Um. Dois. Três cigarros.

Quatro. Cinco. Seis drinks.

Sete. Oito. Nove e dez telas monocromáticas e, futuramente, cheias de vida.

A vida com Luke era assim, colorida. Mas a cor que mais predominava era, definitivamente, o azul.

Tudo nele era azul: as pílulas, suas mãos de artista, seu jeans rasgado e velho. Mas ele também podia ser fosco, cinza. Seus cabelos estranhamente grisalhos [mesmo que ele não passe dos 26 anos], a fumaça de cigarro que saia de seus lábios vermelhos e, principalmente, seus sonhos.

Com apenas 26 anos, Luke não tinha esperanças. Seus longos dedos só conseguiam pintar telas monocromáticas, em tons de azul [não o azul do céu ou das águas de um lago. Seu tipo de azul preferido era aquele que beirava o preto e parecia cheirar a apatia.] e cinza.

Honestamente, acho que fui eu a levar alguma cor para sua vida. Ele era azul e eu, púrpura. Foi quando ele descobriu não gostar de roxo. Fui chutada como um cachorro sarnento, de malas e tudo.

E agora aqui estou, minha vida mais monocromática que seus quadros; minha esperanças foram gastas nele e, agora, não me resta mais nada.

Onde está você, Luke? Onde estão suas cores, meu amor?