Totalmente demais 2 escrita por SrtaLili
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Chegamos em casa no final da tarde com o material novo comprado para o Gabriel que pulava saltitante em volta da Cida e da Jojo contando sobre sua escola nova. Depois de irmos a sete escolas diferentes, acabamos matriculando ele em uma um pouco longe da casa da Carol que teria de levar ele e os sobrinhos todos os dias. Ainda assim ela e a irmã pareciam satisfeitas já que a diretora pareceu dedicada e compreensiva com a situação do Gabriel, e se mostrou bastante amorosa com o menino sem dar indicio algum de preconceitos que poderiam vir a ocasionar problemas futuros.
— Cida nós te amamos e amamos sua comida só que acho justo se todos comermos pizza hoje!
As crianças começaram a pular como pulgas e Carol e Dorinha me olharam feio.
— É só um dia, ninguém vai morrer por isso!
Liguei e pedi as pizzas enquanto Jojo mostrava seus desenhos novos para Carolina. Era impressionante como elas se davam melhor agora. Talvez minha filha estivesse amadurecendo. Ou ela enxergou o quanto Carol amadureceu, e a mãe generosa e amorosa que era. A verdade é que Gabriel acabou unindo a família toda, porque todos aqui eram loucos por ele, e Jojo acabou gostando do menino além da conta e aceitando Carolina na equação, nos atormentando para casarmos logo antes que confundíssemos o menino. Ela havia ficado extremamente irritada com nosso afastamento esses dias e a tristeza que ele me causou. No fundo ela estava certa em alguns pontos. Gabriel havia me chamado de pai outra vez mais cedo quando estávamos em uma das lojas. Nunca o corrigíamos porque ele não estava falando nada errado, só que também não falávamos nada quando ele voltava a me chamar de tio.
— Eu vou pegar mais refrigerante!
— Pelo amor de Deus Cida, não faça isso, já estão comendo pizza no lugar do jantar, pelo menos um suco é melhor! — Carolina implorou.
— Como vocês são chatos — Jojo rolou os olhos — eu te ajudo Cida.
— E quando vocês terminarem, nós vamos embora — Dorinha olhou pros filhos — já está tarde e o Zé Pedro não vai nos buscar, depois que o Germano sofreu aquele ataque meu marido virou faz tudo naquela empresa!
— E como ele está? Eu falei brevemente com a Eliza pelo telefone ontem e soube que ela viajaria até o pai.
— Andou falando com a Eliza não é Arthur!
— Chega Dorinha, toda vez é a mesma coisa! — Carol jogou uma almofada na direção da irmã acertando bem na cara!
— Guerra de travesseiros! — João gritou.
— Não, parem! — Carol segurou Gabriel antes que ele seguisse o plano do primo — vocês não estão na casa de vocês, se comportem!
Eles atacaram a quinta caixa de pizza enquanto Jojo e Cida voltavam com uma garrafa de refrigerante e vários copos. Até Carolina esqueceu a dieta e resolveu comer. Gabriel pegou o estojo que eu havia comprado pra ele e se sentou atrás do sofá observando-o em suas mãos sem ser notado por mais ninguém a não ser por mim.
— Que foi campeão? — sentei-me ao seu lado bagunçando seus cabelos e lhe entregando o copo de refrigerante.
— Eles vão ficar bravos comigo tio Arthur?
— Eles quem?
— As pessoas da minha escola nova. Quando descobrirem que eu estou doente. Eles vão ficar bravos comigo como os outros ficaram?
Ouvimos um soluço estrangulado ao nosso lado e Carolina havia vindo até nós e agora tentava mascarar a dor estampada em seu rosto. O dia tinha sido incrivelmente agradável, só que a diretora nos avisara que o melhor de agora em diante era sempre a verdade e um acompanhamento com psicólogo para o Gabriel.
Carol não digeriu bem a situação, porque ela queria esperar alguns anos pra ser completamente sincera com ele. Senti que infelizmente ela não teria esse tempo. Ela se sentou ao nosso lado e pegou o copo de refrigerante da mão dele, o colocando do outro lado e puxando o filho de encontro ao seu abraço.
— Ninguém ficou bravo com você Gabriel. Você não tem culpa de nada — ela tentou continuar e as palavras morreram em sua boca. Ela nunca ia muito além dessa parte, Pietro e Dorinha me contaram.
— Acontece Gabriel, que você nasceu com uma doença — falei prático e ela ergueu o rosto me olhando feio.
— Porque não me deram remédios pra eu sarar?
— Eles deram. Você toma todos os dias. Porque essa doença não sara.
— Eu nunca vou ficar bom? — ele arregalou os olhos e Carolina parecia prestes a pegar o copo de refrigerante e virar na minha cara.
— Como vocês são idiotas — Jojo se sentou de frente pro Gabriel e segurou o estojo novo comprado — que negócio brega! Quem escolheu isso?
— Eu escolhi — Carol disse ofendida.
— Ah, faz sentido — minha filha falou sarcástica e se voltou pro Gabriel — você tem um zumbi dentro de você.
— JOJO! — gritamos e toda a conversa em volta de nós na sala morreu, as pessoas aparecendo atrás dos gritos.
— Um zumbi? Que legal — Gabriel começou a passar as mãos na barriga como se para encontrar o zumbi.
— Esse zumbi é pequeno e ele sempre se esconde aí dentro. Se você parar de tomar os remédios ele vai crescer e comer o seu cérebro.
— Da hora! — João se sentou animado junto aos dois — posso ter um também mãe?
— NÃO PODE NÃO! — ela berrou.
— Eu nunca posso nada! — ele emburrou.
— Arthur por favor! — Carolina enterrou os dedos no meu braço e eu puxei Jojo comigo.
— Você está assustando ele! — ralhei com ela.
— Ele não parece nada assustado. Vocês ficam de mimimi e nunca falam nada. Deixe ele se divertir e se algum dia alguém maltratar ele por causa da doença ele vai se sentir seguro. Só eu penso nessa família? — ela bufou — vou ligar pro Meleca.
— Vocês estão brigados.
— É só dizer que tem pizza e ele vem voando pai.
— Papai — Gabriel veio até nós e um sorriso estampou minha cara.
— Fala filho — levantei ele no ar enquanto Carolina vinha até nós.
— Eu vou ficar com esse zumbi sempre dentro de mim?
— Não é um...bom é como um bichinho bem pequeno. Se você tomar suas vitaminas direitinho ele nunca vai fazer nada com você.
— Você é forte filho, e ninguém nunca vai ficar bravo com você — Carol lhe deu um beijo na face e sorriu.
— E se ficar é só chamar sua irmã aqui que eu chuto a bunda deles — Jojo concluiu com o telefone do ouvido.
— Não tem ninguém nessa família pra ser boa influência? — Carolina bufou.
— Mamãe, nós vamos embora?
— Daqui a pouco — ela afirmou olhando pra irmã como se buscando um horário.
— Eu quero ficar! Vamos dormir aqui hoje!
— Não dá filho, temos que ir embora — ela tentou continuar e se interrompeu vendo o filho agarrando no meu pescoço.
— A Dorinha e os meninos podem ir, e vocês dois ficam.
— Arthur...
— E outra coisa, a escola também fica mais próxima daqui. Seria ótimo vocês passarem algumas noites aqui futuramente.
— E eu que me lasco né! — Dorinha gritou do outro lado da sala. Quando minha filha for atriz da Globo vocês vão se arrepender do descaso.
Eu ri e levantei o Gabriel nas alturas correndo pela sala seguido pelas crianças, enquanto Jojo reclamava do barulho no telefone e Dorinha discursava sobre o futuro da filha. Carolina olhou dentro dos meus olhos, um sorriso calmo no rosto e um olhar repleto de promessas não ditas, mas capturadas por mim. Não sabia quais se cumpririam, quais eu desejava de fato e o que nos reservava.
Se fosse sempre assim eu não reclamaria.
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Meus amores cap prometido cap postado ♥
Amanhã vou postar novamente prometo!! Beijos