HelpMe.net escrita por Leh


Capítulo 50
Capítulo quarenta e nove (Valdeva)


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto muito pessoal, eu sinto muito mesmo. Acreditem ou não isso dói mais em mim do que em qualquer um, mas é preciso.



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Eu não pensei quando aceitei me entregar para Hector. Para mim, ele era o amor da minha vida.

Porém o encanto acabou quando o resultado veio positivo. Eu era jovem, não tinha nem acabado o ensino médio ainda, e estava grávida. Hector me abandonou sem piedade e me deixou sozinha com um bebê.

Eu nunca pensei em abortar, nunca tiraria uma vida, porém eu não poderia ter essa criança. Arranjei todos os documentos para a adoção, não iria nem olhar a criança.

Quando eu estava dando a luz, porém, a história foi outra. A enfermeira me deu aquele pacotinho moreno. Ele não abriu os olhinhos, nem o sorriso, nem nada do tipo. Pedro apenas encostou sua cabecinha em meu peito e dormiu. E foi o suficiente para eu desistir de deixa-lo.

Pedrinho tomava cada minuto do meu tempo, mas ele transformava cada segundo em ouro. Eu nunca me arrependi de ter ficado com meu filho, e a cada ano que passava, eu o amava ainda mais, mesmo que as vezes parecesse que não cabia mais nem um pingo de amor em meu coração.

Quando ele fez dez anos, as dores de cabeça começaram. Até hoje me pergunto se nós tivéssemos ido ao médico antes, será que nada disso teria acontecido? Será que ele não teria que sofrer tanto? Será que eu ainda teria meu filho?

Eu tentava esconder tudo o que eu sentia, mas nunca fui boa em esconder o que sinto.

Eu tentava ajudar meu filho no que podia, mas o que fazer?

Todo dia o acompanhava para a quimioterapia e quando voltávamos sempre parávamos embaixo do mesmo poste para conversar. Então, quando estava preparado para ir embora, dava um beijo em meu filho e eu ia trabalhar enquanto ele voltava para casa.

E mesmo dando tudo de mim para ajudar meu filho, eu não tinha como não notar que ele ficava cada vez mais triste. Eu não sabia mais o que fazer, até ele entrar no HelpMe.net e finalmente voltar a sorrir mais facilmente. Que alívio, que alegria eu senti.

Depois disso, foi só subida. Os Sarazates eram incríveis e educados, Julia? A melhor namorada que alguém iria querer! Eu a adorava.

Então veio a notícia: o câncer estava metastaseado. E que desespero senti quando ele disse que não queria fazer o tratamento. Tentei dissuadi-lo do contrário tantas vezes... mas como entender Pedro? Bastava lembrar de como ele era triste e o quanto sofria enquanto fazia o tratamento. Aceitei.

O hospital? Foi uma tortura. Porém nada supera ver o médico vindo naquele segundo dia, com um rosto preocupado. E quando ele olhou para todos na sala e disse:

— Senhora Valdeva?

— Sou eu – respondi me levantando.

Ele pediu para eu o acompanhar e olhou bem fundo em meus olhos antes de dizes:

— Eu sinto muito...

Depois disso, não ouvi mais nada.


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