Noites de tempestade escrita por Nyo


Capítulo 1
Só depende do ponto de vista


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo, eu voltei, mas também só o dia de hoje para me fazer escrever uma one-shot e postar assim.
Não tenho muito o que falar sobre a fic em si, só que não é algo complicado, é só a narração de uma situação fofa que eu achei que fosse agradar a pessoa a quem estou dedicando isso.
À pessoa que estou dedicando isso: Meu objetivo era finalmente dar voz àquele Allan maravilhoso, mesmo que de maneira vaga, espero que eu tenha conseguido. E mais importante ainda, espero que essa fic te agrade e faça esse dia ao menos um pouco diferente dos outros.

*Pequena nota: Acho que vale a pena mencionar, apesar de ter vários nomes, nessa one-shot o 2P!America está sob o nome de Allan.

A todos, boa leitura e recomendo que coloquem a imaginação para funcionar, vai valer a pena.



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O barulho dos trovões fez tremer mais uma vez as paredes da casa de Alfred, ao menos era isso que ele sentia. Chovia há pelo menos três horas, sem a menor trégua, e quanto mais noite adentro as horas transcorriam, mais a fúria da tempestade parecia crescer. Os clarões, o barulho da água batendo fortemente contra a calha do telhado e o som ensurdecedor formavam uma combinação digna de um filme de terror, do tipo que causava pesadelos terríveis no pobre americano. Alfred estava encolhido em sua cama, desejando que tudo não passasse de um pesadelo e que ele logo acordasse. Normalmente, não sentia medo de coisas como aquela, contudo a situação na qual se encontrava não se equiparava a nenhuma outra que já houvesse vivido em seus dezenove anos de experiência.

Enquanto estava perdido em pensamentos profundos, todos voltados para possíveis calamidades que poderiam acontecer, o telefone tocou, fazendo com que se sobressaltasse e quase batesse de cabeça. O nome escrito na tela exageradamente brilhante do celular fez seu coração disparar e ao mesmo tempo relaxar.

Allan.

— Porkchop? Alfred, você está aí? – Ouvir o apelido, supostamente carinhoso, era tranquilizador, assim como a voz de seu namorado era um remédio para aliviar o medo.

— Al, você não tem ideia de como essa chuva está horrível – para confirmar suas palavras, um trovão ecoou pelo cômodo. Algo que provavelmente estava há milhões de quilômetros parecia acontecer no quarto ao lado.

— Não se preocupe, é só uma chuvinha, logo vai passar.

Alfred sabia que Allan não pensava daquela forma, que sabia que ele estava assustado e que havia ligado somente para confortá-lo. Tinha consciência de tudo aquilo e achava muito fofo da parte do outro, não que fosse falar em voz alta suas descobertas.

— Não tenho tanta certeza assim, isso parece o fim do mundo.

— Nah, se fosse o fim do mundo eu estaria abraçado com você na nossa pequena cabana em uma praia deserta.

E ali estava, o lado do rapaz ruivo que sempre fazia-o sorrir, uma parte que provavelmente ninguém além d’ele conhecia, doce, sonhadora, engraçada e sentimental. Para o mundo todo Allan era somente uma máquina de insultos e força bruta, mas para o loiro que conhecia cada centímetro daquela pessoa, tudo era diferente. Carinhoso, manteiga derretida, protetor, um grande amante de musicais e dos longínquos anos 60, vegano por vocação e defensor dos animais, tudo aquilo fazia parte do homem forte de pele bronzeada, cabelos castanhos, tatuado e equipado com diversos piercings.

Antes que tivesse a chance de responder, outro trovão apresentou seu poder, ainda mais mortal que os anteriores. E não só seu barulho provou-se aterrador, mas suas consequências também. Em um piscar de olhos, o ambiento iluminado do quarto de Alfred tornou-se noite escura sem lua e estrelas, incapacitando o americano de enxergar qualquer cosia que estivesse ao seu redor.

Assustando-se com a mudança brusca no ambiente, um grito percorreu sua garganta e ganhou vida em seus lábios, fazendo até mesmo o ruivo do outro lado da linha sobressaltar-se.

— Porkchop? Você está bem!?

A voz transbordando preocupação foi o suficiente para fazer seu coração voltar a bater em um ritmo normal. Recobrando seus sentidos da melhor forma que pode, olhou ao redor sem sucesso em identificar as formas na tão conhecida paisagem do quarto.

— Está tudo bem, eu só me assustei porque faltou luz.

A ficha caiu duramente, sem luz e com a catástrofe acontecendo fora de sua janela, não conseguiria se tranquilizar pelo resto da noite.

— Me espere, eu estou indo até aí.

— O quê? Al, não precisa vir até aqui – a tentativa de tirar a ideia absurda de sair na chuva da cabeça do ruivo não deu certo, pois Alfred mal terminou sua frase quando ouviu o som do telefone sendo desligado. Sabia o quão cabeça dura Allan era quando queria fazer algo. E a ideia de tê-lo ao seu lado em um momento como aquele não parecia ruim, portanto a única coisa que lhe restava fazer era esperar e tentar manter-se calmo naquele mar de escuridão que o cercava.

Uma hora depois, talvez meia, Alfred não tinha certeza, a campainha tocou, anunciando a presença de alguém. Sem dúvidas de quem estava por atrás do alto som que o tirou de seus devaneios, o loiro correu de seu quarto até o corredor que comunicava o exterior com a sala de seu pequeno apartamento. Ao abrir a porta deparou-se com uma massa de cabelos ruivos e roupas molhadas que pareciam ser seu namorado. Allan olhou-o tentando dizer “Essa chuvinha de nada não é o suficiente para me abalar.”, mas do jeito que ele se encontrava, Alfred tinha certeza que tal “chuvinha” era capaz de um bom estrago.

A primeira coisa que fez ao ter Allan em sua sala foi entregar-lhe uma muda de roupas secas. O ruivo tinha algumas peças de roupa e bens pessoais na casa de Alfred e vice-versa. A ideia veio do loiro, que alegou essa necessidade quando eles começaram a passar dias seguidos juntos.

— Como está, Porkchop? – Depois de seco e bem vestido, o ruivo abraçou Alfred por trás e beijou-lhe a nuca, habito do namorado que o loiro adorava, e o escuro tornou ainda mais prazeroso.

— Melhor agora – falou depois de uma pausa, o que arrancou um riso de Allan.

Um clarão iluminou o apartamento, fazendo o casal lembrar da tormenta que assolava o lado de fora. O barulho que seguiu o brilho foi ensurdecedor, tamanha força fez Alfred encolher-se, com medo que algo acontecesse. Apesar da presença do ruivo, seu estranho medo perante a tempestade continuava lá, e a queda de um trovão só serviu para reconscientizá-lo da situação em que se encontravam.

Percebendo sua postura, Allan colocou-se em ação, segurou sua mão, algo que, inicialmente, gastou muito esforço de Alfred para acontecer à vista de todos e agora era uma terna memória guardada preciosamente, levou-o para o quarto e sentou-se na beirada da cama, como faria normalmente para beijar sua barriga ou fazer cócegas. Em momento algum separam-se mais que alguns centímetros, receosos de perderem-se no ambiente. Tamanha escuridão era um empecilho a ser ultrapassado, contudo uma inimiga, de certa forma, bem vinda, uma vez que os obrigava a ficarem constantemente próximos.

— Está com medo, Porkchop? – Allan perguntou-lhe. Apesar de não conseguir ver a face do ruivo, tinha certeza que sua expressão era doce, com um sorriso certamente divertido.

— Claro que não – contrariando sua afirmação, outro assustador trovão soou, e Alfred poderia jurar que aquele fora ao lado de sua casa, pois o barulho pareceu mais uma vez fazer as paredes estremecerem. Ademais, a chuva ficou mais forte, e os barulhos que antes unicamente incomodavam os ouvidos do loiro, tornaram-se o eco de monstros que espreitavam os cantos de sua casa, prontos para leva-lo.

Conseguindo conter sua voz, contudo mal sucedido e controlar seu corpo, apertou as mãos do ruivo que seguravam as suas. Pela primeira vez agradeceu por estarem na completa negritude, assim não teria sua expressão de terror revelada.

— Não é o que parece – Allan respondeu, recostando-se na cabeceira da cama, ação que o loiro só percebeu vagamente. – Sente aqui – o convite verbal foi seguido por batidas no colchão que fizeram um som abafado, ilustrando o desejo do ruivo.

Não tendo nenhuma objeção, Alfred atendeu o pedido. Acomodou-se entre as pernas de Allan, que logo o abraçou e fez com que se deitasse contra seu peito. Estar nos braços do namorado foi mais efetivo que qualquer cura milagrosa para seu medo. O agradável calor, o movimento ritmado do peito do ruivo contra seu corpo, a respiração suave que tocava sua pele, tais sensações eram como uma droga tranquilizante da qual Alfred não queria se libertar, e mesmo a lembrança do corpo do ruivo, a pele bronzeada, as tatuagens com seus significados e importâncias e os piercings que tinham lugar nas clavículas, faziam-no sentir-se tão bem que não acreditava haver melhor “lugar” para se estar.

Quando a tranquilidade abateu-se sobre o loiro, Allan começou a falar, iniciando uma conversa agradável entre os dois, tirando-lhe assim os pensamentos de qualquer coisa desagradável e distraindo-o do temporal que parecia nunca cessar. Todos os assuntos eram agradáveis e divertidos, faziam os dois rirem, sorrirem e se envergonharem. Relembraram bons momentos de sua caminhada juntos, falaram sobre filmes e outras banalidades, até que Alfred pediu para Allan que cantasse uma música, o que o ruivo fez com prazer.

Alfred amava aquela voz, ainda mais quando acompanhada do tocar suave do violão. Allan gostava de tocar as músicas preferidas de ambos no violão e criar as próprias, e o loiro sempre ouvia-o, fazendo críticas e elogios, assim como ajudava quando faltava inspiração ao ruivo.

Enquanto era embalado pelo ritmo suave das palavras, acompanhadas pela chuva forte e complementadas pela falta de claridade, pela primeira durante a noite, Alfred pensou que a tempestade não era tão assustadora e que a queda de luz não era falta de sorte, tudo parecia-lhe estranhamente agradável e correto, o momento estava perfeito. Envolto por tão agradáveis pensamento, voz e corpo, Alfred adormeceu tranquilamente.


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Notas finais do capítulo

E é isso. Espero que tenham gostado.

Para a homenageada do dia, um feliz aniversário e que ano que vem nós estejamos aqui novamente. Espero de todo coração que você tenha gostado desse pequeno presente, eu te adoro.



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