10 Maneiras de Conquistar a Coral escrita por Cah Sants


Capítulo 2
Maneira numero 2 - Assista ao filme nerd com a Coral


Notas iniciais do capítulo

Nao vou ter frequência de postagem. Pode demorar uma semana ou algumas horas pra sair o próximo, depende da disponibilidade de tempo ^^ Eis aqui o capitulo 2/10. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/694891/chapter/2

Ponto de vista - Coral
Meu pai estava sentado naquela mesa havia horas, rabiscando um pedaço de papel. Eram poucos os dias de folga que ele tinha, mas nesses dias, ele desenhava coisas maravilhosas que eu usava para enfeitar o meu quarto. Na sala, logo ao lado, eu havia esticado um tapete e espalhado almofadas e pufes. Na mesa havia todo tipo de comida que eu e Ravena sempre colocávamos nessas reuniões. A diferença é que dessa vez, seu irmão chato iria estar presente.
Eu nunca soube qual é a dele. Tantas meninas por ai, que também gostam dessas coisas que ele gosta, porque ele precisava gostar de mim? Eu queria matar Ravena. Estrangulá-la por me envolver nesse tipo de furada.
—Você esta ansiosa- meu pai reagiu do outro lado e eu virei o rosto para vê-lo ajeitar os óculos e continuar rabiscando.
—Claro que nao estou- respondi com raiva, soltei o ar pela boca, de braços cruzados e encostada no sofá da sala- Ainda é cedo, nao é?
—Ansiosa- ele repetiu e eu estreitei os olhos para ele- Você é igualzinha a sua mãe. Com esse labio espetado em desdém - meu pai me olhou e sorriu com o canto dos lábios- e esses olhinhos furiosos.
—Pai... Você está ai para não deixar esse garoto encostar a mão em mim- explico, gesticulando com a mão para o chão onde os pufes estavam- Vamos apenas assistir um filme, ele vai embora e eu espero que nunca mais volte.
—Está bem, está bem- ele disse, rindo e voltou a desenhar, sem prestar atenção em mim.
Instantes depois, a campainha tocou. Forcei meus pés a se arrastarem ate a porta, descruzei os braços para nao expressar tanta negação e girei a maçaneta devagar para encontrar Ravena do outro lado. Ela estava suspeitamente vestida, com roupas de festa, e eu estreitei os olhos.
—Coral, você já conhece o meu irmão, é claro, mas nunca apresentei vocês formalmente- ela gesticulou para o garoto ao seu lado e so então eu prestei atenção nele- Esse é o meu irmão Andrei.
— Oi Coral- ele sorriu daquele jeito que os convencidos costumam sorrir, mas suas maos esticaram para mim uma flor, um girassol. Que tipo de garoto trás um girassol?
—Oi Andrei- peguei a flor, por educação, e abri mais a porta para dar passagem- Vocês ja podem entrar. Ignorem meu pai, ele esta desenhando na porta mas não vai incomodar.
—Na verdade...- Ravena trocou olhares com o seu irmão e eu mudei o peso de uma perna para outra, nervosa- Eu não vou ficar.
—Ravena!
—Drê, pode nos dar um minuto?- Ravena gesticula para que ele entre e eu libero o caminho; ele sequer faz cerimonia, sai entrando como se estivesse acostumado com o lugar.
—Que historia é essa...
—Venha aqui- ela me puxou pelo pulso e eu puxei a porta atrás de mim- Eu vou sair com o Rafa em- ela encarou a tela do celular- vinte minutos. Ao menos eu sei aproveitar um encontro.
—Ravena!- eu repeti, indignada, oscilando o olhar entre a porta de casa e a expressão travessa em seu rosto, alem do fato de estar balançando um girassol na mão- Voce prometeu que nao ia me deixar sozinha com ele.
—Nao- ela explicou, naquele tom que indicava ironia- Eu prometi que viria com ele. E eu vim. Alem do mais, voce nao vai estar sozinha com ele. O seu pai não esta ai?
—Por favor- implorei e com a mão livre, segurei a sua, mas Ravena apenas sorriu, mais doce que o normal e deu um tapinha nada consolador em minha mão.
—Da uma chance pra ele- ela piscou para mim e começou a se afastar- Você pode perceber que ele não é tão tão chato assim.
Ravena deu as costas para mim e começou a se afastar, sem olhar para trás. Droga. Eu fui arrumar a pior melhor amiga de todas. Sem opção, entrei novamente em casa e fechei a porta. A primeira coisa que vi foi Andrei sentado numa cadeira, ao lado do meu pai, conversando. E meu pai estava dando ideia. Porque, Deus?
—Pai- eu digo, em tom de repreensão e o velho me encara por cima dos óculos, com aquele sorriso de canto que nao saia dos seus lábios nas ultimas horas e que eu nao conseguia decifrar.
—Ah, veio receber seu convidado, finalmente- ele apontou para Andrei, que ja estava de pé e girava o boné para deixar a aba para tras.
—Eu sei o que isso significa e nao, nao vai rolar- coloco o dedo indicador em seu tórax, como um aviso e sigo para a sala de estar- Venha.
—Mas do que voce está falando?- ouvi a voz irritante atrás de mim, e fiz meu melhor para ignorar- O que vamos assistir?
***
Ponto de vista - Drê
Ela é linda, de um jeito sem igual. Minha irmã sempre usa roupas de enterro, maquiagem de enterro com aquela expressão de enterro. Coraline também era assim. Mas com ela, combinava melhor. Seu cabelo preso em rabo de cavalo, as camisetas de banda de rock modelo masculino, cheias de imagens assustadoras, os jeans rasgados. Ela é o tipo de menina que eu nunca pensei em gostar.
—Harry Potter- ela disse e pegou o controle enquanto eu me sentei em um pufe infantil no chão, que afundou com meu peso.
—Aquele do menino bobo com a varinha e a vassoura magica?- zoei e me arrependi imediatamente, quando ela olhou para tras e me fuzilou com os olhos- Quer dizer, é meu filme favorito, aham.
—Ah, é?- ela levantou uma sobrancelha para mim e sorriu; naquele momento, meu coração saltou uma batida- Qual o nome do seu filme favorito de Harry Potter?
—Ah, hm...- tentei me lembrar de Ravena assistindo essas coisas em casa e algumas coisas passaram pela minha cabeça, mas nada pareceu certo, por isso resolvi arriscar- Harry Potter e... O troféu Fisolofal.
—Como é que é?- ela riu, mas eu percebi que tinha errado alguma coisa no nome- Com troféu você quer dizer Cálice de fogo? Ou é Pedra Filosofal?
—Isso, Pedra Fisolofal.
Coral revirou os olhos. Nesse comento, começo a pensar se isso vai mesmo funcionar. Então meus olhos encontram sua mão e ela ainda segura a flor entre os dedos. Foi um dos meus amigos quem disse que essas meninas gostam de ganhar flor, mas são tão diferentes e com tantas cores que eu não consegui escolher. Entao tirei uni-duni-tê. Ela nao disse obrigada, mas ainda estava segurando. Ja era alguma coisa.
Ela se sentou também, mas sentou muito longe. Longe demais até para um primeiro encontro. Então eu mesmo resolvi diminuir o espaço entre nós, rolando para uma almofada mais perto dela e me sentando ao seu lado. Ao me ver, ela estreitou os olhos como se eles fossem armas prontas para me fuzilar e apontou a flor para o meu nariz.
—Cuidado, Andrei... Cuidado.
—Você sabe, pode me chamar de Drê, se quiser- coloquei sua mao para o lado e o som da TV a fez desviar o olhar; resolvi prestar atenção ao filme bobo de nerds, ja que um encontro mais ou menos era melhor que encontro nenhum.
Ela nao disse mais nada, mas eu a observei. Assistia fascinada ao filme de um menino bobo de fantasia que é um bruxinho de testa rachada... Seus olhos até brilhavam para a tela. Olhando assim, o filme parecia ainda mais bobo. Peguei o balde de pipoca e ofereci a ela. Seus dedos tocaram os meus quando ela pegou o pote das minhas mãos e colocou em seu colo. Caramba, essa novinha mexe comigo de um jeito...
Tentei prestar atenção na historia, mas a maioria do tempo desviava o olhar pra ela, ate inconscientemente. Estava com a flor na mão, ainda. Isso é bom sinal? Será que ela gostou? Meu Deus... Que tortura. Olhei para seu pai, ainda sentado na mesa e percebi que ele também estava assistindo. Sou o único nesse ambiente que não gosta desse filme?
—CARAMBA!- gritei e Coral me deu uma cotovelada nas costelas- Ai... Minha nossa, aquilo é um cachorro de três cabeças?
—O nome dele é Fofo- ela sacode os ombros em indiferença, com a testa franzida como se EU fosse o esquisito ali.
—Como assim Fofo? Isso é nome pra um cachorrão desses?
Ela me ignorou, mas agora o filme ja não parecia assim tão bobo. Afinal qualquer filme com um cachorro de três cabeças podia ser interessante. Tento me aproximar mais dela, mas no momento em que eu me arrasto mais para o lado, ela joga uma mão cheia de pipoca na minha direção e se afasta mais do que antes. Respiro fundo. Melhor que nada, melhor que nada...
Aos poucos, comecei a entender esse tal de Harry Potter. Talvez não fosse um filme assim tão bobo. Na verdade nem era ruim. Nao era exatamente o que eu pensava em fazer essa noite, mas ao menos estava com ela.
—Espera, o filme acaba assim?
—Tem outros filmes, Andrei- ela revirou os olhos para mim, como se eu estivesse demonstrando muita estupidez e desligou a TV- Mas por hoje ja chega.
—Quer dizer que já tenho que ir embora?- arrumo a aba do boné, ajeitando-a para ficar à frente, um tipo de tique que eu tenho- Ainda nem são nove horas.
—Eu não sabia que ainda tinha cota de horário pra cumprir- ela colocou uma das maos na cintura e eu passei a mão no rosto, como se sinalizasse a mim mesmo para acordar.
—Não é isso, é que Ravena vai chegar aqui às nove- coloquei a mão atrás da nuca, outro tique que tenho quando estou nervoso e olhei para trás de mim, onde o pai dela havia voltado para os desenhos- Se eu chegar sem ela em casa vai dar o maior B.O... Tanto pra mim quanto pra ela, ta ligado?
—Falou, mano- ela balançou a mão pra mim e voltou a mexer no aparelho de DVD e eu tive a nítida sensação de que ela estava debochando de mim.
—Posso anotar seu numero?- pedi, talvez com o pé atrás.
Tente me controlar, me lembrar de que era so uma menina. Uma menina ainda mais nova que eu. Mas eu não conseguia raciocinar corretamente com Coraline assim por perto. Seus olhos faiscaram na minha direção e por um segundo eu tive certeza de que ela iria dizer nao e me colocar para fora. Mas a mão que ela estendeu era a mão que ainda segurava o girassol, meio murcho já.
—Me da aqui o seu telefone que eu salvo.
Entreguei a ela meu celular e parecia que Coral ficou a vida toda com ele na mão, digitando. Quando me entregou, eu quase o deixei cair no chão, mas dei uma de ninja. Eu tinha o numero da Coraline nele. E não ia sossegar enquanto nao pudesse dizer que ela era minha.
***
Ponto de Vista - Coral
—Eu vou indo, então- Andrei acenou para o meu pai e passou por mim, e eu fiquei um pouco sem entender a situação- Até mais, marrentinha.
—Ei, você nao ia esperar...- freio, quase cometendo uma burrice; nao ia dar a ele motivos para pensar que mudei de ideia quanto a um possível "nós" que nunca rolaria- Não me chame de marrentinha.
Ele riu e eu tive a certeza de que estava debochando de mim.
—Eu vou esperar por ela aqui na calçada mesmo. Obrigada, pelo filme bobo- ele disse, mas esperou na porta, talvez como um pedido silencioso pra que eu o acompanhasse ate a saída.
Olhei para o meu pai, atrás de mim, e seus olhos me aconselharam a ir em frente. Mas apesar de tudo, eu ainda não queria que o irmão funkeiro da minha melhor amiga pensasse que eu estava afim.
—Não é bobo- pisquei demoradamente e abri a porta- Harry Potter é...
Andrei me interrompeu. Se inclinou tão rapidamente que eu nao tive tempo nem de me afastar de forma eficaz. Seus lábios tocaram a pele da minha bochecha e minha resposta automática foi socar sua barriga.
—Ai, garota- ele massageou o local que meu punho acertou, mas nao parecia ter sentido dor, enquanto minha mão doía sem parar, pulsando ferozmente juntamente com a raiva- Nao foi educado.
—Sai, agora.
—Isso também não é educado- ele piscou um dos olhos para mim e saiu pela porta, gingando o andar como se tivesse vencido uma batalha. Mas se ele quer começar isso, eu posso guerrear. Vai ser a semana mais longa da minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, eu vi que tem pessoas acompanhando e aceito seus comentários, obg dnd bj qj haushaus :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "10 Maneiras de Conquistar a Coral" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.