War of Hearts escrita por Luna Lovegood


Capítulo 10
Capítulo 9 - River of tears


Notas iniciais do capítulo

Ei, obrigada pelos comentários e favoritos! Sem delongas nas notas porque sei o quanto vocês precisam de um capítulo de fic depois desse episódio de Arrow

Beijos e enjoy!



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I thought that you would be the hero

Come and save the day

But you're a villain

Your sins unforgiven

I'm going down, and you have watched me drown

In a river of tears, lost beneath the stream

Under the waves, I've found the strength to say

The river of tears has washed me clean

Go 'head and wish me well

I'll cry a wishing well

I'll fly before I fall

I'll set sail and drift away

So I won't need you here

Love sinks and hope floats

In a river of tears

(River of tears - Alessia Cara)

 

Felicity Smoak

Eu estava cansada de toda essa merda.

Eu estava cansada de toda a incerteza que cercava a minha relação com Oliver. Se é que eu poderia chamar aquilo de relação. Ele havia me sequestrado, me trouxe para esse inferno e agora o quê? Alguns beijos quentes e eu já estava disposta a confiar nele?

Eu não entendia mais qual era o jogo. Em um momento ele era doce e gentil, e no outro ele se esforçava para ser frio, impessoal e me afastava. Eu pensei que era boa em ver a verdade escondida nos olhos de alguém, mas talvez eu só estivesse enxergando o que eu gostaria de ver.

Eu não queria a sua confusão. Eu queria clareza, eu queria certezas e ele não parecia disposto a me dar nada disso. Depois de uma noite ao lado do meu pai e do meu futuro marido, tudo o que eu queria era algum conforto, um pouco de esperança. Oliver veio como um sopro de ar puro e me ofereceu isso por alguns momentos, me permitindo respirar normalmente enquanto estava com ele, mas tirando cruelmente logo em seguida.

Foda-se. Eu não seria a maldita princesa trancada na torre esperando pelo príncipe encantado! Principalmente quando o tal príncipe não se decide de que lado da história ele está. Eu acordei decidida a não perder mais meu precioso tempo me questionando sobre Oliver Queen, eu tinha problemas maiores do que ele, como por exemplo, como sair dessa gaiola dourada que era a mansão de Anatoly.

Eu tinha que tentar fugir novamente. Era a minha única saída, a última tentativa tinha dado completamente errado, em parte porque Oliver me impediu e em parte porque eu não havia planejado aquilo direito, tinha sido algo de momento. Mas agora nada me impedia de planejar uma fuga mais cuidadosamente, eu não tinha mais dois trogloditas me seguindo por todas as partes, eu conhecia melhor a mansão, eu só precisava tentar.

E honestamente? Eu estava numa situação tão ruim que qualquer castigo, punição ou até mesmo a morte seria preferível a me casar com o verme que era Vladmir. Eu passei o dia inteiro em meu quarto observando pela janela a movimentação do lado de fora, tudo o que saía da mansão era revistado a única exceção era Anatoly. Se eu quisesse sair daqui, a única forma era estar dentro do mesmo veículo que ele.

Sim, eu estava realmente fodida.

As horas aqui pareciam passar de uma forma diferente para mim, eu passava tanto tempo presa em meus próprios pensamentos, tentando encontrar uma forma de dar o fora da merda que era esse lugar, que eu mal notava quando o dia se tornava noite. Na verdade eu estava começando a sequer me importar com isso. Aos poucos esse lugar parecia sugar um pouco de mim, eu sabia que eu tinha que lutar contra isso, eu sabia que precisava agir. Mas como lutar contra um inimigo que parecia ser invencível?

Meus pensamentos estavam começando a ficar depressivos demais quando a porta do meu quarto se abriu, e Anne adentrou ali, dizendo as palavras que tiveram o poder de deixar tudo ainda pior.

— O senhor Anatoly está exigindo a sua presença neste momento no salão principal. — informou.

— Por quê? — perguntei, mas ela apenas evitou meus olhos e saiu logo em seguida.

Era assim com ela agora, mal dizia meia dúzia de palavras e depois desaparecia temendo que eu a colocasse em apuros com Anatoly novamente. Minha vontade era de dizer a ela que mandasse Anatoly enfiar suas ordens num lugar não muito agradável, mas se tinha algo que eu havia aprendido com Oliver é que minha boca ferina e a rebeldia realmente não facilitavam as coisas para mim. Infelizmente isso não significava que eu conseguia controlá-las tanto como deveria.

Oliver. Seu nome surgiu em minha mente seguido de um suspiro profundo. Por mais voltas que meu pensamento desse, ele sempre encontrava uma forma de voltar para Oliver. Levantei da cadeira em que tinha passado as últimas horas sentadas e caminhei para fora do meu quarto. Eu ao menos esperava não ter que encontrar com Vladmir, eu já tinha tido minha dose dele na noite passada, e não aguentaria mais olhar para o sorriso malicioso em seu rosto. Anatoly, apesar de tudo eu já havia aprendido a lidar, mas era impossível controlar a ânsia de vômito toda vez que eu estava perto de Vladmir. Ou toda a vez que eu sentia suas mãos ásperas tentando me tocar.

Enquanto eu descia as escadas para o salão principal eu já comecei a tremer com a visão abaixo. Eu nunca tinha visto tantos homens de Anatoly reunidos num só lugar. Eles estavam posicionados em um semi círculo perfeito ao redor de Anatoly que estava no centro sentado em uma ostensiva poltrona, e ao seu lado de pé estava Oliver. Pronto para atender qualquer capricho do todo poderoso Anatoly.

Sentado em sua poltrona fumando um charuto e com o ar de o poderoso chefão, eu percebi algo: Anatoly gostava de certa teatralidade, de exibir seu poder. Ele era todo formado por seu ego.

— Minha adorável filha chegou, acho que podemos começar o espetáculo agora. — sorriu  perversamente para mim, esticando sua mão me indicando que eu deveria ficar de pé ao seu lado.

Assim que tomei meu lugar, ele se ergueu, apagando seu charuto no braço da poltrona e andando de um lado para o outro enquanto começava a discursar:

— Como todos vocês sabem, ontem tivemos uma festa para celebrar a união da minha filha com Vladmir Dashkov. Por anos, essas duas facções estiveram em lados opostos, travando uma guerra, competindo entre si, essa é a nossa chance de tomar o controle. Esse casamento permitirá que os Bratvas, não sejam apenas os mais temidos e poderosos, mas também os únicos, nos dará um controle ainda maior. Esse casamento representará o máximo do poder que essa organização poderia ter. — Anatoly  falava devagar, queixo erguido, dando ênfase nas palavras certas e fazendo gestos amplos com as mãos, era fácil notar que ele gostava de fazer grandes discursos de efeito. — A festa de ontem foi esclarecedora, eu descobri um pouco mais sobre alguns dos membros da máfia, e nem todos eles compartilham da fiel lealdade que eu espero de vocês. Por isso eu aviso: cada um que se colocar entre mim e meus planos já saberá qual será o seu cruel destino. Traição é o tipo de coisa que eu jamais aceitarei, e punirei com a morte. — um longo silencio se seguiu após essas palavras, evitei olhar para Oliver, já que parte de mim estava questionando se Anatoly havia descoberto sobre o que aconteceu no banheiro durante a festa. — Hoje, eu punirei aqueles que ousaram pensar que poderiam atrapalhar meus planos.

Seus olhos frios e escuros caíram em Oliver, e durante aquele segundo eu não respirei, meu coração não bateu, tudo dentro de mim apenas parou, sem reação, apenas desespero. Um arrepio gelado correu pela minha espinha ao pensar no que Anatoly faria a Oliver, não consegui controlar o olhar desesperado que lancei a ele.

—  Kapitain Queen, pode trazer o prisioneiro. — ordenou e Oliver assentiu saindo, mas retornando poucos minutos depois com um homem com as mãos presas às costas em algemas.

O homem em questão parecia ser jovem, eu não me lembrava de tê-lo visto antes, mas de todo modo era impossível reconhecê-lo já que seu rosto estava completamente destruído, inchado e com hematomas profundos, o sangue já seco em várias partes.

— Você fez um belo trabalho, Oliver, meus parabéns. — Anatoly elogiou enquanto analisava o rosto do homem. — É sempre meu melhor homem quando eu preciso que torture ou cause dor a alguém.

As palavras de Anatoly me deixaram doente, Oliver tinha feito aquilo. Com suas próprias mãos. Eu não sabia quem era o homem em questão, eu não sabia se ele merecia aquela punição, tudo o que meu cérebro processava naquele momento era o tamanho da violência que Oliver era capaz de cometer, sob as ordens de Anatoly.

Como mãos assim podia me tocar de forma tão gentil e delicada? Como mãos assim eram capazes de me proporcionar prazer quando deslizavam pelo meu corpo? Como eu podia querer mãos assim, capazes de tamanha atrocidade, me tocando?

— Então, você achou que poderia compactuar com Vladmir dentro da minha casa e eu sequer descobriria? — Anatoly questionou o homem, que apenas balbuciou coisas inteligíveis.

— Eu não acho que ele é capaz de falar, Ser. Eu talvez tenha quebrado a mandíbula dele, batendo muito forte. — Oliver explicou num tom entediado deixando-me ainda mais doente.

— Bem, não acho que ele terá alguma utilidade então. — dispensou, colocando a mão sobre o ombro do prisioneiro e forçando-o a se abaixar ficando de joelhos. — este homem foi visto entregando algo a Vladmir, e ainda se atreveu a roubar o anel de noivado da minha filha. — pisquei aturdida, me lembrando de que eu havia tirado o anel no banheiro e depois quando Oliver apareceu, eu me perdi em seus beijos e carícias  e ele me fez esquecer completamente daquilo. — Traição e roubo são crimes inadmissíveis para um Bratva. — anunciou olhando para a multidão ao redor, eu demorei um pouco para compreender o que estava acontecendo. Assim como Anatoly havia feito com Anne, ele iria usar este homem como exemplo para coibir dentro da organização qualquer comportamento parecido.

— Não olhe. — Oliver sussurrou em meu ouvido, eu sequer havia notado que ele estava ao meu lado, mas eu não fui rápida o suficiente para fazer o que ele me dizia, eu me distraí com sua voz tão baixa e rouca em meu ouvido. E tudo simplesmente aconteceu numa velocidade assustadoramente rápida em frente aos meus olhos.

Anatoly simplesmente atirou na cabeça do homem.

Simples assim, sem nenhum aviso, sem dar-lhe direito a defesa ou proferir suas últimas palavras.

E agora seu corpo jazia em uma poça de sangue.

Uma espécie de grito sem som saiu do fundo da minha garganta, levei as mãos a boca tentando abafar o som que não saía de tão horrorizada que eu estava. Eu nunca tinha visto alguém morrer na minha frente. E definitivamente eu não gostaria de repetir a experiência. Minha cabeça estava girando, tentando processar o horror daquilo.

Eu não esqueceria o olhar de desespero no rosto dele quando Anatoly colocou a arma em sua testa. Não me esqueceria do clique metálico que antecedeu o som agudo, e o eco do tiro sendo disparado que reverberou por todo o salão. E definitivamente não me esqueceria dos olhos vidrados e sem vida do homem deitado ao chão numa cama de seu próprio sangue.

— Isto é seu, querida, tenha a certeza de que não sairá do seu dedo novamente.

Eu normalmente teria feito um comentário sarcástico ou ao menos puxado minha mão evitando o toque frio de Anatoly em mim. Mas não o fiz. Não o fiz porque eu ainda olhava para o homem que tinha seu corpo sem vida sendo arrastado para fora dali, como se não passasse de um monte de lixo indesejado.

— Muito melhor, não acha? — Anatoly perguntou, e olhei  para minha mão onde agora o pesado anel reluzia em meu dedo anelar, olhei para Anatoly e ele sorria, o único tipo de sorriso que ele era capaz de dar, o tipo diabólico. — Oliver, pode acompanhar minha adorável filha de volta aos seus aposentos? Ela parece um pouco... — seus olhos inspecionaram os meus, parecendo contentes por ver certa escuridão ali —...Abalada.

Senti a mão de Oliver tocar em meu braço querendo me direcionar para fora dali e finalmente algo em mim despertou.

— Eu posso andar sozinha. — falei dura, dispensando o toque de Oliver e comecei a andar, de repente ansiosa para deixar aquele lugar que parecia muito mais frio agora.

Eu escutei um suspiro audível vindo de Oliver ao perceber que eu havia o repudiado, e ele simplesmente se afastou um pouco, embora eu ainda escutasse seus passos pesados atrás de mim, ainda sentisse aquela sensação estranha que sua mera presença parecia causar em toda parte do meu corpo.

— Já atendeu as ordens do seu líder e me acompanhou até o quarto.  — eu disse o mais friamente que consegui, assim que me vi em frente a porta do meu quarto — Agora você pode ir.

— Felicity...  — Eu odiava me sentir fraca diante do seu olhar, odiava a merda de vida que eu estava condenada a ter. E odiava mais ainda o que escutar Oliver dizer meu nome fazia dentro de mim.

Sentir aquilo por ele era errado, me condenei.

Ele havia me avisado, ele não era bom para mim e teimosamente meu coração parecia discordar daquilo. Eu forçava as imagens do prisioneiro de Anatoly, do seu rosto quase irreconhecível, do rosto que Oliver havia destruído com suas próprias mãos. Como eu poderia querer alguém assim próximo a mim?

Eu estava confusa. Eu estava cansada de segurar as malditas lágrimas, de ser forte e tentar encontrar uma solução para a minha situação. E depois de ver o showzinho de violência gratuita daquele que se intitulava como meu pai, de ver o modo como tão leviano que ele havia se livrado de alguém que havia interferido em seus planos, sem o mínimo de remorso ou sequer apreço pela vida humana.

Dei as costas para Oliver, porque olhar para ele apenas me fazia lembrar o quão estúpida eu era. Entrei em meu quarto batendo a porta com toda a força que eu tinha, e deixei que as lágrimas começassem cair pela minha face.

Eu tinha visto um homem morrer.

Isso havia quebrado algo dentro de mim.

Quantas vezes essa cena se repetiria a minha frente? Quantas outras atrocidades eu ainda veria enquanto estivesse nesse meio? Eu tinha a impressão de que seriam muitas. Abracei a mim mesma, esfregando meus braços com as mãos, eu sentia um frio descomunal agora, frio esse que parecia vir de dentro de mim, vir da constatação de que eu estava condenada a ver a violência, a morte como algo normal a partir de agora.

Senti braços fortes me apertarem, e por um momento me permiti ser abraçada, sentir o calor daquele corpo quente contra o meu. Senti aos pouco a agitação dentro de mim apaziguar, o frio diminuir e o medo simplesmente desaparecer. Mas era errado me sentir bem nesses braços, era errado que ele fosse meu consolo quando eu tentava me convencer de suas palavras: Oliver não era bom.

— O que está fazendo aqui? Porque simplesmente não me deixa em paz, Oliver? Você disse que não era bom para mim, você disse para eu ficar longe... Eu estou fazendo isso, mas você insiste em não cumprir com a própria palavra.  reclamei irritada erguendo o rosto de seu peito e me atrevendo a olhar para ele. Olhar para seus olhos, que já não eram mais frios, não havia mais geleiras ali, apenas um calor gostoso e ameno, que parecia me aquecer enquanto em olhava dentro de seus olhos.

— Eu sei o que devo fazer, mas você está bagunçando toda a minha mente já fodida, printsessa. Eu não deveria querê-la, mas tudo o que faço é pensar em você.

Fechei meus olhos tentando ignorar o tom doce que sua voz sempre adquiria quando ele me chamava de printsessa. Pressionei ambas as mãos em seu peito, forçando-a me soltar e dei passos para trás me afastando de Oliver. Eu precisava ser racional, não poderia e não iria começar aquele jogo outra vez, eu não o deixaria me envolver.

— Você está certo. Isso entre nós é tóxico, não é certo e não faz o menor sentido. Além do quê só vai trazer mais dor e destruição para ambos. — falei com a voz embargada — Eu não quero carregar o peso da morte de mais alguém.

— Do que você está falando? — Oliver tornou a se aproximar, suas sobrancelhas unidas em claro desentendimento. Era difícil lidar com ele, eu tentava aumentar a distância entre nós para que pudéssemos tentar conversar de uma forma racional, mas Oliver ignorava isso, quanto mais eu me afastava, mais ele se aproximava. E mais rápido meu coração batia.

Aquilo era uma maldita dança.

— Anatoly matou alguém, porque estava com a porcaria de um anel. Um anel que eu esqueci no banheiro. — expliquei — Aquele homem não cometeu nenhum crime, a não ser achar algo esquecido.

— Não vá por esse caminho, printsessa. — seus olhos caíram nos meus parecendo entristecidos com o que viram ali — Eu posso te assegurar de que aquele homem não era santo, ele trabalha para a máfia russa e com toda certeza possui uma lista de pecados bem longa. — Porque sua voz tinha que ser tão suave? Porque ela fazia o aperto dentro de mim abrandar e uma tranquilidade se apoderar de mim?

— Assim como você. — Oliver não negou quando eu o acusei de ter uma longa lista de pecados.

— Fui eu  que o entreguei ao Anatoly, eu plantei o anel que você esqueceu no banheiro no bolso dele. — confessou, me fazendo dar mais um passo para trás e dessa vez encontrar a parede.

— Como?  Por quê? — questionei, eu não entendia as motivações de Oliver para querer condenar um homem à ira de Anatoly.

— O homem que você viu ser assassinado. — começou, buscando meu olhar — Sabe o que ele fez a noite anterior? O que ele entregou a Vladmir? — Era notável o quanto de ódio havia em sua voz agora.

— Não. — respondi sabendo que era uma pergunta retórica.

 — Era a chave do seu quarto. Aquele homem que você está tão erroneamente se culpando pela morte, ele iria facilitar o caminho de Vladmir para o seu quarto. — a verdade me atingiu como um raio  — Entende o que isso significa? — seus olhos mostravam-se toda a sua aflição.

— Você me disse para ir ao seu quarto depois da festa, você... Você me deu uma nova chave para o meu quarto.  — falei, finalmente compreendendo o que Oliver havia feito, mais uma vez ele havia me salvado de algo ruim. E isso apenas tornava tudo ainda mais confuso dentro de mim.

Ele ainda era o homem que tentava a todo custo me proteger. Mas ainda havia uma parte dele que trabalhava para Anatoly, a parte que era um soldado perfeito capaz de cometer as maiores atrocidades. Era difícil entender essa dualidade.

— Eu não consigo te entender. Você é bom, mas você é mau. Você diz que quer me proteger e ao mesmo tempo me afasta. Eu não sei quem você é realmente, ou o que quer de mim. Qual dos dois personagens é o verdadeiro? O vilão ou o herói? Eu não quero mais meias verdades, Oliver, ou você me conta tudo o que está acontecendo ou pode sair desse quarto, eu não quero a sua proteção, eu não preciso de você me dando sinais confusos. Se você é alguém ruim, assuma isso, e se afaste de mim de uma vez por todas. — deixei o ultimato.

— Você não deveria me colocar contra a parede assim, printsessa. —  meneou a cabeça, claramente descontente com aquilo. Mas eu não ia recuar.

— Eu já estou condenada, Oliver, não tenho muito a perder. — notei que ele não havia gostado da forma pessimista que eu havia dito aquilo — Você me disse que esse é um jogo perigoso. Eu prefiro saber com quem eu estou jogando. Anatoly e Vladmir ao menos não escondem quem são, mas e você? Quem é você?

— Eu sou alguém que... Que está tentando tirar você daqui, que quer lhe ajudar! — falou com certo desespero na voz, seus olhos buscando entendimento nos meus, mas desviei meu olhar, não permitiria que ele me convencesse assim, eu precisava de palavras e era melhor ele começar a cuspi-las antes que eu me cansasse de esperar.

— Não. Você não é. — afirmei convicta — Se estivesse me ajudando, não me deixaria no escuro, me daria o mínimo de informação! Você quer minha confiança, Oliver? Quer que eu coloque a minha vida em suas mãos e acredite que vai me tirar daqui? Como eu posso confiar em você se eu não te conheço?

Eu estava frustrada, frustrada com a minha situação, frustrada com Oliver que brincava de quente e frio comigo. Eu havia demorado um pouco, mas acho que finalmente eu estava sentindo a pressão de tudo cair sobre mim, eu vinha guardando muitas coisas dentro, eu precisava extravasar isso de algum modo, precisava jogar para fora tudo o que estava se acumulando dentro de mim antes que eu explodisse.

— Você tem um ponto. — concedeu a contragosto.

— Anatoly disse que você surrou o homem que ele assassinou. Você me sequestrou a mando dele. Me diga, Oliver, é isso que você faz aqui? Você é o carrasco de Anatoly?

— Felicity... Não faça isso. — suas mãos se colocaram calmamente em meus ombros e seus olhos me fitaram agonizados, parecendo preocupados com meu rompante.

— Fazer o quê? Esperar que você me diga algo sobre si mesmo? — devolvi, ainda irritada com sua falta de respostas — Sim, eu sou a tola que ainda acredita que há algo bom por trás do soldado perfeito de Anatoly, eu sou a tola que quer ter esperanças que você é minha única saída. E enquanto eu for essa tola eu estarei condenada a ficar aqui. Eu estou mudando as regras do jogo, Oliver. — respirei fundo — Se você quer minha confiança, precisa me dar  algo que me faça confiar em você. — exigi.

Por um longo tempo o silêncio reinou entre nós. Apenas o som das nossas respirações alteradas e do meu coração que batia freneticamente dentro do peito se fazia presente, fazendo-me contar mentalmente o tempo decorrido de acordo com minhas batidas.

Depois de duzentas e cinquenta e duas batidas desesperadas do meu coração, Oliver finalmente interrompeu o silêncio.

— Eu não posso. — falou baixo demais, envergonhado de não poder me dar isso.

— Então pode ir. — determinei, sentindo um bolor formando em minha garganta, sentindo aquele estranho arrepio em minhas narinas que antecedia a vontade de chorar. Mas me mantive firme, porque eu estava dispensando a ajuda daquele que poderia ser meu único salvador aqui, e estava disposta a encontrar uma saída sozinha. Observei desapontada, Oliver me dar as costas, me inclinei ainda mais para a parede.

— Mas que inferno, printsessa! — ele praguejou frustrado, dando meia volta em minha direção. Suas íris azuis flamejavam, sua mão em punho seguiu um caminho reto e esmurrou com toda a força a parede em que eu estava encostada. — Você vai ser minha ruína aqui.

Ele já havia me dito essa mesma frase, na verdade um pouco antes dele me beijar pela primeira vez. Seu corpo se impôs ao meu, rompendo completamente a distância, seu pomo de adão subia e descia enquanto seus olhos fitavam a minha boca e eu pensei que ele fosse fazer o mesmo que da outra vez, mas não. Suas mãos apenas se colocaram ao redor de meu rosto, forçando-me a encarar seus olhos azuis que pareciam desesperados por algum tipo de compreensão.

— Eu trabalho para o governo americano. Há cinco anos várias organizações mundiais se reuniram, Interpol, Cia e até mesmo a inteligência russa no intento de acabar com a máfia russa que a cada dia ganhava mais poder, eles me escolheram como seu infiltrado. Eu fui treinado, eu tive  que fazer coisas muito ruins para que os Bratvas aceitassem um americano como membro. — fitei seus olhos ainda absorvendo aquela história inesperada — Eu ainda tenho que fazer coisas muito ruins. Essa é a verdade. É tudo o que sou, pode, por favor, nunca mais me olhar dessa forma, como se quisesse que eu estivesse o mais longe possível de você? — pediu.

— Oliver... — engoli em seco tentando encontrar as palavras certas, seus olhos perturbadoramente perto dos meus tornava difícil raciocinar com coerência — O que você quer de mim? Eu não consigo te acompanhar. —questionei.

— Eu sei. Mas eu não tenho mais forças para lutar contra isso, Felicity. — sua voz oscilava entre o frustrado e o esperançoso — Você disse ontem à noite, que apesar de todo o horror que vive aqui, que o que eu te faço sentir é algo bom. — uma de suas mãos deixou o meu rosto, desceu por meu braço e se acomodou firmemente em minha cintura, seu rosto se moveu lentamente, sua barba raspou por meu rosto enquanto seus lábios fizeram um pedido contra minha orelha — Me deixe ser bom para você,  printsessa. — sua voz era baixa e grave com um toque sedutor, senti meu corpo instantaneamente amolecer em seus braços.

Eu queria que ele fosse bom para mim.

— Oliver... — Não houve tempo para hesitação, não houve tempo para eu sequer pensar no que estava acontecendo ou nas consequências do que aquilo implicaria. Ergui meus braços enlaçando o pescoço de Oliver, deixando meus dedos se enredaram por seus cabelos suaves enquanto eu sentia sua respiração ficar ofegante contra meu pescoço, sua boca deslizou lenta e torturantemente em minha pele enquanto fazia o caminho para minha boca.

A pressão quente e firme de sua mão em minha cintura contrastava com a suavidade e leveza dos lábios de Oliver contra minha boca. Era como se parte dele ainda estivesse em dúvida sobre o que estávamos fazendo enquanto a outra parte estivesse desesperada por mais. Com minhas mãos em seu pescoço eu o puxei ainda mais para mim, desejando ter mais do que Oliver oferecia, minha ação pareceu despertá-lo e finalmente senti sua boca invadir a minha com a fome de sempre. Seus lábios pressionaram os meus com mais vontade sugando-os, sua língua deslizou sobre a minha, provando-a, acariciando-a e se deleitando o com o gosto.

Mas beijos não pareciam ser o suficiente para aplacar o desejo que sentíamos, eu queria mais, e eu sentia que Oliver queria mais também. Desci minhas mãos de seu pescoço deslizando-a entre nós e tentando desfazer com pressa cada maldito botão. Eu gostaria de dizer que fiz isso com a destreza sensual como acontece em livros e filmes, ou ainda os arranquei em minha fúria desesperada. Mas não, os malditos simplesmente se recusaram a sair do lugar e me dar o que eu queria.

— Porcaria de camisa! — reclamei contra os lábios de Oliver que sorriram divertidos com minha inabilidade de tirar sua camisa. E para minha tristeza Oliver interrompeu o beijo se afastando minimamente de mim. Eu teria protestado, se minha boca não estivesse ocupada demais babando enquanto Oliver desabotoava com destreza cada um dos botões livrando-se da camisa que agora estava jogada ao chão.

— Sua vez, printsessa, dispa-se para mim. —sua voz estava embutida com aquele tom mandão que normalmente me fazia fazer o oposto do que Oliver queria, mas não dessa vez, dessa vez foi malditamente sexy.

Coloquei minhas mãos na barra da blusa simples que vestia, e a ergui num movimento lento e deliberadamente provocativo. Os olhos de Oliver seguiram meus movimentos, mas se fixaram com luxúria em meus seios ainda cobertos pelo sutiã.  Ergui meus olhos para Oliver, seu olhar era puro fogo, eu podia senti-lo queimar em minha pele, provocando aquela doce sensação de excitamento que antecedia todo e qualquer ato.

— Continue — Oliver pediu deslizando, um dedo suavemente pelo contorno do sutiã, seu toque enviou um onda de arrepios por cada parte da minha pele. Sua outra mão encontrou a minha e a direcionou para baixo, colocando-as sobre o cós da minha calça. Desabotoei a calça descendo-a por minhas pernas e a chutando-a para longe, Oliver se afastou de mim, como se quisesse apenas apreciar a visão por completo.

— Você é perturbadoramente linda. — disse, seu olhos analisando com luxúria cada parte do meu corpo. — Mas há algo errado. — Se aproximou, pegando minha mão e retirando o anel de noivado, jogando-o em algum lugar do quarto, escutei o tilintar dele ao cair no chão, mas eu não poderia me importar menos.

Movi minhas mãos as costas tentando desatar o sutiã, mas logo senti Oliver mais perto, suas mãos junto as minhas, me impedindo. Sua respiração quente em minha orelha fazendo-me tonta enquanto ele falava comigo.

— Não. Este prazer será meu. — determinou, voltando a cobrir a distância colando seu corpo junto ao meu, cada parte de mim o sentia. Seus dedos habilidosos desataram com facilidade o sutiã e o escorregaram por meus braços fazendo-o cair ao chão. Ambas as suas mãos apertaram meus seios com vontade fazendo-me arfar com o que sentir seu toque causava em mim, era prazer, era luxúria e um desejo desesperador. Era tão irritante como cada mínimo movimento de Oliver parecia comandar uma nova e desconhecida reação em mim.

Seus lábios estavam em meu pescoço concentrados em sugar um ponto sensível atrás da orelha, enquanto suas mãos deixaram meus seios e desciam pela extremidade do meu corpo, provocando-me arrepios. Ambas as mãos se colocaram espalmadas em minha bunda, apertando-a e puxando-a mais para ele. Eu sentia seu pênis duro comprimindo a região da minha virilha, deixando-me ainda mais excitada. Mas eu queria mais, desci minhas mãos por suas costas largas, segui a linha do cós da calça e comecei a desatar o cinto. Demorei um pouco no ato, porque a boca de Oliver sabia me distrair muito bem. Ela havia deixado meu pescoço e deslizado até a minha, e exigido tudo de mim num beijo passional.

Quando finalmente encontrei o mínimo de coerência em seus lábios, voltei ao trabalho anterior. Removi o cinto, desabotoei o botão e desci o zíper. Minha mão não perdeu tempo ao envolver o seu membro duro e excitado entre os dedos, senti os dentes de Oliver prenderem meu lábio em reação ao meu ato. Porém, minha carícia não durou mais do que meros segundos.

Oliver rugiu um “não” contra meus lábios. Suas mãos encontraram as minhas e as prenderam acima da minha cabeça.

— Mas você ainda está com suas calças. — reclamei frustrada, já que tudo o que eu vestia era a minha calcinha.

— Eu quero aproveitar cada mínimo momento, e se eu tirá-las agora tudo o que eu farei é me enfiar dentro de você, cedendo ao desejo que me atormenta há tanto tempo e fodê-la contra a parede. Você merece mais de mim, printsessa.— Se Oliver esperava que suas palavras me fizessem recuar, elas tiveram o poder contrário. Eu fiquei ainda mais excitada, ainda mais desejosa que Oliver me tomasse contra a parede.

Como se percebesse em meus olhos a urgência com a qual eu o queria, Oliver passou a me beijar ainda mais profundamente, sua língua explorando minha boca, fazendo-me ceder ao ritmo intenso que ele me impunha. Num movimento rápido e sem interromper o beijo suas mãos soltaram-se das minhas, se colocaram em garras ao redor de minhas coxas e me impulsionaram para cima. Agarrei em seu ombro e prendi as pernas ao redor de seu torso, garantindo-me que cada parte de mim estaria colada a ele.

Oliver começou a andar comigo em seu colo até a cama. Ele deitou-se de costas sobre o colchão deixando-me por cima. Me afastei de seus lábios e aproveitei da posição em que estava para rebolar por sobre seu pênis causando uma fricção deliciosa. Uma das mãos dele acariciava minha coxa enquanto a outra subia por minha cintura encontrando o seio direito, começando a me atormentar com suas carícias ali. Deslizei minhas mãos por seu abdômen perfeito e toquei curiosa a tatuagem sobre o seu peito esquerdo. Eu a havia visto apenas de relance no dia que dormi no quarto de Oliver, mas agora era impossível impedir meus dedos de contornar o desenho do que parecia ser uma estrela de sete pontas.

Oliver me puxou pela mão, forçando o meu corpo a cair sobre o seu. Ele girou-me sobre a cama ficando por cima e assumindo o controle. Seus lábios pareciam nunca saciar sua fome de mim, eles me beijavam, marcavam a pele do meu  pescoço e agora estavam em meus seios. Sua boca quente deixando meus mamilos sensíveis túrgidos e molhados, e então sua maldita boca começou a descer por minha barriga seus dedos se encaixando nas tiras da calcinha, sua respiração quente tão perto do meu sexo excitado, seus dedos o tocando apenas me testando, me fez estremecer em puro deleite.

— Oliver, eu não aguento mais esperar. — eu tive que dizer, eu já havia passado do meu limite, e não podia aguentar nem mais um minuto daquela deliciosa tortura. Oliver deslizou minha calcinha analisou meu corpo nu com um sorriso nos lábios. Ele então se despiu completamente, meu olhar ardeu de desejo ao vê-lo nu.

Oliver cobriu meu corpo com o dele. E nada no mundo é capaz de expressar o que eu senti naquele momento. Não havia mais barreiras, nossas peles nuas se tocavam, nossos corpos se queriam com tanta intensidade. Oliver estava posicionado exatamente onde eu queria, seu pênis roçava a minha entrada úmida, uma de suas mãos acariciava minha coxa com certa sensualidade, enquanto a outra estava em meus cabelos, o polegar em meu rosto afagando com carinho.  

— Eu quero que não pense em mais nada, que não seja nós dois. — Oliver disse com suavidade, eu poderia beber suas palavras de tão próximas que elas estavam da minha boca — Esqueça o que há de ruim atrás daquela porta e concentre-se em nós. Essa noite é apenas nossa, printsessa. — meu coração se exultou ao ouvir meu apelido.

— Apenas nossa.

— Nada de ruim poderá tirar isso de nós. — disse carinhosamente, sua mão deixou de acariciar a minha coxa para apertá-la com firmeza, seu corpo se moveu para frente para me beijar e então a tortura finalmente acabou, quando senti o seu pênis escorregar para dentro de mim, empurrando e exigindo o seu espaço. Gemi contra os lábios de Oliver, e apertei minhas unhas em suas costas quando o senti entrar tão fundo quanto lhe era permitido.

Oliver entrava e saía de mim, com a destreza de um amante, mas com o cuidado de um primeiro amor. Era difícil de acompanhar, tudo nele era assim uma mistura de suavidade com um toque de calor e sensualidade que me fazia queimar em seus braços. Seus movimentos aos poucos deixaram de ser lentos e suaves, e passaram a ser cada vez mais rápidos e urgentes. Oliver me penetrava fundo e depois saía quase que completamente, voltando em seguida a investir com o ímpeto e a força de antes.  

— Ty moya, printsessa — ele sussurrou contra meus lábios.

Eu não tive oportunidade de perguntar o significado do que Oliver havia me dito, porque eu sentia o orgasmo crescer dentro de mim, o prazer se espalhar por cada poro do meu corpo, meu sexo contraía e abraçava o seu membro e eu não parei de gemer seu nome juntamente com outras frases que provavelmente não faziam o menor sentido. Ver-me quebrar em meu próprio prazer trouxe um sorriso satisfeito ao rosto de Oliver que continuou a me penetrar com ainda mais vontade, sua mão se apertou com tanta força em minha coxa que não seria estranho se aquilo deixasse uma marca. E então eu o vi se render ao êxtase também, ele murmurou meu nome em sua voz grave, e então beijou meus lábios como se precisasse daquilo para dar vazão a miríade de prazer que o consumia naquele momento.

Os nossos espasmos aos poucos cessaram, mas ainda assim Oliver não parou de me beijar. Era um beijo preguiçoso, quase que apenas um roçar de lábios entreabertos, talvez mais movido pela vontade de sentir o gosto da exalação, um modo de ainda consumirmos uma parte um do outro, do que propriamente beijar.

Oliver girou sobre a cama, fazendo com que eu ficasse por cima dele agora. Seu membro escorregou para fora de mim, me fazendo sentir vazia, porém completamente satisfeita. Eu me deixei acomodar contra seu peitoral, esperando que aos poucos as nossas respirações normalizassem. Estar deitada desse modo com Oliver era algo novo e bom, novo porque durante muito tempo eu estivesse sozinha aqui e as noites tendiam a ser solitárias. E bom porque era impossível não escutar as batidas de seu coração e não sorrir com esse som, impossível não me sentir bem tendo sua mão deslizando suavemente pela linha da minha coluna. Suspirei e permiti que um largo sorriso tomasse conta do meu rosto. Eu não vinha tendo motivos para sorrir aqui na Rússia, Oliver era o primeiro.

Tracejei novamente o contorno da tatuagem em seu peito, senti Oliver respirar profundamente parecendo chateado com algo. Sua mão se colocou sobre a minha, e então a puxou para seus lábios beijando a palma com ternura. Mas a carícia não durou muito. Logo seu corpo saiu debaixo do meu e Oliver se levantou da cama.

— Está indo embora? — eu o questionei ao vê-lo pegar suas roupas espalhadas pelo chão e começar a se vestir. Tentei esconder o quanto sua partida logo após fazermos sexo me incomodava.

— Eu preciso ir, não posso passar a noite aqui. É arriscado. — respondeu, e eu me encolhi puxando os lençóis por sobre o meu corpo e mirando o teto ao invés de Oliver. Eu estava ciente daquilo, eu sabia que Oliver não poderia ficar, mas não conseguia não me sentir magoada, como se eu fosse apenas a transa fácil de uma noite.

— Eu entendo. — respondi, evitando o seu olhar que eu podia sentir sobre mim. Eu estava sendo uma idiota por querer que ele ficasse, quando conhecia os riscos, principalmente para ele, principalmente depois dele ter revelado a verdade para mim. Mas ainda assim eu me sentia horrível, nada de bom jamais me acontecia nesse lugar, tudo o que me esperava aqui era dor e mais dor. Estar com Oliver e compartilharmos tantos sentimentos e sensações, era único, tinha sido um momento raro de felicidade. E eu queria prolongar isso por mais um pouco.

— Felicity? — Oliver me chamou, seu tom parecendo preocupado.

— Pode ir, Oliver, está tudo bem. — assegurei, não demonstrando o quanto eu me sentia frágil naquele momento. Chegava a ser irônico, em frente a Anatoly ou Vladmir eu conseguia me manter firme e não permitia que suas ameaças ou ofensas me abalassem, mas com Oliver? Depois de compartilharmos de um momento tão íntimo? Não.

— Inferno. — escutei Oliver praguejar, eu não consegui me controlar e movi meus olhos para seu rosto que me encarava com culpa.

— O que está fazendo? — questionei, ao vê-lo se despir logo depois de ter terminado de se vestir.

— Eu vou ser bom para você mais uma vez,  printsessa. — afirmou, ele retirou as calças e voltou para a cama, cobrindo o meu corpo com o seu. Seus lábios buscando os meus parecendo insaciáveis, suas mãos tocando o meu corpo, todas aquelas boas sensações voltando a se apoderar de mim.

E novamente deixei me perder naquele instante de felicidade que apenas Oliver era capaz de me proporcionar.

***

Acordei vagarosamente aproveitando da sensação de ter um corpo quente abraçado ao meu. Mantive os meus olhos fechados por mais um tempo, abusando um pouco mais daquela ilusão, eu estava bem em fingir que tudo estava bem. Mas assim que abri meus olhos, toda a felicidade se esvaiu de mim quando eu percebi que havia um par de olhos encarando a Oliver  e a mim, nus e abraçados de forma tão íntima em minha cama.

A ilusão se dissipava e a realidade se fazia presente.

Nada estava bem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, e que ele tenha aliviado um pouquinho do aperto desses nossos corações olicitys sofredores!!!

Falo com vocês nos comentários!!!



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