Me and The Devil escrita por Eponine


Capítulo 1
Walking side by side


Notas iniciais do capítulo

Soap&Skin - Me And The Devil



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Soap&Skin - Me And The Devil

 

 

Às vezes, Joanna trancava-se em um armário, apavorada.

Sentia seu coração só de colocar a mão sob o peito, como se a única coisa que o separava do mundo externo fosse pele. Conseguia ouvir os passos do demônio rodeando a porta de seu quarto, a rodeando. Fechava os olhos, trêmula, apertando as próprias mãos. Então o ódio a dominava. Uma Lannister não devia sentir tanto medo, mas ela não tinha o poder que Tywin tinha, não tinha como se defender.

Nem mesma a pobre Rhaella conseguia fazer algo para se proteger, como ela iria fazer? Sente vontade de vomitar toda vez que se lembra dele apertando os seios de sua amiga na sua frente, a olhando perversamente. Assistia Rhaella perder a alma nesses momentos, virando apenas uma boneca de carne, sem ação ou pensamento, apenas existindo.

Já chegou a ficar sem pele de tanto esfregar cada parte que ele a tocou, mesmo que estivesse coberta pelo vestido. Odiava sua mão asquerosa em seus ombros ou suas mãos, tinha vontade de esfaqueá-lo até cair duro no chão. Ao notar seu olhar malicioso sobre ela, passou a encomendar vestidos que lhe cobrissem até o pescoço, ou pelo menos todo o seu busto, enojada até mesmo com a possibilidade dele sonhar em possuí-la.

“Não vou deixar que ele te toque”, prometia seu noivo, beijando-lhe o topo da cabeça. “Eu nunca permitiria”.

Mas Tywin não está lá o tempo inteiro para vigiá-la. Ela quer manter-se ao lado de Rhaella e protege-la como pode, mas ao mesmo tempo queria voltar correndo para Rochedo Casterly, o mais rápido possível. Não suportava olhá-lo, não suportava senti-lo por perto, tinha que controlar muito bem a expressão de repulsa que seu rosto queria berrar.

“Eu não quero ficar aqui”, sibilou Joanna, seca. “Eu quero ir embora, não posso ficar esperando ele me encurralar...”

“Joanna”, chamou Tywin, colocando suas mãos sob o rosto da esposa. “Isso não vai acontecer, eu não vou permitir”.

Chorou de paz quando finalmente tomara rumo para Rochedo Casterly, livre de sua cruz. Sentia-se outra pessoa, finalmente livre do medo e do receio. Estava livre para usar os vestidos que gostasse e caminhar em paz, sem hesitar em estar sozinha em um corredor deserto. De sua casa, ela poderia alertar Tywin, dizer para manter-se longe maligno.

Não confie nele.

Não o ajude, o sabote.

Mas tenha cuidado, toda prudência é pouca com o diabo.

Odiava quando era praticamente obrigada a voltar para Kingsland, conseguia sentir o cheiro dele de longe. Sentia pena de Rhaella e surpreendia-se como ela ainda não tinha se matado. Agarrava o peito de Tywin durante a noite, apavorada com os gritos de dor de sua amiga durante a noite, mas seu marido já estava embalado pelo sono tranquilo, acostumado com a canção de ninar que se tornou o sofrimento de Rhaella ou qualquer mulher que Aerys conseguisse tocar.

De uma coisa tinha certeza: Se ele a tocasse, ela se mataria.

A repulsa sucumbiria seu corpo e quando ela desse conta, estaria com o pescoço rasgado. Abraçava Cersei em seu colo como se fosse um escudo todas as vezes que ele passava por ela, com aqueles olhos repletos de desumanidade. Sentia sua mandíbula trancar e suas unhas invadirem a palma da mão quando ele passava sua mão imunda em Jaime, o enchendo de elogios falsos, perverso.

Não queria seus bebês perto daquele demônio.

“Sempre tão... Bonita.” Joanna Lannister manteve sua pose quando virou-se para Aerys II, caminhando até ela, no jardim da Fortaleza Vermelha. Ela conseguia sentir a morte da grama que ele pisava a cada passo, sem tirar seus olhos dela. A mulher controlou sua respiração, impedindo-se de sentir medo. “Tywin sempre fora mais sortudo que eu.”

Olhou para Jaime e Cersei, forçando um sorriso que doeu-lhe o rosto congelado.

“Voltem para o Castelo”, ordenou, observando seus filhos saírem correndo em direção da entrada.

“Por que espantou as crianças?”, indagou Aerys, malicioso. “Parece até que sou um monstro”. 

Joanna desenhou em seu rosto todo o asco que sentia por seu Rei. Quando ele se aproximou, a mulher tirou o punhal que tinha escondido em um bolso falso de seu vestido, um costume que tinha desde que era apenas mais uma dama de companhia de Rhaella. Seria morta como Regicida, mas não seria tocada pelo demônio.

“Fique longe de mim”, ordenou Joanna, gélida.

“Ou irá me matar?”, indagou ele, rinhoso. Joanna enfiou o punhal em seu pescoço, pronta para cortá-lo.

Aerys deu alguns passos desesperados e trôpegos em direção da mulher, apavorado com a ideia dela enfiar a faca em seu pescoço. Joanna avisou mais uma vez e cortou uma supérflua linha sangrenta em seu pescoço, sentindo a dor de sua pele rasgar-se. O homem arregalou os olhos, sentindo-se incapaz.

“Sim”, retrucou ela, pronta para acabar com seu demônio.


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Notas finais do capítulo

Dos personagens que nunca apareceram em GoT, Joanna é disparado a minha preferida, até porque eu tenho uma fixação pelos Lannister no geral.



Espero que gostem! ;)



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