A Filha de Dean escrita por Vi16ki


Capítulo 13
A Primeira Caçada - Parte final.




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O tempo corria... E nós também. A desgraçada da bruxa, só podia ser morta por uma espada especial e até lá o único que poderia nos ajudar era o protótipo de anjo inteligente, ou melhor, a anta com asas. Como eu o ‘‘apelidei’’, carinhosamente.

 

- Será que não podemos fazer uma para fazer um lanchinho? – reclamei chateada.

 

- Rá, rá! – o loiro burro riu descrente. – Caso você não tenha se esquecido, eu gastei toda a grana do pôquer com a sua comida!

 

- Eu estou te livrando de um mal! – me fingi de ofendida. – Você poderia estar alcoólatra com aquelas cervejas, mas nããão! – quase berrei. – Está gordo, mas não um futuro bêbado!

 

- Gordo? – ele murmurou incrédulo pelo canto da boca.

 

Dean me encarou de uma forma nada agradável.

 

- Isso não é verdade, não sou gordo! – chateou-se, como um típico garoto mimado.

 

- Pra mim esse excesso de pele é gordura! – retorqui com o nariz empinado.

 

- É! – Sam entrou no clima. – Você devia fazer uns exercícios físicos!

 

- Sim. – concordei já montando meu plano maquiavélico. – Ficar com a bunda colada nesse banco, só piora seu desempenho! Porque não me deixa ficar com o carro por uns tempos, enquanto você fica aqui e faz um pouco de academia?

 

Ok, antes que pensem que é loucura. É para oportunidades como essa que existem a falsidade ideológica, ou no caso falsificar uma carteira de motorista!

 

Tensa, exibi um sorriso do tipo: ‘‘eu-não-sei-do-que-voce-tá-falando!’’. Dean ficou olhando para mim por mais tempo do que eu imaginava.

 

- NÃO!

 

(...)

 

Já estava quase anoitecendo e cada vez mais ficávamos apreensivos a aparição de novos casos. Sam teve a idéia de fazer um circulo para conjurar almas de nível inferior, não talvez funcionasse, mas segundo ele, Amarantha não iria resistir à força da união dos espíritos roubados.

 

- Posso participar? – implorei. – Olha, eu não vou usar mais aquele joguinho de convencer vocês e...

 

- Não vai mesmo, pirralha! – o retardado riu. – Se quando fugiu dali, já não sabia lidar com um demônio de verdade, com certeza não vai conseguir com uma bruxa estúpida.

 

- A ‘‘bruxa fraca’’. – imitei sua voz irritante. – Precisa da espada de um arcanjo para ser derrotada, ou seja, não vão conseguir sozinhos! – vociferei.

 

- Dean tem razão. – Sam resolveu ter opinião própria. – Isso não é coisa para crianças!

 

Bufei irritada, pisando duro.

 

- Blá, blá, bláááárgggg! - Coloquei o dedo na boca como se fosse vomitar.

 

- Eu também te adoro! – imitou uma voz afeminada, aliás, exagerou! Lancei meu pior olhar para ele, depois de ouvir a palavrinha de cinco letras estranhamente ridícula!

 

Dei um passo para trás, esperando que eles começassem logo o ritual, ELES não poderiam me deixar voltar para o hotel sozinha, então eu tive que segurar um terço de prata caso a criatura resolvesse me querer para o ‘‘jantar’’.

 

- Vai começar. – anunciou Sam se afastando, involuntariamente eles formaram uma linha frontal de defesa como se me protegessem.

 

Um grande tremor foi ouvido do lado de fora, e eu me assustei... Aos poucos o galpão abandonada foi invandido por uma criatura negra e desfigurada que serpenteava por todos os lados, até tomar forma e se materializar.

 

Por coragem ou então algum tipo de ferramenta fora do lugar do meu cérebro me fez largar o terço de prata, e me aproximar mais perto.

 

Não era algo já pensando, mas uma coisa que desejei foi vê-la morrer. Sabendo que EU poderia matá-la!

 

 - Parabéns, parabéns! – a criatura esquisita com um manto negro se aproximou de nós batendo palmas. – Tenho que admitir garoto você tem habilidade nessas coisas, é uma pena que não tenha se tornando um demônio, teria tanto potencial! E você Dean, tão ingênuo, devia aprender a controlar as emoções se quiser se tornar o receptáculo de Miguel!

 

– Tem razão. – debochei. - Mas, ele não quer! Talvez, porque ele não seja uma bitch como você! – repeti convicta, um turbilhão de memórias que eu jamais imaginei ter vivido explodiu e junto delas várias lembranças inesperadas... Eu havia me lembrado de tudo!

 

- Pistis Sophia. – debochou. – Tão poderosa, mas não invencível, talvez eu consiga alguns poderes de brinde, roubando seu sopro! – falou e então seus dedos tocaram minha testa, e tudo escureceu...

 

Num vislumbre rápido, me vi desaparecendo por alguns segundos do lugar onde eu estava, apesar de parecer minutos... Parecia um tipo de realidade alternativa ou ilusão.

 

Haviam vários galpões abandonados, e construções e prédios destruídas, um verdadeiro cenário de guerra. Às vezes eu via de relance, alguém que se considerava bastante corajoso pegar uma coisa ou outra no chão sujo. Perguntei-me se estava em outro planeta, mas eu podia ver ali os vestígios da minha cidade natal...

 

MAS...?

 

- Ok, isso é bem... Estranho!– resmunguei, continuando a andar.

 

Eu podia sentir os olhares atrás de mim, de vez em quando eu até identificava, mas eles se escondiam e me olhavam como se eu fosse algum maluco fugido do hospício.

 

- Taram, taram... – uma voz infantil cantarolou, apesar de não conseguir reconhecer quem era. – Então, gostou da nova paisagem da sua cidade? Sinceramente, prefiro essa a aquela tão deprimente de vocês humanos...

 

- SEU...

 

- Opa! É esse o ensino que você recebe em casa, Roxanne? Oh, desculpe. Sua mãe está morta, e seu pai é um completo babaca, sem nenhum preparado, para cuidar de uma preciosidade como você...

 

- Não use sua boca suja para falar deles! – berrei. – O que você quer? Por acaso me mostrar o futuro!

 

- Este não é o futuro. Ainda. – avisou. – Mas, é o que vocês terão se aceitar se juntar a aqueles anjos malditos!

 

- Isso É UMA ILUSÃO! Se você não quiser ir pelos ares, é melhor aparecer. – repeti cerrando os lábios.

 

- É? Você sabe muito bem do que estou falando, uma estatua de mármore fria e sem escolha, tendo que olhar para o ''nada'' por séculos, e ainda por cima ter que obedecer todas aquelas leis estúpidas do seu irmão. Acha mesmo que na primeira oportunidade de destruir os humanos, vão ter... - ele rosnou se perguntando qual palavra deveria usar. - Pena? Rá, rá. Não é tão inteligente, quanto pensava!

Fechei os olhos, deixando toda a minha fúria tomar conta de mim. Meus olhos ficaram azuis, eu estava perdendo a paciência, com aquele demônio de quinta!

 

- Eu disse PARA SAIR DA MINHA CABEÇA! – gritei a plenos pulmões.

 

Senti a mesma sensação de ser teletransportada, mas desta vez, estávamos de volta no mesmo galpão, era estranho... Uma sensação de déjà vu

 

Por outro lado, agora era diferente... Uma coisa, pesada e gélida, havia sido colocada na minha mão, e num golpe de rapidez, usei toda a força no pulso para enfiar o objeto pontiagudo na bruxa, em menos de dez segundos, envelheceu tão rápido, que aos poucos seu corpo foi se dissolvendo até virar pó.

 

- Roxanne! Roxie? – Sam me chamou meio receoso. – Roxie, olha...

 

- Eu estou aqui, caramba! – gritei irritada. Um transplante de cérebro não faria nada mal para ele!

 

- Eu só queria saber se você estava bem! – o retardado defendeu-se.

 

- Tá, ta.

 

- E você até que sabe caçar, pirralha. – A loira do banheiro admitiu relutante. – Mas sabe se não fosse por mim, quer dizer a bruxa estava se tremendo de medo...

 

- Dean! – falamos eu e Sam ao mesmo tempo.

 

- Ok, ok. – ele se desculpou.  – Mas que coisa é essa na sua mão?

 

- Hã...? – perguntei descrente, e foi só aí que eu vi. O objeto pontiguado na verdade era uma espada! Não, era linda. Era demais! Haviam vários desenhos esculpidos a ouro, e a prata era tão reluzente que eu poderia ver meu reflexo. Só que não estava totalmente brilhante por conta do sangue que estava manchando, mas desapareceu rapidamente, deixando apenas o brilho.

 

- Eu... – até eu tentava arranjar alguma explicação para saber como é que aquilo havia ido parar na minha mão!

 

- Ok. Eu já sei que é uma ‘‘espada’’. – falei ofendida, pelos anos assistindo animes e baixando episódios de Naruto ilegalmente. – Mas se é da tal anja desaparecida, como é que foi parar justo na minha mão?

 

Ele suspirou.

 

- Há muitas coisas que você tem que saber Sophia. Aliás, Roxanne. – sorriu cansado.

 

- Do tipo o que...? – Sam se intrometeu, curioso.

 

- Coisas importantes, mas...

 

- Tipo?

 

- É bem... - ele justificou-se

 

- Você fala demais, Cas! – Dean grunhiu. Uma alma piedosa!

 

- Tem certeza que vocês não querem saber agora? Bem, é que...

 

- NÃO ANTES DE COMER! – eu e o loiro oxigenado falamos ao mesmo tempo.

 

- Ou, você me alcançar. – desafiei e ele sorriu.

 

- Vai sonhando, pirralha! – o metidão disse achando!

 

- Sério? Quem chegar por último é a mulher do Cas! – disse já me preparando.

 

- AGORA VOCÊ VAI VER! - ele falou correndo atrás de mim como um guepardo furioso, mas dessa vez era diferente... Era como um pai brigava com uma filha.

 

Talvez, só agora eu soubesse em muito tempo, o que significava a palavra ‘‘família’’.


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