Maria havia acabado de sair do banho, decidiu não trazer seu pijama habitual, optou por apenas uma regata e uma calça de moletom. Alguém bateu na porta.

— Entra. – Disse Maria penteando o cabelo.

 - Eu vim ver se você precisa de alguma coisa. – Estevão a olhava sem esconder a satisfação.

—  Não nada. – Ela o olhava através do espelho. – Você teve alguma coisa haver com a escolha  do quarto?

— Eu? – Ficou irritado. – Claro que não, porque você sempre desconfia de mim?

— Eu não confio em ninguém. – Balançou os ombros. – Só fiquei integrada pelo fato do quarto de hóspede ser um quarto conjugado com o seu.

— Não foi ideia minha, pedi pra minha tia Carmela. – Sorriu olhando fixamente para a bunda dela. – Uma ótima ideia no final.

Maria percebeu o olhar dele e virou no mesmo instante. – Eu vou ficar um pouco com a minha filha.

— Tudo bem, qualquer coisa que precisar é só entrar naquela porta ali. – Apontou. – Nunca vai estar trancada pra você.

Ela simplesmente revirou os olhos e saiu.

/..../

Estrela acordou no outro dia e a primeira coisa que viu foi Maria, sentada na cadeira, mas com a cabeça encostada na cama.

— Mas o que ela está fazendo aqui? Ainda mais dormindo deste jeito, não quero nem imaginar a dor que ela vai ter nas costas.

— Senhora? – Ela ainda estava receosa de tocar nela. – Senhora acorde.

— Me deixa Estevão.

— Credo Senhora, acorda porque não estou afim de escutar as coisas que rola entre você e meu pai não.

— Oi princesa. – Estevão parou na mesma hora. – Houve alguma coisa?

— Não sei, eu acordei e ela estava assim, mas ela não acorda.

Ele começou a rir. – Ela é horrível pra acordar, mas tenho um plano.

Ele se colocou atrás dela e a abraçou, pôs a a boca dele próximo ao pescoço dela e começou a dar leves beijos. – Amor, acorda.

Maria sentia seu corpo se arrepiar, sabia muito bem quem a beijava, deu um leve sorriso, seu marido sempre foi muito carinhoso. — Espera Marido?

No mesmo instante ela abriu os olhos e saiu dos braços dele. – O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

— Acordando a minha namorada, eu sei que se assustou, desculpa. – Ele sorria Maroto. – Mas já que acordou, porque não vem aqui e me dá um beijinho de bom dia?

— Olha aqui seu... – Ela não conseguiu terminar porque ele lhe agarrou e a arrebatou em um beijo cheio de saudades.

— Gente, eu estou aqui sabia? Isso é muito nojento, estou até enjoada. – Na verdade Estrela se sentia excluída no seu próprio quarto.

— Desculpa filha é que eu amo essa mulher.

— Eu.. Eu.. Sinto muito, vou trocar de roupa. – Maria estava muito sem graça por ter retribuído o beijo.

— Se quiser ajuda.

— PAI. – Estrela não reconhecia o seu pai. – Me respeite homem.

— Desculpa filha. – Ele beijou a cabeça dela. – Vai se trocar, hoje você vai me acompanhar.

— A não pai. – Ela cobriu a cabeça. – Quero ficar aqui quietinha.

— Sem discussão, se levanta vamos tomar café e depois para as empresas, e aviso logo se você não se trocar vou te levar assim mesmo.

/.../

Todos estavam desfrutando o café da manhã em pleno silêncio. Alba não parava de encarar Maria, Rebeca a havia lhe contado que a cama da Maria estava intocada, e tirou a conclusão que ela e Estevão passaram uma calorosa noite de amor juntos.

— Está tudo bem tia? – Estevão percebeu o olhar dela para Maria.

— Está sim meu lindo.

Ao escutar isso Maria apertou com força a barra do seu vestido. – Eu vou para a prataria, tenham todos um bom dia, Rebeca você pode chamar o motorista pra mim?

— Sim Senhora.

— O que houve com ela? – Perguntou Heitor.

— O papai fez uma brincadeirinha com a Maria e ela não gostou. – Respondeu a caçula da casa risonha.

— Não se preocupem não vai durar muito tempo, já estamos indo também, vamos princesa.

/.../

Maria estava dentro do carro o beijo que trocou mais cedo não saia da sua cabeça, então ela decidiu ler mais uma página do diário da Patrícia.

Hoje eu ouvi algo muito perigoso, Alba estava se declarando para Estevão, mas ele estava tão bêbado dormindo no sofá da mansão que nem deve ter escutado. Isso é nojento, ela é tia dele o criou como filho e agora está sentindo amor de mulher pelo seu sobrinho de sangue. Mas pensando bem, isso explica muita coisa, principalmente o ciúmes que ela sente dele e a raiva dela pela Maria. Ela que se prepare, agora tenho algo para me proteger daquela serpente.

01/02/1996