For Your Smile escrita por Hanna Poop


Capítulo 1
Capitulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Betado pela Tia Matsu, obrigada amor ♥



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         Era por volta das 21 horas, e o loiro continuava sentado do outro lado da rua. Morávamos no mesmo prédio há algumas semanas, eu novo, ele... Bem ele era Maya.


         Já havíamos nos falado diversas vezes, e nossas brincadeiras eram sempre puxadas para o lado inocente.

 
         Ele com seus 16 anos, ainda era aquele com quem os outros evitavam comentar certas coisas. Eu com os meus 19 anos de pura safadeza, era um deles, que preferia esconder este meu lado, não pelo mesmo motivo, o “não posso falar para ele, ele vai se assustar”
e sim por que era Maya, e vê aqueles olhos se arregalarem com gestou até puros e palavras um pouco mais fortes, já era demais, imagino o que seria se ele soubesse como eu era. Era melhor não arriscar, ele ia acabar se assustando.


         Meu telefone tocou, e atendi, era Yuu, às vezes me perguntava se era grato por Yuu ter colocado aquele anjo na minha vida, que me fez enxergar que nem só de ilusão viveria o homem - no caso eu -, ou o culpava por ter trazido a pessoa por quem destruí tudo. Afinal, já fazia dias, cada vez que ele trocava palavras comigo, eu podia subir e ficar na janela do décimo terceiro andar, o olhando, porque ele estava sempre em frente à porta de ferro do salão vazio, sentado, as pernas abertas, fitando o chão enquanto brincava com a chama do isqueiro.

 

         Eu ri sozinho, não pela cena, mas por saber o que havia de tão interessante ali no chão, seu último cigarro, provavelmente estava caído naquele asfalto, ou melhor só o que havia restado neste, não me admirei ao pegar a carteira e gritar qualquer coisa para  a minha mãe ao chegar na porta, que apenas me respondeu o “use camisinha” de sempre, e voltou a sua novela.


         Esperei o elevador, o que demorou séculos, ódio, mas ao chegar ao térreo e sorrir gentilmente ao porteiro já pude ver o mesmo. Estava certo, era mesmo ele e resmungava algo. Atravessei o portão com calma e caminhei silenciosamente até ele.


         - Um homem nunca deixa seu companheiro acabar.  – Me agachei em sua frente e peguei em seu queixo com a ponta dos dedos, o levantando para me encarar, enquanto sorria.
         - Tem cigarro? – Franziu o cenho. Sorri ainda mais, o jeito dele de agir me encantava, talvez por amizade, ou mais que isso, não sabia ao certo.
         - Só dois. – Fui sincero na resposta, e vi o rosto de decepção que se formou ali, ficamos algum tempo em silêncio onde eu me sentei a sua frente e fiquei o encarando.

 

          Já havia se passado alguns minutos desde a última vez que ele havia conversado comigo, porém eu não me sentia nenhum um pouco incomodado por seu silêncio, podia ficar dias, apenas olhando ele pensativo daquela forma. Pelo menos era o que eu pensava, ao ter o silêncio rompido e perceber o quanto a voz dele era bonita, e o quanto eu gostava de ouvi-la.


         - Seu pobre.  –Ele riu e eu também, e continuaria, o que só não aconteceu por que senti o dedo indicador dele bater em minha testa diversas vezes, compassado com a fala pausada. – Eu preciso de bebidas e cigarros.


         Me levantei, e dei alguns passos, virando meu rosto para o lado e o fitando de canto.

 

          – Eu pago, mas precisa levantar essa bunda daí.  – Continuei a caminhar e logo senti ele vindo em meu encalço. Juro que ele havia dito algo como: “Não precisa gastar dinheiro comigo”, porém eu ignorei, até a parte em que ele mencionava o “arranjo dinheiro por aí”.


         Ao encontrar um dos bares ao qual eu estava acostumado a freqüentar, adentrei e esperei que ele me seguisse, não olhei sequer um segundo para seu rosto, não queria ver se ele estivesse com uma expressão de desapontamento. Por isso procurei um dos bancos, ligados ao balcão largo e grande, porém os dois mais afastados, no fim do bar, e me sentei, sendo seguido por ele que se sentou ao meu lado.

 

         Sabe aquele ditado que dizia “Uma moeda por seus pensamentos”? Pois é, eu daria todas as notas em minha carteira para saber o que ele pensava naquele momento. Após ele ter sentado, um jovem de estatura média, veio em nossa direção, este estava do lado oposto do balcão e trazia um copo e um pano de prato, enquanto se aproximava e dizia educadamente o “Posso ajudar?” fiz meu pedido, aproveitando para pedir o mesmo a ele. A noite estava Gélida, indicava chuva, melhor bebida para ocasião? Vodca, uma garrafa ainda lacrada, os dois copos, e os dois maços de cigarros, que o atendente dividiu certinho, colocando um na frente de seu respectivo dono. Por algum motivo Maya devia estar infeliz com a situação, já que também não me olhava. Apenas cutucou o maço de cigarros e mexeu o liquido no copo que eu havia acabado de servir. Eu peguei um cigarro, e o acendi, a nicotina esquentando minha garganta, enquanto descia lentamente.

 

         Ele me olhava de canto, eu me pergunto se sabia que eu também o olhava, ou se achava que eu não havia notado. Acho que foi perdido em algum pensamento parecido com o meu que resolveu virar o líquido de uma só vez. Vi seu rosto corar, e os olhos lacrimejarem, acho que o menino que queria bebidas não era tão acostumado com aquilo. Ele me encarou, e então eu percebi, o líquido ardente serviu como incentivo.


         -Tem medo de mim? – Eu não pude deixar de rir, claro que não esperava algo do tipo, então apenas traguei do meu cigarro, da forma mais lenta e prazerosa que eu conhecia, aproveitando para em seguida beber de minha vodca, quase o líquido todo do copo. Para aí então soltar a fumaça que havia prendido em meu pulmão por alguns segundos, o isqueiro parecia um atrativo muito bom, e por algum tempo ignorar aquela pergunta tornava-se algo muito atraente, mas não podia fazer isso com ele. Então o olhei, ainda sorrindo, dessa vez de canto e beirando ao divertimento.

 
         - Não. – Eu vi a expressão dele modificar-se para indignada, os olhos se voltaram para a garrafa e enchia o copo uma segunda vez, logo levando aos lábios, mas antes de beber falou com um tom arrastado.


         - Idiota, odeio você. – Claro que se passou na minha cabeça perguntar o porquê de aquilo, o porquê dele pensar algo do tipo, mas não perguntei, tinha a impressão de ser pelo meu egocentrismo, e não podia fazer nada em relação a isso.


         - E eu queria poder te odiar. – Ele bebia rápido, quase em desespero enquanto eu matei de uma única vez a bebida que havia acabado de me servir, estava pensativo, talvez por isso a tragada lenta de meu cigarro seguida pela admiração da fumaça que saía de sua ponta parecesse algo normal. – Ou ao menos não amar.  – O olhei com um sorriso fraco, daqueles que damos apenas para não mostrar o grau de tristeza que uma frase havia formado. Ele bebeu mais uma vez, acho que agora já estava bêbado, pois grande parte do líquido escorreu pelo seu queixo, este passou a manga comprida da blusa e secou. Para então abaixar um pouco o olhar, e dizer em um tom tão baixo quanto.


         - É... Dizer que te odeio dói mais, mesmo assim você consegue. Um dia, certo?  - Ele ria alto, espantando-me ao se levantar e me estender o copo, fiquei com medo que ele caísse já que estava em pé sobre o banco. Algumas pessoas o olhavam sem fazer nem dizer nada, peguei a garrafa e enchi seu copo, ele já tinha 16 anos, devia saber seus limites, a garrafa estava agora na metade, e bem, para evitar que ele bebesse, eu mesmo o fiz de uma única vez. Minha garganta chegou a arder, mas já estava acostumado com aquele tipo de coisa. Bati a garrafa agora vazia no balcão e o rapaz retirou-a dali, como se temesse que Maya caísse por cima dessa.


         - Desce.


         - Ahhhh Miiiiyaviiii! – Inclinou a cabeça para trás enquanto sentia o copo pesar em sua mão. Quase caía do banco nesse intervalo de tempo que fora insuficiente para seu pequeno show. Maya bebeu e bebeu, acenou para outros que o olhavam estranho. – Vem, vamos dançar nesse palco? – Abaixei a cabeça e soltei um suspiro, traguei meu cigarro uma última vez, sem direcionar meu olhar a ele, e então apaguei em um cinzeiro próximo para subir no balcão e estender minha mão em sua direção.


         - Esse aqui é maior. – Mesmo que a bebida não houvesse me afetado tanto, eu já estava um pouco alegre, a vergonha ainda era presente, porém não negaria a ele, não aquilo, e nem naquela noite. Não entendo o motivo de aquilo significar tanto para mim, mas o sorriso brotando em seu rosto, enquanto ele segurava em minha mão, era quase que uma obrigação de minha parte. – Vem, vamos fazer nosso show.


         Obediente, segurou minha mão, e seu toque me fez despertar, já se postando em nosso falso palco com satisfação. Procurou algo para ser o microfone, mas a mão fora o melhor para o improviso.


         - O que você quer cantar, Sr. Miyavi? –Continuava a sorrir largamente, e isso já me satisfazia, enquanto direcionou o ‘microfone’ para a minha boca.


         - Posso escolher qualquer coisa? – Eu ria igualmente a ele, e claro, minhas palavras saíam no microfone alheio, assim como segurava o punho dele por um tempo. Realmente era um show, já que agora íamos de um lado a outro, cantando. Às vezes usávamos do mesmo “microfone”, e era lindo a forma como ele estava se divertindo. Assim como eu, e todos no bar, que ficavam olhando e rindo, os que conheciam a canção aproveitavam para ajudar, mas como tudo chega ao fim a música chegou, e meu equilíbrio também. Escorreguei em um ponto molhado do balcão, e todos nós, digo, o bar inteiro se pôs a rir da situação, Maya estendeu a mão para me ajudar, e eu a aceitei. – Acho melhor parar.


         Descemos, e o rapaz se pôs a limpar o balcão, com Maya se preocupando se devia ou não ajudá-lo, porém foi rápido, e eu apenas paguei a conta, estava tarde e ele era menor de idade. Saímos do bar, o cheiro da chuva presente no vento, porém ainda não pingava uma gota sequer.  Ele caminhou até o centro da rua, enquanto eu continuava parado, e como quem chama a chuva ele abriu os braços, e ela começou, fraca, apenas alguns pingos grossos, mas em menos de segundos ela havia se tornado mais intensa, ele ria, olhando o céu, e deixando a água molhar seu rosto. E conseqüentemente, todo o seu corpo.


         Tirei minha carteira e o cigarro, e coloquei sobre o muro coberto, a lua estava iluminada apenas pela lua e as luzes do bar, que era poucas.


         O peguei em meus braços, e como dois bestas começamos a dançar, ele já estava completamente ensopado, o que apenas ajudou para que minhas roupas se tornassem iguais as dele.


         Um trovão mostrou que aquilo só viria a piorar, então logo propus que fôssemos embora. Peguei meus pertences no muro e fomos para a casa, dessa vez chutávamos poças, e ríamos de algumas piadas, assim como ele virou meu cavalinho.

 
         Mas tudo que é bom chega ao fim, e sentia que estava próximo quando chegamos em nosso prédio.

 
         - Meus pais estão viajando, se quiser, sei lá, ir lá em casa... Um pouco. – Eu sorri, não havia como esconder, era claro que eu aceitaria. Nós subimos, e ao chegarmos ele me deu uma toalha, seguidas de diversas brincadeiras, e um conjunto de roupas suas.


         - Você podia me secar. – Disse sem pensar, e logo comecei a rir como se fosse brincadeira, porém ele puxou o pano de minha mão, e disse rindo que faria mesmo.


         Fiquei em silêncio, enquanto despi a parte superior de meu corpo, ele secou cada parte de meu tórax, braços e costas. Meus olhos se mantinham fechados, e só abria a cada vez que sentia ele estar em minha frente, já que rodeava diversas vezes meu corpo. Ele em nenhum momento me olhou nos olhos, seu rosto assumia um certo rubor, enquanto seus olhos passeavam, analisando cada uma de minhas tatuagens.


         Só me retirei para secar a parte debaixo e me vestir, quando voltei para a sala ele já estava seco e trocado também. Por algum motivo estávamos sorrindo, mas não estávamos com tantas piadas, apenas o silêncio já estava de bom tamanho aquela altura.


         - Pipoca?


         Eu assenti, fomos ambos para a cozinha, ele separou o milho e a panela, porém ficou olhando, eu caí em risos altos ao saber que ele não sabia fazer uma coisa tão fácil como aquela, pois bem, tive que ensiná-lo. Que homem pode se dizer homem, sem saber fazer uma boa pipoca?


         Quando estava pronta, coloquei um pouco de Sazón, e levei até ele, que agora estava sentado sobre a mesa, balançando as pernas e me olhando atentamente.


         Me aproximei com a vasilha em mãos e me posicionei entre suas pernas, coloquei um pouco em sua boca, e ele experimentou. Após aprovar o gosto comecei a empurrar o máximo de pipoca que ele podia agüentar, o que o fez inflar as bochechas e me pedir para parar diversas vezes, o que só foi atendido ao me dar um tapa no ombro, soltei o pote ao lado dele na mesa, e segurei em sua cintura, aproximando mais nossos corpos.


         Sentado na mesa aproveitou e me enlaçou com suas pernas, nossas testas se colaram de imediato.

 

          – O que foi? Não gosta de apanhar?  - Eu ri baixo, minha voz saiu baixa, afinal estávamos próximos o suficiente, não precisava mais que um sussurro para que ele me ouvisse.

 
         - Me irrita, e eu te castigo. – Ele sorriu de canto, e fechando os olhos, disse no mesmo tom que eu, porém sua voz saiu rouca, como eu nunca antes havia escutado.


         - Castiga, eu não ligo.  – Meus olhos se fecharam, e dessa vez cedi ao meu desejo, juntando meus lábios aos dele, massageando-os calmamente. Eram tão macios, suaves, e pela pipoca estavam levemente salgados.

 

         Não sei qual de nós intensificou aqueles movimentos, só sei que por conta dele os lábios estavam se abrindo automaticamente, como se tivesse sido coreografado. Minha língua percorreu aquela entrada mínima, e ela se alargou, me dando espaço para conhecer toda aquela cavidade, e por deus, eu não sabia como havia ficado tanto tempo sem aquilo. E foi quando sua língua se encontrou com a minha em um entrelaçar sincronizado que suspirei, pendendo minha cabeça para o lado, propondo um encaixe perfeito. Não sabia se eram segundos, minutos ou até mesmo horas, mas nossos lábios só se separavam para buscar um pouco do ar, antes de se encaixarem mais uma vez, seu corpo pendendo para trás, e o meu acompanhando perfeitamente. Era sem dúvida a melhor noite com o meu anjo.


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Notas finais do capítulo

Enfim, reviews?



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