Girl escrita por Swimmer
Notas iniciais do capítulo
Dois capítulos de uma vez? Será uma ilusão?
É isso aí. Não tinha mais nada que eu pudesse fazer, duvido que fossem devolver o dinheiro das passagens se eu saísse correndo. Exceto por uma turbulência que me acordou, o voo foi normal, até assisti uns episódios de séries. Felizmente, o avião não caiu. Aterrissamos pouco depois das oito da noite e fomos direto para um hotel. Se monstros já eram perigosos durante o dia imagina de noite.
Pulei na cama por uns cinco minutos até cansar. Que bela semideusa eu era.
Leandro me deixou fazer perguntas idiotas sobre o que quisesse e jogamos um videogame que tinha no quarto. Por volta da meia-noite ele disse que iria dormir. Acho que não tinha dormido no avião porque não se passaram nem dez minutos e ele já estava roncando. Tomei um banho longo (na banheira, só queria dizer) e procurei os fones de ouvido na mochila. Fiquei andando de um lado para o outro no quarto, ouvindo música.
O resto da noite foi bem entediante, então vamos pular para o café-da-manhã. Eram oito horas e Leo continuava dormindo. Normalmente eu seria a última pessoa a acordar voluntariamente numa hora dessas, mas toda a história de deuses gregos sendo reais mexeu com o meu cérebro.
Desci para tomar café e me diverti muito tentando entender o que as pessoas falavam ao meu redor. Antes de subir percebi uma mulher me encarando. Meu cérebro estava com o modo ficção ligado (não de verdade, se estivesse eu nem teria descido sozinha) e achei melhor voltar logo para o quarto.
Leo não quis esperar o almoço, ele chamou um táxi e deu o endereço em Nova York. Tenho quase certeza que fomos seguidos por parte do caminho. Estava tudo perfeito até que o celular dele começou a tocar. Ele respondeu a pessoa em frases curtas e ficou sério. Já estávamos numa parte afastada da cidade. Meu novo amigo louco pediu para o taxista parar e me disse para descer.
Eu gritei um pouco mas não adiantou em nada. Ele me deu instruções de como chegar ao acampamento, se recusou a me explicar o que estava acontecendo e entregou uma adaga na minha mão. Fiquei observando o carro se distanciar, me sentindo na antiga Esparta.
Eu não podia negar que era muito estranho o modo como meu amigo sátiro simplesmente partira e me deixara ali para encontrar o acampamento sozinha. Estava começando a acreditar que tinha caído num golpe e a qualquer momento alguém apareceria com uma faca para roubar meus órgãos quando vi a colina. Tinha que ser aquela.
Respirei fundo, arrumei a mochila nas costas, apertei o cabo da adaga e comecei a andar, torcendo para que nenhum monstro aparecesse do nada. O fato de ter uma adaga não queria dizer que eu sabia como usá-la.
Subi a colina olhando de um lado para o outro. Estava quase no topo e tudo que eu via do outro lado era... mato. Talvez fosse a colina errada. Continuei andando.
De repente, um garoto se materializou na minha frente. Dei um grito, um passo para trás e apontei a arma na direção dele. A mão do garoto voou em direção a uma espada no cinto mas quando me viu ele nem se deu ao trabalho de tirá-la dali.
—Quem é você? – perguntei, testando meu inglês ao vivo pela primeira vez com um estranho.
—Pergunto o mesmo.
—Eu perguntei primeiro – falei.
O garoto me encarou. Ele usava preto dos pés à cabeça e devia ter minha idade.
—Sou Nico di Angelo.
—Ah – falei e abaixei a adaga. – Meu nome é Sophia Martins.
—Está procurando o acampamento? – ele não esperou uma resposta e se virou. – Venha comigo. Pelo seu sotaque vou chutar que não é daqui.
—Não. Sou do Brasil. Vim com um sátiro mas o filho de uma... de um espírito da natureza me deixou aqui perto e sumiu.
Nico me olhou estranho. Consegui me controlar por fora, mas por dentro estava difícil controlar todas as perguntas que queria fazer. Também queria abraçá-lo mas desconfiava que o próximo lugar em que aquela espada estaria seria minha garganta se eu fizesse algo do tipo.
Ele parou de andar e apontou para a frente. Ao lado de um pinheiro estava um... dragão. Relevei aquilo como se não fosse nada demais, afinal já esperava. Ainda era super estranho, mas já esperava.
Continuamos andando e pude ver a casa azul ao longe. Minha vontade era de sair pulando. Depois de anos lendo aqueles livros e desejando que tudo fosse real eu estava ali, finalmente. No entanto, um de meus personagens favoritos estava do meu lado e eu queria causar uma boa impressão.
Enquanto andávamos eu já imaginava como seríamos os amigos perfeitos e ele me mostraria o acampamento...
—O que é preciso para te impressionar? – Nico perguntou.
—Uma pizza grande, metade chocolate e metade queijo, por quê? – falei automaticamente.
—Sério? É um dragão – ele apontou para trás.
—Ah, isso – eu ri. – Bom, acho que depois de Nico di Angelo se materializar na minha frente e quase me matar do coração é difícil algo me impressionar hoje.
—Beleza então – ele quase sorriu. – Quer ver o Quíron ou os chalés? O tal sátiro te explicou como funcionam as coisas?
Estávamos chegando na casa.
—Ele não precisou, fiz a lição de casa – sorri para a minha própria piada mas ele não entendeu. – Li os livros do Percy.
Até o momento Nico estava sendo educado, ao ouvir a última frase ele fez uma careta.
—Mais uma não – ele levou a mão até a testa.
Não aguentei, joguei a boa impressão para o alto e xinguei ele. Em português, claro. Ele me conhecia a cinco minutos e já estava concluindo coisas sobre mim com base em uma frase.
—O que?
—Qual é o seu problema? – perguntei, irritada. – Se não quer me mostrar o acampamento é só dizer, posso muito bem encontrar tudo sozinha – falei e saí andando.
Nico parecia mal-humorado nos livros mas isso já era demais. Alguns segundos depois ouvi ele andando rápido pela grama.
—Sophia, espere! – ele pediu. O preparo físico obviamente superior ao meu foi sua vantagem. Ele parou na minha frente e me encarou. – Desculpe. É que só esse ano já apareceram dez semideuses que leram esses livros. Só dois não encheram o saco, metade tentou se aproximar de mim por semanas e tem uma garota, uma filha de Afrodite, que ainda me persegue... É cansativo.
—E o que te garante agora que não vou fazer o mesmo? – cruzei os braços. Eram cem por cento birra.
—Hum... Nada. Mas você não parece ter muito em comum com a filha de Afrodite – ele deu de ombros. Quando percebeu o que tinha dito ficou rosa.
—Uau. Nos conhecemos cinco minutos atrás e você já me ofendeu duas vezes – voltei a andar. Não sabia para onde estava indo mas tentava fingir que sim – Deve ser um recorde – sorri.
—Não foi isso que eu quis dizer – Nico falou. – De qualquer jeito, devemos descobrir quem é seu pai ou mãe divino durante a fogueira.
Mordi o canto da boca e pensei um pouco antes de falar.
—Na verdade... meu pai aparentemente é Poseidon.
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