Worth It escrita por Mileh Diamond


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Hello, olha quem tá aqui~ Esse chegou até mais rápido que os outros não? Aqui só tem momentos dos dois mesmo, nada de interessante...a não ser pelo final -q
MAN QUEM VIU O EP 31 JÁ?! Só vi os spoilers, mas bolei tanta teoria >w< Mas vamos deixar a criatividade para o casal vampiresco aqui.
Nesse cap nós teremos a ilustre presença do loirinho brilhante vendedor de aneis, cujo nome, de acordo com a wiki, é François. Eu amo esse garoto e ele domina os meus headcanons sobrenaturais de AD. Eu ainda vou escrever algo sobre ele.
Sem demora, vamos lá!
XOXO



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Leigh não o deixou sair com Dimitry para o campo. Pelo menos, não imediatamente. Ele achou estranha a amizade repentina entre o irmão e o historiador. Dimitry entendeu perfeitamente. Lysandre sentiu-se ligeiramente contrariado.
Dessa forma, os encontros agora eram ou em restaurantes - Dimitry também compartilhava a preferência por carne - ou na biblioteca.


O acesso do mais velho à área de livros e documentos restritos era bastante útil para trabalhos escolares e a mera curiosidade de Lysandre.


Ele gostava particularmente das fotografias e gravuras. Era muito mais legal conhecer uma época por imagens do que por textos.


Um dia enquanto folheava um álbum de fotografias de personalidades da década de 1850 e 1860, uma em especial lhe chamou atenção.


— Dimitry? - chamou em voz baixa o homem ao seu lado.
Ele estava ocupado com um relatório, mas levantou o olhar mesmo assim.


— Quem é Mary Magdalene? - perguntou mostrando a página do livro.


A obra só mostrava o nome das pessoas, data de nascimento e morte, e título. Dimitry pareceu afetado pela imagem, de forma que desviou o olhar.


— De todas as fotos, você escolhe justo essa...


— Algum problema? - perguntou confuso, voltando a olhar a foto.


Aparentemente era uma jovem condessa. O que mais lhe atraía era sua aparência. Ela se parecia com sua amiga Lynn, tirando o fato de que era loira.


— Mary tem uma história triste. Morreu de cólera na epidemia de 1858. - o homem disse em voz baixa.


— Ela se parece com uma amiga minha. Lynn Darcy. - disse olhando para o outro.


— Não deve passar de uma coincidência. Mary não tinha irmãos e não viveu o suficiente para ter filhos. Havia se casado há menos de um ano quando a epidemia atingiu a vila em que morava. - ele falou com aquele pesar característico de quando falava do passado, em especial aquela epidemia que Lysandre se deu ao trabalho de estudar.


— Você sabe bastante sobre ela. - o mais novo notou.


— Lembra-se quando eu disse que Sucré Ville estava ligada à minha história? - ele assentiu - Mary tem um papel muito importante. Ela era minha...tataravó, por assim dizer. Ou melhor, seria. Seu marido sobreviveu e constituiu uma família, mas nunca deixou a memória dela de lado e é assim até hoje. Ela é muito importante para nós.


Lysandre assentiu, demonstrando que entendia. Era realmente uma história triste. O marido de Mary deveria amá-la muito a ponto de seus descendentes a respeitarem daquela forma.


— Qual era o nome do seu tataravô? - perguntou virando a página do livro. Não havia lido nada sobre uma família "de Bonnière" ainda.


— Ele...se chamava Dimitry, como eu. Só que você não vai encontrar fotos dele. Ele não era muito chegado nessas tecnologias. - disse com um pequeno sorriso.


— Ah, é uma pena. Queria ver se vocês dois se parecem. - disse com um sorriso.


— Eu não sei. Mas talvez sejamos mais parecidos do que pensamos. - disse com um sorriso divertido, enquanto encolhia os ombros.

 

 

Logo Lysandre saía mais com Dimitry do que com Castiel. Claro que o ruivo não gostou nada disso.


— Agora toda vez que eu te convido pra sair é "Eu e Dimitry vamos ao museu" ou "Eu e Dimitry vamos almoçar juntos". Sempre "Eu e Dimitry". O que há entre vocês dois? - perguntou o guitarrista um dia, na escola.


— Somos amigos aproveitando o tempo. Não é como se eu estivesse te ignorando. - disse com o seu jeito calmo de sempre.


— Não, nem de longe pensei nisso. - disse revirando os olhos - Mas ok, eu posso sair com a Lynn. Então cada um fica com seu respectivo crush.


— Ele é apenas meu amigo, Castiel. - disse segurando uma risada.


— Desculpe, eu esqueci que não existiam crushes na era vitoriana. Pulavam todo o processo de conhecimento e iam direto ao ponto. Quando é o casamento, então? - o tom humorado de suas palavras mostrava o quanto ele estava disposto a provocar o melhor amigo. Mas Lysandre não se deixaria levar tão facilmente.


— Não há nenhum casamento. E se houvesse, você não seria convidado.


— Isso é ultrajante. Até os cegos veem que tem alguma coisa aí. Mas se quer assim, tudo bem. Continue em seu mundo de mentiras. - depois disso ele não falou mais nada.


Se eram mentiras, ele não sabia. Mas estava aproveitando cada momento.

 

—--

 

Finalmente Leigh deixou os dois saírem para um pequeno passeio no campo. Claro, após algumas conversas e um jantar relativamente constrangedor. Digamos apenas que Rosalya gosta de ver Lysandre corado na frente de visitas.


Os campos verdes traziam boas memórias para o mais novo. Havia crescido em uma fazenda, a natureza lhe fazia muito bem. Mas viver na cidade sempre seria mais prático.


Ele estava feliz com o convite do historiador. Não só por ser uma morada vitoriana legítima, mas porque fazia parte da história do outro.


— Não é nada demais, já aviso. - o mais velho falou durante a viagem - O tempo fez seu trabalho e a mansão já está muito velha. Minha família não se preocupou em manter o imóvel conservado. Mas ainda temos a propriedade.


— Deve ser incrível, mesmo assim. - Lysandre assegurou olhando para as árvores e plantações que passavam ao seu lado em média velocidade - Obrigado pelo convite, mais uma vez.


O moreno sorriu.


— É um prazer levar cultura a uma pessoa interessada. Mas deveria agradecer um pouco mais ao seu irmão. Sem ele, você não estaria aqui.


O músico abaixou o olhar sentindo seu rosto esquentar.


— Ele é do tipo protetor. Rosalya também. Mas os dois gostaram de você.


— Isso é bom. - foi tudo que ele disse durante o percurso.


Minutos depois Dimitry entrou em uma estradinha sem asfalto que cruzava um pequeno bosque. O sol entrava pouco naquele lugar, pelo visto.


Após alguns minutos eles pararam em frente a um grande portão de ferro coberto pela hera. Não havia correntes que o trancassem, de forma que Dimitry apenas desceu do carro e abriu os portões. Sinalizou com a cabeça para Lysandre.


— Estudantes primeiro.


O garoto sorriu e entrou no lugar animado.


Era bem maior do que pensava. Tanto a mansão - que estava mais para castelo - quanto a fazenda. Ele podia ver os muros, mas a maior parte estava coberta por plantas e árvores de grande porte. O mesmo podia-se dizer sobre o castelo. Tudo tinha uma aparência um tanto sombria, mas era calma e pacífica. Seu olhar logo depois foi para os túmulos.


A partir de certo ponto, o lugar virava um cemitério. As lápides eram velhas e mal se podia ler os nomes ou os anos, mas a maioria apontava 1858 como o ano de morte. Pelo que sabia, era o ano da infame epidemia que Dimitry tanto mencionava.


— Meses depois de a doença se espalhar, já não havia espaço no cemitério da vila. Os Bonnières eram os mais influentes e ricos, de forma que cederam espaço da propriedade para enterrar os mortos. - o moreno apareceu falando de repente.


Lys se assustou, mas já estava acostumado com aquela atitude do amigo.


— É realmente triste. Todas essas lápides esquecidas pelo tempo. Histórias que se perderam. - divagou entristecido, olhando para as placas de pedra.


— Sim. É uma pena vê-las nesse estado. Mas eu não tenho tempo para cuidar de todas. Minha atenção é exclusiva de uma. - ele falou com certo pesar na voz.


— Mary Magdalene? - o rapaz arriscou olhando ao redor, procurando uma lápide que parecesse diferente das outras, mais cuidada.


— Sim. Mas ela não fica aqui ao relento. Está afastada das outras. - ele disse voltando a caminhar, aparentemente em direção a casa. Lysandre o seguiu.


Mas a mansão não era o seu destino. Na verdade, era uma área mais afastada e escura do terreno. A vegetação ali era mais densa e apenas alguns pequenos raios de luz opacos conseguiam trespassar os galhos.


A trilha dava em uma área pequena com algumas lápides. A que destoava de todas tinha o nome "Mary Magdalene" escrito nela.
Mary pelo visto não morrera em 1858 como os outros. Ela morrera em 1860.


— Mary durou mais tempo que os outros por sua persistência. - Dimitry disse como se lesse sua mente - Seu marido viajou em busca de uma cura, mas quando voltou... Já era muito tarde. - ele disse de uma forma tão fria e amargurada que chegou a preocupar Lysandre. Aquela família realmente dava valor a história de seus antepassados.


— Ela devia ser uma pessoa muito querida. - disse o músico, pensativo.


— E era. Ela era gentil e caridosa, sempre disposta a ajudar os outros. Talvez seu maior defeito fosse achar que poderia fazer tudo sozinha. Mesmo assim, era uma ótima amiga e esposa. - enquanto falava, um pequeno brilho pareceu surgir em seus olhos, mas logo ele voltou a seu estado entristecido de antes.


Não sabia os métodos dos Bonnières para educar seus filhos, mas a valorização da história familiar parecia muito eficiente. Era quase como se Dimitry tivesse conhecido Mary e se apaixonado por ela. O pensamento lhe causou estranheza, mas era tão real que ele não deixou a ideia completamente de lado. Dimitry era um homem cheio de mistérios.


Após o que pareceram longos dez minutos em silêncio, o moreno levantou o olhar e disse com um sorriso fraco.


— Acho que agora você gostaria de ver a mansão por dentro, não?


Lysandre assentiu, mais pela vontade de sair dali do que pelo interesse no castelo. À medida que se afastavam ele olhou discretamente para a lápide. Possuía sentimentos mistos em relação à Mary. Ao mesmo tempo em que a admirava, a invejava por receber tanta atenção de seu amigo historiador.


Mas o conflito acabara assim que entrara naquele glorioso lugar que era a mansão Bonnières.

 

 

P.O.V Dimitry

O moreno sabia que a visita a sua antiga casa traria de volta lembranças, mas mesmo assim ele não pôde se preparar. Nunca poderia.


Porém a presença de uma companhia parecia facilitar a experiência. E Lysandre era uma ótima companhia.


Desde que começou a explicar sobre a história da família e da região, o albino não se distraiu um segundo. Ás vezes não sabia se ele estava prestando atenção à sua fala ou à arquitetura do lugar.


A mansão era antiga e estava tomada pela poeira e pelas teias de aranha, mas isso não parecia um obstáculo para o mais jovem.


— Perto da janela havia um piano. Mary não sabia tocar tão bem, mas fazia questão de acompanhar o marido da melhor forma que podia. - disse com um sorriso enquanto apontava para um canto iluminado pela pouca luz que vinha das grandes janelas. O vidro estava embaçado, mas ainda não estava rachado.


— Como sabe todas essas coisas à respeito dela? - ele perguntou de repente enquanto observava o corrimão de madeira finamente adornado com motivos florais.


O homem de cabelos longos silenciou-se, pensando rapidamente em uma resposta condizente.


— Meu avô escreveu muitos diários descrevendo o trabalho dele e o dia a dia dos dois. Nós recuperamos uma boa parte e é assim que eu sei. É útil no meu trabalho, também.


O mais novo assentiu, mais interessado no segundo andar da casa.


— O que tem lá em cima? - disse subindo um degrau.


— Quartos e uma biblioteca. Tome cuidado, Lysandre. Essas escadas...


Crack!


— ...são velhas.


No terceiro degrau, a madeira sob o pé do albino cedeu fazendo com que ele afundasse na escada. Isso não só o assustou como fez com que poeira e lascas se espalhassem por toda a parte.


— Desculpe por estragar sua escada... - o garoto disse sentindo o rosto esquentar.


— Não tem problema. Deixe-me te ajudar. - disse o moreno aproximando-se do mais novo com um pequeno sorriso no rosto.


— Está rindo de mim? - Lysandre perguntou com uma sobrancelha arqueada.


— Não. - mas a pergunta apenas fez com que o sorriso aumenta-se. Dimitry segurou um de seus braços e o ajudou a sair daquele monte de madeira velha - Está tudo bem? Se machucou?


— Não, estou bem. Só a minha bota pagou o pato. - disse olhando para o sapato que ficou empoeirado e com alguns cortes - Junto com o meu orgulho.


Com essa frase Dimitry não aguentou e soltou uma longa risada. Lysandre poderia parecer do tipo quieto e sério, mas às vezes conseguia fazer as pessoas rirem. E o tom vermelho que as suas bochechas assumiram só deixou tudo melhor.


— Desculpe. - ele disse quando parou, mas ainda com um sorriso - É só que...você me lembrou uma pessoa.


Naquele momento, porém, Lysandre era uma opção muito melhor do que uma possível substituta de Mary.

 

 

 

Após explorarem o lugar em toda a sua extensão (dessa vez usando uma escada segura), os dois saíram para o jardim, sentando-se nos degraus rachados da entrada e tomando chocolate quente.


— Está sendo um ótimo passeio, Dimitry. - disse o albino com um pequeno sorriso enquanto fitava a caneca de chocolate em suas mãos.


— É um prazer tê-lo aqui comigo. - o outro respondeu - Estava quase me esquecendo da importância desse lugar.


O lugar não importava, na verdade. O momento que era valioso. Era tão bom ter alguém para confiar, alguém com os mesmos assuntos. Dimitry estava adorando tudo aquilo.


Estava valendo a pena.


Mas sempre a voz de sua consciência voltaria e o lembraria que ele deveria contar a verdade. Ele tinha que sair daquela redoma de vidro que englobava tanto ele quanto Lysandre. Mas tudo estava indo tão bem. Ele não podia simplesmente...


— Dimitry, posso te fazer uma pergunta incomum?


O garoto não olhava para ele. Olhava para a caneca em sua mão. Seu olhar era estranho. Parecia absorto em pensamentos, como se estivesse resolvendo uma questão complicada.


Dimitry o havia visto poucas vezes assim. De qualquer forma, ele conhecia o músico há relativamente pouco tempo. Ainda assim, parecia uma eternidade, e o moreno não gostou do tom que ele usou.


— Claro, pergunte o que quiser. - disse atencioso.


O albino ficou em silêncio por um, dois minutos inteiros. Finalmente ele deixou o copo de lado e juntou as mãos, olhando para o chão.


— Você...você acredita em vampiros?

 


 Essa, com certeza, era uma pergunta que ele não esperava.

Pensou no que seria adequado responder. Ele não estava falando aquilo à toa. Alguma coisa ele sabia. Mas não tinha uma confirmação, por isso perguntara.


— Quando diz vampiros, refere-se aos seres sombrios que se alimentam de sangue humano? - ele disse de forma calma.


— Sim. - ele olhou em seus olhos - Você já leu tantos livros, conhece tantas histórias. Deve saber algo a respeito. Você acredita na existência de vampiros?


— Acredito que só porque não vemos algo, não significa que não exista. Há muitos mistérios ainda não desvendados pela humanidade. A existência de seres sombrios como vampiros não pode ser descartada. - tentou manter o posicionamento o mais neutro possível, mas seu desconforto estaca ligeiramente evidente - Por que a pergunta?


Ele desviou o olhar novamente, mais interessado em suas mãos, aparentemente. Será que ele falaria algo? Será que teria confiança o suficiente em Dimitry para contar algo assim?


— Eu...- ele começou, pensando nas palavras que usaria - Eu estive lendo umas coisas e acho que fiquei impressionado, só isso.


— Entendo. - disse Dimitry, um tanto aliviado - Sabe que se tiver algum problema, pode me contar.


— Obrigado, Dimitry. - um pequeno sorriso brotou em seus lábios - Você é um ótimo amigo. Talvez o melhor que eu tenha agora. - seu sorriso aumentou - É bom ter alguém em quem eu possa confiar.


Aquilo deixou o moreno feliz, ao mesmo tempo em que a culpa se apossava de si. Como ele poderia contar algo daquele nível para ele? Contar que era ele o motivo de seus problemas.


Afastando aqueles pensamentos, o moreno sorriu e colocou uma mão no ombro do albino, puxando-o levemente para si.


— Sempre pode contar comigo, Lysandre. À qualquer hora, onde estiver.


Esperava que aquela confiança durasse por um bom tempo.

 

 

 

Três dias depois do passeio, Dimitry estava em crise. Não sabia se devia falar a verdade logo ou adiar o evento. Agora no meio da tarde estava na companhia de um de seus poucos amigos que sabia o seu status de vampiro. Um amigo de roupas bem brilhantes.


— Você está me dizendo que você transformou um garoto? - o loiro perguntou pela quinta vez naquela hora.


— Sim. - ele respondeu, também pela quinta vez.


— E que ele ainda não sabe? - o outro arqueou uma sobrancelha.


— ...Não, não sabe. - disse sentindo as bochechas corarem.


O joalheiro colocou as mãos sobre o rosto em sinal de vergonha alheia. François era bom com assuntos daquele tipo, pois quase sempre jogava a realidade em sua cara sem demora. E era aquilo que estava fazendo no momento.


— Acho que os duzentos anos vagando pelo mundo não te ensinaram muita coisa. - disse sarcástico levantando-se da cadeira em que estava e fechando as cortinas da vitrine - A base para uma relação saudável é a honestidade. Esconder de um adolescente que ele se tornou uma criatura sobrenatural não ajuda muito, Dimitry.


— Eu sei. - ele falou levemente irritado - Mas eu não poderia falar tudo assim que o visse. Ele iria se assustar e nunca mais falar comigo.


— Como se ele fosse continuar falando com você depois que você contar. - o de olhos azuis disse em um suspiro olhando para um de seus anéis com ar entediado.


François-Xavier de Montherlant era o dono da joalheria e um bruxo nas horas vagas. Era coisa de família, ele preferia dar mais atenção à sua loja. Tinha apenas 19 anos, mas sua criatividade era invejável. A questão é que o destino fez com que seu caminho cruzasse com o de Dimitry, então se podia dizer que os dois eram amigos.


— Você não está ajudando. - o moreno falou o óbvio andando pela loja observando as joias. A maioria eram anéis. François gostava muito dessas coisas.


— Eu nem entendi porque você veio aqui! - o loiro disse emburrado. Devia estar bravo por receber uma visita daquelas à luz do dia, impossibilitando-o de receber clientes - Quer um presente para ele? Uma poção do amor? Já te disse que não sou nenhuma fada madrinha. Eu só faço joias.


— Eu só queria um conselho, François. - ele disse olhando para o mais novo - Acha que eu devia contar para ele o quanto antes?


O bruxo ficou silencioso e por fim apenas baixou a cabeça, passando a mão pelos cabelos.


— Se acha que vai fazer alguma diferença, conte assim que o vir da próxima vez. Mas ele não vai te receber de braços abertos, penso eu. - ele esboçou um pequeno sorriso - Você tem um coração bom, Dimmy. Só não é tão bom com palavras. E lembre-se: se nós amamos, devemos deixar o outro ser livre.


Aquilo o deixou pensativo. Era um fato: não poderia prender Lysandre a si. Mas só de pensar em ele se afastando, seu coração se apertava.


O vampiro franziu o cenho. Afinal, estava pensando no bem dele mesmo ou no de Lysandre?


— Dimitry? - François balançou a mão em frente ao rosto do moreno.


Ele piscou os olhos saindo de seus devaneios.


— Sim?


— Só por curiosidade, quem é o garoto? - perguntou com um sorriso, de braços cruzados.


— Ah. - ele retirou uma mecha que estava sobre seu rosto - É o Lysandre. Você o conhece, é irmão do Leigh.


O sorriso do feiticeiro desapareceu de uma vez. Quase podia ouvir as engrenagens em sua cabeça girando e associando as ideias.


— Você salvou Lysandre Ainsworth daquele acidente de carro? - perguntou cético.


— Sim. - disse não entendendo a reação dele - Por quê?


Ele ficou em silêncio por um momento. Finalmente balançou a cabeça e um riso sem humor escapou de seus lábios.


— Nada, só algumas coincidências do destino. - ele disse enquanto dava a volta no balcão e procurava algo em uma caixa no chão - Sabe, minha irmã Nina costumava ter uma queda por ele. Na verdade, era uma obsessão. Acho que ela ainda não se conforma de seus poderes de sedução serem tão reduzidos. Mas o que ela estava esperando, realmente? Ela só tem 14 anos.


O joalheiro apareceu com uma pequena caixa de veludo nas mãos. Ele abriu, revelando um anel metálico esverdeado.


— Eu fiz isso pra ela. - ele explicou - Quando usado aumenta as chances de encontrar o Lysandre. Ela me devolveu depois do acidente. Desistiu de conquistá-lo depois de colocar sua vida em risco.


Dimitry ficou observando o anel. Não sabia como François havia o feito e quais os segredos mágicos por trás dele, mas era muito bonito. Bem menos elaborado do que os outros aneis da loja, mas ainda bonito.


— É realmente uma bela joia. - comentou.


— Fique com ele, é um presente. - disse deslizando a caixa pelo balcão de vidro - Pode dar ao Lysandre se quiser. Tenho certeza que ele vai gostar. Afinal, é uma obra minha. - esboçou um sorrisinho presunçoso enquanto olhava para as próprias unhas.


— Se eu ficar com isso, terei chances maiores de encontrá-lo?


— De certa forma, sim. Quem usa ganha uma espécie de sexto sentido em relação ao "dono" do anel. - disse fazendo aspas no ar - Você tem uma intuição maior sobre o paradeiro da pessoa. Então não são eles que vêm até o anel, o anel te leva até eles. - disse com um sorriso ligeiramente orgulhoso de sua obra.


Prestes a segurar o anel, o celular de Dimitry tocou. Ele olhou o número e surpreendeu-se ao reconhecer o telefone de Lysandre.


— Alô? - ele atendeu.


"Eu preciso da sua ajuda".— o albino disse em uma voz nervosa do outro lado da linha.


Ele não tinha bons pressentimentos sobre aquilo, mas sentia que naquele dia seu segredo chegaria ao fim.


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Notas finais do capítulo

Entãaaao, o que acharam? Sinceramente, o universo de AD tem umas paradas muito estranhas. Uma tia fada que aparece do nada e te dá presentes? Uma garota aleatória vestida de morcego que te dá informações? Lolitas que possuem uma aura negra quando estão irritadas? Caras com aneis mágicos que não só te ajudam a encontrar paqueras como também abrem portais para mundos paralelos com temas de feriado?!! #conspiration #theory #illuminati
Bom, é isso por hoje gente! No próximo capítulo teremos o drama que todos estavam esperando. E eu gostaria de ouvir seus headcanons obscuros de AD uvu
XOXO



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