Izzy encarava o espelho com certa admiração pela imagem, tentava gravar todos os detalhes do vestido branco que lhe caía perfeitamente, como se tivesse sido desenhado em seu corpo. Gravava o jeito que seu cabelo escuro estava arrumado com ondas que tinham sido responsáveis por queimaduras nas pontas de seus dedos pela falta de habilidade com o babyliss aquela manhã, mas ela estava radiante mesmo assim.

Alisou a saia pela milésima vez desde que se vestiu e repassou mentalmente os votos que faria para seu noivo logo que o casamento tivesse início. Quem diria que Isabelle Leigh Peters se casaria com Daniel John Wyld, aquele mesmo menino de cabelos dourados com quem cresceu, brincou muitas vezes e se apaixonou gradualmente. Izzy sorriu mais uma vez e ouviu seu pai batendo na porta, era hora.

— Querida – ele sorriu diante da beleza da filha caçula – seu noivo está começando a ficar nervoso, já postou no twinter que está “jogo da velha nervoso”

Izzy não pode deixar de rir – Twitter, pai... E o senhor pode ler como hashtag nervoso, vamos, estou elegantemente atrasada e não quero passar disso – e deu o braço para que o pai a ajudasse no equilíbrio até que chegassem no carro.

Ela e Danny se casariam na igreja que suas mães iam e eles ficavam brincando do lado de fora, correndo e evitando toda a parte chata que crianças que são obrigadas a frequentar igrejas domingo de manhã têm de suportar. Seu pai dirigia e ela observava as tão conhecidas ruas, praças, vitrines de lojas que sempre estiveram por ali, até que uma recordação tirou seu foco.

Quando crianças, Izzy era alguns poucos meses mais velha que Danny, e mais alta alguns centímetros e sempre importunava ele com isso

— Você é mais baixinho que eu Danny, não podemos ser pai e mãe, você pode ser meu filho na brincadeira e depois brincamos de pega-pega – Izzy ajeitou a tiara que deveria evitar que a franja infantil se misturasse com o resto do cabelo curtinho

— Então se eu crescer e ficar mais alto que você, você se casa comigo certo? – Izzy fingiu considerar a ideia

— Vamos ver se você fica maior do que está agora – Disse cruzando os braços

Quando a porta do carro se abriu, ela saiu de seu devaneio e respirou profundamente. Agarrou seu buquê e saiu do carro, se certificando que não sujou seu vestido de noiva no percurso. Subiu os degraus da igrejinha e pôde ver o interior, os organizadores deram o sinal e a música começou, e ela viu seu melhor amigo de terno e com um grande sorriso bobo no rosto, tão bobo quanto o dela.

A cada passo Isabelle sentia seu coração transbordar, e Danny sentia o mesmo, desde que a pedira em casamento ele pensava em como seria ver sua noiva caminhando em direção a ele, e era indescritível.

Ela alcançou o altar e seu pai ofereceu um abraço apertado

— Se ele for um marido ruim, minha espingarda será obrigada a ter uma conversinha com ele – ele falou baixinho para ela ter a certeza que sempre seria protegida pelo pai e riu com o comentário

Seu pai uma última vez olhou para Danny e entregou a mão de Izzy para ele, tendo a certeza que não precisaria ameaçar o genro com uma arma.

— Hey Izzy – Danny cochichou

— Sim?

— Que bom que fiquei mais alto que você