Não Olhe Para Sombra escrita por Luccapaiva


Capítulo 5
Ao Amanhecer




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Já havia se passado horas e parecia que a dupla nem haviam saído do lugar. Taylor já estava ficando impaciente, o dia estava demorando a começar, e já era tempo de estarem na cidade.

— Acelera essa merda Thom – Taylor reclamou impaciente.

— Estou andando o mais rápido que dá – Thomas respondeu grosso igualmente – Não tenho culpa se essa estrada parece mais longe na volta.

Taylor deitou a cabeça no banco e colocou a mão na cara tentando cochilar um pouco. Ambos não aguentavam mais andar naquela mesma estrada que nunca acabava.

Poucos metros a frente Thomas vê uma placa e acorda Taylor diminuindo a velocidade do carro. Os dois olham atentamente para a placa para verificar informações de onde estavam e para onde estavam indo.

— “Fagenold, 800 quilômetros” – Taylor olha para Thomas – você está brincando comigo que você pegou a estrada mais distante? A merda da vila não ficava apenas a 100 quilômetros?

— Mas ela fica, olha ali – Thomas aponta para a placa com o carro parado ao lado dela – A placa está mostrando 100 quilômetros.

Taylor ficou sem entender, estava escrito 800 ali agora mesmo. Curioso com o que havia acontecido, desce do carro e chega mais perto da placa. Ele mexe e aperta todos os números da placa a procura de um fundo falso.

— Que merda Tay, volta pra cá agora mesmo – Thomas com medo do ambiente a noite tenta defender o amigo.

Taylor não deu bola, ando ao redor da placa com sua lanterna e completou uma volta. Olhou fixamente para a placa e novamente ela havia mudado. Agora escrito “Fagenold à 100 metros”, porém com uma letra manuscrita.

— Tem alguém brincando com a gente Thom – Taylor pega a arma da cintura e aponta a lanterna para o arbusto ao lado da placa.

Thomas desce do carro e cobre o amigo enquanto investigava o arbusto. Por sorte não havia nada ali e não havia nenhum lugar que uma pessoa pudesse esconder.

Os dois ficam angustiados por não entenderem o que estava acontecendo com a placa. Por meio das dúvidas, Taylor determinou que os dois ficassem ali observando a placa por mais um tempo, sendo assim também descansavam.

A luz da lua iluminava toda a estrada e as luzes ao redor, mas ela estava baixa, o que é um bom sinal, pois indica o fim da noite. Aproveitando o descanso, Taylor e Thomas decidem esperar o sol nascer para seguirem a viagem. Enquanto isso, escorados no capô do carro, pela primeira vez iniciam uma conversa como verdadeiros amigos:

— Nunca senti tanta falta da minha família – Taylor comenta.

— Pelo menos você tem uma família – Thomas ri – Eu tenho que morar com um colega de trabalho que só sabe comer e jogar vídeo game.

— Não ache que ter uma família é fácil Thomas, às vezes eu penso de como seria minha vida se eu não tivesse me casado.

Antes de Thomas responder alguém o interrompe. Uma voz que vinha de trás do carro e que parecia bastante familiar para Taylor.

— Talvez você queira descobrir!

Os dois olham para trás e apontam a arma. Logo atrás do carro da dupla, bem no centro da estrada, pela primeira vez pode-se ouvir a voz do encapuzado de olhos azuis.

— Conheço sua voz – Taylor se aproxima ainda com a arma levantada – É a mesma pessoa que sempre liga para denuncias anônimas.

— Pensei que era menos inteligente Capitão Scott – A voz grave, trêmula, quase rouca amedrontava a dupla de policiais – Deveria abrir seus olhos para saber as coisas que acontecem ao seu redor.

Taylor se sente enfrentado, uma coisa que ele não suportava. Thomas percebeu a pequena fonte de raiva surgir em seu chefe, mas não interferiu.

— Quem é você? – Taylor pergunta.

— Eu sou você, eu sou seu amigo Thomas, eu sou sua família – Os olhos do encapuzado penetram profundamente nos olhos de Taylor – Basta você olhar através de mim e escolher quem eu sou.

Taylor não entendeu nada.

— Tire o capuz – Thomas ordena atrás de Taylor – Isso é uma ordem policial.

— Quem deu o direito de falar comigo Sr. Thomas – a voz do encapuzado ficou mais grave como se fosse outra pessoa. Ele olha novamente para Taylor e continua – Não interfira mais no caso de Paul, ou você se arrependerá de ter existido.

O encapuzado deu as costas e começou a andar lentamente de volta para a direção da vila Coatboard. Taylor não aceitou a simples resposta, apontou a arma para ele e atirou.

Os olhos azuis voltaram para Taylor. Dessa vez a profundidade do olhar se tornou mais agressiva e refletia o puro ódio. O encapuzado levanta uma das mãos e aponta para trás da dupla.

Taylor e Thomas olham para trás e veem que sempre tudo pode piorar. Malcolm, o guardião das florestas estava perante eles. O encapuzado desaparece no mesmo instante sob a luz da lua.

— Já ouviram falar que lobos nunca erram no olfato? – Malcolm anda lentamente na direção da dupla – Achou que dessa vez seria diferente?

Malcolm tira de suas costas o machado que sempre carregava e o ergueu na direção do luar que estava quase no limite do horizonte. Em poucos segundos vários pequenos lobos apareceram ao redor, o céu ainda estava escuro e dificultava a dupla de ver todos os lobos.

Os lobos se aproximavam a cada segundo. Thomas não consegue se segurar e atira na cabeça de um dos lobos que vinha em sua direção. Malcolm olha fixamente para ele e ordena: “Mate-o”.

Todos os lobos correram para cima de Thomas. Junto com Taylor atirava em todos os lobos que vinham em sua direção. Alguns morriam outros apenas eram retardados pelo tiro, mas em seguida continuavam o alvo.

As munições estavam acabando e os lobos se tornando cada vez mais agressivos. Taylor então empurra Thomas para o banco de trás do carro e pula para o volante, liga o carro rapidamente e acelera.

Malcolm não iria perder o seu objetivo novamente. Se agacha no chão, se transforma no gigante lobo branco de olhos vermelhos e corre atrás da dupla, todos os outros lobos o segue.

Taylor acelerou o máximo que pode enquanto Thomas atirava contra os lobos. Mas Malcolm era resistente suficiente para se aproximar do veículo. O grande lobo pula contra o carro e quebra o vidro traseiro, tentando alcançar Thomas.

Mesmo com tanto peso na parte de trás, Taylor consegue manter a direção do veículo mesmo com dificuldades. O grande lobo rasga todo o banco de trás tentando de todas as formas alcançar Thomas, que por sua vez atirava contra o lobo o tempo inteiro.

— Livra essa merda Thom – Taylor grita do volante – Assim não vou conseguir manter o veículo por muito tempo.

— Eu estou tentando – Thomas grita.

Cara tiro que Malcolm tomava mais furioso ele ficava, quando Thomas deu o último tiro, o grande lobo o alcançou pelo braço e puxou ele para fora. Taylor viu através do retrovisor e virou-se para trás para segurar o amigo deixando o veículo sem controle nenhum bater em uma pedra na curva da estrada e capotar.

A pata do lobo ficou presa no pequeno espaço entre os bancos e foi arremessado longe junto com o veículo. Mas Taylor e Thomas conseguiram, por pouco, escapar pelo pequeno espaço do vidro traseiro que sobrou.

O veículo depois de voltas no ar cai em cima de Malcolm que fica desacordado, porém ainda vivo. Taylor olha para o chão e vê seu amigo contorcendo de dores no chão com o braço todo ensanguentado.

Vendo que seria impossível correr, Taylor coloca Thomas em seus braços e corre em direção a Fagenold. O sol já estava nascendo, e Taylor não podia esperar a hora de ver a cidade novamente.

Depois de alguns minutos correndo, Taylor se cansa. Para descansar coloca Thomas escorado em uma placa na beira da estrada, tira sua blusa de frio e amarra o braço de seu amigo em um pedaço de madeira forte tampando as feridas causadas por Malcolm.

— Tente deixar o braço quieto – Taylor fala calmamente com Thomas – Vai ajudar a esquecer da dor, pelo menos um pouco.

Taylor se levanta e olha para placa. E para sua surpresa, era a mesma placa que viram há poucos minutos atrás. Ainda escrito com letra manuscrita: “Fagenold 100 Metros”.

— Thom – Taylor se preocupa – Não saímos do lugar, estamos presos.


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