Love Was My Alibi escrita por Mei Misa


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4

         E antes que eu entendesse o que estava acontecendo elas voltaram. 

            Elas vieram todas de uma vez, minha cabeça parecia que ia explodir, eu via tudo.

            ‘’-Mamãe espera! – gritei chorosa.

            -Estou te esperando meu amor. – falou ela sorrindo com ternura para mim. ’’

            ‘’-Jack Crawford, o senhor pode parar bem aí!

            -Sim senhora, dona Juliet Dominic. ‘’

            Eu me lembrei de tudo, da minha infância, da minha adolescência, de como conheci o Jack, de tudo.

            -Jack... – olhei para ele chorosa, meu peito se encheu de amor, eu me lembrava dele, eu o amava.

            -Juliet...– ele me abraçou e me levantou dando giros no ar.

            -Eu me lembrei Jack! – gritei para ele, eu dava algumas risadas por causa dos giros, até que percebi que Jack chorava,

            -Você voltou... Eu consegui... – falou ele, seu rosto estava manchado por causa das lágrimas – Eu te amo Juliet.

            -Eu também te amo Jack, e agora nós vamos voltar pra casa.

            Estava pronta para beijá-lo quando o mundo voltou à ativa, como se alguém tivesse o pausado para ver o desenrolar de tudo, e agora tivesse dado play para nos ferrarmos. As pessoas voltaram a se mexer, os pássaros a voar, e os carros a virem em nossa direção.

            -Juliet, corre! – gritou Jack me puxando e correndo junto comigo.

            -Mas o que está acontecendo? Era para termos acordado. – gritei para ele, não parávamos de correr um só minuto.

            -Eu não sei, mas eu tenho certeza que se bobearmos seremos mortos.

            Continuamos a correr e por onde passávamos as pessoas nos olhavam com ódio, agora eu tinha certeza esse mundo maldito está tentando nós matar. Como fantasmas, um grupo de pessoas se pôs no nosso caminho, elas tinham rostos insanos e pareciam tensas.

            -Ãhn, licença eu e minha namorada precisamos passar. – falou Jack tentando ser civilizado.

            -Não podem passar. – falou uma pessoa, sua voz soou mecânica como se ela fosse um robô.

            Então eu vi, elas carregavam objetos prateados, eram facas e armas elas iam nos matar.

            -Juliet, quando eu disser ‘’corre’’ não pense duas vezes e nem olhe para trás. – sussurrou ele para mim.

            -Eu não vou deixar você.

            -Faça o que eu estou dizendo.

            -Você disse que eu não imaginava o que era ver a pessoa que se ama morrer, e pode ter certeza eu realmente não imagino, eu não quero ver você morrer, eu vou acordar junto com você.

            -Eu sei, eu vou estar logo atrás de você. Só... Corra no meu sinal.

            O grupo começou a vir em nossa direção, olhando assim mais de perto tudo nesse mundo é robótico e sem vida, como eu pude ser tão enganada?

            Foi aí que eles avançaram, uns começaram a atirar acertando até as pessoas do próprio grupo, mas mesmo feridas elas pareciam bem, Jack tentou se proteger e me empurrou para o chão. Como se não bastasse os tiros, ainda tinha algumas pessoas vindo em nossa direção com facas, não tínhamos saídas ou alternativas.

            -Corre Juliet.

            Então eu corri, senti algo roçar em meu braço, mas não me importei só olhei para uma brecha que havia entre aquele grupo de pessoas, atrás de mim eu conseguia ouvir a respiração ofegante de Jack, ele lutava para me acompanhar e eu ficava feliz por saber que ele estava logo atrás de mim. Nós íamos sair dessa, eu tenho certeza.

            Corremos muito, até que avistei um beco e com uma manobra rápida me joguei e me escondi encostada em um muro. Após algum tempo Jack apareceu, ofegante suado e cheio de sangue. Nervosa olhei suas roupas e felizmente aquele sangue não era dele.

            -O que nós vamos fazer? – perguntou ele mais para si mesmo do que para mim.

            -Eu acho que tem algum lugar que possamos ir que talvez estaremos a salvo.

            -Um lugar? E que lugar seria? – perguntou ele meio irônico.

            -Eu não sei, mas tem que ter alguma coisa que tenhamos que fazer para sair daqui.

            -O seu apartamento! – gritou ele.

            -Shh! Quer que eles nos achem? – sussurrei irritada – Como assim o meu apartamento?

            -Você se lembra da sua sexta morte?

            -Pode ter certeza que sim. – foi a minha vez de ser irônica.

            -Você quase conseguiu driblar esse mundo maluco, mas aí eles te controlaram e fizeram você se matar. Eu acho que se formos pro seu apartamento e um cuidar do outro para que não se mate, podemos sobreviver e quem sabe acordar.

            Seu rosto estava estranho, e algo em meu peito se apertou.

            -Será que isso vai dar certo? – perguntei indecisa.

            -Hoje é 3 de março, na verdade aqui é sempre 3 de março, talvez a gente só tenha que sobreviver a essa merda de dia.

            -Você pode ter razão.

            Nós preparamos e olhamos se ainda tínhamos aquele grupo maluco atrás de nós, à rua estava deserta, com certeza esse mundo maluco está planejando de tudo para nós ver mortos.

           —Jack – sussurrei e ele olhou para mim – Eu sinto que se morrermos agora, nós não vamos voltar.

            -Eu também sinto. – ele pegou a minha mão e a apertou me reconfortando.

            Contamos mentalmente, um, dois, três! Saímos correndo, o nosso plano era Jack ir na frente e eu atrás, tínhamos que chegar rápido no meu prédio, mas até lá tínhamos que sobreviver. O meu braço estava doendo, olhei de relance e vi que estava sangrando muito, respirei fundo e mantive o ritmo, então ouvi barulhos de carros e motos, era um grupo enorme que vinham em nossa direção e para piorar um temporal começou a cair, não uma chuvinha, um temporal forte e arrasador.

            -Juliet, cuidado! Só continua correndo. – gritou Jack.

            Meu braço doía, e nesse passo nós nunca chegaríamos ao meu prédio e ainda seriamos pegos por esse grupo de pessoas robóticas.

            -Não vai dar certo, precisamos de um transporte eles vão nos alcançar. – gritei, mas com o barulho da chuva Jack só ouviu uma parte.

            -É perigoso podemos ser mortos... Pelo mundo. – eu só ouvi duas partes da sua fala.

            Tomei coragem, respirei fundo e ignorei a dor no meu braço, corri tentando alcançar ele que estava mais a frente, ele percebeu e diminuiu o passo só um pouco. E sem a permissão dele fiz uma curva e entrei no prédio mais próximo a nós, e sem alternativas ele me seguiu.

            Entrei ofegante pela portaria e logo atrás vinha Jack, após ele entrar fechei a grande porta que havia e passei um cadeado.

            -Você está louca? Esse não é o seu prédio! – gritou ele todo molhado. Ele parecia irritado comigo, como se eu houvesse feito algo horrível, em vez de salvar as nossas vidas.

            -Eu sei! E também sei que eles iam nos pegar antes de chegarmos lá.

            Ele bufou irritado e estava pronto para prosseguir com a discussão quando ouvimos um resmungo atrás de nós. Demos de cara com um velho porteiro, ele estava com aquela cara insana, como um louco ele partiu para cima de nós e Jack rapidamente se pôs em frente a ele o acertando com um soco.

            -As escadas, vamos para as escadas. – ele agarrou a minha mão e saímos em disparada em direção às escadas.

            -Cuidado. – avisei.

            Subimos com cautela, até que ouvimos um grito inumano e olhamos para trás, lá vinha o porteiro ele parecia bem zangado e subia com uma rapidez impressionante as escadas.

            -Mais rápido. – gritou Jack para mim.

            -Mas...

            -Vamos Juliet!

            Seguindo suas instruções fui mais rápido que pude, quase cai várias vezes, mas Jack estava atento a tudo, quase como se ele soubesse quando e onde eu poderia ser morta. Chegamos a um andar em que havia vários apartamentos, Jack se dirigiu ao primeiro dando um belo chute e arrombando a porta, entramos e ele se escorou na porta para segura-la.

            -O sofá, empurra o sofá. – falou indicando o sofá para por como barreira na porta.

            Empurrei o sofá, mas sem sucesso, meu braço doía e latejava muito tornando impossível arrastar aquele sofá. A essa altura alguém esmurrava a porta e Jack fazia um esforço enorme para mante-la fechada.

            -Juliet, rápido.

            -Eu não consigo... – tentei empurrar de novo – Meu braço está machucado.

            Ele olhou para mim por uns segundos.

            -Vem segurar a porta, Juliet! – seu rosto estava sério demonstrando que confiava em mim, mas seu olhar o denunciava ele tinha medo que eu não agüentasse.

            Fui e me escorei em seu lugar pondo todo o peso do meu corpo na porta para que nada abrisse, mas para minha surpresa os solavancos eram muito fortes, machucavam as minhas costas, eu não ia agüentar tanto tempo. E como se soubesse disso, Jack já estava empurrando o sofá, eu já não agüentava mais e ele pôs o sofá como barreira me libertando do peso e dos solavancos.

            -Obrigada. – disse curvada com as mãos nos joelhos ofegante.

            -Deixa eu ver o seu braço. – disse ele se aproximando e pegando em meu braço – Foi um tiro de raspão, mas temos que estancar o sangue.

            Enquanto ele procurava algo, eu comecei a sentir tremores no chão, era como um terremoto ou abalo, eu estava desconfiada.

            -Você sentiu isso? – perguntei.

            -O quê? – então ele pareceu sentir, foi um tremor forte – Mas que porra!

            -O que foi? – perguntei nervosa.

            -Eu acho que esse prédio vai cair.

            Eu não tinha o que falar, mesmo depois de todos os nossos esforços, nos íamos morrer, não havia saída estávamos destinados a isso, mesmo que lutássemos para sempre o resultado seria o mesmo. E eu sentia que Jack também sabia disso, olhei de relance para ele e em seu rosto estava aquele mesmo sorriso discreto, do dia em que eu pulei da sacada.

            Engoli o medo e comecei a me movimentar rumo a uma janela, eu via as gotas de chuvas descendo pelo vidro, era algo tão normal nesse cenário tão louco, dá pra acreditar? No meio de tudo isso a coisa mais normal era a chuva. Continuei olhando as gotas no vidro, e quando estava perto o bastante levantei o vidro da janela deixando o ar frio entrar.

            -Jack, já chega.

            -O quê? – perguntou ele sem entender.

            -Não há alternativas, não há saídas, na verdade eu acho que há uma... Mas eu não sei se dará certo.

            Eu estava cansada, eu não ia deixar esse mundo me matar mais uma vez, eu não ia permitir.

            -Do que você está falando?

            Olhei a janela aberta e passei uma das minhas pernas sobre ela, e depois passei a outra, até que fiquei na posição de sentada no parapeito.

            -O que você está fazendo aí Juliet? Desce logo, não faz isso.

            Eu ouvi os seus passos atrás de mim, eu só tinha que esperar quando ele estivesse perto o bastante, aquele sorriso havia sumido, e no lugar havia um rosto preocupado.  Quando o senti bem perto, eu pulei.

            -Julieet! – gritou ele desesperado, e como eu imaginei ele também pulou.

            Eu vi as gotas de chuvas caindo eu meu rosto, eu vi o rosto dele angustiado, desesperado, sua mão estava estendida para mim, em um ultimo esforço a agarrei e olhei bem no fundo naqueles olhos azuis, aqueles infinitos olhos azuis. Sua mão estava fria como a de um morto.

            -Nós estamos indo para casa. – sussurrei

            Apertei o papel que estava na minha mão contra o peito, essa é a única prova que isso realmente aconteceu.


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