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Capítulo 12 – Uma Mentira: “Aquilo Foi Um Erro”

Sakura levou alguns segundos para abrir os olhos depois que Sasuke interrompeu o beijo. O olhar dele, negro e estreito estava intenso, sua expressão enigmática e séria, como se ocultasse vários pensamentos de uma vez.

Sem dizer nada, ele segurou na mão dela, se abaixou para pegar seus sapatos e a levou até uma cadeira para que ela se sentasse. Sasuke se ajoelhou na sua frente e lhe calçou de volta as sandálias, enquanto Sakura o assistia muda e um pouco constrangida. Ela não precisou olhar à sua volta para saber que todos tinham a atenção sobre eles, e para falar a verdade ela nem se importava.

Depois de lhe calçar as sandálias, Sasuke a segurou pela mão novamente e juntos eles saíram da festa.

Espere. – Sakura tentou fazê-lo parar de puxa-la para fora, mas Sasuke não interrompeu seus passos. Ele mal conseguia olha-la nos olhos.

Sakura queria entender o que tinha acontecido. Saber por que ele tinha lhe beijado na frente de tantas pessoas. Seu coração palpitava e seu corpo estremecia como se ainda pudesse sentir os lábios dele contra os seus.

Eles entraram no carro em silêncio. Sasuke ainda não tinha dito uma palavra e Sakura estava quase enlouquecendo. Ele tinha que dizer alguma coisa!

Ao perceber como ela parecia inquieta, Sasuke cortou o silêncio sem retirar os olhos da estrada.

—Esqueça o que aconteceu hoje. – Disse ele sério. Sakura olhou para o seu perfil, mas ele não retribuiu o olhar dela. – Aquilo foi um erro.

Sakura queria que ele dissesse qualquer coisa, ela deveria estar satisfeita com aquela resposta. Mas suas palavras tão frias e insensíveis a machucaram. Ela virou o rosto para a janela para tentar esconder o quanto ficou magoada e não disse nada. Sentia-se ridícula por ficar magoada com algo tão idiota. Afinal, não deveria sentir nada por aquele homem! Qual era o problema dela? Mas a dor em seu peito estava lá, mesmo sem ela aceita-la.

Sasuke parou o carro na calçada da clínica veterinária poucos minutos depois. Sakura desatou o cinto de segurança, pegou as sacolas com as suas roupas e saiu do carro sem dizer nada ou olhar para ele.

Sasuke a observou caminhar até a entrada da clínica com um sentimento estranho. Ele respirou fundo, sacudiu a cabeça e ligou o carro.

Ele estava arrependido por tê-la beijado. Agiu por impulso, aquilo não foi planejado. Durante a festa descobriu que aquela mulher ruiva estava espalhando boatos maldosos sobre Sakura e a raiva o possuiu. Quando ele viu Hanabi conversando com ela, Sasuke foi até a mesa onde estavam imediatamente, não queria que ela se sentisse desconfortável ao descobrir que as pessoas estavam falando dela. Mas Sakura já parecia ter notado isso quando ele chegou até ela.

Sakura estava chateada e incomodada por estar ali. E quando citou o contrato, enfatizando que queria se livrar dele e ir embora sozinha, Sasuke não conseguiu conter o desejo de beijá-la. Era como se fazendo isso, entenderia aquele sentimento estranho que o invadia há semanas e que estava mais forte naquela noite.

Ao beijá-la, Sasuke não tinha se importado com nada. Nem por estar naquele lugar cheio de pessoas importantes, muito menos por elas estarem assistindo. Quando sentiu os lábios suaves e doces tocarem sua boca, ele sentiu seu coração bater tão forte que até mesmo um tremor desconhecido e prazeroso retumbou dentro dele. Ele não queria parar. A sensação era tão boa.

Mas ainda havia lhe restado um pouco de sanidade. Ao se separar dela foi que ele sentiu o impacto do que tinha acontecido e decidiu que era hora de ir embora daquele lugar.

Sasuke se lembrou de como Sakura parecia confusa depois do beijo e ele agiu como um cretino, mentindo para ela dizendo que foi um erro.

—Merda! – Sasuke freou bruscamente e parou o carro no acostamento. Ele a tinha magoado, droga! Ele pôde perceber isso, embora tentasse ignorar. Não foi um erro beija-la. Ele quis fazer aquilo, não foi uma cena, não foi fingido. Ele quis beijá-la, porque era o que queria fazer há muito tempo e só agora se dava conta disso.

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Na segunda-feira pela manhã, os telefones da recepção da U.C.I. Produções não paravam de tocar. O secretário Lee estava prestes a ter um ataque nervoso e sair desligando todos os aparelhos da tomada.

—Já que é a vida pessoal dele, não farei nenhum comentário. – Disse Lee muito sério pela milésima vez, quase quebrando o telefone de tanto apertar em sua mão. – Quem era aquela moça? Eu já disse sem comentários! Não sabe o que isso significa? Quer dizer que não tenho nada para dizer sobre isso! – Ele pegou o outro aparelho que tinha voltado a tocar e gritou para ambos os telefones. – Não comentaremos sobre isso! Eu não sei de nada!

Irritado, ele desligou os dois aparelhos de uma vez com um baque, depois tentou se acalmar soltando um longo suspiro. Ele não conseguia entender o motivo de tanto alarde. Mesmo que o CEO Uchiha tenha sido visto naquele jantar da corporação Hyuuga com a Srta Haruno, ele não deveria estar sendo assediado daquele jeito.

Porque a mídia estava interessada em seu chefe tão de repente, Lee não sabia dizer. Mas teve sua resposta ao encontrar a recepcionista assistindo um vídeo no computador da empresa.

—Por que não está trabalhando? – Perguntou ele debruçando-se sobre a moça com um olhar severo.

—Dê uma olhada nisso, Sr. Lee.

O secretário Lee arregalou os olhos ao ver o Sr. Uchiha segurando a Dra. Haruno em seus braços e lhe dando um beijo como num filme de cinema. Alguém tinha filmado o ocorrido na festa e postou o vídeo na internet. Lee sorriu entendendo agora o motivo dos telefones não pararem de tocar naquela manhã. A mídia queria saber quem era a nova namorada do jovem herdeiro da corporação Uchiha que sempre manteve sua vida pessoal fora dos holofotes.

—Volte ao trabalho. – Ordenou Lee à recepcionista, desfazendo seu sorriso satisfeito.

Ele foi até o escritório do seu chefe e como sempre, bateu três vezes antes de entrar. Sasuke estava encarando a tela de seu computador tão concentrado que não percebeu o Sr. Lee entrar.

—Que inferno! Isso é loucura. – Disse Sasuke batendo um punho na mesa e Lee deduziu de que ele tinha acabado de assistir ao vídeo também.

—Com licença, Uchiha-sama. – Sasuke lançou um olhar estreito para seu funcionário. – Alguém da sua família na América disse não está conseguindo entrar em contato com o senhor.

Sasuke pegou o celular e viu que havia mais de trinta chamadas perdidas da sua mãe. Ele soltou um suspiro frustrado e fechou os olhos por um breve momento. Ela deve ter assistido ao maldito vídeo!

—A mídia está tendo um dia cheio hoje. Como quer lidar com isso, senhor? – Perguntou Lee sentido pelo jovem patrão. Ele queria entender por que Sasuke parecia tão incomodado com o que tinha acontecido. Afinal, ele não a beijou para deixar aquele relacionamento contratual mais real? Não era parte do plano beijar a Srta. Haruno?

Aparentemente não, constatou Lee. Seu chefe parecia furioso, arrependido e mais que mal-humorado. Ele nunca tinha visto o chefe tão nervoso assim.

—Ninguém tem nada melhor para fazer? Por acaso eu sou uma celebridade? O que eles ganham se metendo na minha vida pessoal? – Perguntou Sasuke fechando seu notebook bruscamente.

—Você não participou de escândalos ou algo do tipo desde... Desde nunca, senhor. Eles estão usando isso como uma grande oportunidade. É normal pessoas se casarem depois de um grande escândalo. – Respondeu Lee pensativo.

—Que droga! – Sasuke soltou um longo suspiro concordando com seu secretário. – Sobre a Haruno Sakura.

—Sim?

—Certifique-se de que isso não a atrapalhe.

—Sim, senhor. Não se preocupe.

Lee deixou o escritório enquanto Sasuke pegou seu celular e fitou a única foto que tinha da Haruno. Ele tinha tirado aquela foto no dia em que foi a sua antiga clínica em Konoha. Parecia ter sido há uma eternidade.

Na foto Sakura estava sorrindo de olhos fechados. Sasuke nunca se cansava de olhar aquela imagem.

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Sakura queria colocar um saco sobre a sua cabeça ou usar uma máscara. Quando viu aquele vídeo na internet ela quis morrer! E se alguém a reconhecesse? Por toda manhã ela ficou apreensiva imaginando que a qualquer momento um repórter entraria na sua clínica e começaria a fazer perguntas.

—Olhe só quantos compartilhamentos! – Exclamou Ino assistindo ao vídeo pelo celular. – Bem, ele é um homem importante, isso é compreensível.

Sakura estava no Le Tango Café na segunda-feira à noite tomando um cappuccino enquanto esperava a aula de dança começar.

—Compreensível?! – Repetiu Sakura incrédula. – Eu tenho que andar por aí com a cabeça baixa para não ser reconhecida! Isso é demais!

Sakura poderia estar exagerando, ninguém a tinha reconhecido ainda. Mas ela não podia ignorar o quanto se sentia incomodada pela possibilidade de ser abordada por alguém. O vídeo circulava em alguns blogs de fofoca sem revelar a sua identidade, estavam à procura da namorada misteriosa do herdeiro Uchiha. Mas e se alguém que já a viu reconhece-la no vídeo? Sakura não queria esse tipo de popularidade.

—Do que está reclamando? Se está namorando com ele é porque já sabia disso. Ele é muito visado e com certeza a mídia fica em cima para saber sobre sua vida pessoal.

Quanto a isso, Sakura tinha que concordar com sua amiga. Ela queria contar a verdade a Ino e dizer que aquele relacionamento era uma mentira, que ela não escolheu namorar com um homem tão importante e poderoso. Mas era melhor ficar de boca fechada. Ela tinha medo da reação de sua amiga, porque só uma mulher maluca assinaria um contrato tão absurdo.

—E vocês, como estão? Parecem tão apaixonados. – Disse Ino voltando o vídeo do beijo para o começo. – Ele veio aqui procurar por você na semana passada e depois me ligou parecendo preocupado. Por que você desapareceu por três dias?

—Eu só... Precisava de um tempo sozinha. – Respondeu Sakura dando de ombros e feliz por Sasori finalmente começar a aula. Se continuasse conversando com Ino sobre o Sasuke, Sakura teria um ataque. Ela não queria falar sobre ele, sua cabeça já estava quase explodindo de tanto pensar nele.

Desde a sexta-feira, depois daquela festa idiota, em sua mente não passava outra coisa senão o beijo e as duras palavras dele um momento depois.

Aquilo foi um erro.

Esqueça o que aconteceu.

Aquilo foi um erro.

Sakura sacudiu a cabeça e tentou se concentrar na aula de dança. Naquela noite, eles estavam dançando salsa. Sakura estava tão distraída por seus pensamentos que não conseguia manter o olhar em Sasori, que era seu parceiro de dança naquela noite.

Ela sabia que era estupidez ficar incomodada com o que tinha acontecido. Mas era inevitável não tentar entender o motivo de Sasuke ter lhe beijado e depois dito que cometeu um erro.

Sakura já tinha sérios problemas com sua autoestima, agora então ela estava mais convencida de que não era boa o suficiente para um homem como Uchiha Sasuke. Aparentemente, ela só servia para ser a namorada de mentira de alguém.

Sakura fechou os olhos com força tentando espantar aqueles pensamentos quando Sasori girou o seu corpo rápido demais. Como não estava prestando atenção nos passos, Sakura torceu o tornozelo e quase caiu de bunda no chão se o Akasuna não a tivesse segurado.

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Sasuke sabia que naquela noite Sakura estaria no Le Tango Café para as aulas de dança. Eles não tinham se visto ou se falado por todo o fim de semana, por isso ele resolveu ir até ao Le Tango e lhe dar uma carona para casa.

Ele ainda estava incomodado pelo ocorrido de sexta-feira e pelo assédio da mídia que queria descobrir a identidade da sua namorada. Mas não podia ignorar o fato de que queria vê-la e não permitiria que esses problemas o impedissem. Apesar de saber que tinha magoado a Haruno ao lhe dizer que beija-la foi um erro, eles tinham um contrato para cumprir. Sasuke deveria pensar em algo para resolver aquele impasse entre eles e fazer com que o relacionamento voltasse ao normal. Não que ele já tenha sido normal em qualquer momento... Aquele relacionamento poderia ser tudo, menos normal.

Sasuke comprou uma cesta de chocolates no caminho, no caso de Sakura ainda estar aborrecida por causa de sexta-feira. As mulheres gostavam de chocolate, não é? Então, não faria nenhum mal comprar uma cesta bem grande só por garantia.

Sasuke chegou ao Le Tango Café e quando entrou no salão a aula já havia terminado. Ele congelou à soleira da porta ao avistar Sakura do outro lado da sala, sentada numa cadeira com aquele homem ruivo ajoelhado na frente dela massageando sua perna.

—Veja o que acontece quando você se esforça demais. – Disse Ino de pé ao lado da cadeira onde Sakura estava sentada.

—Não precisa fazer isso, Sasori-kun. – Disse Sakura um pouco constrangida.

—É importante massagear bem os músculos depois de machucar. – Respondeu Sasori sem interromper o que estava fazendo.

O sangue de Sasuke ferveu em suas veias enquanto observou a cena com um olhar estreito. Sem poder se impedir, ele atravessou o salão com passos duros, disposto a puxar o Akasuna pelo pescoço e atirá-lo para bem longe de Sakura. Tipo, para outro planeta!

—O que você pensa que está fazendo? Tire suas mãos dela! – Disse o Uchiha com a voz dura e os punhos cerrados.

Sakura olhou surpresa para o Sasuke que manteve o olhar furioso em Sasori. Este olhou para o Uchiha com a expressão séria e manteve suas mãos na perna de Sakura sem se intimidar. Ino parecia alheia ao que estava acontecendo.

—Oh, você veio! O que é tudo isso? – Perguntou a loira parecendo encantada, apontando para a enorme sacola enfeitada que Sasuke segurava.

—Pegue. – Ele entregou o pacote à Ino antes que o atirasse no chão para conter sua raiva. – Você não me ouviu?

Os olhos do Uchiha se desviavam do Sasori até suas mãos que ainda estavam no tornozelo de Sakura. Sasuke sentiu vontade de tira-lo de lá à força, mas felizmente pôde se conter.

—Ela torceu o tornozelo. Estou apenas cuidando dela. – Disse Sasori sem recuar.

Sasuke se abaixou ao lado do Akasuna lentamente sem desviar o olhar negro e estreito dele. Sakura o observou de olhos arregalados em silêncio sem saber o que fazer.

—Você não entende a minha língua? – Perguntou Sasuke com uma voz assustadoramente baixa. – Tire. Suas. Mãos. Dela. Agora.

—Se você agir assim ela não vai se sentir bem. – Sasori respondeu com um olhar estreito e a voz igualmente dura.

—Ela é a minha namorada. Portanto não se preocupe com ela. – Sasuke pegou o sapato de Sakura do chão, se levantou, a pegou em seus braços e saiu do Le Tango Café sem dizer mais nada.

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—O que você acha que está fazendo? – Perguntou Sakura depois que ele a colocou em seu carro e se sentou no lado do motorista. Sakura tinha ficado sem reação pelo que tinha presenciado lá dentro do Le Tango, mas agora estava furiosa. Sasuke não podia agir daquele jeito, pegando-a nos braços como se ela fosse sua propriedade!

—Se você está machucada, deve ser tratada. – Respondeu Sasuke colocando nela o cinto de segurança com impaciência. Ele também estava irritado, ela podia perceber.

—Eu posso cuidar disso. Não se preocupe comigo. – Retrucou a Haruno teimosa cruzando os braços.

—Cale-se! – Sasuke bufou de raiva e atou o seu próprio cinto com violência. Seu corpo estava tenso e ainda tremia de raiva.

—Quem você pensa que é para me...

—Serei o único homem da sua vida! – Ele gritou olhando para ela e Sakura arregalou os olhos. – Por três meses. – Completou. – Você se lembra, Haruno Sakura? Lembra-se do contrato? Você se machucou sem a minha permissão e além disso deixou outro homem te tocar!

Sakura fitou os olhos dele, tão irritados e sombrios. Novamente, sem poder evitar aquelas palavras ecoaram em sua mente.

Esqueça o que aconteceu. Aquilo foi um erro.

Ela sacudiu a cabeça e o encarou com uma expressão mais determinada e irritada. Não se deixaria ser intimidada por ele de novo.

—Eu cometi um erro enquanto dançava e me machuquei. Até você comete erros também. Qual a importância disso? Por que está zangado comigo? – Sasuke a encarou de volta em silêncio. – Ah, claro. Quase me esqueci. Você é o dominador. O que quer que você faça, você se livra dizendo apenas que foi um erro. Bom para você!

Sakura se virou para frente novamente com os braços cruzados e o olhar irritado. Sasuke se deu conta de que ela estava falando do beijo. Ele estava certo ao imaginar que ela estaria magoada e errado ao pensar que uma cesta de chocolates iria resolver isso.

—Não foi um erro. – Disse ele em voz baixa ligando o carro e dando a partida.

Sakura olhou de volta para ele pensando ter entendido errado.

—O que você disse?

—Eu nunca repito. – Sasuke manteve seu olhar na estrada e apenas dirigiu tentando acalmar seus nervos. A imagem de outro homem com as mãos em Sakura o deixava insano. Ele nunca tinha experimentado um sentimento tão forte e possesso como aquele antes.

Aquilo seria ciúmes?

Sim, era ciúmes. Sasuke não teve medo de admitir. Em algum momento ele teria que editar o contrato e destacar a regra de que nenhum outro homem poderia pôr as mãos nela. Nunca!

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Pelo caminho até a clínica, Sasuke passou em uma farmácia e comprou alguns produtos para cuidar do tornozelo de Sakura. Quando chegaram à clínica, ele a levou no colo para dentro e a sentou na mesa do consultório. Sasuke queria na verdade leva-la à sua casa, mas soube que haviam alguns fotógrafos de blogs de fofocas espreitando por lá. E se a levasse no hospital, ao dar seu nome para serem atendidos, alguém que tivesse assistido ao vídeo poderia fotografá-los ou chamar os jornalistas.

Sasuke estava em um beco sem saída até que o secretário Lee cuidasse daqueles alcoviteiros. Por isso, ele resolveu cuidar dela na clínica.

—Você não aprendeu a caminhar direito? – Perguntou Sasuke irritado ao ver as pequenas, mas várias cicatrizes nos joelhos dela. – Passou a sua vida inteira caindo?

—Eu vivia em Konoha, numa fazenda. O que você acha? – Respondeu ela como se aquilo explicasse tudo, mas Sasuke não entendeu nada.

Ele aplicou gelol no tornozelo dela, massageou lentamente, depois enfaixou. Sakura observava em silêncio e por ter falado em Konoha foi invadida por lembranças que não pôde reprimir.

—Sabe, às vezes fico pensando na minha antiga clínica. Sinto saudades de lá. – Disse ela com um olhar pensativo.

Sasuke olhou para ela e irritado apertou um pouco forte demais a faixa no tornozelo dela.

—Ai! Isso doeu!

—Nem pense nisso. – Disse ele entredentes. – Nem pense em ir a algum lugar sem me pedir. O contrato ainda não acabou.

Sasuke não entendeu o que foi aquilo, mas o medo de que ela fosse embora o irritou profundamente.

Sakura também ficou confusa pela reação dele, mas não disse nada.

Depois de enfaixar o pé da Haruno, Sasuke a deitou sobre o sofá da clínica, apoiou o tornozelo ferido sobre uma almofada e se sentou ao lado dela. Sakura tinha insistido para que ele fosse embora, mas depois de um tempo acabou caindo no sono e praticamente tinha se esquecido de que ele estava ali.

Sasuke a observou em silêncio. Lembrou-se que para ela era fácil dormir em qualquer lugar e muito rapidamente, como se estivesse sempre cansada. Sem poder evitar, ele tocou levemente no rosto dela, retirando uma mecha rosada de sobre seus olhos.

Era indescritível aquela sensação que o invadiu. Aquele desejo de protege-la. Aquele sentimento quente e agradável que ele desconhecia. Sem que Sasuke percebesse, ele mesmo acabou caindo no sono enquanto a observava dormir.

Ele acordou de repente ao ouvir um miado e abriu os olhos assustados para a gata Marie sentada em seu colo. Sasuke espantou a gata sentindo uma dor terrível no pescoço e nas costas. Tinha passado a noite numa cadeira desconfortável pela primeira vez na sua vida. Nem acreditava que tinha conseguido dormir.

Ao despertar do sono, Sasuke percebeu que já era dia e que Sakura não estava no sofá e em nenhum lugar por perto. Ele viu que em cima da mesa havia um bilhete ao lado de uma garrafinha de leite de soja.

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Obrigada pelo que fez ontem.

Beba isso antes de ir.

Sakura.

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Sasuke pegou a garrafinha de leite de soja e fez como ela pediu. Bebeu todo o leite em poucos goles e o estranho foi que não se sentiu um idiota por isso. Até podia parecer um idiota sentado naquela cadeira minúscula com a mesma roupa de ontem toda amassada e o cabelo desgrenhado, mas ele estava estranhamente feliz.

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—Às 13h30min teremos mais uma reunião sobre o novo comercial. – Dizia o secretário Lee ao lado de seu chefe enquanto seguiam pelo corredor que levava até a sala de reuniões.

Sasuke não estava prestando atenção do que ele dizia, seus pensamentos estavam bem longe. Ele se lembrou do que Sakura lhe disse na última noite enquanto ele enfaixava o seu tornozelo torcido.

Às vezes fico pensando na minha antiga clínica. Sinto saudades de lá...

Será que ela estava pensando mesmo em ir embora? Será que ela teria coragem, mesmo sabendo que deveria cumprir o prazo final do contrato?

Sasuke podia apostar que sim. Aquela mulher era imprevisível e teimosa. Ela não tinha medo dele e fazia o que queria. Por isso se ela quisesse voltar para Konoha, ela voltaria sem hesitar.

—Não! – Disse Sasuke parando de caminhar e interrompendo Lee no meio de uma frase.

—Perdão, senhor? – Lee olhou para o chefe com um olhar confuso

—Nada.

A primeira coisa que Sasuke fez ao entrar na sala de reuniões foi pegar seu celular e mandar uma mensagem de texto para a Srta. Haruno.

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Sasuke: Onde você está?

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Sakura estava atendendo um paciente quando recebeu uma mensagem de Sasuke. Uma mensagem muito estranha. Apesar de não entender por que ele queria saber onde ela estava em pleno horário de trabalho, ela lhe respondeu, dizendo que estava na clínica.

O problema foi que meia hora depois ela recebeu a mesma mensagem. E dessa vez ela o ignorou.

Uma hora depois, enquanto almoçava, ela recebeu novamente a mensagem. E à tarde, enquanto fechava a clínica, recebeu mais uma vez.

—Meu Deus! Esse homem deve estar maluco! – Gritou Sakura puxando os cabelos.

À noite quando estava pronta para dormir em sua cama improvisada que era o sofá da clínica, seu celular apitou e acreditando que pudesse ser alguma emergência, Sakura pegou o aparelho rapidamente. Mas ao ler novamente a mensagem de Sasuke, soltou um grito frustrado.

Qual era o problema daquele homem? Ele pensava que ela iria fugir ou algo parecido? Novamente Sakura ignorou sua mensagem, desligou o celular e foi dormir.

No dia seguinte, Sakura saiu à procura de um pequeno apartamento para alugar. Ela já estava farta de dormir no sofá desconfortável da sua clínica, além de gastar muito tempo indo até uma lavanderia para lavar suas roupas toda semana. Ela precisava urgentemente de um lugar para morar e já tinha passado da hora de fazer isso,

Foi difícil encontrar algo dentro do seu orçamento, mas ela acabou conseguindo após visitar uma imobiliária famosa da capital. Quando estava saindo do prédio após conseguir fechar negócio por um apartamento próximo à clínica, seu celular tocou e “Dominador Lunático” (ela tinha editado o nome do contato) apareceu na tela.

—Onde você está?— Perguntou Sasuke impaciente e Sakura revirou os olhos. – Você não atendeu ao telefone da clínica.

—Eu saí para procurar um apartamento para mim. Pode parecer que peguei o seu dinheiro e fugi, mas não é nada disso.

—Um apartamento? Por quê?— Ele gritou incrédulo do outro lado.

—Como assim por que? Estou cansada de dormir no sofá da clínica.

—Então você se mudará sem me pedir?

Sakura olhou para o celular com uma careta. Aquele homem era inacreditável! Será que ela iria precisar da permissão dele para respirar também?

—Seu louco! – Ela gritou e desligou na cara dele.

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—Louco? Alô? – Sasuke não acreditava na ousadia daquela mulher. – Eu disse a ela para não pensar em ir a qualquer lugar sem me falar primeiro!

Sasuke odiava se sentir fora de controle. E era exatamente assim que ele se sentia quando se tratava de Sakura. Ele era acostumado a todos lhe obedecerem sem questionar. E Sakura, desde o momento em que a conheceu não agia assim. Aquilo era tão frustrante! E ao mesmo tempo que o frustrava, também o instigava. Aquela teimosia, aquele ar de desafio... Talvez ele estivesse ficando louco, mas ele gostava quando a rosada o tirava do sério o enfrentando e o desobedecendo.

Sasuke chamou o secretário Lee em seu escritório, ele iria buscar algum conselho de um homem mais velho. O que ele sentia pela Sakura estava começando a assusta-lo, por isso ele precisava saber o que deveria fazer para afastar dele aqueles sentimentos estranhos.

—Sim, senhor? – Lee entrou no escritório.

—Você é casado? – Perguntou Sasuke seriamente e Lee o respondeu sem achar a pergunta inesperada nem um pouco incomum.

—Oh, minha nossa! Sim! Tenho dois filhos, Uchiha-sama. – Respondeu Lee com um enorme sorriso.

—Quando foi que você começou a ver o outro lado da sua esposa?

—Perdão?

—Quero dizer... Quando você parou de ter ilusões sobre a sua esposa?

Lee assumiu um ar pensativo e sacudiu a cabeça levemente enquanto respondia.

—Bem, após viver juntos por alguns meses você é capaz de ver tudo que existe. – Lee fez uma cara angustiada e Sasuke teve pena do pobre homem. – Você passa a ver o cabelo dela desarrumado, porque ela não o lava. Você começa a ouvi-la peidando por tudo quanto é canto da casa...

Lee apertou os lábios e fechou os olhos por um momento pensando nos momentos ruins com sua esposa, quando uma ideia absurda invadiu a mente de Sasuke. Não era a primeira vez que ele pensava nisso. Na época pareceu uma loucura das grandes, mas agora talvez pudesse ser a solução.

—Então, o segredo é viver junto primeiro, certo? Para que a ilusão acabe... – Murmurou o Uchiha com o olhar pensativo.

—Sim, senhor. O segredo é... Espere! O que foi que disse?

Era isso! Essa era a solução!

—Secretário Lee. Preciso que cuide de algo urgente.

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Era quinta-feira pela manhã e Sakura estava tomando café quando seu celular tocou. Ela reconheceu o número da imobiliária que tinha visitado no dia anterior.

—O que? Algo urgente? Mas o que aconteceu? – Sakura se levantou do sofá apreensiva. – O proprietário do apartamento mudou de ideia? Outro dono? Mas e o contrato que fizemos ontem? – Sakura tentou não entrar em pânico, mas foi inevitável. – Inválido?!

Antes que Sakura encerrasse a chamada, Uchiha Sasuke entrou na clínica e parou na frente dela, com um olhar estreito e satisfeito. No mesmo instante, Sakura se lembrou do que tinha acontecido com a sua antiga clínica, quando o “novo dono” cancelou o seu contrato de aluguel. Não era comum os donos de imóveis mudarem assim da noite para o dia. Por isso, Sakura estava certa ao ficar desconfiada do Uchiha.

Ela desligou o celular e o encarou com uma expressão desconfiada e irritada, sem se deixar intimidar por sua pose arrogante.

—Você tem alguma coisa a ver com isso?

—Sim. – Respondeu ele sem hesitar ajeitando o nó da sua gravata.

—Uchiha! É algum tipo de hobby intimidar as pessoas? Por que você faz isso? – Explodiu Sakura sem acreditar na atitude daquele homem. Por que ele parecia gostar de infernizar sua vida?

—Quer morar comigo? – Ele perguntou lançando a ela um olhar penetrante.

—O que? – Sakura piscou os olhos várias vezes sem acreditar no que ele tinha dito.

—Venha morar comigo, Sakura.