War of Hearts escrita por Luna Lovegood


Capítulo 16
Capítulo 15 - Broken Place


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me antes do planejado!

Obrigada pelos comentários galera! Não parem por favor, eu fico preocupada quando isso acontece e a primeira coisa que a minha mente louca pensa em fazer é em revisar a história inteira em busca do "problema" e aí já viu, me atraso toda para escrever um capítulo!

Eu espero que vocês gostem desse capítulo, porque eu amei muito!

Tem uma surpresa no final.



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Underneath the cold November sky

I'll wait for you

As the pages of my life roll by

I'll wait for you

I'm so desperate just to see your face

Meet me in this broken place

 

Hold me now

I need to feel you

Show me how

To make it new again

 

There's no one I can run to

And nothing I could ever do

I'm nowhere if I'm here

Without you

(Without you - Ashes Remain)

 

Felicity Smoak

Parece que quanto mais devagar você quer que o tempo passe, mais rápido os ponteiros do relógio giram. Mais rápido os dias se vão, e quando você percebe o tempo já se foi e você não pode mais esperar, você não pode fazer o ponteiro do relógio voltar.

Eu estava sentada numa poltrona e observava os pequenos flocos de neve que caíam lentamente do lado de fora da minha janela. Suspirei contra o vidro, minha respiração quente o embaçando, ergui minha mão e numa atitude infantil eu desenhei pequenos corações no lugar. Eu não fazia isso há tanto tempo, e era bom, uma distração e por isso continuei rabiscando corações. Eu estava tentando manter minha mente focada em qualquer coisa que não fossem as horas.

Meus olhos se perderam novamente lá fora, no tapete branco que a neve formava. Em outra época, em outro lugar eu ficaria contente com a neve. Las Vegas era uma cidade ensolarada no meio do deserto dos Estados Unidos, neve era algo quase impossível de se ver por lá.

Eu sentia falta do calor que havia lá. Sentia falta da minha casa, de acordar tarde aos domingos nas férias de verão e encontrar minha mãe com tudo pronto para uma pequena escapada para um clube, ou de quando ela armava uma de suas viagens surpresas que quase sempre eram alguma furada como acampar no meio do nada, pescarias, ou road trips que na maioria das vezes ou acabavam com o carro estragando no meio do caminho ou com a gente perdida, as vezes as duas coisas ao mesmo tempo. Mas mesmo com suas ideias malucas, péssimo senso de direção e viagens terríveis, a gente sempre arranjava um jeito de se divertir. A vida era simples, era fácil encontrar a felicidade, e eu nunca havia dado tanto valor até isso ser tirado de mim.

Fechei meus olhos fingindo que eu estava em casa, em um daqueles dias quentes escutando minha mãe tagarelar sobre o porquê eu precisava trocar meu protetor solar por um bronzeador. E de repente me perguntei como Oliver se encaixaria na minha vida lá, como ele lidaria não apenas com aquela mudança brusca de clima, mas também com o furacão ambulante que era a minha mãe.

Donna Smoak era uma pessoa incrível, extrovertida e cheia de vivacidade. Eu entendia melhor o porquê dela ser assim agora, com toda certeza ela passou o inferno aqui na Rússia, lutou para ser livre, para que eu fosse livre e isso apenas fez com que ela apreciasse ainda mais cada pequeno momento da vida. Mas eu não podia negar que Oliver com seu ar sério, e até mesmo taciturno às vezes, seria um contraste imenso com ela. Um riso escapou dos meus lábios apenas em imaginar Oliver conhecendo a minha mãe e ela fazendo algum daqueles comentários constrangedores tão típicos dela. Mas aos poucos o riso foi desaparecendo, se tornando quase o som de um lamento.

Oliver.

Onde ele estava?

Por que ele não viera?

Oliver me dissera que levaria no máximo dois dias na missão de Anatoly, mas já estávamos no quarto e fatídico dia, e ele não apareceu. Eu tentei escapar no meio da noite e ir até o seu quarto, mas ele não estava lá. E Anne, por sua vez, estava muito mais calada do que o habitual, quando eu citava o nome de Oliver ela juntava as coisas dava meia volta e partia imediatamente inventando alguma desculpa qualquer.

A ausência de notícias dele estava me matando.

Outra coisa que estava me matando era o dia.

Era hoje.

O dia do meu casamento. Apenas pensar nisso me fazia ter vontade de rir histericamente. Eu tentava não ficar nervosa, mas era impossível ao ver todas as malditas coisas de um casamento a minha frente assim que eu acordei. Vestido, sapatos, véus e até mesmo uma estúpida tiara de princesa! Por isso me sentei à janela e encarei o dia lá fora. Era melhor olhar para a neve caindo do que para o vestido de noiva do outro lado do quarto que parecia rir debochadamente de mim.

Escutei a porta se abrir e imediatamente me virei na direção dela, esperando ansiosa para ver Oliver passar por ela. Eu me jogaria em seus braços, eu o beijaria até que meus pulmões implorassem por ar e depois brigaria com ele por me deixar tão preocupada.

Mas meu coração, que batia acelerado dentro do peito com a expectativa, foi ao chão quando eu percebi que não era ele. Na verdade, não poderia ser alguém mais oposto a Oliver.

— Bom dia, filha. — Anatoly entrou no quarto caminhando até mim, sua simples presença  tendo o dom de deixar o lugar mais frio. Me limitei a virar o rosto e voltar a encarar novamente a janela, esperando ver, ainda que de longe Oliver chegar e varrer minha preocupação para longe. — Parece que alguém não está de bom humor no grande dia. — comentou sendo sarcástico, senti sua mão sobre meu ombro, direcionei o olhar rapidamente para o local do aperto opressor onde seus dedos mantinham-me paralisada no lugar. Era estranho, seus dedos estavam avermelhados e os nós exibiam machucados bem feios.

Ele estava ferido.

Bom.

— Considerando que eu não sou uma típica noiva feliz, não deve ser surpresa para você não me ver ostentando um grande sorriso hoje. — respondi com mau humor, não estava com paciência para lidar com Anatoly. Eu só queria que esse dia acabasse logo, e que no final dele Oliver e eu fugíssemos daqui, eu só queria ter meu futuro novamente em minhas mãos.

— Querida, ele não virá por você. — meu corpo tencionou ao escutar as palavras que Anatoly havia soprado em meu ouvido. Girei a cabeça fitando o seu rosto tão próximo ao meu. Ele havia se curvado um pouco para sussurrar em meus ouvidos e ainda se mantinha assim, seu rosto contorcido numa expressão satisfatória, seus olhos sempre tão vazios fitavam-me com pura perversidade. — Você pode parar de observar à janela como uma tola princesa presa a torre a espera do príncipe encantado. Ele não está vindo te salvar. — ele sibilou as últimas palavras e se afastou, observando contente o efeito que elas tinham causado em mim.

— O que você fez? — me ergui imediatamente da poltrona, meus pés caminharam até Anatoly parado em uma pose apática no meio do meu quarto. Ele esperou até que eu estivesse de frente para ele, esperou que meus olhos encarassem seu rosto inexpressivo para me responder.

— Eu não fiz nada! Na verdade, Oliver e eu tivemos uma conversa interessante sobre você ontem a noite — engoli em seco sentindo meu coração disparando em desespero dentro do peito, mas tentando ao máximo disfarçar.

Talvez Anatoly estivesse blefando, não havia modo de ele saber sobre Oliver e eu, a não ser que Anne... Não. Ela não teria feito isso, Anatoly estava apenas desconfiado e tentando fazer com que eu entregasse Oliver.

— Eu não sei o que você pode ter conversado com o seu soldado, mas certamente não deve ter nada a ver comigo. — forcei um desinteresse, mas tenho certeza que Anatoly via a forma como minhas mãos tremiam ou minha voz não parecia tão confiante como eu tentava fazer parecer.

— Certamente tem a ver com as muitas noites que ele passou em seu quarto aproveitando do prazer do seu corpo jovem e deleitoso. — ele jogou as palavras lenta e friamente como se aquilo não tivesse importância.

Ele caminhou deliberadamente pelo quarto e sentou-se em minha cama de onde permaneceu me observando, seus lábios se erguendo nos cantos, exibindo o que deveria ser o mais odioso sorriso na face da terra.

— Você não pensou que ele te amasse? Pensou que ele a tiraria daqui? Oh, querida... — forçou uma falsa piedade.

— Você está mentindo. — senti insegurança nas minhas palavras, eu amava Oliver e ele havia dito que me amava também, mas naquele momento, com sua ausência, com o casamento tão perto de acontecer minha mente estava vulnerável, não estava sendo difícil para Anatoly entrar nela e brincar com as minhas inseguranças.

— Por que eu mentiria? Eu tenho você aqui, ainda sobre o meu poder e domínio. E onde está o seu príncipe encantado? — não respondi. Como poderia, se eu vinha há dias me fazendo a mesma pergunta? Cruzei meus braços e apertei minhas unhas sobre a carne deles, a dor me tornando um pouco mais alerta — Aceite querida, ele só queria um pouco de sexo com a filha do chefe, eu não o repreendi por isso. Homens têm as suas necessidades e você estava disponível e afim. Certamente foi divertido para ele enganá-la, conquistá-la até, alguns homens amam o desafio, Oliver não é diferente. Mas agora a farsa acabou, é hora de voltar a vida real. — Anatoly sorriu mais abertamente, seu sorriso me enojando tanto quanto suas palavras — Na verdade, foi até divertido para mim também, poder observá-lo brincar com os seus sentimentos, essa é a melhor punição que eu poderia te dar.

Oliver estava brincando comigo?

Tudo o que nós vivemos e lutamos, cada momento de dor e de amor foi apenas algum tipo de punição insana e doentia daquele que se dizia ser meu pai?

Não. É claro que não. Tudo em mim negava aquilo, nossos momentos juntos não foram uma mentira, cada beijo, cada vez que nos amamos tinha sido única e especial. Nosso amor era real, eu sentia isso em cada parte de mim. Eu não deveria deixar Anatoly tentar manchar isso com suas mentiras e joguinhos psicológicos.

— Você está mentindo. — repeti as palavras soando mais convicta dessa vez e Anatoly gargalhou achando graça da minha atitude. Ele tinha um censo de humor muito distorcido.

— Eu não consigo decidir se você é estúpida demais por se apaixonar por alguém que te sequestrou e que a trouxe para mim, ou se esperta por perceber meu pequeno ardil. Mas de todo modo não importa, e essa conversa está me deixando entediado. Eu preciso de um pouco de diversão. — ele se ergueu da cama com um sorriso diabólico nos lábios, um arrepio frio percorreu minha espinha sabendo que sua ideia de diversão não traria nada menos do que dor para mim — Quer ver seu presente de casamento? Eu tenho dois deles, um melhor do que o outro. — disse oferecendo a mão para mim, esperando que eu a aceitasse e o acompanhasse.

Eu simplesmente passei direto por ele, ignorando intencionalmente sua falsa cortesia.

— Agora eu vejo porque ele te chama de printsessa, não podemos negar que tem algo de altivo nessa sua atitude petulante. — ele apertou a mão com força ao redor do meu braço me parando e forçando a encará-lo —  Mas aqui, printsessa, — ele disse o apelido com evidente escárnio — Eu sou o rei e você obedece a mim.

Anatoly me guiou com a gentileza de sempre para fora do quarto. Depois que descemos as escadas eu reconheci quase que imediatamente o caminho que estávamos fazendo, eu já o havia feito com Oliver numa época não tão distante. Anatoly me levava à sua prisão pessoal no porão. Me perguntei se o meu “presente” seria mais uma sessão de veja alguém apanhar no seu lugar, ou até mesmo algum assassinato cruel, nada disso me surpreenderia mais. Eu estava há tempo demais convivendo com a máfia russa para entender o nível de crueldade e desprendimento com o ser humano que eles tinham. Mas pelo brilho satisfeito no olhar de Anatoly e seu sorrisinho diabólico, no fundo eu sabia que era muito pior e pessoal. Bem lá no fundo eu até mesmo sabia o que era.

E só de pensar nisso meu coração tinha vontade de chorar. Mas eu me segurei firme, eu me recusava a desmoronar, eu me recusava a me quebrar na frente dele. Era isso o que ele queria e eu não lhe daria este prazer.

Passamos por celas e mais celas enquanto meus pés seguiam Anatoly ansiosos. Oliver estava aqui. Eu sabia disso, eu podia sentir isso. E se ele estava aqui, como no inferno eu iria salvá-lo?

Eu olhava por cada uma das portas do amplo corredor esperando ouvi-lo ou vê-lo, ansiosa e ao mesmo tempo nervosa demais. Isso não passou despercebido por Anatoly, que parecia se alimentar da minha agonia e ia ainda mais devagar a prolongando. Quando paramos em frente a uma das portas, ele sorriu para mim.

— Alguém está muito ansiosa pelo presente. — comentou — Eu sou um excelente pai. — Ele disse debochado, abrindo a porta me mostrando quem estava lá dentro.

Eu travei por um momento não acreditando no que meus olhos viam. Eu tive que piscar várias vezes para me livrar do acúmulo das lágrimas que embaralhavam a minha visão e me impediam de ver com clareza. Mas quando percebi que o que eu via era real, eu corri o mais rápido que eu consegui, ansiosa para a distância diminuir. Ansiosa para acalmar meu coração que batia a mil por hora.

— Oh, meu Deus! Mãe. — minha voz saiu numa mistura de felicidade genuína e tristeza profunda. Havia uma parte de mim, emocionada e feliz por vê-la novamente, por poder abraçá-la mais uma vez. Mas a tristeza era maior, porque Anatoly estava com ela, e eu bem sabia o quão diabólico ele era. Eu a apertei num abraço quase sufocante e respirei fundo inalando seu cheiro bom. Eu me senti estranhamente bem e aliviada, como uma criança que se perde no shopping e finalmente encontra seus pais. Conforto e paz se espalhavam por mim enquanto eu estava com ela, efeitos que apenas um abraço de mãe é capaz de causar — Você está bem? Está machucada? — perguntei não escondendo a minha preocupação.

— Querida, sou eu quem deveria te perguntar isso. — Donna Smoak devolveu numa estranha calma, suas mãos delicadas alisando meus cabelos da mesma forma maternal que ela fazia desde que me entendo por gente. Seus olhos grandes e azuis analisavam cada parte do meu rosto verificando se eu estava bem. E quando pareceu satisfeita um sorriso  tão lindo brilhou nos seus lábios e eu me questionei como Anatoly não o havia destruído ainda.

Ele tinha o dom para destruir todas as coisas boas.

Mas minha mãe tinha o dom para criá-las.

— Eu estou bem. — respondi automaticamente. Eu não queria preocupá-la com isso, eu sabia o quanto minha mãe surtaria se soubesse de metade das coisas pelas quais passei. — Há quanto tempo está aqui? — questionei, mudando o foco da conversa para ela.

— Há tanto que eu nem me dou o trabalho de contar. E você? — pisquei confusa, minha mãe não sabia do meu sequestro? Então... Anatoly a havia pego na mesma época que a mim. Ela estava esse tempo todo perto de mim e eu nunca soube. Meu coração se apertou só de pensar no que ela estava passando como prisioneira dele.

— Não muito. — menti, sabendo que ela se sentiria melhor assim.

— Eu sinto muito. Por esconder tudo isso de você, eu deveria ter contado, te alertado sobre isso. — ela se desculpou honestamente, suas mãos se colocando em meu rosto e secando algumas das minhas lágrimas que caíam sem que eu sequer percebesse. — Mas eu estava tão desesperada para que você fosse feliz, eu não queria manchar sua vida com toda essa coisa de pai líder da máfia russa, e todos os horrores que eu já vi aqui.

— Eu sei, mãe. Você não tem que se desculpar por isso. — esclareci — Graças a você eu fui imensamente feliz, você fez o melhor para sair de uma situação ruim e me criou para ser alguém tão boa quanto você. Você me mostrou amor, que é algo que eu tenho certeza que jamais veria se eu tivesse crescido aqui. — eu garanti.

Eu não fazia ideia do quanto ela sofreu aqui ou como ela havia conseguido fugir, ou ainda do quanto ela lutou para nos manter longe dessa loucura por tanto tempo.  Porém eu sabia que não tinha sido fácil.

— Obrigada por me dar isso, por me dar a chance de ser feliz. — agradeci, com todo o meu coração porque eu sabia que tudo o que ela fez ou sofreu, foi por mim. Se ela não tivesse lutado para sair dessa vida, talvez hoje meu destino fosse muito pior.

— Oh, minha querida. Eu só fiz o que qualquer mãe faria por seu filho, você entenderá quando a hora chegar para você. — ela explicou com doçura na voz, como se apesar de estarmos presas na Rússia, ela ainda não tivesse desistido do meu futuro, como se ainda tivesse esperanças que tudo daria certo no final — Não há nada no mundo que eu não faria por você. — ela disse emocionada, a certeza na voz dela e o seu amor incondicional me emocionando de volta, me fazendo apertá-la ainda mais envolta de meus braços.

— Eu amo você.

— Eu amo você também.

— Isto está ficando melodramático demais. — Anatoly reclamou, senti suas mãos rudes puxando-me dos braços de minha mãe me afastando dela, enquanto dois de seus soldados a impediam de vir até mim. — Eu acho que já é hora de acabarmos com isso, temos um compromisso importante mais tarde, não é mesmo, filha? — Anatoly disse sorrindo, sua voz sem emoção deixando implícito sobre o que ele estava falando.

O casamento.

Eu não precisava pensar muito para entender qual seria a jogada dele.

— Tire suas mãos dela! — minha mãe gritou e se debateu quando Anatoly colocou a mão em meu queixo, o erguendo, forçando-me a encarar o abismo sem fim que eram os seus olhos.

— Oh, Donna, nem tente. — ele respondeu com uma voz entediada, sequer se dando ao trabalho de despender um olhar para ela. Como se não valesse a pena, como se ela não valesse nada. — Felicity é minha propriedade, você a roubou uma vez. Mas agora que a tenho de volta ela vai ser usada para o propósito para o qual deveria ter sido criada.

— Querida, este homem é o diabo. — minha mãe começou a dizer com urgência na voz, ainda lutando inutilmente contra os soldados de Anatoly que a seguravam. — Não acredite em nada do que ele disser, eu não sei como alguém tão perverso pode ser pai de alguém tão belo e perfeito quanto você. Não deixe que ela a ameace, não importa o que ele diga que vai fazer. — Ela pedia com olhos suplicantes.

— Eu tenho a amada mãe dela, você acha que Felicity iria me negar algo? Você sabe que posso ser persuasivo, Donna. Mas não se preocupe, eu não tenho nada de perverso planejado para a minha querida filha. — ele disse num tom falsamente amável — Apenas um casamento. Uma pena que a mãe não vai poder estar presente.

Ele sorriu diabolicamente e então me puxou para fora do quarto. Eu ainda escutei minha mãe gritando meu nome antes que Anatoly me tirasse da cela e fechasse a porta. Eu ainda escutei as batidas desesperadas de suas mãos contra a porta enquanto ela implorava por mim.

Encostei-me na parede, deixando-me apoiar nela já que eu não tinha mais certezas se eu conseguiria ficar em pé sem cambalear tamanho era o meu desespero.

— É incrível como o tempo não destruiu a beleza da sua mãe, não é mesmo? — Anatoly comentou, como se comentasse sobre algo tão trivial como o clima.

— O que você quer? — devolvi, sem paciência para os joguinhos dele.

— Que pergunta tola. — exclamou, mas eu sabia que era essa exatamente a pergunta que ele esperava que eu fizesse. — Eu só quero que pare de se rebelar e me irritar, eu quero uma boa e comportada filha que colabore com o pai e entre numa maldita igreja exibindo seu lindo e doce sorriso e diga “aceito” na hora apropriada.

— Se eu fizer isso, vai libertá-la? — questionei. Eu estava pronta para barganhar se fosse necessário.

— Claro, querida. — sua resposta rápida me incomodou. Nada era simples ou fácil com Anatoly, eu sabia que havia algo mais ali, algum truque, alguma dissimulação.

— Como eu posso confiar em você?

— Você não pode. — assumiu — Mas tente ver isso pelo meu ponto de vista: eu quero fazer sua mãe pagar por ter fugido de mim anos atrás. — pontuou — Que melhor maneira de causar sofrimento a ela do que ver a filha vivendo a vida da qual ela tanto lutou para sair? Ela pode ser livre, eu não me importo, mas a liberdade dela não terá valor algum se ela perdeu o que mais importava. A coisa pela qual ela lutou tanto para proteger de mim. — eu conseguia ver como a mente perversa dele funcionava e aquilo fazia todo o sentido —  Agora vamos, tem mais um presente esperando por você.

***

Eu me sentia anestesiada. Sabe quando a dor é tão grande que o nosso corpo sequer consegue senti-la? É chamado de estado de choque. Eu estava assim agora, em um choque tão grande que as palavras de Anatoly apenas passavam por mim sem me atingirem.

Quando chegamos ao final do corredor, Anatoly parou e me encarou. Ele colocou a mão na maçaneta da porta, mas não a abriu. Eu sabia quem estava lá. Eu apenas não queria pensar, pensar nele apenas pioraria tudo.

— Antes do segundo presente, eu preciso te perguntar: lembra-se daquela nossa conversa sobre seus deveres matrimoniais? — ele me questionou.

— Seja mais específico. — devolvi, minha mente não estava em seu modo alerta, e eu não estava a fim de fazer uma busca em minhas conversas desagradáveis com Anatoly, apenas para lhe dar a reposta certa.

— Eu estou falando sobre sexo. Esse é um dos seus deveres principais como esposa de Vladmir — senti a raiva percorrendo minhas veias, lembrando-me de como eu estava sendo oferecida como uma prostituta de luxo a um porco nojento — Querida não faça essa cara de ultraje, considerando que você abriu as pernas várias vezes para Oliver, isso não deve ser grande coisa para você. — o insulto não foi discreto — O que eu quero dizer é que abra-as para Vladmir também. Use-as para tê-lo na palma da sua mão, eu o conheço bem, se você fizer a sua parte direito ele não vai machucá-la. Talvez até a recompense pelo seu bom comportamento. — Ótimo. Agora eu era um bichinho de estimação! Oh, Deus eu iria vomitar... Ele estava me dando um conselho? — Pense nisso, ok? Há muito em jogo e você pode minimizar seu sofrimento. — ele disse abrindo a porta. — Eu vou ser bonzinho e deixar vocês dois a sós alguns instantes. — Antes que eu pudesse agir Anatoly me empurrou porta adentro, e fechou a porta. Eu escutei o barulho da chave girando na fechadura.

Eu olhei para o cômodo vazio de móveis ou janelas.

Havia apenas Oliver ali, sentado no chão de cimento batido. Ele com toda certeza escutara o som de alguém entrando, meus passos se aproximando, mas ele não se movera nem mesmo um centímetro. Permanecia sentado, com os joelhos levemente arqueados e o corpo encostado a parede, seus olhos estavam fechados e sua cabeça inclinada como se olhasse para o chão. Meu coração dilacerou quando um pensamento terrível passou pela minha cabeça.

Oliver não se movia.

Ele poderia estar morto.

Senti meus olhos úmidos com aquela possibilidade.

Aproximei-me vagarosamente, ainda temendo descobrir que meu pensamento estava certo. Quando cheguei ao seu lado, deixei que meu corpo escorregasse lentamente para o chão assim como o dele. Respirei me sentindo mais aliviada ao sentir o corpo quente de Oliver ao lado do meu, ele ainda respirava, mas numa constância tão gradual que me fazia pensar se ele estava dormindo.

Mas para mim funcionava desse jeito também. Eu só precisava estar com ele um pouco mais, eu só queria me aconchegar ao lado de Oliver sentir o calor do corpo dele junto ao meu e fingir, por apenas um momento, que o resto do mundo não existia. Que éramos apenas eu e ele, e que tínhamos todo um futuro a nossa frente. Encostei minha cabeça em seu ombro, e escutei um pequeno resmungo de dor. Me afastei imediatamente e encarei Oliver mais atentamente. Seu rosto tão lindo estava marcado por tantos machucados que eu sentia a dor dele, em uma das coxas havia uma mancha escura na calça que eu deduzia ser de sangue.

— Você está tão machucado. — falei mais para mim mesma do que para ele, meus dedos tocando levemente o machucado arroxeado envolta de seu olho esquerdo desejando ser capaz de tirar a dor dele com um simples toque. Será que tinham sido as mãos de Anatoly? Me questionei, me lembrando da vermelhidão que ele tinha em seu dedos.

— Printsessa... — Oliver chamou meu apelido daquele seu jeito doce e com um sorriso se espalhando por seu rosto, mas ainda sem se atrever a abrir os olhos — Eu estou sonhando outra vez? — perguntou a si mesmo num murmúrio quase inaudível.

— Não está. — me adiantei, buscando a mão dele, querendo tocá-lo para que percebesse que eu realmente estava ali com ele — Eu estou aqui com você, amor.

Ele abriu seus olhos, piscando várias vezes como se estivesse se adequando a claridade do lugar. Quando ele girou o rosto para mim ele me encarou com deslumbramento e incredulidade.

— Você está aqui. — ele apertou minha mão com força como se para se certificar de que eu era real — Eu sonhei tantas vezes com você, que estava sendo difícil acreditar. Mas agora eu vejo a diferença. — comentou — Minha mente é limitada, jamais conseguiu reproduzir com eficácia a sua beleza. — eu sorri diante do galanteio, e Oliver tentou sorrir de volta, mas ao fazê-lo um pequeno gemido saiu de seus lábios e notei um corte no canto de sua boca.

— Dói? — minha pergunta foi quase infantil. Eu queria tanto tocá-lo, mas eu olhava seus ferimentos e eu temia machucá-lo ainda mais. Oliver apenas balançou a cabeça em negativa.

— Dói mais ficar longe de você. — ele disse, colocando suas mãos em minha cintura e me puxando para si, sobre seu colo. Ele me abraçou firme e forte como se seu abraço pudesse me proteger de todo o mal que havia nesse mundo. Seu rosto se escondeu na curva do meu pescoço enquanto ele inalava meu cheiro e eu deixei meus dedos afundarem em seus cabelos o acariciando.

— Diga-me que não é tarde demais. Diga-me que o casamento ainda não aconteceu. — ele falou as palavras com urgência, seu rosto não mais se escondia em meu pescoço, mas me encarava temendo a minha resposta. Seu corpo tremia contra o meu e eu não sabia dizer se era por medo ou porque Oliver sentia frio.

— Não estou casada. — eu neguei e o alívio em seu rosto foi quase instantâneo — Mas é hoje, Oliver. — falei com pesar.

— Não. Você não vai se casar com aquele verme. — decretou, como se estivesse em seu poder fazer alguma coisa para mudar isso.

— Não vamos mais falar sobre isso. — tentei mudar de assunto, sabendo que aquele era o pior tópico para discutir a essa hora.

— O inferno que não vamos! — mesmo machucado Oliver ainda tinha forças para debater comigo — Eu não posso permitir que ele toque em você, que algo de ruim aconteça a você, eu te fiz uma promessa... Eu vou tirá-la daqui ou morrerei tentando. — disse com ferocidade.

— Eu te libero da sua promessa. — Eu tinha acabado de pensar que Oliver estava morto, a mera ideia de isso acontecer num futuro próximo me enlouquecia.

— Não funciona desse jeito, printsessa.— Eu suspirei resignada, sabendo que discutir com ele não levaria a nada.

— Apenas não vamos discutir, eu não sei quanto tempo ainda tenho com você, Oliver. Eu não quero desperdiçar. — falei me sentindo nervosa demais, o medo de ser arrancada de seus braços a qualquer momento era grande.

— Tudo bem. — ele concordou e ergueu uma das mãos e acariciou delicadamente meu rosto.

Percebi que suas mãos estavam machucadas também, Oliver certamente distribuíra alguns socos, era estranho pensar que as mesmas mãos que me acariciavam com tanto carinho, também eram capazes de brigar com fúria para defender o que era certo.

— Seus olhos estão avermelhados, você estava chorando. — Oliver disse num lamento, eu estava tão concentrada em seu carinho que não tinha percebido seu olhar em mim — Por que estava chorando? — ele questionou.

Eu pensei bem no que dizer a Oliver. Eu poderia desabafar com ele sobre minha mãe, sobre as coisas terríveis que Anatoly esperava de mim, sobre o maldito casamento. Havia tantas coisas que eu gostaria de dizer a ele, coisas que eu precisava dizer antes que fosse tarde demais... Mas o que isso mudaria? Nada. Eu apenas o deixaria pior, ele se martirizaria por não poder evitar nada naquilo e eu não queria isso para ele.

Se havia uma forma de fazê-lo sofrer o menos possível eu faria.

— Eu sinto muito, Oliver. — comecei a me desculpar sentindo meus olhos arderem enquanto Oliver me olhava sem entender o que estava acontecendo — Se eu não tivesse me apaixonado por você, se eu não o amasse tanto, talvez...

— Nunca mais diga isso! Nunca se arrependa de me amar. — ele me interrompeu bruscamente — É o seu amor que ainda me mantem vivo, é o seu amor que me dá forças para lutar e superar mais um dia. — E ali, trancada dentro de uma cela com o homem que eu amava preso e ferido, e com um casamento com um monstro do qual eu não podia fugir, mesmo assim eu consegui encontrar um motivo para sorrir. Oliver era meu motivo. — Seu amor, me tornou alguém melhor. Por favor, não se desculpe por isso novamente.

— Nunca mais. — eu o garanti — Eu só queria que houvesse uma chance para vivermos isso.

— Eu também. — ele compartilhou da minha tristeza — Eu a teria feito imensamente feliz.

Teria. No passado. Deixei as lágrimas silenciosas caírem. Então era isso, não havia mais chance para nós, não havia saída. Era o fim.

— Eu fui feliz com você, Oliver. Em cada pequeno instante. Eu estava no inferno e ainda assim, você foi meu pedaço do paraíso. — ele sorriu para mim com um grande sorriso, e eu sabia que tinha sido do mesmo jeito para ele. Eu apenas me permiti enroscar meus braços ao redor da sua cintura e derramar o restante das minhas lágrimas contra o seu peito.

— Eu preciso que me escute atentamente — ele falou sério deslizando carinhosamente suas mãos pelas minhas costas me confortando, e eu ergui o rosto para encará-lo — Anatoly pode ter descoberto a verdade sobre nós, mas ele não sabe nada sobre o plano para hoje. Diggle ainda poderá tirá-la daqui.

 Seus olhos me diziam tudo: eu ainda tinha uma chance de fugir.

— Oliver, mas e você? Se eu fugir Anatoly vai torturá-lo e matá-lo. — o lembrei.

— Eu posso aguentar qualquer uma dessas coisas desde que você esteja a salvo. Me prometa, printsessa, que irá pensar no seu bem e apenas nisso. — eu balançava a minha cabeça em uma negativa veemente, eu jamais conseguiria conviver comigo mesma sabendo que por minha causa Oliver morria.

— Eu não posso fazer isso. — Ele segurou meu rosto em ambas as suas mãos e me fitou, seus olhos transbordando amor.

— Você pode. — ele afirmou — Eu darei um jeito de sair daqui, não se preocupe comigo. Mas eu preciso acalmar meu coração, eu preciso ter certeza de que você não irá hesitar ou aceitar o que quer que Anatoly peça, apenas para que ele não me machuque.

— Oliver... Ele está com você, ele vai ferir você. Eu não posso...

Como ele não entendia? Eu jamais me perdoaria se eu o abandonasse aqui para morrer. Eu não tinha outra escolha. E Anatoly também estava com minha mãe também. Era o fim da linha.

— Por favor, printsessa... — Sua voz me implorava e havia uma agonia misturada com desespero nela, seus olhos estavam em mim dizendo-me que ele não teria paz se eu não prometesse.

— Eu prometo, eu não deixarei que Anatoly use você para me chantagear. — eu disse as palavras que ele tanto queria ouvir e ele fechou os olhos satisfeito por ouvi-las. Eu me senti mal por mentir, Anatoly tinha Oliver e minha mãe, eu sequer havia cogitado não fazer o que ele queria.

— Obrigada, printsessa.

Escutar novamente o apelido carinhoso teve o poder de aquecer meu coração, essa provavelmente seria a última vez que eu o ouviria dizê-lo. Eu gostaria de poder gravar o som da voz dele o dizendo, assim, sempre que a vida me roubasse a alegria, sempre que os dias parecessem infelizes demais ou que meu coração não visse mais motivos para continuar batendo, eu poderia ouvir o som apaixonado da sua voz e por aquele pequeno instante meu coração teria vida novamente.

Oliver puxou meu rosto para si, suas mãos o envolvendo com tanto carinho que me emocionava. Ele o parou a poucos centímetros do seu e disse algo em russo que fez meu coração bater acelerado mesmo sem entender o significado das palavras. Talvez o que dizem fosse verdadeiro e a linguagem do amor era universal. Antes que eu pudesse perguntar o que ele havia dito com tanta ternura eu senti seus lábios cobrindo os meus. Era um beijo que deveria ser doce, pela forma lenta que nossos lábios se tocavam, ou das línguas que acariciam uma a outra com reconhecimento e adoração. Mas nossas lágrimas caiam pelo rosto e morriam em nossas bocas se misturando e deixando um gosto salgado naquele que deveria ser o último beijo que compartilhávamos.

E meu coração gritou, se rebelou dentro do peito. Se recusando a aceitar que aquela era a última vez. Eu precisava de mais, muito mais com Oliver. Com ele eu precisava de um para sempre.

— O tempo acabou. — Anatoly abriu a porta bruscamente, senti braços fortes me arrancando de Oliver que nada poderia fazer. Mas ainda assim tentou vir até mim, lutar por mim. Até ser nocauteado e levado ao chão. — Espero que isso a tenha feito ver o quanto eu posso ser misericordioso quando você não me testa.

Olhei para trás uma última vez, a imagem do homem que eu amava todo machucado cuspindo sangue no chão e ainda assim tentando se levantar e vir até mim, quebrava o meu coração em tantos pedaços que eu não tinha mais certeza se algum dia eu conseguiria juntá-los outra vez. Oliver me olhou, seu olhar indo dentro de mim, como se fosse capaz de me tocar na alma. E talvez fosse, porque eu nunca me senti tão envolvida por um simples olhar.

Anatoly fechou a porta, quebrando a conexão bruscamente.

— Então, já tem uma resposta para mim, querida?

— O que exatamente você está propondo?

Cruzei meus braços e escorei na parede, eu estava emocionalmente esgotada. O reencontro com minha mãe, e agora com Oliver havia drenado tudo de mim. Anatoly tinha aqueles que eu amava, não havia forma de salvá-los daquele inferno sem fazer um acordo com o próprio diabo.

— Case-se com Vladmir e eu liberto a sua mãe. — ele disse, mas eu já conhecia essa parte do acordo.

— E quanto a Oliver? Vai libertá-lo também?  — perguntei com esperança, e ele sorriu sabendo que me tinha em suas mãos.

— Acha que eu sou tolo? Ele tentaria te salvar no instante em que saísse daqui, ele pode estar fraco, mas ainda assim ele é quase impossível de parar quando o assunto é você. Além disso, Oliver é minha garantia de que você não irá se rebelar depois. — ele piscou para mim — Comporte-se e eu prometo que ele será bem cuidado. Saia da linha apenas um pouquinho e o bem estar do seu amado ficará comprometido. Eu posso até mesmo trazê-la para vê-lo pagar pelos menores de seus erros. — explicou a ameaça como se conversasse com uma criança de seis anos.

— Eu vou me casar com Vladmir. — falei as palavras selando meu acordo com o diabo. Senti um gosto amargo descer por minha garganta, meu estômago se revoltou a ânsia de vomitar voltando novamente. Mas eu não via outra escolha, eu faria meu caminho direto para o inferno, mas isso não significava que as pessoas que eu amava precisavam ter o mesmo destino que eu. — Se, e apenas se você libertar minha mãe e não machucar o Oliver. — ressaltei.

— Excelente escolha. — ele aplaudiu, como se realmente tivesse sido uma decisão voluntária minha — É hora de se aprontar, não quero que você seja uma dessas noivas que se atrasam. E não se esqueça, querida, agrade Vladmir na cama e fique grávida dele bem rápido. Dê-lhe um filho homem e eu te livro de Vladmir, eu talvez até permita seu final feliz com Oliver se me der isso. — concedeu num ato bondoso demais para ele.

Eu senti o sangue fugindo do meu corpo. Eu faria qualquer coisa para salvar Oliver, para impedir que ele sofresse, e para que de alguma forma ainda tivéssemos uma chance de viver o nosso amor, mas isso eu não poderia fazer.

Eu jamais ficaria grávida de Vladmir, não apenas porque a mera ideia me causava um nojo e repulsa sem fim.

Mas porque eu já estava grávida de Oliver.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? Aposto que alguns de você não viram esse final chegando...!

Please comentem! Como eu disse lá em cima, sem comentários não tem como eu saber se estão gostando mesmo da fic, e se eu não sei se estão gostando eu surto!

Sejam bonzinhos, love you! Bye porque estou morrendo de sono...



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