Espelho, Espelho Meu, O Meu Amor É Teu? escrita por LunaLótus


Capítulo 3
Acordo com o Leo


Notas iniciais do capítulo

"Cruzo os braços, jogando-me no recosto do sofá. Tinha esquecido que o braço de Benjamin se encontrava ali. Encaro Leo e travamos uma batalha de olhares, até que desisto. Eu conheço meu melhor amigo muito bem para saber que ele não só queria se vingar, mas também se divertir um pouco. E por que não se divertir às custas de alguém que se divertiu às nossas?"



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Só que eu estava completamente enganada.

No momento em que cruzo o portal e ponho meus lindos pés número 35 na sorveteria-pizzaria-ou-qualquer-outra-coisa-que-aquele-lugar-seja, vejo o filho da puta. Ou melhor, o Luís. E, claro, a loira peituda.

Puxo o braço de Leo, que está imediatamente na minha frente.

— Vamos embora, Leonardo – sussurro, num misto de fúria e pânico.

— Não vamos, não, gostosona. Você não queria se vingar? Aqui estamos – ele responde, sem me olhar, mantendo um sorriso enorme no rosto.

— E eu te falei que não tinha nenhum plano ainda!

— Pois é, e nós sabemos de quem é a culpa. – Leo dá uma boa encarada em Benjamin, que estranhamente está muito interessado no papel de parede. – E, por estar devendo, ele está aqui. Agora, dê o braço a esse pedaço de mal caminho, abra um sorriso, ajeite o decote e se divirta como se fosse ter a melhor noite de sexo da sua vida, logo após sair daqui.

Eu encaro aquele ser que está bem diante de mim, me perguntando que diabos aconteceu com meu melhor amigo.

Benjamin oferece o braço para mim. Eu lanço o olhar nem-pense-nisso.

 

Nós quatro escolhemos uma mesa que está bem no campo de visão do filho da puta, quero dizer, do Luís. Prefiro ficar de costas, e Benjamin se senta ao meu lado. Ele passa o braço por trás de mim, apoiando-o sob o meu recosto. E, para facilitar as coisas, é claro que não podiam ser cadeiras. Tinham que ser sofás. Tinham que ser.

Assim que Leo se ajeita, eu começo a bombardeá-lo:

— Como você teve coragem de fazer isso?

— Tendo. – Dá de ombros.

— Leonardo, pelo amor da sua santa Lady Gaga, esse cara aqui – aponto para o ser humano ao meu lado – começou a estudar hoje na nossa faculdade. Você não o conhece, eu não o conheço. Como você o chama para fazer isso?

Ignoro completamente os olhares meio acuados de Benjamin e Alec. Bem, o Alec já me conhece há algum tempo, sabe como sou, principalmente quando fico nervosa. Já aquele serumaninho, não. Mas eu não estou nem aí se estou causando uma boa impressão nele. Aliás, já não causei desde que nos encontramos pela primeira vez.

— Tá bom, mon’amour, vamos esclarecer umas coisas. Primeiro: é assim que se conhece alguém, convidando-a para sair, conversando com ela. Segundo: eu estou muito puto com aquele projeto de lixo que está na mesa adiante ali. Ninguém, absolutamente, ninguém parte o coração da minha melhor amiga e se vê livre tão fácil.

— Meu coração não está... – tento reclamar, mas ele ergue a mão e segue falando.

— Não importa. Minha amiga não vai ser traída e deixar por isso mesmo. E mesmo que você não quisesse se vingar, eu me vingaria.

— Tá, e qual a sua desculpa para se vingar dele? – pergunto, ironicamente.

— Meu bem, para começo de conversa, fui eu que insisti para que você ficasse com ele. – Leo ergue a mão, quando ameaço interrompê-lo de novo. – Não, eu não esqueci. Ele quebrou a minha confiança também, e isso é o que acontece quando alguém sacaneia comigo. – Olha inquisitivamente para Alec, que ergue as mãos, meio assustado.

— Nunca faria isso, amor! – diz.

Cruzo os braços, jogando-me no recosto do sofá. Tinha esquecido que o braço de Benjamin se encontrava ali. Encaro Leo e travamos uma batalha de olhares, até que desisto. Eu conheço meu melhor amigo muito bem para saber que ele não só queria se vingar, mas também se divertir um pouco. E por que não se divertir às custas de alguém que se divertiu às nossas?

— Então a questão toda é essa? Vingança? – A voz tão próxima de Benjamin me sobressalta. Não havia percebido o quanto esse sofá é pequeno – ou talvez seja Benjamin grande demais.

— Do jeito que falou, ficou bem sem graça. Mas para resumir, sim, é – respondo.

Ele dá uma espiada para trás e mexe no meu cabelo, para disfarçar. Acho que pegou o jeito rápido. Rápido demais.

— É até bonita, a loira – comenta. Dou uma cotovelada nas suas costelas. - E ele está olhando para cá. Ela não está com uma cara muito boa.

— Você pode ir lá pegar. Aposto que ela é fácil como... - Não consigo pensar em nada. - Quer saber, acho que não tem nada mais fácil que ela.

Benjamin ergue as sobrancelhas, surpreso.

— Uau, quanta raiva, hein?

Eu o encaro, incrédula.

— E eu não deveria estar com raiva? Aquele ali é o meu ex-namorado, e ele me traiu com ela, numa festa, semana passada. Na frente de todo mundo.

Ele se ajeita em seu lugar e diz:

— Bom, mas se analisarmos toda a situação, o errado é ele. Ela apenas aceitou. Quem era comprometido nessa história? Ele que devia ter dito não.

— Então você acha que não devo me vingar? – enfrento-o, com um gosto amargo na boca.

— Eu não disse isso. – Há algo malicioso e divertido em seu olhar. Uh, gostei. – Particularmente, acho isso desnecessário. Você devia deixa-lo seguir a própria vida. Mas por outro lado, pode ser divertido.

Leo, que apenas nos observava, finalmente se manifesta:

— Então qual a ideia?

— Tenho uma. – Para minha surpresa, é Benjamin quem diz isso.

 

Depois de uma pizza grande e quatro taças de sorvete, saímos da sorveteria e nos reunimos do lado de fora. Eu, Leo e Alec encaramos Ben – tomei a liberdade de chamá-lo assim, pelo menos por enquanto. Todos aguardamos suas instruções.

— Eles já comeram? – pergunta, se referindo a Luís e a senhorita peitos.

— Acho que estão na sobremesa. Por quê? – É Alec quem responde.

— Ele está de carro?

Dou de ombros.

— Possivelmente. Ele adora aquele carro.

— Certo. – Então se vira para Leo. ­– Você pegou os sachês de açúcar que pedi?

Como resposta, meu melhor amigo tira pelo menos uns cinquenta sachês dos bolsos.

— Acho que vai dar. Qual é o carro dele?

Procuro por alguns instantes, até que encontro o carro vermelho que identifico como do meu ex. Aponto e logo Benjamin está ao lado. Não sei como, abre o tanque de combustível, rasga todos os pacotinhos de açúcar e despeja todo conteúdo na gasolina.

— Mas o quê? – Começo.

— Ainda não acabou.

Ele vai até o pneu esquerdo traseiro e faz um furo. Logo depois, retira o celular do bolso e liga para alguém.

— Alô, é do Departamento de Trânsito? – Tempo. – Eu gostaria de fazer uma denúncia. Um carro estacionado ilegalmente numa vaga de deficiente. – Tempo. – Sim, vou passar o endereço.

Benjamin segura meu braço e me impulsiona para perto de meus amigos. Ouço-o dizer o endereço da sorveteria, agradecer e desligar. Eu o espero.

— Sabe onde dói mais em um cara? – Vem dizendo. Balanço a cabeça. – Bolso, carro e orgulho. Fira qualquer um deles e você o detona.

Começo a rir e pergunto:

— E por que está fazendo isso por mim? Você não me conhece.

— É, não conheço. E não estou fazendo isso por você.

— Parte do acordo com o Leo? – Sorrio.

— Exatamente. – Dá de ombros, assentindo com a cabeça. – Além disso, ele mereceu.


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Notas finais do capítulo

Ooi, vingativos ♥ Sentiram saudades? Não, eu sei.
Enfim, primeiro, peço desculpas pelo atraso no capítulo! Como podem ver, quase não saiu hoje também, mas eu havia prometido lá no grupo do Nyah! que postaria até terça, no caso, hoje. E aqui está! Então, o que acharam?
Vamos aproveitar para fazer um jogo? Como vocês se vingariam de um ex? Vamos esquecer as convenções e deixar a mente fluir! Ninguém está aqui para julgar ♥ Divirtam-se!
Nos vemos em breve!
Beijos da Luna.



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