Amigos e rivais escrita por Puella


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse one-shot!



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Em minha época, num início de temporada de Fórmula 1, costumava-se ter 25 pilotos e ao final dela, dois ou três de nós simplesmente morria. Talvez você se pergunte: “Que louco se sujeita a uma atividade como essa? ”

Homens normais é que não.

Sonhadores, loucos, rebeldes? Provavelmente sim.

Eu não sou exatamente um cara que se encaixaria em algum dos três tipos. Eu sempre quis ser um piloto de corridas, desde que me entendo por gente. Nunca fui inteligente ou talentoso com alguma coisa na escola. Mas, quando se tratava de carros, aviões e pilotagem, ah era aí que eu me encontrava verdadeiramente. Ser piloto era o meu objetivo na vida, e eu faria todo o possível para conseguir isso. Até mesmo ser posto para fora de casa.  Mas, tudo bem, um dia isso aconteceria cedo ou tarde.

Eu achava que pilotar era a única coisa que eu poderia fazer de bom. E se fosse talentoso em outra coisa ou no que meus pais queriam que eu seguisse, bem, eu certamente o faria.

Foram muitos os percalços e dificuldades, mas felizmente a sorte começou a trabalhar para o meu lado. Agora eu era um piloto recém contratado pela Escuderia Ferrari. Inicialmente fiquei surpreso pelo interesse do velho em me contratar como um de seus pilotos.

Hoje ganhei a minha primeira corrida no GP da Espanha. Fiz minha parte e garanti um bom resultado – embora por dentro estivesse em êxtase, era como se finalmente eu tivesse soltado o grito que estava preso em minha garganta.

Nos boxes eu topei com James Hunt, outro piloto que havia começado na temporada anterior, mas apesar disso, nós dois nos conhecíamos a algum tempo.

James era o tipo loucão.

Há exatamente a quatro anos atrás, na Fórmula três foi que eu o conheci. Na época éramos dois rookies, sem destaque algum. Mas o fato de estarmos ali já era alguma coisa. James era rápido dentro da pista. Fora dela, era uma das figuras mais interessantes que eu havia conhecido. Ele era carismático, aberto e sedutor com as garotas. Ele parecia um imã que atraia mulheres. Ele era tudo o que eu não era. Tínhamos tudo para não se dar bem um com o outro. Mas, curiosamente, nos dávamos muito bem. Até o ano passado nos dois dividíamos um pequeno apartamento, quando eu ainda era piloto da BRM.

Eu agora pilotava uma Ferrari (que nem estava tão boa assim) e ele, um Hesketh branco.

Após um tempo, logo eu comecei a colher meus primeiros frutos e no ano seguinte eu me sagrei campeão mundial. 1976 veio, e com ele, minha boa fase continuava de vento em poupa. Nada parecia me derrubar.

As coisas não iam muito boas para James, até ele aparecer numa McLaren. Mas ele nem parecia de longe uma ameaça para mim. Continuávamos como dois bons amigos e colegas de sempre. Ele ganhou algumas corridas, mas, ao meu ver, nada que me deixasse preocupado quanto a minha liderança firme e garantida.

E então as pessoas começaram a especular nossa rivalidade. Todos achavam que nós dois éramos rivais, mas a verdade era que eu e James não víamos as coisas dessa maneira. A rivalidade era só na pista, nada mais além. Entretanto, a mídia e as pessoas fizeram disso algo ainda mais profundo.

O que aconteceu em 1º de agosto de 1976 pôs tudo a mudar. O meu acidente trouxe profundas mudanças para mim – físicas, mas principalmente psicológicas -, e de certa forma para James.  Quando estava no hospital lutando para não morrer, vi ele na televisão ganhando os pontos que deveriam ser meus. Eu não queria entregar os pontos assim tão facilmente, e ainda que amedrontado, voltei algumas semanas depois em Monza.

Muitos me criticaram, me chamaram de louco e me disseram que eu não tinha condições de voltar. James ficou chocado quando viu minhas cicatrizes assim como os demais, mas não me condenou como os outros. Ele deu aquele seu sorriso largo de lábios fechados e disse com humor:

“Só você mesmo para voltar para pista em tão pouco tempo, hein seu merdinha? ”

Senti muito medo ao voltar, mas felizmente conseguir concluir a prova com um quarto lugar. O que foi o suficiente para recobrar a confiança em mim mesmo. Eu não estava disposto a perder, Hunt também não. Foi nessa época que nossa amizade teve um sério desgaste que no fim – devido a mídia e outros meios de pressão -, felizmente foi solucionado. No fim, ele acabou levando a melhor, e eu voltei para minha casa, devo dizer, arrasado. Eu perdi o título na última corrida, por um ponto.

Encontrei James no dia anterior, numa estação de voo em Fioranno, ele estava animado e com duas garotas lhe fazendo companhia. Quando me viu, sorriu e foi falar comigo, conversamos por algum tempo e ele foi embora num jato. Disse a ele que queria uma revanche, e que logo nos veríamos de novo na pista. Ele apenas riu e me disse para relaxar e se divertir um pouco.

Bem, nos anos que se seguiram não tivemos mais as mesmas emoções de 1976. Novamente seguimos por caminhos diferentes, mas sempre que possível, a gente se encontrava em alguma ocasião. James era sempre o mesmo, do seu jeito despreocupado, vivendo a vida como se ela fosse acabar.

Me sinto triste quando lembro que ele não está mais presente, ele não foi apenas um rival, mas também um amigo.

E sem dúvida alguma, uma das pessoas que eu mais invejei.


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Notas finais do capítulo

É isso gente!

Eu tenho uma outra fanfic com os dois caso vcs queiram conhecer ;)

https://fanfiction.com.br/historia/662314/O_garoto_do_capacete_vermelho/



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