The Apocalypse escrita por Just Survive Somehow


Capítulo 2
Crazy


Notas iniciais do capítulo

Me desculpe o atraso mas juro que irei recompensá - los com um capítulo novo no domingo, que será de muitos acontecimentos (muahaha - risada maléfica)
Boa Leitura !



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2
Me virei lentamente e encarei o dono da voz. Era um garoto mais ou menos do meu tamanho com cabelos pretos até o queixo. Usava um chapéu de xerife marrom. Ele era bonito, tinha que admitir. Percebi que seus olhos azuis da cor do céu estavam frios, com um brilho apagado, que provavelmente fora perdido com o tempo. A sua arma ainda estava apontada para mim, como se eu fosse a qualquer momento virar um zumbi e mordê – lo.
— Ok, cowboy. Aqui está. – disse tirando minha faca do cinto e jogando pelo piso, a fazendo deslizar. O garoto pegou a faca, sem tirar os olhos de mim.
— Pai, uma garota. No primeiro quarto. – ele disse e alguns segundos depois um homem de olhos azuis como o filho apareceu.
— O que aconteceu ? – disse o pai assustado. Ele percebeu que estava na sala e arqueou as sombrancelhas. – Abaixe essa arma, Carl. – ele se virou para mim. – Olá, eu sou o Rick e ele é o Carl.
— Emily Grace. – disse estendendo a mão. O garoto se assustou com o esse movimento e levou a mão ao coldre. – Não vou fazer nada que te machuque, se é o que está pensando.
O pai sorriu da reação do filho e se voltou para mim.
— Quantos zumbis já matou ?
— Não parei para contar. Não achei que importaria para algo.
— Quantas pessoas já matou ?
Engoli em seco.
— Uma.
— Por que ?
— Porque eu morreria se não a matasse antes.
Ele parou um instante e me analisou. Quase podia ouvir seus pensamentos dizendo que era pequena, fraca e não sobreviveria muito tempo. Todos pensavam assim de mim.
— Nós vivemos em um lugar, em uma prisão. É seguro lá, se você quiser vir com a gente. – disse ele.
— Sim. – falei, muito ansiosa. Fazia muito tempo que estava sozinha e eu gostaria de ter companhia. Eles saíram da casa e eu segui-os até uma picape. Rick entrou no banco da frente e o garoto entrou atrás. Eu sentei no banco de trás do lado de Carl.
Depois de uns minutos percebi que ainda estava com os fones de ouvidos, ouvindo uma música que não conhecia. Os tirei e coloquei na minha mochila. O garoto me olhava de um jeito esquisito. Quando ele viu que eu percebi, virou a cabeça para o lado e resmungou algo. Sorri, não sei porque.
— Então, você é tipo o pai da comunidade – disse, tentando puxar um assunto. Rick soltou uma risada.
— Eu chamaria de líder, mas se você prefere assim. – ele falou sorrindo, mas sem tirar os olhos da estrada. – A prisão é regida por um conselho. Acho que funciona. – ele deu uma pausa. – Nós plantamos e colhemos todos os meses. Todo mundo ajuda, e espero que a senhorita também. – disse ele em um tom brincalhão.
— Sim, senhor. – falei brincando também.
Logo a paisagem começou a ficar menos densa e com muito gramado. Quando virei para a direita me surpreendi. Havia três grandes construções, todas cercadas por uma cerca de ferro. Era realmente enorme e com muita grama e até plantações.
Quando chegamos perto percebi como os portões não estavam cheios de zumbis. Havia um portão que era cercado por lanças, estacas e armadilhas, para que os errantes ficassem presos se tentassem passar pelas grades, a não ser por um caminho que tinha o tamanho exato para um carro passar. Os portões abriram e entramos com o carro.
— O portão. Ele… - começei a falar mas Carl me interrompeu.
— Derrubado.
Me convenci de não perguntar porquê.
— Usaram lanças e estacas para prenderem os zumbis. Muito esperto. – observei.
— Obrigado – disse Rick, com um sorriso de canto.
— Bom, é aqui. – disse Rick. Estacionamos o carro na grama e Rick saiu do carro, comigo e com Carl atrás. Nós andamos até um dos prédios que Rick disse ser os blocos. Entramos e várias pessoas estavam comendo e conversando animadamente. Rick me guiou para uma mesa que estavam sentados uma moça de cabelos grisalhos.
— Carol, esta é a Emily. – disse ele me apresentando. – Você pode ajudá– la
— É claro. – ela falou, dando um sorriso amável para mim. Nos afastamos e fomos em direção á um lugar que julguei ser a lavanderia. Ela se voltou para mim. – Então, aqui vamos pegar uma roupa do seu tamanho.
Ela falou e começou a procurar em uma pilha de roupas. No final estava uma calça jeans, uma camiseta preta e uma blusa de moletom verde desgastada. Ela me guiou para um banheiro e foi embora.
Me despi e liguei o chuveiro. A água caiu sobre o meu corpo e vi a água suja indo em direção ao ralo. Senti que não estava só lavando meu corpo, mas também as lembranças ruins e tudo o que tinha acontecido. Logo desliguei o chuveiro, me sequei e vesti as roupas. Peguei o pente que estava em cima de um banquinho e começei a pentear meus cabelos castanhos, o que gerou uma sensação ótima.
Sai do banheiro e fui até Carol que estava na lavanderia, conversando com um idoso. Ele tinha cabelos brancos e uma longa barba, o fazendo parecer um Papai Noel apocalíptico.
— Oi, Emily. – disse ela com um sorriso carinhoso. – Esse é o Hershel. Hoje você vai ajudá-lo na horta.
Carol e Hershel me mostraram a prisão e tudo o que eles tinham e pretendiam fazer. Conheci pessoas novas e com algumas até simpatizei, como as filhas de Hershel, Maggie e Beth.
Passei o dia na horta ajudando a colher as hortaliças e conversando com a filha mais nova de Hershel, Beth, que se mostrou muito simpática.
Eu estava começando a considerar a prisão uma casa.

Duas semanas depois…

Acordei com um fraco fache de luz em meu rosto. Abri meus olhos lentamente e respirei fundo, pensando o quanto era bom acordar em um lugar seguro.
Já estava há duas semanas na prisão e já tinha me acostumado com tudo. As pessoas, a rotina, tudo. Era como se ali fosse meu lar desde sempre.
Geralmente eu passava as manhãs cozinhando com a Carol ou ajudando na plantação. Ás vezes ajudava a limpar os zumbis da cerca com Beth, Maggie e Carol.
Logo fiz amizade com Beth. Ela era alguns anos mais velha que eu e muito mais feminina que eu. Beth sabia cozinhar, sempre estava com penteados lindos e eu… bom eu sabia limpar a cerca muito bem. Também fiz amizade com Patrick, um garoto de cabelos negros, magro e, arrisco dizer, raquítico. Ele era legal e adorava livros como eu.
Levantei da cama e fechei as cortinas da cela. Vesti uma regata cinza, shorts jeans escuros e minhas botas. Peguei meu Ipod e saí da cela. Todos ainda estavam dormindo. Passei pela cela de Carl e ele dormia com uma revista de quadrinhos em seu rosto. Ele deve ter lido até tarde. Soltei uma risada baixinha e desci as escadas. Passei pelas celas do primeiro andar e abri a porta que separava o bloco do resto da prisão. Passei pela segunda porta e resolvi ir até o refeitório, mas algo me distraiu.
Uma bola de basquete estava descansando no canto da quadra. Glenn deve ter trazido – a da última ronda. Ele havia voltado ontem á noite e o refeitporio havia se enchido de risadas dos dois durante o jantar. Eu achava incrível como eles haviam conseguido ter uma relação mesmo do jeito que o mundo estava. Um dia gostaria que tivesse um romance assim com alguém.
Peguei a bola, me ajeitei na linha de lance livre e joguei a bola, que bateu na tabela e voltou para o canto da quadra. Estava enferrujada, já fazia quase dois anos que não jogava basquete. ‘Preciso pegar pesado’ falei para mim mesma.
Cinco minutos depois, estava com a minha regata toda suada. O meu cabelo grudava na minha testa e minha boca clamava por água. Mas eu sentia que não podia parar. Joguei a bola mais algumas vezes até ouvir passos na minha direção. Automaticamente segurei o cabo da faca na minha cintura e me virei, vendo Carl vir em minha direção, com um sorrisinho.
— Então você é uma atleta nata. – perguntou arqueando uma sombrancelha. Revirei os olhos enquanto segurava o sorriso.
— Engraçadinho. – peguei a bola e joguei na cesta acertando – a. Joguei mais uma vez até perceber que Carl estava me fitando. Fiquei um pouco sem graça e estendi a bola de basquete para ele – Quer jogar ?
— Ah, eu sou horrível.
— Ninguém é horrível.
— Eu sou.
— Como você sabe e nem tenta ? – disse com um sorriso. Ele bufou e pegou a bola. Caminhamos até o garrafão e jogamos a bola na cesta algumas vezes.
— Então desde quando você joga basquete ? – ele perguntou quando acertei uma bola sem bater no aro.
— Uma pergunta para cada cesta, meu amigo. – falei jogando a bola em sua direção. Antes de jogar desta vez, ele mirou e acertou a cesta.
— Eu ganhei. – falou ele, orgulhoso.
— Mais ou menos. – disse. – Eu jogo desde os três anos. Aprendi com meu pai. – acertei outra cesta. – E seu chapéu ?
— Ah. – disse ele, tirando – o e o examinando. – Depois disso tudo, eu e nosso grupo estavamos tentando ir para Fort Benning, mas uma horda deles passou pelo caminho. Nós nos escondemos debaixo dos carros e depois uma garota, Sophia, desapareceu. – ele deu uma pausa. – Quando estavamos procurando – a, achamos um cervo. Eu levei um tiro que atravessou o cervo. Meu pai me deu o chapéu depois disso. – ele disse levantando a camisa até debaixo do coração, onde tinha uma cicatriz.
— Eu sinto muito. – falei. – Bom, agora quer jogar de verdade ?
— É claro.
Nós jogamos um pouco de basquete de rua e eu acertei quase todas as cestas. Parecia que meus pés flutuavam pela quadra.
— Descanse um pouco, xerife. Sua cara está pegando fogo ! – falei, fazendo – o ficar ainda mais vermelho. Ele andou até o canto da quadra e sentei a seu lado. Nós dois estavamos ofegantes e com as roupas suadas
— Posso fazer mais uma pergunta ? – ele falou, virando – se para mim. Fiz o mesmo e encarei aqueles olhos azuis lindos. – Você já amou ?
— Eu não. Mas se tivesse amado, acho que não saberia. – falei. – Gostaria de amar alguém um dia.
— Eu não sei se o que senti foi amor.
— Por quem ? – perguntei curiosa.
— A garota perdida. Eu meio que gostava dela. – disse.
Nós ficamos em silêncio de novo. Logo Carol nos chamou para comer. Saímos da quadra e as pessoas estavam começando a sair dos blocos para comer no refeitório do lado de fora.
Quando estávamos perto de lá, comecei a sentir dores na barriga. Achei que ia desmaiar mas senti duas mãos segurarem minha cintura. Uma das mãos de Carl segurou uma parte da pele de minha cintura e senti um raio de eletricidade (e vergonha) invadir meu corpo. Sabia que naquele momento meu rosto estava todo vermelho.
— Você está bem ? – perguntou, com o rosto carregado de preocupação.
— Sim. – disse baixinho, me soltando de Carl discretamente e andando até a enfermaria.
O que aconteceu ali ? Eu devo estar louca.
(…)
— Você está bem ? – perguntou Beth. Eram talvez nove da noite e a maioria das pessoas estavam dormindo. Duas lamparinas iluminavam a cela, mas ainda estava um pouco escuroNesse momento ela estava na beliche de cima, escrevendo em um diário. Sua pergunta me fez lembrar Carl.
— Mais ou menos. – falei. – Hoje aconteceu uma coisa estranha.
— O quê ?
— O Carl. Hoje ele estava estranho. – falei.
— Bom, ele fica estranho quando tá perto de você. – ela falou fechando o diário e saindo da cela, levando uma das lamparinas com você
O que ela quis dizer com isso ?
Desisti de pensar sobre isso e me deitei, tentando dormir um pouco.
Amanhã seria um novo dia. E esperava que Beth me dizesse o que ela quis dizer com aquela frase.


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