Entre feitiços, muito cocô, e um Borela. escrita por Lucas Stumpf


Capítulo 1
O Sorteio




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O expresso de Hogwarts fez uma curva semi-aberta, desaparecendo atrás de um arvoredo de azevinho cujo cheiro leve penetrava no vagão de número doze, junto à brisa.

Um garoto de aspecto distraído e indiferente olhava para fora, contemplando a paisagem que passava diante de seus olhos como um rolo de filme.

—Para qual Casa vocês esperam ir? - indagou Ysadora, incomumente animada.

—Bem - começou o garoto, ainda distante; sem tirar os olhos do próprio reflexo no vidro -, toda minha família tem sido da Corvinal. Sinceramente, não gostaria de ir para lá. - Acrescentou.

—Por que? - Gabriel quis saber, deixando escapar um leve tom ofendido em sua voz desproporcionalmente grave.

O garoto finalmente se virou para os demais, e em seu rosto, ostentava uma expressão surpreendentemente controlada de repulso.

—O Gabi... - as palavras pareciam ter um gosto áspero e azedo.

Gabriel trocou risadas com um outro garoto sentado ao seu lado: gordo e baixinho, com óculos tortos e sardas pontuando seu rosto debochado.

—Podia ter convidado ele para sentar com a gente. - comentou Ysadora.

—NÃO! - Os três garotos bradaram ao mesmo tempo, a voz de Gabriel se sobressaindo das demais.

—O cheiro iria ficar impregnado na gente até o sétimo ano. - Explicou Gabriel, exasperado.

—É - confirmou Pedro. - Não quero que a minha primeira lembrança em Hogwarts seja aludida ao Fezes...

—Coitado, pessoal. - disse Ysadora, com piedade, muito embora em seu rosto houvesse o traço de um sorriso.

Lucas não se estendeu nas risadas. Tirar sarro de Gabi era tão costumeiro, que a graça transcorria por ele como uma lufada de ar depois que se abre a janela na alvorada.

No fundo, setia pena do primo. Gabi não herdara relativamente nada de positivo de sua família, e a mãe dele, Sônia, sentia um orgulho exponencialmente maior dos outros filhos - mesmo um deles tendo nascido abortado -, e isso não ajudava sua auto-estima a subir, o que apenas prejudicava seu desempenho em magia.

Sônia contara que temia que Gabi tivesse nascido abortado também, uma vez que seu primeiro traço mágico despontou apenas aos nove anos de idade, quando fez um bolo de aniversário aparecer encimado de cuecas sujas. Claro que isso lhe rendeu um mês de castigo, mas Lucas acreditara que poderia ter sido muito mais se não tivesse sido seu primeiro feito mágico.

O trem finalmente parara. Um burburinho se espalhou pelo ar como um enxame de moscas ao redor de um doce, e Gabriel sugeriu que esperassem os demais saírem, para evitar o congestionamento.

Assim que não ouviram mais passos apressados e vozes abafadas, os quatro saíram do vagão, pondo os olhos em um corredor ladeado de cabines vazias. O lado de fora estava mergulhado na escuridão noturna, e o vapor de seus hálitos se elevava e se dispersava no ar frio. Uma multidão de alunos do primeiro ano prestava atenção em um homem alto e corpulento, que devia ser ainda mais alto que Ysadora - coisa que Lucas, Pedro e Gabriel achassem impossível até para uma Acromântula, uma vez que tinham certeza que Ysa era descendente de gigantes.

—Bem-vindos, alunos novos! - berrou o homem alto, balançando um lampião cuja luz bruxuleava na penumbra. - Me sigam, por aqui, até as balsas.

E com um aceno da mão enorme, conduziu os alunos até a margem de um lago vítreo e escuro, com pelo menos cinquenta balsas pequenas flutuando lado a lado. Lucas logo pensou que não deviam aguentar mais de quatro alunos por vez, e a balsa maior e mais larga que havia mais à frente, devia ser exclusiva para Rúbeo Hagrid.

—Acho que a Ysadora vai precisar ir naquela. - riu Pedro, apontando para a balsa maior.

Ysadora não acompanhou os meninos nas risadas, ao invés disso, fez uma cara arrogante e retorquiu:

—Acho mais provável ela afundar com o seu peso do que com o meu.

—Pelo menos o caso do Pedro se resolve com um feitiço redutor. - replicou Gabriel, ofegante. - No seu caso, se a gente o usasse cerca de vinte vezes, você ainda continuaria... Ampla.

Pedro, que já estava com os olhos marejados e rosto inchado de tanto rir, explodiu ainda mais, atraindo a atenção de vários alunos que os olharam com o cenho enrugado. Ysadora corou e ficou calada, fingindo prestar atenção no discurso da Hagrid, que se perdia no meio dos burburinhos dos alunos.

Passado um tempo, a multidão se separou, e grupos de quatro se aninharam nos barquinhos iluminados pelo holofote prateado da lua. Lucas olhou por cima das cabeças sombreadas, e tentou localizar Gabi, mas não conseguiu. Tudo o que pulsava em sua mente, era o dó que sentia dos três que dividiriam a balsa com ele.
Depois que todos os alunos se acomodaram, os barcos começaram a se mover sozinhos, deixando um rastro fino na superfície semelhante à gelo do Lago Negro. Mais à frente, cerca de sete minutos depois, um amplo e magnífico castelo apareceu no horizonte: suas torres empunhando-se ao céu estrelado, recordadas contra o negrume, e suas janelas cintilantes poderiam facilmente ser confundidas com estrelas um pouco mais próximas.

Descendo dos barquinhos, a multidão subiu por uma escadaria de pedra que serpeava pelas rochas, os degraus banhados com a luz dourada dos archotes flamejantes. Eles apenas pararam de caminhar quando chegaram à uma grande porta ornamentada de carvalho. Ela era tão polida e clara, que a multidão conseguia ver seus reflexos sinuosos na madeira.

Assim que Lucas pensou em procurar por Gabi novamente, a grande porta se abriu de chofre, e dela irrompeu uma alta mulher de aspecto severo e vestes verde-esmeralda que dardejava à luz que vinha do outro lado.

—Alunos, essa é a professora Minerva McGonagall. - contou Hagrid, que parecia orgulhoso por algum motivo.

—Obrigada, Hagrid. - agradeceu McGonagall, com um sorriso tênue que fez suas leves rugas ondularem e sua severidade derreter em uma expressão fofa e calorosa. - Sejam muito bem-vindos. Irei conduzi-los ao Grande Salão agora; por favor, mantenham a disciplina e a ordem. Hogwarts não tem um histórico de detenções antes mesmo do sorteio das casas, e não queremos começar agora.

—Ótimo, já tenho algo á adicionar na lista de coisas que serei o primeiro a fazer em toda a história de Hogwarts! - Disse Lucas, alto o bastante para que todos o ouvissem.

Pedro levou as mãos ao rosto escarlate e Gabriel soltou um riso silencioso que tentou esconder do olhar feroz da professora. Minerva se aproximou de Lucas, semblante ameaçadora, abaixou os óculos de meia-lua e o estudou com rispidez.

—Você me lembra muito um aluno que tivemos. - comentou ela. - E isso não é um elogio.

Lucas retribuía o olhar da professora com uma expressão distante, como se não estivesse diante de alguém que pudesse lhe aplicar severos castigos. Pedro olhava para o amigo pelo canto dos olhos murados pelos óculos, esperando que a qualquer momento, McGonagall lhe transfigurasse em algo bastante indecente. Mas ela não o fez. Simplesmente pigarreou, girou os calcanhares e voltou para o lugar em que estava á princípio.

—Se quiserem se dar bem em Hogwarts, não sigam o exemplo dele. - comentou ela, forçando um sorriso.

—O aluno que a senhora disse que eu lembrava, se dera bem em Hogwarts? - Lucas quis saber, repreendido por um chute de Pedro.

A professora não respondeu. Ajeitou os óculos e pediu de maneira seca:

—Sigam-me.

Os alunos galgaram por escadas e mais escadas, virando em esquinas onde, às vezes, havia um fantasma cruzando de uma parede para outra, seus corpos refulgiam prateado com a luz que penetrava pelas janelas de vidro. Grande parte dos alunos demonstrava surpresa e medo, mas não Lucas, Gabriel, Pedro e Ysadora. O fato de terem nascido em famílias mágicas, lhes rendia o conhecimento da possibilidade de tal acontecimento.

Eles pararam diante de uma nova porta. Muito maior e imponente que a anterior: era dourada, e brilhava com tamanha intensidade, que ninguém se surpreenderia caso a professora explicasse que emitia brilho próprio. O cheiro daquele patamar se assemelhava ao de uma biblioteca antiga, cujos livros são foleados com muita delicadeza devido à idade. A professora se virou para eles novamente, agora com ainda mais dureza no rosto. Ela retirou uma longa varinha das vestes verdes, e a sacudiu no ar, como se fosse a batuta de um maestro.

—Antes do jantar de boas vindas, cada um de vocês será selecionado para uma das quatro Casas. - contou ela, como se fosse um comando. - Sendo elas: Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e... - ela pousou os olhos ríspidos em Lucas. -... Sonserina.

"Durante suas estadias em Hogwarts, essas Casas serão como se fossem suas famílias; e seus feitos irão render ou..." e novamente olhou para Lucas "...reduzir seus pontos. No final do ano, a casa que tiver mais pontos, será condecorada com a Taça das Casas."

A professora esperou a agitação resultante do discurso se dispersar, e continuou:

—Ao entrarem no Salão, estarão diante de Alvo Dumbledore, o maior bruxo da nossa era...

—Até agora. - Interrompeu Lucas, arrancando olhares fulminantes da professora.

— Por tanto - continuou ela, ajeitando os óculos, enquanto uma veia saltava em sua têmpora -, é de se esperar que tentem passar uma boa primeira impressão.

Sem dar tempo para que Lucas soltasse outro comentário arrogante, ela escancarou a porta de ouro, e a mesma se abriu para um amplo salão com velas perpétuas que flutuavam sobre quatro mesas compridas e apinhadas de alunos curiosos. Eles caminharam em fila pelo caminho entre as mesas, e muitos alunos novos exclamavam para o teto encantado que assumia a forma de um céu noturno, cujas nuvens revolviam e encobriam a lua. Ao fundo do salão, havia um altar decorado com quatro bandeiras, das cores vermelho, amarelo, azul e verde; assim como uma mesa de carvalho, onde, sentados, só havia adultos de um aspecto quase tão severo quanto o de McGonagall. No centro deles, se encontrava um homem velho e grisalho, com uma longa barba prateada e um chapéu púrpura  pontudo.

A professora subiu no altar, e os alunos se prostraram diante dos degraus, observando-a levantar um chapéu roto e encardido de cima de um banquinho de madeira. Com a mão livre, Minerva acenou com a varinha, e um longo pergaminho amarelado se materializou no ar, e ficou lá flutuando, diante dos olhos da professora.

—Eu irei chamar seus nomes, e, quando o ouvirem, deem um passo à frente. Irei colocar o Chapéu Seletor em suas cabeças, e serão sorteados para sua Casa. - Ele pigarreou, e fitou o pergaminho com suavidade. - Alianna, Noa.

Uma menina de cabelos dourados e rosto pálido se desvencilhou da multidão, e sentou o banquinho de madeira, trêmula. Minerva lhe lançou um olhar encorajador, e Lucas não soube dizer exatamente se a menina era pálida assim por natureza, ou era efeito do nervosismo. Um grande rasgo se abriu no chapéu, e suas dobras empoeiradas assumiram a forma de olhos.

—Hum, muito bem. - disse o chapéu, com uma voz aveludada que ecoou pelo salão. - GRIFINÓRIA!

Uma mesa do lado direito explodiu em vivas, ao mesmo tempo que a menina saiu correndo do altar, e se juntou aos estudantes que comemoravam. Todos com vestes que ostentavam o brasão vermelho de um leão dourado.

Depois que as palmas cessaram, a professora, agora sorridente, tornou a ler o pergaminho.

—Alves, Pedro. - chamou ela.

Pedro se destacou entre os alunos, e subiu vagarosamente os degraus. Lucas e Gabriel encaravam curiosos o amigo que acabara de ter os olhos cobertos pela aba do chapéu.

—Entendo... - murmurou o Chapéu Seletor. - Interessante. Tem talento... E uma grande ambição de mostrar aos outros suas capacidades. Melhor que seja... SONSERINA!

A mesa mais ao fundo do lado esquerdo assobiou e bateu palmas. Pedro saiu do altar vagarosamente, dando mais importância a fitar seu reflexo no chão lustrado do que caminhar, como se tivesse medo do que poderia lhe acontecer quando sentasse à mesa da Sonserina.

Lucas e Gabriel trocaram olhares intrigados assim que o corpo de Pedro desapareceu atrás de alguns alunos de vestes negras com um emblema verde de serpente. Não esperavam que ele fosse sorteado para a Sonserina, e tampouco ele próprio.

O tempo foi passando, e a multidão diminuindo. A casa mais selecionada até agora fora "Grifinória", e isso parecia aborrecer o professor sombrio que sentava de forma soturna no canto esquerdo, com os cabelos negros emoldurando seu rosto sério. De repente, a voz aguda da professora anunciou:

—Decian, Gabriel.

Gabriel arregalou os olhos e subiu ao altar empurrado por Lucas. O chapéu tocou-lhe a cabeça suavemente e começou a "assentir".

—Você é um garoto bastante incomum, não é? - comentou o chapéu.

—Eu tento. - respondeu Gabriel, sorrindo.

—Vejo que vem de uma família muito peculiar... Os Decian, hã? Não houve um que não tenha ido para a Sonserina... - Houve uma pausa, e nada se ouviu no salão até que o chapéu completou: - Mas no seu caso, melhor que seja CORVINAL!

Os alunos da primeira mesa da esquerda se levantaram sorridentes, enquanto batiam palmas calorosas. Gabriel desceu aliviado do altar, como se fosse uma lufada de ar fresco ter sido sorteado para a Corvinal - mesmo que, antes de se sentar, um fio de preocupação cortou sua expressão orgulhosa, e Lucas logo percebeu que era o pensamento de que Gabi tinha muitas chances de ir para a mesma casa.

Com menos de quinze alunos espalhados em frente o altar, Lucas finalmente conseguiu enxergar Gabi, seu primo: os cabelos mal lavados descendo até os ombros, o rosto espinhento e os olhos azuis armados com olheiras.

—Stumpf, Gabriel. - chamou a professora.

Gabi subiu os degraus constrangido, segurando os fundilhos de suas vestes negras, e deixando um rastro malcheiroso que fez a professora Minerva entortar o nariz ao pousar o Chapéu Seletor em seus cabelos oleosos.

—Professor Snape - disse o Chapéu, educadamente. -, já lhe disse para não deixar a validade de seu estoque de Poção do Morto-Vivo vencer.

A multidão de alunos atiraram risadas à esmo, o que fez a cabeça de Gabi se encolher ainda mais para dentro do chapéu. Quando o último eco de risada se extinguiu, o Chapéu gritou:

—Corvinal!

Os alunos da mesma mesa em que Gabriel estava sentado, esboçaram sorrisos forçados, e bateram palmas vagarosas. Lucas viu Gabriel bater o rosto violentamente contra a mesa.

—Schorn, Ysadora. - disse a professora, tentando conter as vaias e os deboches dos alunos das outras Casas.

Ysadora - que já havia se destacado muito dos demais por causa de sua altura -, sentou-se no banquinho, e somada ao tamanho do Chapéu Seletor, ficava mais alta que o próprio Dumbledore.

—CORVINAL! - berrou o chapéu, sem se estender muito.

Ysadora apertou os lábios ao mirar a cabeça de Gabi, que estava afastado dos demais alunos da Corvinal. A garota se sentou ao lado de Gabriel, e ambos voltaram sua atenção para o altar, novamente.

—Stumpf, Lucas.

Lucas subiu até o banquinho, e a professora colocou o chapéu em sua cabeça como se estivesse lidando com um animal perigoso... Talvez um Explosivim. A aba cobriu os olhos de Lucas, e ele jurou poder ouvir as entranhas do chapéu se movendo.

—Curioso... - soltou o chapéu. - Uma aptidão para todas as quatro Casas. - acrescentou. - Entretanto, você sairá melhor na SONSERINA!

Um sorriso presunçoso se abriu no rosto do garoto, e ele desceu do altar encarando os poucos alunos restantes, de modo como se dissesse para eles não ousarem ser selecionados para a mesma casa que ele. O garoto se juntou a Pedro na última mesa da Esquerda, e ambos riam em silêncio de Gabriel e Ysadora, que viravam o rosto para o lado oposto ao de Gabi.

Depois que todos os alunos foram selecionados. O professor Dumbledore se levantou, e sua imponência se espalhou pelo salão como um espírito nobre. 

—Antes de servirmos o banquete - disse ele, com uma voz rouca e fofa que contrastava muito de sua fama. -, quero dar alguns avisos: primeiro, a Floresta Proibida está fora dos limites autorizados por um aluno, a não ser que seja durante a aula de um professor. Segundo, fomos contatados sobre uma possível... "comercialização" de crias de Mantícoras na escola...

Um burburinho se espalhou pelos alunos, e era possível ouvir coisas como "quem seria retardado ao ponto de..." e "Nossa, deve ser interessante, nunca vi algum...".

—Qualquer aluno que seja apanhado portando tais ovos, será expulso sem oportunidade de julgamento. - Sua voz agora soou autoritária e podersa. - Isso é tudo. - finalizou Dumbledore.

Imediatamente, travessas de comida se materializaram sobre as mesas, assim como taças, talheres e pratos. O aroma agridoce flutuava no ar juntamente com a fumaça que se perdia no céu estrelado. Os alunos da Corvinal pareciam levemente desconfortáveis em comer qualquer coisa na presença de Gabi, e Lucas imaginava que o aroma daquele lado não devia estar tão apetitoso quando deveria... O único Corvino que não fazia cerimônia alguma, era Gabriel, que se apressou em entupir seu prato de batatas, salsichas untuosas e coxinhas de frango.

Depois do jantar, os monitores de cada Casa guiaram os alunos novos para seus dormitórios. O dormitório da Corvinal ficava na torre oeste de Hogwarts, mais especificamente no quinto andar; enquanto o da Sonserina se encontrava nas masmorras, próximo à sala onde era ensinado a disciplina Poções.

—Que dó do Gabriel. - comentou Pedro, estendendo os lençóis verdes sobre sua cama guarnecida de cortinados da mesma cor. - Quer dizer... Tem o Gabi lá.

Lucas deu um sorriso murcho, enquanto colocava sobre o criado-mudo, um exemplar de "Livro Padrão de Feitiços".

—Quem sabe eles possam se dar bem. - arriscou Lucas, não pondo fé nas próprias palavras.

—Será que não tem nenhum feitiço para fazê-lo... parar de... Você sabe...

Lucas deitou na cama, e sentiu a textura gelada dos lençóis.

—Duvido que alguém tenha inventado um feitiço assim.

O garoto apanhou o Livro Padrão de Feitiços, e começou a foleá-lo. Não no intuito de encontrar um feitiço que fizesse seu primo parar de defecar nas calças, mas apenas para se distrair.

O silêncio foi quebrado com uma exclamação de Pedro.

—Ah, por favor, tente se controlar mais. - Pediu ele, em tom de súplica. -Eu quero ganhar essa taça.

Lucas sorriu enquanto deslizava o olhar pelo feitiço "Protego Máxima".

—Tentarei.

Pedro lhe lançou um olhar avaliador e se afundou nos cobertores verdes. Vendo que ninguém mais no dormitório exibia vontade de continuar acordado, Lucas apontou a varinha para o teto, e a toda a luz no ambiente se extinguiu, como a chama de uma vela.


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