Contos escrita por Giovanna Biondi


Capítulo 2
A rivalidade e o amor entre o sol e a lua




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695100/chapter/2

O sol resplandecia atrás das montanhas. O vilarejo estava quieto, em paz. As irmãs, Luna e Sol, de costas uma para a outra. Enquanto Luna observava a última estrela indo embora, Sol observava o primeiro raio de sol.

Apesar de serem irmãs, as duas crianças eram completamente diferentes. Sol, com seus cabelos dourados brilhantes e seus olhos cor de âmbar, alegrava o dia e brincava com as crianças da aldeia. Sol observava as plantas crescerem, os reflexos nos riachos, era a luz do dia de quem a via. Sempre dormia ao escurecer do dia e acordava com o primeiro raio de sol.

Luna, com seus cabelos negros prateados e seus olhos prateados sem cor, era a criança da noite. Dormia o dia inteiro, até as primeiras estrelas subirem ao céu. Vivia trancada, fugindo da claridade. Não tinha amigos, não brincava, ficava apenas esperando a chegada da lua para lhe fazer companhia. Luna era triste e invejava a irmã, por ter tantos amigos e ser tão adorada pelas pessoas da aldeia, enquanto ela mesma era esquecida, deixada de lado.

Luna queria o que a irmã tinha, e Sol ansiava pelo dia em que poderia brincar com a própria irmã.

Uma velhinha que morava nas montanhas percebeu a barreira das irmãs, tanto de amor quanto de ódio. E um dia, enquanto Luna andava pelas florestas, guiada pela luminosidade das estrelas, viu a velhinha.

—Oh, bela menina dos cabelos negros, guiada pela luz da escuridão. Anda tão sozinha sempre. Poderia saber qual o preço dessa solidão?

Luna estava confusa, nunca via ninguém.

—Nunca estou sozinha, a lua é minha companhia, minha amiga.

—Largar amigos de verdade por um astro longe de ser vivo deve ser muito difícil, ainda mais para uma menininha como você. Eu já fiz essa decisão quando era criança. Vivia sozinha, invejando a menina que ganhava toda a atenção. Você deve passar por isso eu suponho.

Luna não sabia o que dizer.

—Seu silêncio é mais barulhento que qualquer resposta que poderia ter me dado. –disse a velha mulher- Venha comigo, podemos acabar com essa solidão, tirar os raios de sol que a ofuscam e a deixar livre finalmente.

A proposta era tentadora, e Luna resolveu aceitar. Ela seguiu a velha pela mata, acompanhada da lua e das estrelas. Chegou á uma pequena cabana, onde a velha pediu para que ela entrasse. Lá dentro a velha vestiu Luna com um vestido prateado e prendeu seus cabelos com uma estrela prateada. Luna nunca se sentira tão bem. O sol nasceu e a velhinha pediu que Luna esperasse em um quarto no subsolo, e sem Luna perceber, a velhinha trancou a porta cuidadosamente por fora.

Ao primeiro brilho de sol, Sol acordou e foi observar a entrada de seu companheiro ao lado de Luna. Mas Luna não estava lá. Sol ficou preocupada com a irmã, que tanto amava. A velhinha, observando Sol, se aproximou, dizendo que sabia onde sua irmã estava, e pediu que Sol a seguisse. Sol, como a menina inocente que era, seguiu a velhinha e aceitou o vestido dourado e o prendedor de cabelo em forma de sol amarelo que lhe foi dado.

A velhinha levou Sol ao subsolo e a sentou em uma cadeira, prendendo seus pés e uma das mãos. Do outro lado, prendeu Luna, deixando por descuido uma mão solta também. Acontece que a velhinha era uma bruxa, e queria acabar com os dois astros, deixando a Terra escura e sem esperanças. Tentou juntar as almas dos astros às almas das meninas. As irmãs, assustadas, se debateram e choraram, esticando as mãos para tentar se alcançarem. Mas o feitiço já estava feito. Quando a bruxa virou para as meninas para destruí-las, destruindo assim também os astros, ficou espantada. O feitiço havia dado errado.

As irmãs inconscientes se desfizeram em pó prateado e dourado, que subiu aos céus até os respectivos astros. As almas das irmãs estavam fundidas com o que mais amavam. Luna é o brilho da lua, que antes pertencia apenas às estrelas. Aquele brilho que te guia pela escuridão, que chama sua atenção no céu noturno. Sol é o brilho mais dourado, iluminado e resplandecente do sol. Aquele brilho que te cega e não te permite olhar diretamente para eles.

Até hoje podemos ver as tentativas das irmãs de se encontrarem, conseguindo apenas ocupar uma o lugar da outra repetidas vezes. Um desejo que nunca conseguirão alcançar, e que seria tanto desafiador, quanto um golpe mortal para a humanidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.