Nas noites barulhentas de trabalho.Nunca Havia percebido,nunca trocavam olhares.Ele só era vidrado nos papéis,pastas,ações,reuniões,aborrecimentos...Totalmente imerso num mundo que ele próprio desenvolveu com o tempo.Sozinho,sozinho vivia.Os litros de café preto que consumia,pelos menos os copos eram de papel reciclável.Cabelo muito bem lavado,terno bem passado,sapatos pretos,de couro,impecáveis.A imagem de uma máquina de trabalho na forma humana.
   Colecionava cada anotação.Lia,relia,guardava.E assim foi,durante anos.Mas um dia,ele acordou diferente,a barba rala,por fazer,e um sorriso.De canto,tímido,quase imperceptível.Mas ela percebeu.Como de costume,relatou o causo.E cada dia que aquele sorriso aumentava,e aqueles dentes certinhos se mostravam.Passaram a conversar.Todos os dias,algumas vezes,breves e risonhas conversas.Em. Outras,longas e profundas.
    Em um dia normal de trabalho, a secretária de olhos verdes, pequena estatura, tímida, aterrissou no hospital HGF.E naquela cama,inclinada,cheia de panos azuis e uma larga camisola estava.Ele,do lado,aos prantos por dentro e um empresário de sucesso por fora.O médico havia pedido os documentos da paciente,quando Humbert.H pegou a bolsa de sua secretária.Em um movimento brusco,caiu sobre o chão frio uma multidão de papéis.E um na sua mão: "Humbert.Acordou,levantou-se.Lavou-se.Barbeou-se[...]" .Leu,pegou outro papel,leu.Comparou os dois.Olhou para ela,debilitada,na maca.Eles eram todos iguais.A mesma coisa,escrita em datas diferentes.Nunca a havia notado antes.Deveria ter sido melhor.Chorou.Pediu perdão.Tarde demais.