Uma vez, sonhei que era atriz e precisava  fazer uma cena na qual tinha que beijava o próprio Nataniel Lancaster. 

Nada do que eu imaginei, sonhei ou cheguei a cogitar sobre como seria o meu primeiro beijo se comparava com o que realmente senti naquele momento de ternura e demonstração de afeto.

Era bom o suficiente para me deixar nas nuvens, mas ao mesmo tempo me deixava tensa,  com embrulhos fortes na barriga.

— Bom como a sensação de andar de bicicleta pela primeira vez. - respondi a Natan, que me perguntava  sobre o que sentia. 

Agradeci novamente pelo presente e fui para o meu quarto cantarolando. Céus, eu não queria estar sonhando mas era como se fosse! Parecia até que tudo aquilo era um desejo profundo nascido em minha cabeça que havia se concretizado.

Naquela noite enquanto eu dormia, tive um sonho muito estranho; me via flutuando em um lago muito grande e profundo, cujas águas eram de um azul escuro e gélido, minha visão estava voltada apenas para a água e teto da caverna, de jeito que eu não via seu inicio ou fim, então de repente, eu começava a afundar e a água entrava dentro dos meus ouvidos, nariz e boca. 

— Quero ver o meu bebê.— a voz soluçosa e tristonha de uma mulher ecoava pela minha cabeça a medida em que afundava. - Meu garotinho... meu herdeiro... Deve ser tão lindo!

E em menos de um segundo eu me teleportava da água da caverna para um quartinho pequeno e escuro onde uma mulher loira com o rosto extremamente familiar daqueles que você só vê em fotos, parecia dormir, suspirando pesadamente. Seu peito subia e descia até que parou.

Vi Clarisse fechar os olhos da mulher e dizer; - Pobre garotinho, perdeu a mãe!

Acordei sobressaltada, lembrei-me do sonho mas em fração de segundos me esqueci de quase tudo, apenas me recordava da água e a mulher que chorava pedindo para ver seu filho.  

Tomei café da manhã mas aquilo tudo não saia da minha cabeça, almocei, passeie pelo jardim do palácio e depois fui para o meu quarto. Estava um pouco cansada, então quis tomar um belo de um banho.

— Clarisse - chamei. Ela caminhou vagarosamente e cheia de postura até a mim.

— Deseja algo, senhorita Fanning? - Clarisse me perguntou. - Ouvi dizer que agora mesmo o príncipe Nataniel está realizando um encontro.

Franzi a sobrancelha esquerda. - Como?

— Sim. - ela confirmou. - com a senhorita Rosemary Heen, no jardim do castelo. 

— Ah. - assenti levemente. Eu estava com ciúmes? Balancei a cabeça na tentativa de espantar aquelo sentimento confuso de dentro de mim. - quero tomar um banho, pode encher a banheira para mim?

— É claro. - ela concordou. Foi até o banheiro realizar o seu serviço.

Enquanto isso, tirei toda a minha roupa e me vesti com uma toalha que batia na metade da minha coxa. O frio europeu costumava ser muito gélido e intensos, meus pelos se arrupiaram instantaneamente. 

Clarisse.

Coloquei a banheira numa temperatura morna, coloquei a embalagem de loção para as bolhas na água.

— Está pronta? - me perguntou Daisy Fanning, a garota adentrou no comodo trajando uma toalha branca  que mostrava a metade de suas coxas brancas. Meus olhos quase saltaram ao notar um pequeno e delicado sinal marrom em uma de suas pernas. Era uma pequena estrelinha.

Embalei a criança no meu colo, era uma menina e como era linda, tinha os olhos, formato da boca, nariz e orelhas idênticas aos da mãe. Delicadamente acariciei uma de suas pernas e vi algo bastante curioso; um pequeno sinal marrom em formato de estrela.

Daisy.

Clarisse parecia ter congelado no ar. Sua cara jazia muito pálida. 

— Algum problema? Hein? - perguntei, assustada.

Então de repente, como se o seu corpo fosse leve feito pena, caiu no chão desmaiada. Fiquei em total desespero!