A Negociada escrita por Jae Renald


Capítulo 5
Capítulo 4 - O golpe


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas ♥
Tudo bem?!



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Eu posso sentir a pressão, está chegando mais perto agora. ─ Pressure, Paramore

 

 

Davis me segue a cada passo, seu marchar tão próximo, compassado e invasivo me deixando irritada.

─ Senhor Davis, precisa mesmo me seguir como um cão faminto? ─ tento me controlar para ser o menos grosseira possível.

─ Desculpe alteza. ─ ele se afasta, sem graça ─ Eu pertencia à guarda pessoal de sua mãe, e ela gosta...

─ Senhor Davis, eu não sou minha mãe. ─ o interrompo, e sorrio forçadamente ─ Por favor, respeite meu espaço.

Chego à recepção da enfermaria na ala dos soldados, e encontro uma mulher, médica, de jaleco branco, coque impecável na cabeça, óculos de aros enormes no rosto, e uma prancheta na mão. Ela se curva, meio desengonçada quando me vê chegar.

─ Alteza!─ ela diz espantada ─ A que devo a honra de sua presença nesta área do palácio?

─ Vim para visitar Capheus North, espero que ele esteja bem. ─ meu peito se aperta.

─ Bem, sim alteza, ele está bem. ─ ela responde, num tom sério, me deixando preocupada ─ Ele passou por uma cirurgia ontem para a remoção da bala, que por sorte não atingiu nenhum órgão vital, ficou entre as costelas. Bem, sua chance de recuperação completa é altíssima.

─ E eu posso vê-lo? ─ é indescritível a sensação de alívio que toma todos os músculos do meu corpo.

─ Bem, ele ainda está semiconsciente por causa da anestesia e pelos remédios para dor que estamos aplicando. Mas, bem, acredito que para a salvadora dele, posso fazer uma exceção discreta. ─ ela pisca, ainda parecendo séria demais para meu gosto.

Caminhamos até um dos leitos, escondido por uma grossa cortina de hospital, e a médica se retira , levando o insistente guarda Davis com ela.

North dorme, serenamente, como nunca o vi antes. Seu cabelo loiro escuro espetado para todos os lados, a barba, geralmente bem feita, dando sinais de descuido, a boca aberta num ronco engraçado, os olhos cinzentos escondidos por trás das pálpebras fechadas.

─ Eu preciso que você fique bom logo, ok? ─ sussurro, mais para mim mesma que para ele ─ É um dos poucos amigos que tenho, não posso perder mais ninguém.

 North parece ouvir, pois se mexe, inquieto, até que acorda. Sinto-me um pouco culpada por tirá-lo do descanso, mas minha felicidade por vê-lo consciente depois de tudo que passamos é maior.

─ Não devia ter se arriscado por mim. ─ sua voz geralmente grave está rouca e soando sonolenta.

─ Capheus, você levou um tiro por mim. ─ sorrio, ousando me aproximar da cama e tocando suavemente seu ombro ─ Não podia esperar que eu não cuidasse de você também.

─ Pode soar uma novidade para a senhorita, mas eu estava cumprindo com minhas obrigações. ─ ele me olha severamente, e apesar da nuvem de remédios e anestesias, posso ver o aborrecimento por em seus olhos ─ Eu sou pago para protegê-la.

─ Então você preferia que eu o tivesse deixado no saguão, sangrando até a morte? ─ pergunto, perplexa.

Ele mantém a careta de desgosto, e desvia seu olhar de mim. Meu coração acelera, num agregado de sentimentos negativos e de confusão. Por que está tão bravo?

─ Não vamos discutir sobre quem assumiu riscos por quem. ─ tento esconder minha mágoa, me afastando lentamente ─ Apenas melhore logo, ok? Ninguém pode me proteger como você.

Após alcançar o corredor apresso meus passos para longe de North. O que exatamente ele queria que eu tivesse feito?! Deixado que ele me salvasse, e fugisse como uma covarde depois, salvando minha própria pele?! Mesmo não sendo a pessoa mais altruísta do mundo, uma coisa dessas seria impossível para mim.

 Em quatro anos de amizade, mesmo com os desentendimentos que acompanham qualquer relação, foi a primeira vez que o vi  ser tão duro e frio  comigo . E sua atitude me machucou.

Tento pensar como uma pessoa prática, ignorando por hora meus sentimentos e procuro me apegar ao conselho de Maisie de trabalhar para afastar pensamentos negativos. Aproveitando minha presença na ala dos guardas, decido procurar por Texas para agradecê-lo adequadamente por seu serviço prestado.

∞∞∞

Entro de supetão no escritório, ignorando tudo que sei sobre etiqueta e boas maneiras.

─ Imagine meu irmão, minha surpresa ao descobrir que, mesmo depois de ter lhe dito sobre o juramento de não fazer mal ao senhor Texas, descubro que ele está preso! ─ grito as últimas palavras, sentindo minha garganta arranhar, e o estomago roncar ao perceber um carrinho de café da manhã junto à mesa de Allen.

─ Eu precisei!─ ele me encara, surpreso com minha explosão, suas mãos agarradas aos braços da poltrona  ─ O general queria passar a cabeça dele numa guilhotina!

─ Não temos guilhotinas.  ─ aponto.

─ Ele queria construir uma, e passar o pescoço do guarda Texas nela depois! ─ suas bochechas magras ficam vermelhas  ­─ Uma noite na cadeia é praticamente uma medalha de honra nesse contexto. Ele será libertado hoje ao por do sol.

─ Ainda assim, precisarei de algum tipo de compensação para ele. ─ suspiro,  e uso um tom de voz baixo, que nos nossos termos significa fim da discussão ─ Quero que ele seja meu guarda costas enquanto North se recupera.

─ Ah, claro! ─ ele ironiza ─ Quebre as regras, não sofra as consequências, e seja promovido! Sabe o quanto você está destruindo a autoridade dos líderes militares do palácio?

─ O papai não se importaria. ─ meu peito se aperta.

─ Pelos céus Ruth, não venha falar dele agora!─ ele levanta, jogando a cadeira com força para trás─ Ele se foi! Não há mais ninguém para permitir os seus caprichos! Esse homem pode ser perigoso, ele veio da casta oito, a casta mais baixa, poderia muito bem ser um assaltante de esquina!

─ Mas eu quero! ─ aperto meus punhos inconscientemente ─ E se quiser, tenho autoridade suficiente para fazê-lo sozinha, apenas estava lhe dando o devido respeito como rei!

─ Você sequer está se ouvindo?! ─ ele parece incrédulo, suas veias do pescoço exaltadas ─ Por que estamos discutindo sobre uma besteira dessas afinal?

─ Eu não sei! ─ grito em resposta, cruzando os braços ─ Estou muito irritada! North brigou comigo por salvar a vida dele, e agora eu só preciso gritar com alguém!

─ Entendo. ─ ele baixa o tom de voz abruptamente e puxa a cadeira de volta para se sentar.

É como se instantaneamente eu me tornasse invisível ali na sala. Allen começa a encarar os papéis em sua mesa, com os olhos vidrados, lembrando nosso pai quando estava preocupado.

─ Há algo errado. ─ digo secamente, tomado um bolinho no carrinho do café da manhã e levando-o a boca, sentindo o sabor de blueberry tomar minha língua.

─ Tive uma reunião agora a pouco com o conselho, ─ ele respira fundo e balança a cabeça, parecendo envolvido num misto de raiva e confusão ─ e eles encontraram uma brecha na legislação.

─ Sim, continue, está me deixando aflita. ─ o incentivo após vários segundos de silencio.

─ Não serei rei até completar dezoito anos. ─ ele desabafa rapidamente, mal me dando tempo para compreender as palavras.

─ Allen, isso não faz sentido. ─rio ─ Eu mesma começarei os preparativos de sua coroação ainda hoje!

─ Eu vou ser coroado, sim. ─ seus olhos castanhos brilham em fúria ─ Mas serei apenas um adereço. O conselho planejou meticulosamente para que eu não tenha muito mais poder do que agora antes dos dezoito. Eles serão regentes em meu nome.

─ Não perece possível. ─ balbucio, sentindo o bolinho se revirar em meu estomago ─ Algo assim já havia acontecido na história de Illea?

─ E isso importa? ─ ele ri desdenhosamente ─ Entende o que está acontecendo aqui minha irmã?! Eles estão usurpando meu poder!

─ Só faltam seis meses até você completar dezoito, por que aplicar um golpe desses, se em pouco tempo você terá o poder de volta e poderá acabar com todos?

─ Acho que eles não têm intenção de me devolver o poder algum dia. ─ ele se inclina na mesa em minha direção e sussurra ─ O que me leva a acreditar que a morte de nosso pai pode ter sido arquitetada por eles.

─ Não. ─ respondo imediatamente, sentindo meus batimentos e minha respiração acelerarem ─ Não Allen. Nosso pai teve um infarto fulminante.

─ Mas ele tinha saúde perfeita, sabe que não faz sentido. ─ meu irmão insiste

─ Nosso pai não nos contava tudo. ─ minha garganta se fecha num nó ─ Ele pode ter tentado parecer mais saudável do que realmente era.

─ Ruth, não entende? Tudo isso faz sentindo! Estamos sendo usurpados! Nossa família, nosso país, correm risco na mão desse conselho arbitrário!

─ Não. ─ gemo baixo, deixando uma lágrima cair. Perder meu pai já é doloroso o suficiente, descobrir que ele poder ter sido tirado de mim é esmagador.

─ Sim. ─ ele também parece perdido e magoado ─ Rue, me ajude. Não sei o que fazer.

Minha cabeça começa a latejar e meu estômago se revira brutalmente, e sinto que vou vomitar. Está tudo errado. Tudo errado! Meu irmão devia assumir o trono, e nós deveríamos sarar nossas feridas com o tempo. Agora, não há tempo para lamentações, ou mesmo luto, porque o conselho em que meu pai sempre confiou cegamente está tramando contra as pessoas que eu mais amo no mundo.

─ Odeio dizer isso, acredite em mim quando digo que odeio admitir, mas acho que você também já pensou o mesmo. ─ suspiro, e um leve tremor percorre meu corpo ─ Precisamos da ajuda da rainha. Precisamos da nossa mãe.


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Notas finais do capítulo

Tãn tãn tãaaaaan
kkkkkkkk
Gostaram?! Espero que sim.
Fiquem atentos porque o próximo cap vai ser narrado pelo... Allen! E logo logo os irmãos Schreave terão de pensar em casamento...
Beijinhos ♥



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