Olha todos ali e mesmo assim se sente sozinha com seu copo de uísque, nem lembra ao certo quantos caras já chegaram nela desde que se sentou no balcão daquele bar, não, não estava embriagada, não por bebida alcoólica ao menos, o que a deixava embriagada, perdida, sem saber o que estava fazendo, eram seus sentimentos, se tornavam a cada dia mais traiçoeiros, a traiam a cada citação ao nome dele, mesmo querendo se negar era inevitável, tudo nela reage a presença dele, a lembrança, essa proximidade no último caso a fez ficar indecisa, em relação a tudo, há seus sentimentos, as decisões que tomou, a seu atual relacionamento, mas algo era certeza Mark não merecia a incerteza dela, mesmo parecendo insano terminar por telefone foi o mais justo naquele momento, não podia esperar até chegar em Londres e correr o risco de enganá-lo, não quando Aaron Hotch dominava seus pensamentos.

Flashback On

—Vai voltar para Londres amanhã?- Disse quando andávamos rumo ao meu hotel.

—Preciso, tem muita coisa me esperando.

—Como o Mark?- Me olhou sem parar de andar.

—Também.- Falo simplesmente.

—Estão juntos há quanto tempo?

—Quando a PG descobriu?

—2 semanas.

—Já faz 3.

—Então a Garcia realmente te segue à distância.- Aquele sorriso de canto surge em seus lábios, como amo esse sorriso, automaticamente me vejo a sorrir.

—Ela é boa.- Continuamos andando em um silêncio confortante.

—Você gosta dele?

—Me faz bem.

—Você o ama?- Congelo, não sei o que responder.

—Hotch é muito cedo para ter essa certeza, não acha?

—Não, acho que você está com ele para curar a solidão.

—Parece até que estava desesperada falando assim.- Sorri nervosa tentando desviar, mesmo sabendo que ele tinha razão.

—Só acho que você deveria está com alguém por outros motivos.

—Ele é um homem maravilhoso.- Chegamos ao meu hotel.

—Mas não é com ele que você quer está.

—Acho melhor eu ir, tenho que dormi.- Tento sair do assunto, eu sabia onde ele queria chegar.

—Emily.- Querendo ter aquela conversa.

—Por favor.

—Ok, quer que te leve ao aeroporto?- Faço sinal de que não é necessário, me abraça forte, me deleito tentando aspirar tudo o que posso do seu cheiro, sentir seu corpo próximo e o sinto fazer igual, mas era necessário parar ou eu sairia do controle, nos afastamos, vou rumo ao elevador, quando a porta está se fechando o vejo partido.

Flashback Off

Quando vejo as duas mulheres vindo em minha direção, sentam-se uma de cada lado.

—Dois matinês, por favor.- A loira de cabelo comprido pede ao barman.- Sabia que não era uma boa ideia vocês irem juntos.

—Achei que você estava bem com o Mark.- Minha outra loira diz preocupada.

—Estava, até ficar na presença dele.

—O que ele te disse?

—Mark ou Aaron?-olho JJ sem saber se ela queria saber do meu rompante em terminar com Mark ou minha ida com Hotch ao hotel.

—Mark, e depois Aaron.

—Disse saber que minha vinda ao EUA teria consequências no nosso relacionamento, só não imaginava que dessa forma, apenas o perdi desculpa, e o telefone foi desligado.

—Por que fez isso?- Penélope parecia confusa ao tentar me entender.

—Não podia mais ficar com ele apenas por medo da solidão.

—Você estava? Sabe você não tinha esse medo.

—Todos têm!- Declara Jennifer.

—Não vinha isso, até Aaron me dizer, ele me perguntou se eu amava ou estava com Mark apenas por está sozinha, e subitamente concordei com isso, quer dizer ele é um ser incrível, mas não é amor, apenas parceria.

—Sempre o Aaron que esclarece as coisas!- PG diz simplesmente.

—Ao mesmo tempo em que me confunde mais.

—Porque você não esclarece tudo de uma vez?

—Como?- Olho para a mãe de família presente.

—Talvez esse seja o momento de resolver isso, de uma vez, descobrir o que vocês realmente sentem um pelo outro.

—Vai conversar com ele!- A analista técnica completa o pensamento de nossa amiga.

—Vocês só podem estar insanas.

—Você acabou de terminar um relacionamento por celular, não pode falar muito de sanidade.- A lógica de JJ se faz novamente presente.- Agora vá e resolva isso de uma vez.

—Só pra deixar claro, torço para que vocês fiquem juntos, quem sabe esse não é o meio de você voltar.- PG sendo a PG, isso me faz sorri, sinto falta delas.

—Meninas amo vocês.

—Nós sabemos!- Ambas sorriem.

—Agora vai logo, você precisa de um fechamento para essa história.

—E que ele seja um ótimo fechamento.- Só levanto e saio sorrindo pra elas, brindam sorrindo satisfeitas quando saio.

Logo estou ali, em frente à porta dele, tomando coragem para bater, o faço, logo ele abre e não consegue disfarçar a surpresa a me ver, eu acredito que até alegria.

—Nós precisamos conversar.

—Achei que não era isso que você queria.- Ele sabia o porquê de eu estar ali.

—Não sei se quero, apenas preciso.

—Entre.- Me dá espaço e sigo para dentro da casa.

—Não sei ao certo o que devo dizer, vim pensando durante o caminho no que falar, mas- me viro olhando-o e ele só me olhava com aquele sorriso de canto, sorri nervosa- o que foi?

—Nada, só acho que não tem muita coisa a ser dita na verdade.

—Por que não?

—Emily nós sabemos o que te trouxe aqui, ha muito tempo sabemos disso e fomos incríveis em controlar, agir como se não fosse nada, no entanto você sabe o que sinto por você e vice-versa.

—Não tenho certeza, isso tudo é confuso pra mim.

—Não é, você diz ser para que seja mais fácil, sempre faço isso, assim não tenho que ir atrás de você, fingi para mim mesmo está confuso e com isso não me vi obrigado a te pedir para não ir para Londres.

—E eu fui.

—Foi, e não tenho mais você aqui, é mais fácil para esconder, só que é mesmo prazeroso.

—Eu não posso ficar aqui mais, tenho uma vida lá.

—O Mark?

—Não.- Balanço a cabeça sem querer admitir.- Você estava certo, não devo ficar com ele.

—E comigo?

—Não sei, só que não aguento mais resistir, preciso estar com você ao menos uma vez!- E então o vejo se aproximar.

—Quantas quiser!

Toca o meu rosto, meus olhos se fecham em resposta, nossas bocas se aproximam e então depois dos anos de espera, sinto pela primeira vez seu gosto, a textura de seus lábios, o toque de suas mãos em minha nuca e cintura colando mais nossos corpos, enquanto as minhas estão eu seu cabelo e nuca, e a sensação de ter ele nos meus e estar nos braços dele é maravilhosa, e parece que só torna meu desejo ainda maior, logo estamos completamente entregues, éramos apenas nós dois, sem BAU, Interpol, trabalho, politicagem ou hierarquia, era apenas Emily e Aaron, dando chance a algo intenso e verdadeiro, que esteve guardado por anos.