muito bem o que poderia sair daquilo tudo.

Quinn dissera que podia jogar aquele jogo e Kurt não duvidava dela, a loira sabia ser extremamente incisiva no que queria, entretanto, Rachel Berry era uma oponente a altura... Mais do que isso, Rachel era uma oponente extremamente forte e, principalmente, incansável.

O moreno sempre tivera fascínio por Rachel e tudo se tornara ainda mais atraente depois que ela firmara aquela amizade estranha com Marley Rose. No começo, Kurt achava que a morena tinha algum interesse por Marley, mas, com o passar do tempo, a amizade entre as duas só se fortalecia e tornava-se ainda mais genuína. Rachel, assim como ele e Blaine, eram os únicos alunos assumidos de Julliard - por mais que existissem diversas suspeitas e outros que eram mais discretos - Kurt e Blaine eram gays e Rachel jamais escondeu que gostava de meninos e meninas, tampouco, escondeu a sua fama de conquistadora.

Rachel tinha uma extensa lista de conquistas, Kurt até achava que ela era um pouco maníaca nesse aspecto e ele não aprovava o comportamento dela, apesar de Rachel ser uma garota sensacional e extremamente educada. Porém, ele começava a questionar seus julgamentos conforme assistia Rachel aproximar-se cada vez mais de Quinn.

Quinn sempre tivera suas dúvidas em relação à sexualidade - ainda mais acentuadas por sua convivência com o casal Brittana e Kurt - e ela não merecia que essas perguntas fossem respondidas por alguém que, provavelmente, não lhe daria o devido valor. Quinn passou muito tempo sendo praticamente ignorada pelos pais em favor da irmã mais velha e não merecia se descobrir com uma pessoa que poderia desligar-se dela na primeira oportunidade.

Sua amiga merecia o melhor porque ela era, justamente, uma das melhores pessoas desse planeta.

Kurt não gostava desses pensamentos, mas, não conseguia de pensar neles. O seu instinto protetor estava implorando para que ele afastasse Rachel de Quinn, contudo, ele se perguntava se tinha esse direito já que Quinn não interferira em seu relacionamento com Blaine, mesmo quando ele já estava fadado ao fracasso.

Remoendo esses pensamentos, o garoto não escutou os gritos, nem viu a bola de futebol americano que foi lançada em sua direção por Finn Hudson. Muito menos, percebeu a movimentação a sua frente quando Sam Evans correu e colocou-se em sua frente para que a bola não o atingisse. Entretanto, a areia chegou ao colo e aos olhos de Kurt, finalmente, ele olhou e assustou-se com o corpo de Sam balançando a sua frente, enquanto ele recebia o impacto da bola no peito.

O loiro conseguiu equilibrar-se e segurou a bola com uma careta de dor, depois, deu um passo para o lado e olhou imediatamente para Kurt. O moreno lutava contra os grãos de areia que castigavam seus olhos azuis, Sam deixou a bola de lado e, calmo, sussurrou:

— Tente manter os olhos abertos.

Kurt o obedeceu, mesmo que seus olhos ardessem. As mãos ásperas de Sam seguraram seu queixo e ele assoprou, levemente, os grãos de areia em seus olhos. Imediatamente, a ardência diminuiu e, por entre as lágrimas, Kurt visualizou os olhos azuis e o sorriso de desculpas de Sam. O loiro movimentou-se novamente, afastando-se com as bochechas levemente rosadas e perguntou:

— Está machucado?

— Não, eu acho que foi só a areia mesmo... Obrigado por perguntar. - Kurt respondeu sem jeito, desviando os olhos de Sam porque sentia um calor familiar percorrer seu pescoço, assim como sentia os olhares de Santana Lopez em sua têmpora esquerda. Sam apoiou a mão em um dos joelhos enquanto segurava a bola de futebol com a outra mão. Ele se levantou e lançou a bola, perfeitamente para Finn, que a apanhou a alguns metros. Sam sorriu, um sorriso generoso e grande, e disse:

— Me desculpe por isso.

— Sem problemas, Sam. - Kurt respondeu rapidamente, sentindo-se ainda mais envergonhado por agir daquela forma, tão impessoal. Sam deu de ombros e, ajeitando os curtos cabelos loiros, virou-se para Finn que logo lançou a bola de futebol de volta para ele. Kurt, então, olhou para as costas bem marcadas do rapaz e suspirou. Como previsto, Santana, ao seu lado, observava a cena com uma careta de nojo, a latina revirou os olhos e sussurrou:

— Quer um babador, Little Hummel?

Kurt franziu os lábios para ela, mas, a sua tentativa de parecer irritado foi pelos ares quando o calor chegou as suas bochechas e as enrubesceu. O moreno preferiu ficar calado e até tentou voltar a assistir os jogos, sem sucesso. Porque seus olhos procuravam a figura de Sam Evans que sorria para um arremesso esquisito de Finn Hudson.

Pelo visto, não era somente Quinn que estava em maus lençóis.

Marley tinha as mãos apertadas uma contra a outra, também estava encolhida, tamanho era o seu nervosismo diante da partida de vôlei. Ruby e Puck estavam ganhando o último set, mas, isso não queria dizer que Adrian e seu parceiro não estavam dando trabalho, eles haviam feito os últimos quatro prontos e estavam a apenas um ponto do empate.

E Ruby e Puck precisavam fechar o jogo no próximo ponto. Os últimos três ataques de Puck foram defendidos pelos rapazes do outro lado da rede e Marley simplesmente queria matar o rapaz naquele momento.

Ou talvez, fosse o seu medo daqueles outros dois terem o telefone de Ruby por causa dessa aposta idiota.

Marley estava realmente determinada em sua tarefa como torcedora, ela não deixara de bater palmas, elogiar e até mesmo brigar com Puck e Ruby durante o jogo. E a dupla, na areia, divertia-se com ela, principalmente, Ruby.

Não foram poucas as vezes em que a californiana fizera um ponto e olhara diretamente para Marley, piscando e sorrindo. Obviamente, Marley não conseguira esconder o próprio sorriso quando isso acontecia. O que ela tinha desenvolvido com Ruby fora tão rápido quanto fora intenso e nem ela entendia, mas, algo a fazia querer aquilo pelo tempo que fosse durar... Ela, simplesmente, se entregara e estava satisfeita com essa decisão, independente da onde aquilo fosse as levar.

Ruby estava ainda mais atraente naquele último set. A californiana estava nervosa e concentrada, seus olhos azuis não se desviavam da bola e ela estava tensa o bastante para não olhar para Marley entre os pontos, Sam deixara claro, mais cedo, o quanto ela era competitiva. Por isso, o corpo dela trabalhava ao máximo. A pele estava dourada pelo sol e pelo suor, acentuando seus músculos e seus contornos. Marley sempre se distraía com ela, mas, procurava-se se concentrar no jogo.

Não suportaria que um daqueles dois cogitasse ligar para Ruby.     

A californiana levantara uma bola fenomenal para Puck que, mais uma vez, não convertera o ponto. O parceiro de Adrian defendera de manchete e Adrian levantou para ele, Ruby, que estava na rede e era muito mais baixa que o seu oponente, correu e saltou. Impressionantemente, ela conseguiu bloquear e, mais impressionante ainda, a bola caiu na areia adversária.

Marley acompanhou mais as reações ansiosas de Ruby do que a bola. Quando, enfim, ela tocou a areia, Ruby comemorou e, ainda à rede, gritou para o seu oponente:

— Hoje não!

Adrian, do outro lado da rede, xingou a sua dupla enquanto Ruby corria e se jogava nos braços de Puck. O bad boy imediatamente a pegou em um abraço de urso e rodou com ela na areia, em seguida, Rachel se juntou aos dois, Sam e Finn também e coube a Marley fechar o abraço em grupo.

Era realmente engraçado como eles estavam comemorando aquela vitória, até parecia que tinham vencido um campeonato.

Kurt, Quinn, Santana e Brittany chegaram logo depois e parabenizaram a dupla.

Marley voltou ao seu lugar quando percebeu que estava um pouco deslocada e começou a guardar as suas coisas. Estava para fechar sua bolsa quando sentiu gotículas geladas em sua nuca, a nova-iorquina ergueu a cabeça rapidamente e encontrou olhos escuros a observando, assim como um sorriso contagiante dedicado a ela. Ruby estava molhada pela ducha que tomara e, ainda assim, parecia quente como sempre. Ela chacoalhou os cabelos molhados, lançando mais gotas em Marley que riu. Ruby observou Marley se levantar e comentou:

— Eu realmente esperava uma comemoração mais calorosa da sua parte.

— Você não ganhou tudo nessa tarde, Clearwood... Curta o fato de que aqueles trogloditas não têm o seu telefone. - Marley respondeu entre risadas, estendo a camiseta de Ruby para ela. A californiana não a vestiu e sim, jogou-a no ombro. Marley suspirou porque, mais uma vez, teria que se focar o bastante para não olhar demais para o corpo de Ruby. Entretanto, seus olhos já estavam no abdômen da californiana e subiam.

Ruby a observava, a onda de adrenalina e de alegria pela vitória estava se extinguindo de sua corrente sanguínea, porém, ela ainda sentia seu coração bater acelerado e não conseguia tirar o sorriso do rosto. Os olhos de Marley finalmente chegaram aos seus, sabia que a nova-iorquina olhava para seu corpo e, para ela, não faria objeção alguma. Ruby, corajosamente, ajeitou uma mecha dos cabelos de Marley e observou o rubor discreto ocupar as maçãs do rosto dela, depois, respondeu risonha:

— Claro que ganhei muita coisa nessa tarde, a sua atenção foi uma delas.

— Vou fingir que você não está, silenciosamente, se vangloriando por ser o centro das atenções. - Marley comentou com um sorriso irônico e Ruby riu para o que ela dissera. A californiana realmente gostava dessa energia que dividia com Marley, era diferente do que estava acostumada. Claro que sabia que essa energia era mais do que uma conexão e sim, uma atração... Marley deixara claro na noite anterior. Porém, diferentemente das outras vezes que se atraíra por alguém, Ruby não estava apressada para que acontecesse.

Pelo contrário, ela só queria que, quando acontecesse, fosse da melhor forma possível.

Marley dividiu aquele silêncio com Ruby, era confortável ficar com ela daquela forma. As duas voltaram a se sentar na areia, uma ao lado da outra, porque, aparentemente, Puck e os outros não estavam dispostos a irem embora, mesmo com o fim do jogo. Distraída, os olhos de Marley percorriam os braços de Ruby, os pelos dourados em contraste com a pele perolada, quando notou que pequenos arranhões, que ela não notara antes, estavam sangrando. Preocupada, Marley pigarreou e disse preocupada:

— Não precisava se dedicar tanto ao jogo a ponto de se machucar!

— Isso? - Ruby perguntou entre risos, erguendo os braços e mostrando os arranhões em ambos os braços, alguns tinham uma fina linha inflamada e outros até sangravam, como Marley observara. A nova-iorquina franziu a testa para o sorriso da californiana diante dos machucados e Ruby apenas riu ainda mais. - Jamais ia me doar ao máximo num jogo contra aqueles dois... Esses daqui são da semana retrasada, digamos que eu tive um encontro bem cruel com uma barreira de corais numa praia próxima.

— E o que você estava fazendo a ponto de se encontrar com uma barreira de corais, Clearwood?! - Marley perguntou surpresa e, até mesmo, assustada. Ruby era uma caixinha de surpresas e quando Marley achava tê-la compreendido, ela chegava com mais e mais surpresas que só deixavam-na mais atraente e misteriosa. Ruby riu da reação da mais nova e prendeu os cabelos de lado, deixando-os sobre o ombro esquerdo antes de apontar para o mar e explicar:

— Eu estava surfando onde não devia. E teria sido pior, a minha falecida prancha impediu que eu tivesse me machucado mais... Eu até tinha me esquecido dos arranhões.

— Agora eu entendo a sua atração pelo perigo. - Marley comentou chocada, olhando para o mar enquanto tentava juntar essa imagem de surfista irresponsável com a gerente responsável do “Jewelry of the Coast”. Inconscientemente, os olhos de Marley voltaram para Ruby, à procura de outros machucados e pedindo aos céus para não encontrar mais algum, estava preocupada o bastante com o que vira e escutara. Ruby sorriu para o mar, seus olhos estavam estranhamente mais claros por causa da luz do sol e ela flertou:

— Gosto de todo tipo de perigo, de todas as naturezas.

Marley sorriu de lado, envergonhada, antes de abaixar a cabeça e agitá-la, o sorriso ainda brincando em seus lábios e sendo atentamente observado por Ruby. A californiana teve uma ideia e essa fez com que o rubor, dessa vez, chegasse em suas bochechas. Ela não sabia por que estava com medo da resposta ao que diria, mas, ainda assim, resolveu arriscar-se:

— Falando nisso, eu tenho que ir buscar uma prancha nova amanhã, você quer ir comigo? Podemos sair cedo, estaríamos de volta antes do almoço...

— E-eu... - Marley gaguejou uma resposta, sendo que sequer tinha pensado. Na verdade, ela queria ir sim. Ruby a olhava, tentando deixar a sua ansiedade disfarçada em um sorriso de espera, porém, ela estava nervosa e tinha medo de que a nova-iorquina pudesse negar. Marley olhou para os meninos, que brincavam de futebol americano com Rachel na areia e suspirou. - Eu adoraria ir, Ruby.

O sorriso de Ruby se iluminou enquanto os tons alaranjados do pôr-do-sol brincavam em seu rosto. Marley sorriu para a felicidade dela e a observou se levantar, a californiana olhou para Marley antes de dizer aos outros:

— A noite no “Jewelry of the Coast” é por conta da casa!

Puck e os outros correram pela areia até chegarem ao calçadão, Rachel abraçou Ruby pela cintura e as duas começaram a caminhar juntas. Marley deixou-se ficar para trás e acompanhou Kurt e o grupo dele, sem tirar os olhos de Ruby e, muito menos, sem tirar os olhos e o sorriso dela de sua mente.

Marley faria tudo para vê-los iluminados daquela forma de novo.

# # # # #

O grupo chegou ao “Jewelry of the Coast” e Marley se assustou ao perceber que o ambiente estava bem diferente do que se lembrava anteriormente. Uma área adjacente tinha sido aberta e lá se assemelhava a um bar comum, com mesas de sinuca, dardos ao alvo e uma vitrola. Sem mencionar um espaço para shows. Aparentemente, era um segundo terreno que fora alocado ao restaurante. Enquanto o grupo caminhava até lá, Marley observava tudo surpresa.

Existia muito que ver em Santa Monica ou, talvez, ela estivesse muito distraída com outras coisas... E pessoas.

— Isso tudo foi ideia de Ruby. - Uma voz masculina veio do seu lado direito e Marley encontrou o rosto risonho de Finn Hudson, o grandalhão conduziu a nova-iorquina para dentro do bar. Luzes coloridas revezavam-se na iluminação, havia um bar repleto de garçons no centro da infra-estrutura e mesas dispostas ao seu redor. A área de jogos estava localizada mais ao fundo. Finn apertou o ombro de Marley no qual a guiava. - O Sr. Clearwood não concordou muito com a ideia no começo, mas, acho que ele não reclama do lucro a mais que teve depois que ela passou a abrir o “Jewelry of the Coast” à noite.

— Eu jamais ia imaginar que ela tivesse uma mente tão... Empreendedora. - Marley comentou verdadeiramente surpresa enquanto se sentava em uma das mesas de madeira. Sam sentou-se ao seu lado, Rachel a sua frente e Puck vinha logo mais atrás com um balde de alumínio repleto de cervejas e gelo. Rachel apanhou uma e a abriu, oferecendo-a a Marley enquanto observava Puck arrastar outra mesa para o outro grupo se acomodar. Ruby passou por eles, gritando alguma coisa para um dos garçons e Marley distraiu-se quase a ponto de não escutar a voz de Rachel:

— Ruby leva jeito para essas coisas, acredito que o Sr. Clearwood realmente agradeça a influência dela no restaurante. Eles mal conseguiam se manter quando ela começou a ajudá-lo.

A conversa continuou tratando-se de Ruby e Marley procurou absorver o máximo de informações que podia. Soube que Ruby não frequentara a faculdade, mas, tinha uma imensidade de cursos voltados à administração e ao comércio. Ela também perdera a mãe quando nova e vivia com o pai, sem irmãos e os dois, aparentemente, eram tudo o que tinham. Marley se identificou com ela, também, só tinha a sua mãe no mundo.

Enquanto isso, na outra mesa, Kurt tentava, ao máximo, não perder-se na figura de Samuel Evans. O loiro estava segurando a garrafa de cerveja com ambas as mãos, usava um de seus chapéus, este era um Trilby que quase escondia os seus olhos azuis com a aba abaixada. O moreno suspirava e bebericava a sua cerveja, distraído, Quinn - que estava de olho no comportamento do amigo assim como ele estava no dela - olhou de Kurt para Sam para, em seguida, cutucar o amigo e perguntar:

— Perdi alguma coisa?

— Sim, perdeu a morena na mesa do lado lhe secando, Fabray. - Kurt respondeu maligno, sorrindo cheio quando percebeu o rubor ocupar as bochechas de Quinn. A loira tomou um gole de sua água e virou o corpo, de forma que Rachel enxergasse mais de suas costas de seu rosto. Óbvio que sabia que a morena a olhava porque, novamente, aquele calor estranho arrepiava os pelos de seus braços e tingia as suas bochechas. Quinn acenou a cabeça negativamente e bebericou sua garrafa de água antes de voltar a atacar Kurt:

— Mas, não perdi você devorando o loiro da mesa ao lado com os olhos.

— Eu posso devorá-lo mesmo, porque o que ele tem de lindo, tem de heterossexual. - Kurt respondeu tristonho, observando Sam levar a cerveja aos lábios grossos e rir de algum comentário absurdo de Rachel. Ele finalmente desviou os olhos claros do rapaz e olhou para a amiga, Quinn o olhava tristemente e ele sorriu para ela. Claro que estava machucado pelo fim de seu namoro com Blaine, mas, não deixaria de viver um amor de verão se tivesse a oportunidade. E Sam não era uma oportunidade. - Você pode fazer alguma coisa, já que a sua morena é bissexual e está super atraída por você. E eu até espero que faça, sabendo muito bem onde pisa.

— Ela pode estar atraída, mas, isso não quer dizer nada... - Quinn respondeu evasiva, tirando os olhos do amigo e virando o corpo. Rachel não mais olhava para ela e Quinn engatou uma conversa com o casal Brittana que estava discutindo vivamente o que fariam no dia seguinte. A loira propôs que andassem pelos pontos turísticos da cidade e Santana revirou os olhos para ela... Típico.

A verdade era que Quinn estava chateada. Rachel parecia cada vez mais inalcançável a cada tentativa de aproximar-se dela. A loira, a cada aproximação, via mais da morena... Via a confiança, o charme e, principalmente, todas as consequências desses primeiros dois aspectos na morena. Rachel era desejada, conhecida e querida, não seria algo sério se ficasse com ela. Rachel tinha a oportunidade de ter vários e várias e logo enjoaria de Quinn.

Quinn não se julgava tão especial assim para ser digna de muita atenção. Sua timidez logo enjoaria Rachel e, provavelmente, sairia mais machucada do que satisfeita daquela possível história.

Cerca de quinze minutos depois, Ruby voltou à mesa. Ela tinha os cabelos novamente molhados e estava de roupa trocada. Propositalmente, a californiana contornou a mesa e apoiou ambas as mãos no encosto da cadeira de Marley, a nova-iorquina olhou para ela, de baixo. Mas, Ruby tinha os olhos em Sam quando perguntou desafiadora:

— Ótimo, quem será a minha vítima de hoje na sinuca?

— Eu me recuso a jogar qualquer coisa com você e Puckerman hoje, a competitividade de vocês quase não cabe nesse bar. Finn e eu estaremos nos dardos. - Sam respondeu derrotado, ajeitando o chapéu e levantando-se com Finn para os dardos. Antes dos dois tomarem o caminho para o local, ambos apanharam suas cervejas. - E acho que Kurt poderia vir conosco, ele realmente não vai querer agüentar Puck bêbado e as meninas conversando.

Kurt arregalou os olhos, surpreso com o convite, precisou ser chutado nas canelas por Santana para se levantar e ir, desajeitado, junto com os garotos. Ruby continuava a olhar para a mesa em busca de uma vítima, Marley e Rachel trocaram olhares significativos e a nova-iorquina disse:

— Eu posso jogar contigo, mas, não sou lá muito boa.

— O importante é participar e eu ganhar, óbvio. - Ruby respondeu satisfeita, afastando-se da cadeira de Marley para que ela pudesse levantar-se. Rachel não conseguiu conter a risada diante do tom inocente de Marley e a californiana rapidamente ficou curiosa pela atitude da morena. Rachel logo se recuperou e tomou um gole de sua cerveja para disfarçar.

Marley seguiu Ruby até a área das mesas de sinuca - que ainda não estavam sendo usadas - a californiana apanhou um taco no suporte de madeira e ofereceu outro a Marley. A nova-iorquina observou Ruby arrumar as bolas sobre a mesa e propôs:

— Nós poderíamos fazer uma aposta, o que acha?

— Eu começo. - Ruby anunciou, assim que terminou de arrumar as bolas. Depois, ela fez a sua jogada com força e duas bolas, os números 3 e 5, foram para os buracos. Marley observou a jogada e apoiou-se na mesa com a mão livre, aguardando Ruby realizar a próxima jogada, deixando o número 1 próximo à caçapa do meio. A californiana finalmente ergueu os olhos para ela e sorriu desafiadora. - Você não vai querer apostar comigo, ainda mais nisso aqui.

— Não só quero apostar como deixo você determinar o que vai ser o prêmio. - Marley propôs sedutoramente, realizando a sua jogada, bem fraquinha, apenas para colocar uma de suas bolas maiores próximas ao buraco do meio oposto ao de Ruby. A californiana olhou desconfiada para Marley e realizou sua próxima jogada, derrubando a bola 1, ela preparou sua próxima jogada, tirando a bola 13 de Marley de perto do buraco. Em seguida, apoiou o taco no chão e sussurrou:

— Tudo bem, já que você quer tanto assim dever algo para mim, quem vencer fica devendo qualquer coisa a outra... Que tal?

— Por mim, tudo bem. - Marley respondeu vitoriosa e voltou-se para o jogo. Finalmente, a nova-iorquina abandonou a sua faceta ingênua e, em uma tacada, derrubou duas bolas em caçapas diferentes. Depois, realizou uma tacada forte que espalhou as bolas de Ruby pelo meio da mesa e deixou as suas próximas aos buracos. Ela ergueu o corpo e encontrou Ruby a olhando, boquiaberta. - Você vai se arrepender!

Do outro lado do bar, Sam e Finn jogavam dardos enquanto Kurt os observava, encostado em uma das pilastras de madeira do local. Na verdade, o moreno estava dedicando todos a sua atenção para o loiro. Sam tinha três dardos verdes em mãos, enquanto Finn tinha três dardos vermelhos. Finn ganhara a partida anterior e, portanto, Sam estava concentrado no início desta.

Sam ajeitou o chapéu sob os cabelos e fechou um dos olhos, mirando, enquanto fazia falsos movimentos com o dardo. Por fim, ele respirou fundo e o lançou, o dardo sequer chegou perto do centro vermelho, ficando próximo ao setor amarelo mais claro e distante dos maiores pontos. O loiro bufou e tomou um gole de sua cerveja, depois, deu um passo para trás, cedendo seu lugar para Finn que ria de sua jogada. Sam tomou mais um gole de sua cerveja e sussurrou para Finn:

— Isso aqui é questão de honra, se eu perder essa segunda partida, Finn vai começar a se exibir.

— Sério? Finn é bom nisso? - Kurt perguntou desconfiado, arqueando a sobrancelha para a postura grandalhona e concentrada de Finn Hudson. Ele era alto demais, comprido demais e não parecia levar muito jeito para algo que exigia boa mira e boa coordenação motora.

Além do mais, Finn parecia ter vencido a partida anterior por pura sorte. Fora o próprio Kurt que contou os pontos dos dois e a diferença foi bem pequena entre eles. Finn deu sorte de acertar um dardo na área amarela na última jogada. Sam observou Finn realizar essa jogada e ele acertou a área vermelha, próximo ao meio e a área de maior pontuação. Kurt arregalou os olhos para a jogada e Sam riu com a sua surpresa, antes de dizer:

— Não se esqueça que ele é um quaterback.

— Isso não é desculpa, Sammy. Você também foi um e desde quando jogávamos juntos, vivia perdendo para mim. - Finn respondeu entre risadas, empurrando o amigo. Sam fez uma careta para ele e foi, desanimado, até sua posição para executar a sua jogada. Kurt o observou lançar o dardo e, dessa vez, ele acertou o centro do alvo. O moreno sorriu quando Sam gritou em comemoração e, surpreendentemente, o abraçou. Kurt mal teve tempo de retribuir porque Sam virou para Finn e disparou:

— Chupa, Hudson!

Finn apenas riu, não era feitio do grandalhão se preocupar com esse tipo de coisa. A competitividade de Ruby e Puck era famosa, assim como a passividade de Finn também. Ele simplesmente tinha uma calma correspondente ao seu tamanho, por isso, ele foi até a posição realizar sua jogada. Entretanto, Finn ficou de costas para o alvo e disse a Sam:

— Engole essa, Evans!

E lançou o dardo. Esse atingiu o centro do alvo, ao lado do lançado por Sam que caiu no chão. Sam revirou os olhos, visivelmente irritado e Kurt não conseguiu deixar de rir dos dois amigos. O loiro olhou para ele quando a sua risada soou alta e livre, olhou e sorriu para Kurt. O coração do moreno quase veio à boca e, mais uma vez, ele observou Sam lançar o dardo e sequer acertar o alvo.

Kurt fez uma careta para a jogada de Sam, o loiro caminhou até ele e bebericou a sua cerveja. Sam tinha as bochechas rosadas, provavelmente por causa da sua jogada vergonhosa. Finn sorriu satisfeito e, sem sair do seu lugar - alguns passos atrás da marca para a jogada - arremessou o dardo. Mais uma vez, acertou o centro do alvo e Sam bufou ao dizer:

— Exibido!

Finn abriu os braços, como se dissesse que não podia fazer nada, e foi até o bar apanhar mais bebidas e amendoins. Kurt observou Sam apanhar os dardos e os trazer até a mesa alta que dividiam, o loiro sorriu para o moreno e disse:

— Você não precisa ficar só olhando... Eu não jogo muito bem, mas, talvez, eu possa ser um bom professor.

Kurt engoliu em seco para a proposta, era uma das poucas vezes que ficava sem resposta porque realmente não sabia o que responder. Não existia malícia na oferta de Sam e, por isso, ele sentiu-se mal ao imaginar que aquilo pudesse levá-los a algo malicioso...

O moreno, ainda surpreso com a oferta, decidiu que o melhor era agarrar-se aquela amizade, ainda que estivesse desenvolvendo uma queda pelo seu novo companheiro de Verão. Ainda em silêncio, ele apanhou o dardo e caminhou até a marca, posicionando-se. Sam veio logo atrás dele e apoiou a mão na base de sua cintura antes de dizer:

— Primeiro, endireita essa postura. Se você lançar todo inclinado, vai acertar o olho de alguém!

Kurt sentiu os arrepios em seu corpo quando Sam tocou a base de suas costas por breves segundos, depois, Sam segurou a sua mão com o dardo apontado no alvo e voltou a dizer:

— Agora, respire fundo antes de lançar.

O moreno respirou fundo mais porque estava seriamente em apuros naquela proximidade do que pelo alvo que deveria acertar a sua frente. Kurt fechou os olhos quando lançou o dardo e expirou aliviado quando Sam afastou-se dele. Kurt abriu os olhos e deparou-se com o seu dardo fora do alvo e acima dele, na pilastra de madeira. Sam ria as suas costas e dizia:

— Bem, também sou um péssimo professor.

— E um terrível jogador, por isso, antes que você ou o Porcelana matem alguém... - A voz de Santana soou arrastada e zombeteira aos ouvidos dos dois rapazes, Sam franziu as sobrancelhas para a latina e cruzou os braços. Santana empurrou-o e segurou o pulso de Kurt, puxando-o. - Vamos jogar “Eu Nunca”, seu amigo Puckerman está bêbado e divertido o bastante para podermos arrancar verdades dele.

— Puck já está bêbado?! Mas, acabamos de chegar! - Sam vociferou desesperado e cedendo desanimado aos empurrões de Santana em direção à mesa.

A latina gargalhou roucamente, desconfiava que nem ela mesma estava muito sóbria para aquele tipo de jogo, na verdade, só Quinn parecia estar sóbria e sensata e a loira concordara com a ideia... Então, se a mais ajuizada delas concordara, o que mais poderiam fazer se não jogar?

# # # # #

A garrafa cheia de vodka repousava no centro da mesa em que Rachel, Quinn, Santana, Brittany, Kurt, Sam, Puck e Finn dividiam. Os oito tinham pequenos copos de vidro a sua frente enquanto escutavam, pacientemente, Rachel explicar:

— O jogo funciona da seguinte forma: um de nós usará a expressão “eu nunca” para dizer algo que tenha feito. Aqueles que também a fizeram, bebem. Os que não fizeram, permanecem com os corpos vazios.

— Não vai ter graça, a Quinn é a própria Madre Teresa e o Porcelana saiu da coleira há pouco tempo. - Santana disse entediada, finalizando a sua garrafa de cerveja e recebendo olhares ofendidos dos dois amigos referidos. A latina endiabrada apenas sorriu repleta de escárnio para os dois, ela estava visivelmente alterada e Brittany, ao seu lado, suspirava impaciente. Quinn revirou os olhos e rebateu:

— Nem vamos falar sobre coleira porque você adora uma, Lopez.

Os olhos negros de Santana fuzilaram Quinn imediatamente, mas, a loira não cedeu a ameaça vinda deles e apenas sorriu, de forma inocente. Kurt gargalhou, assim como os outros da mesa e estendeu a mão para que a amiga batesse um high five com ele. Quinn riu ao fazer isso enquanto Rachel a observava, curiosa. Esse lado mais espontâneo e engraçado de Quinn era novidade, a loira ficava muito mais bonita com um sorriso genuíno nos lábios do que com um sorriso educado.

Rachel chacoalhou a cabeça e apanhou a garrafa. Ela mesma serviu cada um na mesa e olhou interessada para todos, depois, ergueu o próprio copo e disse malvada:

— Eu nunca fiquei com alguém do mesmo sexo que o meu.

Claro que aquele jogo era uma excelente desculpa para ter as respostas que precisava a respeito de Quinn. E ela seria idiota de deixar essa oportunidade passar.

Rachel, Kurt, Brittany e Santana beberam. A latina ainda bateu o copo na mesa, como se pedisse por mais. Os garotos mantiveram seus copos cheios, Puck até fez uma careta para a sentença. Depois, a garrafa foi para Puck, sentado à esquerda de Rachel. O moicano coçou o queixo, pensando em uma boa sentença e sorrindo satisfeito ao dizer:

— Eu nunca fiz um threesome.

Puck bebeu satisfeito, arrancando olhares desconfiados de Sam e Rachel. A morena também bebeu, assim como Santana depois de pensar por alguns segundos. A latina mal tinha colocado o copo na mesa quando levou um baita tapa de Brittany em seu ombro, Santana olhou chorosa para a namorada e justificou:

— Eu não estava com você e se quer saber, foi horrível.

— Fico feliz. E pode desistir dessa sua coisa por threesome porque eu não vou fazer isso com você depois dessa. - Brittany falou irritada, emburrando. Kurt e Quinn riram sem parar da pequena confusão enquanto Sam e Finn procuravam segurar suas gargalhadas, porque a briga parecia séria. Rachel empurrou a garrafa para Finn e sussurrou para Puck:

— Foram duas mulheres contigo, né, Puckerman? Seria trauma demais saber que você andou usando esse bumbum para outras coisas.

Puck engasgou-se com a suposição de sua melhor amiga e mostrou o dedo do meio para ela. Todos na mesa riram e isso aliviou o clima entre eles, Rachel desviou os olhos do bad boy e eles, inevitavelmente, encontraram Quinn. Exatamente como estava acontecendo de forma freqüente, a morena se viu presa a eles e quase não ouviu quando a voz de Finn soou distante:

— Eu nunca fui a fim de alguém dessa mesa.

Rachel bebeu o conteúdo de seu copo olhando nos olhos de Quinn, a loira demorou um pouco em repetir o gesto, mas, assim, o fez. O líquido desceu ardente por sua garganta, transferindo todo aquele calor para o interior de seu corpo, lacrimejando seus olhos e fazendo sua cabeça girar. Rachel sorriu para ela através da mesa, um sorriso visivelmente interessado e muito charmoso. Foi a vez de Quinn suspirar, se era o efeito da bebida ou, do simples acelerar de seu coração, ela sorriu sem jeito para os olhos de Rachel sobre si e a morena piscou para ela.

As duas desviaram os olhos, mas, isso não queria dizer que a atração entre elas não estivesse ainda mais evidente. Quinn observou Sam encher o copo de todos porque, aparentemente, todos sentiram atração por alguém daquela mesa. Em seguida, Sam pigarreou e disse inseguro:

— Eu nunca gostei de alguém do mesmo sexo que o meu.

Rachel revirou os olhos para a pergunta de Sam e bebeu de seu copo, mas, surpreendeu-se grandemente ao vê-lo beber. Na verdade, Rachel quase cuspiu a vodka de sua boca ao descobrir que um dos seus amigos tinha se atraído por um homem. Nem teve tempo de se recuperar porque um sorriso de satisfação tomou seus lábios ao ver Quinn virar seu copo. Santana Lopez bateu as mãos espalmadas sobre a mesa e apontou o dedo para Quinn, vociferando:

— Eu sabia que você não era santa, Madre Teresa! Que periquita você anda querendo, mujer?!

— Graças a Deus, não é a sua, Satan! - Quinn defendeu-se com maldade, arqueando a sobrancelha para Santana que, já alta, sequer teve forças para revidar de volta. Quinn riu abertamente do comportamento da amiga e virou-se para os outros que riam junto com ela, porém, uma expressão séria, do outro lado da mesa, lhe chamou a atenção. Rachel estava séria, observando-a atentamente enquanto terminava a sua bebida.

Quinn, cheia de inseguranças, voltou-se mais uma vez para a sua timidez e se encolheu. Ao seu redor, o mundo girava e ela tentava respirar direito. A expressão de Rachel não dizia muito do que ela queria, era diferente de tudo que vira até então. E, quanto mais Quinn tentava entendê-la, mais se perdia... O que aquela morena estava querendo?

Rachel bateu o copo na mesa, a garrafa chegou às mãos de Quinn e ela serviu Kurt, Santana, Brittany, Sam e, por fim, Rachel, a garrafa tremeu em suas mãos e ela quase derramou metade do copo. A loira voltou a se sentar e estava prestes a fazer a sua pergunta quando Puck reclamou bêbado:

— Parem com essa viadagem e falem algo que possa me fazer beber! E Samuel, você foi uma decepção, achei que gostasse apenas de mulheres gostosas.

— Cale a boca, Puckerman! Você já está bêbado! - Sam respondeu cansado, ignorando completamente a segunda parte do comentário de Puck. O bad boy tentou acertar-lhe um tapa no chapéu, mas acabou acertando a cabeça de Finn no desenrolar do movimento. O grandalhão o empurrou e Puck quase caiu de sua cadeira, Finn virou-se para Quinn e sorriu ao dizer:

— Continue, Quinn.

— Ok... Bem... E-eu nunca me apaixonei por alguém. - Quinn falou insegura, aos gaguejos e pausas, mas, bebeu mais rápido do que esperava. Talvez, aquela atitude fosse um aviso de seu corpo para o que a sua mente tentava, a todo custo, negar.

Talvez, existia como uma atração - uma paixão - acontecer em menos de uma semana. Somente isso poderia explicar da onde tinha aquele magnetismo impressionante que desenvolvera em relação a Rachel. Somente uma paixão poderia fazer cogitar loucuras e sentir coisas sem, ao menos, ter se aproximado o bastante da morena... Isso justificaria seu nervosismo, os olhares, os toques oportunos e, até mesmo, aquele calor escaldante que queimava toda a irracionalidade de Quinn.

A loira não acreditava nesse tipo de evento, mas, não havia explicação para o que sentia em relação à morena sentada a sua frente... E, por não acreditar, Quinn esperava que, ao menos, fosse retribuída.

Quinn abriu os olhos quando terminou sua dose, mais uma vez, sua mente girou e ela teve que respirar fundo para tudo voltar ao normal. Não se surpreendeu por Kurt, Brittany e Santana terem bebido, muito menos, com a demora de Sam e Finn em beber. Mas, chocou-se com o copo intacto de Puck e, principalmente, entristeceu-se ao ver que Rachel nem fez questão de beber seu corpo enquanto ria com Puck.

A morena que desejara e pela qual, na ausência de explicações racionais, se apaixonara, não era familiar ao sentimento que ela mesma sentia.

Quinn segurou o seu copo em suas mãos, mais forte do que queria, sentindo que, de certa forma, toda a sua tristeza canalizava-se de forma violenta para aquele aperto. Mais uma vez, a distância entre a sua realidade e a de Rachel tornava-se maior. Parecia não fazer muito sentido insistir em algo que tinha tudo para dar errado... Rachel sequer percebera a mudança de seu comportamento, talvez, estivesse bêbada o bastante para tal ou, simplesmente, não se importava.

Rachel podia muito bem não ligar para a música à fogueira, os olhares, o que acontecera mais cedo na praia... Rachel podia, simplesmente, não ligar para Quinn da mesma forma que não ligava para outra garota em sua vida.

Imersa em seus pensamentos, Quinn não escutou quando Kurt, ao seu lado, disse:

— Eu nunca fiz um oral.

A loira tinha, mais uma vez, se fechado em seu mundo. E estava trancafiada o bastante para perceber que, finalmente, certa morena olhava atentamente para ela. Diferentemente do que Quinn se convencera, Rachel se perguntara se não tinha se equivocado em sua resposta.

Talvez, ela não tivesse se apaixonado... Até aquele ano.

Ela bebeu e nem foi tanto porque já tinha feito vários orais em sua vida e sim, pela pergunta anterior.

Ela já tinha se apaixonado e era recente o bastante para que ela se confundisse e não lembrasse.

Ruby observava a mesa de sinuca com uma expressão frustrada. Ela tentara, de todas as formas, se defender. Usou até de métodos pouco justos com Marley, incluindo, o seu charme e o melhor de seus sorrisos... Mas, Marley parecia ser impossível de desconcentrar quando estava com um taco de sinuca em mãos. A nova-iorquina podia até parecer vidrada em seu charme ou sorria sem graça com seus olhares mais atrevidos... Entretanto, ela não se desconcentrava. Jamais.

Aquilo era frustrante. Ruby era competitiva e tinha uma reputação a zelar... E essa sendo massacrada pela garota vinda do outro lado do país que a intrigara desde a primeira vez que se viram.

Marley parecia ser feita de surpresas... Da timidez superficial que escondia uma cantora excepcional e sedutora para essa jogadora de sinuca quase que profissional.

Na mesa de sinuca, Ruby tinha quase todas as suas bolas em jogo e Marley acabara de derrubar a última que ainda possuía. A nova-iorquina dançava, desengonçada e satisfeita, ao som da música que tocava na vitrola do bar. Ruby passou por ela e apanhou a bola oito, colocando-a encostada a extremidade oposta. Mais uma vez, os olhos azuis escuros de Ruby voltaram-se para Marley que continua a dançar de forma engraçada, a californiana até tentou esconder um sorriso, mas, foi impossível.

Marley era cativante demais e Ruby não conseguia ficar brava com uma pessoa pela qual estava tão atraída.

Porém, a californiana passou majestosa por Marley, rebolando mais do que o necessário em seu caminhar e sentindo os olhos azuis cristalinos em suas pernas e um pouco além delas. Ruby sorriu sedutora e encostou-se ao lado do local em que Marley provavelmente se posicionaria para fazer sua jogada, a nova-iorquina parara com a dancinha e a olhava, hipnotizada. Ruby jogou os longos cabelos dourados para trás e inclinou-se em direção à mesa ao sussurrar:

— Não quer acabar logo com essa tortura?

— Claro que eu quero, para seu próprio bem... - Marley respondeu audaciosa, aproximando-se de Ruby mais do que o necessário, invadindo completamente o espaço pessoal da mais velha. O sorriso torto de Ruby denunciou quão satisfeita ela estava com aquela aproximação, a californiana ajeitou a postura e as duas, inevitavelmente, se aproximaram. Marley olhou dos olhos para os lábios de Ruby antes de suspirar. - My my baby blue, yeah, I been thinkin’ about you... My my baby blue, yeah, you’re so jaded! And I’m the one that jaded you...

 

Marley cantou a música próxima a Ruby, apenas para irritar ainda mais a californiana. A mais velha revirou os olhos para a atitude infantil e brincalhona da mais nova e, quando ela se posicionou para dar a tacada final, Ruby não pode deixar de checar, de perto, o que já estava observando desde que começaram a jogar.

A nova-iorquina derrubou a última bola e a música acabou. Ruby observou Marley se levantar vitoriosa e piscar para ela, enquanto tirava o taco de sua mão e voltava-os para o suporte de madeira na parede. Ruby caminhou até ela e tocou-lhe a base das costas, arranhando o tecido fino da camisa da nova-iorquina, antes de sussurrar rouca ao seu ouvido:

— Lembre-se que você pode pedir qualquer coisa de mim.

Marley virou-se para ela, entretanto, mais uma vez, seu jeito desastrado falou mais alto e ela trombou em uma mesa próxima, derrubando o recipiente de giz para os tacos e os mais diversos instrumentos para a mesa de sinuca, incluindo o triângulo. Ruby riu do que aconteceu e Marley apoiou-se no cotovelo dela, rindo também.

A forma como os dedos pálidos de Marley fecharam-se em torno do braço perolado de Ruby parecia familiar, ainda que elas houvesse se conhecido há pouco tempo. E aquela situação dividida entre elas, iniciada com a sedução e terminando com algo caindo e se quebrando, era ainda mais familiar... Como se fosse somente delas.

Ruby sentia como se aquele jeito desastrado de Marley tivesse sido feito exatamente para que pudesse brincar e se divertir com ele, exatamente da forma como, um dia acreditara que as ausências em sua vida fossem se completar nas ausências que Rachel também possuía. A californiana não se lembrava de sentir-se tão ligada a alguém, em tão pouco tempo, como se sentia agora, com Marley. Exceto, talvez, pela conexão que possuía com Rachel.

Era irônico como as duas, vindas da mesma New York e tão diferentes, pudessem ser tão especiais para uma garota da Califórnia.

Marley, por sua vez, sentia a pele perolada de Ruby transferir a eletricidade que ela carregava diretamente para dentro de si. A atração era intensa e o que ela estava provocando as duas era loucura. A nova-iorquina não imaginaria, jamais, que poderia sentir tanto em tão pouco... Era loucura a forma como ela sentia que Ruby a via muito além do que demonstrava, assim como era loucura perceber que certos lados seus, escondidos pela sua timidez, simplesmente desabrochavam diante daquele par de olhos azuis.

Com Ruby, Marley sentia-se amadurecer, enlouquecer e, principalmente, viver de verdade... Da forma como a sua mãe pedia, da forma como Rachel vivia. Pela primeira vez e com Ruby, Marley sentia que estava abraçando a tudo que a sua vida podia lhe dar.

Da mesma forma como Marley temia o que poderia vier quando elas se envolvessem ainda mais, Ruby ansiava... E, uma coisa era certa, não tinha mais como evitar.   

As duas estavam completamente presas em seu mundo, mas, ainda assim, ambas escutaram uma voz conhecida e bêbada cantar do outro lado do bar:

We gotta get out while we’re young! ‘Cause tramps like us, baby we’re born to run!

 

Ambas viraram em direção à voz e flagraram Puck, sem camisa e prestes a tirar o calção, em cima de uma mesa, cantando a plenos pulmões. Marley riu ainda mais quando Finn praticamente deu um agarrão de futebol americano no amigo e o jogou nos ombros, tirando-o do bar. Rachel acenou para que ela corresse e Marley voltou a olhar para Ruby ao dizer assustada:

— Acho que essa é a minha deixa.

— Sempre fugindo nos melhores momentos, Marls... - Ruby sussurrou brincalhona, colocando um falso beicinho nos lábios. Entretanto, Marley não pode deixar de notar que os olhos azuis realmente estavam relutantes ao deixá-la ir. A nova-iorquina olhou por cima do ombro e assustou-se com a buzina vinda do jipe de Puck, ela, desajeitada, aproximou-se e beijou a face direita de Ruby, sussurrando:

— Não seja tão má, ou já esqueceu que eu posso ter qualquer coisa de você?

Ruby não viu os olhos brilhantes e, nem o rubor orgulhoso de Marley. Mas, ainda mais importante que isso, sentiu seu coração acelerar e responder a todos os seus questionamentos... A conexão existia e ela parecia muito mais profunda do que achava ser.

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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando?

Faberry e todos os seus problemas... Quando que a Rachel finalmente vai entender, de verdade, que a Quinn não é qualquer uma?
E a dinâmica Ruby e Marley?
E esperavam por Sam e Kurt?

Respondam a esses e outros dos meus questionamentos nos comentários, por favor! Contribuam para que essa autora continue louca e apaixonada por essa história Hahahahaha

No mais, me sigam no Twitter (@RedfieldFer) e comenteeeeeem!
Nos vemos na próxima,
Fernanda Redfield