Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 74
72º Capítulo – “já fomos e amamos.”




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Quando entro na sala, vejo a Pilar e o David parados um de frente para o outro. Eles parecem estar discutindo fervorosamente sobre algo e quando notam minha presença deixam claro pelas expressões que estão bem mais do que surpresos.

É impossível não notar que pela primeira vez em anos existe algo semelhante ao descontrole estampado na cara da Pilar, e isso me intriga.

Sinto a presença do Felipe ao meu lado e mal tenho tempo de me colocar na frente dele quando a Pila avança. Ela estancou na nossa frente e me olhou firme.

— Já chega, Pilar. __ digo, sem querer perder tempo.

— Quem é esse....

— Sou eu Pilar. __ ele se posiciona ao meu lado. — Felipe.

Ignoro a surpresa estampada na cara dela e vou em direção ao David.

— Sei que você não me deve mais nada __ ele me olha sem dizer nada. — Mas preciso da sua ajuda.

***

Conto a eles tudo o que aconteceu e quando termino sinto o metal negro do pingente queimar a pele do meu peito. Fecho meus olhos por um breve momento e quase consigo sentir o cheiro dela no ar.

— Você só pode ter enlouquecido __ o tom estridente da Pilar me traz de volta.

— Pilar... __ David tenta falar, mas ela o interrompe.

— Que merda essa ninfeta fez com você em? __ ela se aproxima e sinto meu sangue ferver — Você está colocando sua cabeça a prêmio por causa dessas vadias.

— Em primeiro lugar não as chame de vadias __ diminuo a distância que ainda resta entre nós e o tom rude da minha deixa claro minha ira. — E presta bem atenção, por que acho que você não entendeu da última vez. Não vou deixar ninguém machucar as duas.

Ela me olha firme, mas não recua.

— Mesmo que eu precise ir até o inferno e matar o diabo em pessoa. Vou trazer as duas de volta.

ALICE

A dor abaixo do meu peito não é nada comparada ao que estou sentindo agora. Não sei a quanto tempo estamos dentro desse carro, por que desde que saímos do galpão o tempo parou de ter qualquer sentido para mim.

Sinto um calafrio quando meu ombro choca de leve o da Paloma e mesmo querendo olhar para ela, não tenho forças. Vejo a tremedeira das minhas mãos passarem de leve para agressivas durante o percurso, mas não consigo controlar. Agradeço mentalmente o fato do Barão ter ido em outro carro e observo inerte enquanto as mãos da Paloma envolvem as minhas, como um cuidado velado. Levanto meu rosto e olho mais uma vez para a janela ao meu lado.

Nada.

Não conheço o caminho que estamos pegando, mas sei que estamos cada vez mais longe de tudo o que já fomos e amamos.

Amor.

Fecho meus olhos de novo para me convencer de que isso é o certo e a imagem do Gustavo explode atrás das minhas pálpebras. Apoio minha cabeça no apoio do banco e por um breve momento sinto tudo ao meu redor desmoronar. Sei que não posso deixar minha prima sozinha para o que estar por vir, mas simplesmente não consigo evitar que o desejo de desistir se aposse de mim.

No momento em que sinto meus músculos pesarem, a velocidade do carro diminui até que ele pare. Permaneço inerte até a porta ao meu lado ser aberta. Abro meus olhos e minha visão turva me impede de reconhecer um dos homens do Barão parado, me esperando descer. A Paloma sai logo atrás de mim e de imediato engancha o braço ao meu redor.

Mesmo sem instruções, seguimos os homens a nossa frente e paramos. Quando levanto o rosto vejo uma casa com primeiro andar construída de forma mais isolada o possível. As paredes parecem ter sido levantadas a décadas e são feitas de pedras brancas, que estão sujas e gastas nos blocos próximos ao chão. As janelas estão distribuídas de forma aleatórias entre os andares e como as portas são feitas de uma madeira forte com marcas visíveis do tempo. Existe uma pequena varanda no andar de cima, com uma vista que provavelmente consegue ver tudo a nossa frente. Algumas vigas de madeira circundam a casa segurando o telhado coberto por telhas de argila e ao nosso redor tudo que se pode ver é mato e alguns entulhos jogados aleatoriamente, como se a casa estivesse abandonada.

Sinto a frágil e insolente chama da esperança se pagar dentro de mim quando vejo o Barão abrir a porta na nossa frente. Ele está sorrindo e nos olha como se fôssemos seu maior e melhor prêmio. Os braços dele nos envolvem e ele no guia para dentro enquanto fala qualquer coisa sobre ter um novo lar.

Sei que agora não preciso mais fingir e quero de uma vez por todas gritar e dizer a ele que não o reconheço. Que esse homem na minha frente não é o pai que eu tanto amei e exigir que ele me conte tudo sobre a morte da nossa família.

Mas não consigo.

Minha mente divaga e eu me sinto desesperadamente vulnerável. Minha respiração lenta e silenciosa esconde perfeitamente o furacão descontrolado dentro de mim e meus músculos pesam ainda mais que antes. As regiões periféricas da minha visão aos poucos dão lugar a uma escuridão mansa e avassaladora e nesse momento sei que vou desmaiar, cair a qualquer momento, mas não vou e não quero pedir ajuda. Deixo meu corpo ceder aos poucos e me entrego solidão.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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