Estávamos sendo "escoltados", como prisioneiros, para sei-la-a-onde. O frio havia sumido, o sol já estava quase se pondo, as árvores estavam mais vivas, a neve derretendo e formando poças. Uma visão linda, Klaus andava na minha frente.
—- Essas coisas estão me machucando, dá para folgar um pouco? -- Pergunto -- Vocês tem comida? Estou com fome -- Eu sou uma péssima refém, coitados.
—- Cala a boca e anda -- Responde o leopardo, não era porque ele é fofo demais, igual a um gato, que pode falar assim comigo.
—- Mas...
—- Lou, cala essa matraca, que você chama de boca, e anda.-- Ordena Klaus a entredentes. Fico em silêncio, talvez não fosse uma boa ideia discutir com um leopardo (mas ele é muito kawaii ^-^).

Caminhamos até o ponto mais alto, onde podia se ver muitas tendas e criaturas mágicas, um acampamento. Acredite, a primeira coisa em que pensei foi... Comida.

Descemos e fomos até uma tenda, um pouco afastada das outras. As quatro criaturas decidiram entre si, quem comunicaria a Aslan (Ufa!), um dos centauros foi escolhido, e entrou na tenda.

—- Humm... Klaus? Fala alguma coisa. -- Cutuco Klaus, que estava de olhos fechados com a cabeça encostada em uma pedra.

—- Oi? -- Responde, ainda de olhos fechados.

—- Você tá com raiva de mim? -- Ele ao menos parecia, na ultima vez que falou comigo.

—- Não, Lou. Por que eu estaria? -- Responde, sinto uma pequena pontada de ironia.

—- Desculpa, se eu falei algo que te irritou -- Peço --  As vezes eu sou insuportável, eu sei -- Sorrio compreensiva, eu sou quem eu sou, e muitas vezes posso não agradar alguém.

—- Calem a boca -- Reviro os olhos, repetições me incomodam, o centauro "ordena" antes de se ajoelhar, Aslan havia saído junto com o outro centauro, apenas fico parada.

—- Solte-nos, eles são humanos, mas não são aliados da feiticeira -- Os centauros retiram as amarras -- Entrem, vocês devem estar famintos. 

Entramos na tenda, dentro uma mesa cheia de variados tipos de comida, sinto minha boca salivar.

—- Podemos comer? -- Pergunta Klaus.

—- Claro -- Responde simplesmente indo ao outro lado da tenda. Klaus parecia mais faminto do que eu mesma. A fome é realmente um bom tempero, apesar da comida estar realmente muito boa. 
Aslan apenas nos observou,  confesso que fiquei incomodada, não gosto de comer sendo observada. Terminamos ao mesmo tempo.
—- Conte-me sua história... -- Contamos tudo a Aslan, desde do elevador maluco até ali, ele ouvia atentamente sem nos interromper. Klaus e eu nos olhamos, decidimos fazer algo que desde de que chegamos aqui, estava entalado em nossas gargantas.
—- Como viemos parar aqui?! -- Perguntamos em uníssono.
—- O elevador trouxe vocês até Nárnia -- Responde como se fosse óbvio, apesar de ser o óbvio.
—- Dessa parte temos conhecimento, mas exatamente como um simples elevador de um museu pode nos trazer até aqui? -- Klaus perguntou, parecendo traduzir meus pensamentos.
—- Em todos os mundos existem portais,  eles são como vulcões, uns em atividade constante e outros ficam adormecidos, mas que podem "explodir" a qualquer momento, o elevador se encaixa no segundo caso.
"Eles são os mais sensíveis e antigos, eles são normalmente ativados com um sentimento profundo que eles acham que são o necessário"  -- Olha para mim ao dizer -- " Mas nem sempre é o que acontece, há exceções."
—- Desculpa interromper, já interrompendo. Os portais possuem consciência? -- Pergunta Klaus com a mão no queixo e a testa franzida.
—- Não todos, entre os portais há uma divisão maior ainda, pois existem até o momento,  três tipos gerais que podem levar a qualquer lugar, com sorte, e que originaram os outros, os que tem consciência são os do Bosque entre Dois Mundos, é o principal meio até Nárnia.
"Os que são aleatórios, impossíveis de serem controlados e cheios de paradoxos são da Casa das Portas, dizem que leva a loucura. O último é o mais simples de ser compreendido de todos O Labirinto, mas isso não quer dizer que seja fácil, nenhum deles são."
—- Esses portais possuem apenas uma saída? -- Pergunto, agora curiosa.
—- Existem os que possuem duas portas interligadas, mas são tão difíceis como encontrar uma agulha no palheiro. E outros que levam diretamente sem passar pelo central, e outros que são bifurcados. São tantos...
—- Posso tocar na sua juba? -- Pergunto sem pensar. Ainda vou virar a tia dos gatos, meu amor por eles dá até casamento.
—- Pode -- Responde surpreso. Caminho até ele, e coloco a mão em sua juba.
—- É tão macia, isso é tão fofineo!
—- Cof Cof* Lou *Cof Cof -- Klaus.
—- Desculpa! Isso deve ser meio incomodo. -- Falo desajeitada, e com certeza vermelha. Ele é um líder, acho que nunca foi tratado daquele jeito!
—- Oh, não, não, não é nenhum incômodo, só é uma atitude um tanto surpreendente,  nunca fui tradado assim. -- Menos mal.-- Vocês devem estar cansados, já é de noite, podem se recolher, amanhã eu conversarei direito com vocês. -- Klaus e eu levantamos, e fomos até a porta.
—- Louise, pode ficar mais um pouco, quero conversar com você -- Pede Aslan. Klaus olha para mim, como se pedisse permissão para ir.
—- Klaus vá na frente, eu encontro você depois -- Sorrio amigavelmente. O que eu teria feito, para Aslan conversar só comigo?
///////////Tempo ///////////
Klaus;
Em minha cabeça martelava "o que Aslan queria com Lou?". Já era de dia, e ela não havia dormido na mesma tenda que a minha. Apesar de ela ser uma tagarela, com ações impulsivas, é a única pessoa que conheço fora de tudo isso, o que me faz ficar preocupado com seu estado, ou por onde estava. A única coisa que me faz lembrar que tudo isso não é uma loucura.
De um lado da tenda, está separado uma muda de roupas com um bilhete. Leio, as roupas são para mim, seria bem útil, pois as que eu estava usando já estavam sujas de terra e cheirando a suor.
####Depois####
Já estava vestido com a roupa, uma tanto medieval,  depois ter tomado um banho no Rio. Aposto que estou igual a um palhaço, mas era melhor do que está sujo.
—- Klaus, você está diferente -- Ouço a voz de Lou, olho para ela. Esta com um vestido de cetim azul, com uma cinto de couro na cintura,  o cachos dourados combinam com azul.
—- Você está bem melhor, sem sua saia florida e o seu estilo hippie.
—- Ei! Eu gosto do meu estilo hippie, combina mais comigo, apesar desse vestido cair bem em mim. Gostava mais da sua blusa xadrez e do moletom.
—- Somos dois.-- Reviro os olhos.
—- Aslan que falar com nos dois, vamos -- Pega o meu braço e começa a me arrastar de novo.
Entramos na tenda e Aslan já estava a nossa espera. Reverenciamos levemente, afinal ele é o Rei de Nárnia.
—- Não precisam de formalidades. Quero dar algo, que pode ser útil no futuro -- Nos guia até uma mesa.-- Louise,  quero que fique com esta adaga, espero que não a use tão cedo.
—- Obrigada. Posso levar algum caderno? Eu quero escrever tudo, como um diário. Isso pode representar algum perigo? -- Pergunta.
—- Não, ao menos que não caia em mãos erradas, tenha cuidado -- Lou assente, recebendo um caderno -- Klaus, quero que fique com este relógio de bolso, ele indica em que ano e dia você estará em qualquer lugar. Pode guiar vocês em uma dimensão desconhecida.
—- Obrigado. -- Coloco o relógio em um dos bolsos -- As coisas que levamos aparecem na outra dimensão? -- E se aquele relógio simplesmente sumisse?
—- Aparecem, por isso recomendo que evitem levar algo de uma dimensão para outra, a maioria não sabe sobre os portais, é bom que continue assim. --  Responde Aslan sério.
Recebemos mais algumas instruções. Aslan falou que não podemos ficar por muito tempo aqui, esta noite vamos partir. Lou estava bem séria, com os pensamentos distantes e a testa franzida 
—- Lou, tem alguma coisa que... Sei lá, você esteja preocupada? -- Pergunto.
—- Não, não é nada, só estava pensando na vida, desligada do mundo. Isso sempre acontece. -- Fala calma.
—- Certeza?
—- Eu tenho, Klaus -- Fala pausadamente levemente irritada -- Se me der licença, vou passear por aí. -- Retira-se sem esperar uma reposta.