The chaos love escrita por Sirukyps


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre quis uma história de super heróis... Sei lá, eu não sou boa com palavras



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693708/chapter/1

Testando... Um, dois... Acho que funciona.

Ontem, eu comi salada e estava saborosa. Quase chorei mastigando a cebola e como posso descrever o sabor do tomate? Talvez, parece frango? Sempre dizem que parece frango. Formiga, cobra, pedra... Frango é o sabor curinga em qualquer receita. Todavia, esta história não é sobre comida. Trata-se de uma envolvente e maravilhosa história de amor. Bem... O “amado” em questão, não sabia da grandiosa convocação, todavia estava envolvido demais para recusar participar. Vou tentar explicar do começo.

Qual seria o seu nome, intrigante ouvinte? Meu nome é Rafael. Sim. Como o arcanjo significa “Cura de Deus”. Minha mãe disse que fui curado de algo e blá blá blá... Histórias. Histórias.  

Vivo numa cidade quase ao extremo sudoeste do Brasil. Uma grande casa mobilada com tantas coisas como se meus pais considerassem nossa residência o meu coração e dedicasse a vida para preenchê-lo. Poético, não? Mas nunca funcionou, saca? Eles são grandes cientistas e nunca me faltou nada, até mesmo uma aranha radioativa que falava e fazia acrobacias, eu tive. Contudo, nunca tive apego ou aquela coisa por nada ou ninguém. Não me importo com os óbitos, nascimentos, felicidades, tristezas... Limitado a vagar entre os demais seres andantes. Pelo menos, eu era assim até a ida ao mercado na última quarta-feira.

A interioriorana cidade onde resido é constantemente atingida por estranhas aberrações, quase sempre mutações humanas com características animais, como: mulher-barata, Mr. preguiça, Aviante passarinho, homem-carrapato, panelaço boy, super cachorro-quente... E, quase sempre, estão destruindo a cidade e congestionando o trânsito em busca de dinheiro. Irracional. Certo, existem os exibidos “mocinhos”, ainda assim... Você não imagina o caos. Maldita ciência! Malditos acidentes! Malditas pessoas! Maldito mundo!

Meus pais querem que eu siga este caminho, presenteando-me com cilindros, pinças, líquidos coloridos e narrando o trabalho como uma espetacular aventura. Bobagem!  Ou era. Até aquele dia nublado.

Eu caminhava tranquilo, observando a fumaça do meu cigarro desaparecer junto ao gás carbono quando senti um forte impacto contra minhas costas, o qual terminou por me derrubar agressivamente. Um maluco maldito, trajando uma chamativa roupa branca, botas e luvas verdes. Estava preparando o xingamento quando fitei o sorriso tímido e arrependido demonstrado pela parte do rosto não oculta pelas lentes verdes dos esquisitos óculos desproporcionais.

— Desculpe-me, caro cidadão... – Disse, atrapalhando-se, enquanto levantava. Eu sorri.  Na realidade, eu gargalhei de tal forma, terminando por deixar a pobre criatura sem graça, embora tentasse me ajudar. Ele era estupidamente fofo e muito jovem. Eu tinha vontade de socar aquela cara e apertá-lo...

— Quanta formalidade? – Ironizei, pondo-me de pé e observando os destroços de uma possível batalha no centro da cidade. - Você seria o Mr. Baby?

— Claro que... – Irritou-se, estava pronto para praguejar quando interrompi tendo um sorriso sacana nos meus finos e atraentes lábios.

— Ou é a nova flecha do cupido para me atingir tão bruscamente? Desculpe. Não sei se fiquei apaixonado.

— Ora, seu... – Queria replicar, detendo-se. Um herói. Engolindo a raiva e, recuperando a prancha esverdeada, retornou surfando no vento para a suposta batalha no centro onde havia pessoas gritando e coisas explodindo em grande escala.

Eu queria atormentá-lo. Todavia, como? Pertencíamos a mundos diferentes e... Gra-man tinha 16 anos e aparecia discretamente quando os jornais informavam alguma notícia caótica.

 Eu estava sempre presente no local. Não era perseguição, eu só tinha muito tempo livre. Não que eu não tivesse nada melhor para fazer, mas sempre estava por perto e ele nem recordava o meu nome. A PORRA DE UM NOME. O maldito só dava atenção para aqueles vilões estúpidos que o esmurravam impiedosamente.

Fiquei irritado.

Pedi para meus pais me concederem poderes e eles não conseguiram. Foram muitos experimentos. Muitas tentativas. Nada parecia funcionar. Quando a pessoa nasce pra ser estúpida, vou lhe contar... Deste modo, fui para o plano dois e desenvolvi um maquinário incrível que simulava poderes. Eu podia voar, soltar rajadas de fogo, tiros, e aminha roupa incrível tinha a capacidade de se reconstruir sozinha e ainda era completamente negra como a solidão e o medo. Terminei comendo um pedaço, ganhando uma bela bronca do meu pai. Enfim, fiquei perfeito. Não que eu já não fosse. Corrigindo, fiquei mais perfeito.

Precisava de um nome legal. Algo com impacto.  Eu não sabia. Todavia, precisava que ele soubesse sobre mim. Redigindo uma enorme postagem, publicada por um famoso periódico, terminei sequestrando o filho do “terrível vilão” e ameaçado não devolvê-lo se não parasse de abusar meu namorado, Gra-man.

Diante milhares de notificações, eu prosseguia com a mentira, explicando que havia o conhecido numa convenção de heróis, gabando-me sobre como eu era invencível, incrível, perfeito. Logo, surgiram desafios e aceitei de bom grado, obtendo sucesso com facilidade.

O moleque sequestrado era legal. Tinha dez anos e fazia muitas perguntas, tornando-se o xodó dos meus pais. Por um momento, esqueci sobre a devolução (ele adorava o laboratório e não queria voltar), mas teve que ocorrer.

Meus pais o abraçaram com tanto carinho e, entre lágrimas e muito drama, eu o levei para o local combinado depois de uma caótica batalha. Pensei em matá-lo, pois vilões precisam de uma história trise para motivar a vingança. Tolice. Fitando aquele rosto curioso e destemido, terminei empurrando suas costas num breve: “Até logo, Martín. Vai...”.  

 Aos poucos, os vilões desapareciam e nossa cidade hospedava a paz. Cada vez, tornava-se mais raro encontrar meu pequeno admirado surfando estupidamente ao vento. Comecei a cercar sua vida pessoal, mas esta era tão sigilosa. Apesar de conhecer sua escola, residência, suposta família, eu raramente o encontrava. “Talvez, ele esteja se preparando para a grande declaração” Cogitei a ideia, observando a taça de vinho quase vazia ao contrário do meu interior, o qual transbordava amargura.

 Aquilo era amor, não é? Por isto, doía tanto?

Eu me afogava numa nova bebida quando o pequeno Martín invadiu meu quarto pela janela, vomitando o aviso:

— Meu pai está muito zangado contigo, pois eu vivo comparando seus pais com ele e disse que, como vingança, sequestrará seu namorado amanhã à noite para que você pague por seus crimes.

— Seu pai é maluco?

— Eu consegui desativar a bomba que ele havia instalado no carro da mãe do Gra-man, mas arrisco que tenha mais pela casa... – Parecia preocupado. Pegando uma das taças, cheirava o líquido avermelhado dentro do copo, visivelmente intrigado.

— Oh! – Uma grande ideia. – Deixe isto ai garoto. Você ainda não tem idade. – Eu retirei o copo, bebendo o restante do vinho e, logo questionando. – Você poderia me levar até a casa do Gra-man?

— Vocês não namoram? Deveria saber.

— Não sei. É um namoro atual, talvez. Ninguém envolve família e... Respeita o espaço...

— Então, vocês podem namorar outras pessoas?

— Não é bem assim... – E se ele quisesse? Eu não poderia ser tão egoísta. Enchi o copo, divagando em meus pensamentos. – Talvez, podemos conversar sobre isto.  

— Vocês não namoram.  

— Namoramos sim. – Pontuei seguramente, levantando o indicador. Logo, baixando , divagava o olhar pelo cômodo desarrumado, buscando como explicar. – Ele... Ele só meio que não sabe disto. Inadmissível, é verdade. Mas ele é meu destinado... Só precisa aceitar. Talvez, já tenha até aceitado... – Outro gole de vinho, finalizei por um profundo suspiro. – Só não sabe como se declarar...

— E agora ele corre perigo de vida. – Aquele sorriso suspeito, maleando a cabeça positivamente, como se maquiasse um terrível plano.

— Não corre. Você me levará até lá. Eu o salvarei. Vamos ficar juntos e fim.

— Por quanto? – Interessou-se, assumindo a pose de um chefe criminoso, enquanto erguia a sobrancelha esquerda em desafio. Que moleque prepotente.

— Quanta ousadia! Meus pais te registram e você terá acesso ilimitado a minha casa.

— Eu gosto do meu pai.

— Então, eu te dou um laboratório todo seu. – Retribui o olhar na mesma intensidade. Negociar com criança era um pouco difícil. - Última oferta.

— Não sei...

— Certo. Ele pode morrer. Não é possível que meu coração não encontre outro amor... Quantas vezes você pode topar com um cupido, verdade?

— E quero passar feriado com seus pais. – Completou, antes que eu regredisse completamente.

Doce criança.

— Feito.

Ansioso, suando frio, partimos em direção a casa do meu amado. Eu queria levar chocolate, mas Martín reclamou dizendo que a carência havia destruído o relacionamento dos pais dele. Ele não poderia me rejeitar, verdade? Droga! Eu estava tão apreensivo.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por ler!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The chaos love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.