Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Como vocês estão? Espero que estejam bem, não esqueçam de lavar as mãos antes de aproveitar esse capítulo novo!!



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Eu estou ficando louca! Isso aqui tá uma loucura, são 5:40 A.M. Quem acorda as 5:40 da manhã pra comprar café? Todo mundo ta trabalhando dobrado praticamente pra conseguir dar conta do movimento.

— Luna, preciso de mais copos! — Karen fala contando quantos copos ainda tem.

— Certo, Becker, assume pra mim enquanto eu vou no estoque.

Ele acena e vai para o caixa, caminho para o estoque e pego o molho de chaves que tem no meu bolso. Quando eu decidi que iria começar a trabalhar eu não sabia ainda em qual loja ficar, então um dia o meu padrinho me convidou pra trabalhar na cafeteria, quando eu aceitei ele me explicou o motivo, algumas coisas estavam sumindo do estoque e ele precisava de pessoas de confiança em todos os turnos para ficarem com a chave, então sempre que eu estou aqui a chave fica comigo. Entro e pego os copos e os protetores de colocar nos copos, saio da sala e tranco ela novamente. Volto para a cafeteria e entrego as coisas pra Karen e volto para o caixa, estou fechando a gaveta quando sinto um cheiro conhecido. Olho para a porta e vejo ele entrando, o cheiro dele me lembra terra úmida e menta, é agradável. Ele me vê e pisca um olho, senta em uma mesa no canto e fica me olhando trabalhar. Estou terminando meu último pedido do expediente quando o dindo vem falar comigo.

— Luna, tem como você ficar mais um pouco? A Clara não chegou ainda. — Eu olho para a mesa dele e ele tá distraído com um cheesecake de chocolate.

— Tudo bem. — falo e volto a atender.

Já faz meia hora que a Clara tá atrasada e meia hora que um Tobias muito impaciente me encara meio aborrecido. Olho pra ele e pisco o olho, sorrindo traquina, e ele balança a cabeça e volta a tomar o seu segundo copo de café.

—Pode ir embora, guria, eu assumo daqui. — Clara fala terminando de amarrar o avental.

Olho pra ela e saio sem falar nada, não fez mais que a obrigação dela. Vou para o vestiário, guardo o avental e pego as minhas coisas. Passo no escritório e entrego as chaves para o dindo, pois não sei quem vai ficar com elas agora.

— Quer carona? Tô indo ao acampamento agora. — Ele pergunta, guardando as chaves e levantando.

— Não precisa, não vou pra casa.

— Tudo bem, cuidado.

— Sim, senhor! — falo batendo continência e ele caminha para os fundos rindo.

Volto para a cafeteria, dou tchau para todos e vou encontra com o Sr. Mandão. Ele não está mais na mesa, então caminho para fora da cafeteria e ele está escorado na sua belíssima Harley Davdison.

— Está 40 minutos atrasada, boneca. — Ele fala me entregando um capacete.

— Bom dia pra você também. Pra onde vamos? — falo colocando o capacete e subindo na moto.

— Minha casa. — Ele fala e antes que eu possa protestar ele continua. — Segura firme. — diz, colocando as minhas mãos nele e dando partida na moto.

Tô um pouco cansada então prefiro não discutir, deixo isso pra depois. Escoro minha cabeça nas costas dele e agarro seu corpo com a desculpa de me segurar, mas na verdade é apenas para ficar mais perto dele e poder sentir o seu cheiro. Me sinto confortável. Ele entra na rua que passa ao lado da universidade e para a moto no estacionamento de um prédio de luxo que fica de frente para o rio Rideau Eastern Pathway. Ele estaciona a moto e eu desço, ele desce em seguida, tira o capacete e acena para que eu o siga. Entramos no elevador e ele aciona o botão da cobertura. —  Como em tão pouco tempo ele conseguiu tanta coisa? Um apartamento na cobertura de um prédio desse deve custar o salário da minha vida inteira. — As portas do elevador se abrem e nós saímos, ele destranca a porta e me dá passagem entrando logo depois.

Eu entro e paro na sala observando o local, o piso da sala é de madeira escura, as paredes têm textura de tijolos, ao lado da sala tem um corredor que separa a sala do balcão de mármore da cozinha americana. A cozinha tem a mesma decoração da sala e me lembra o sótão de casa uma casa antiga, mas muito mais elegante.

— Tá com fome? — pergunta passando por mim e indo pra cozinha.

— Não muito, na verdade. — falo seguindo-o até a cozinha e me sentando em um dos bancos do balcão.

Ele coloca água na cafeteira e depois bota o café.

— A menos que esteja a fim de tomar um chá de café, aconselho a colocar mais pó.

— Falou a senhorita experiente em fazer café.

Ele para o que tá fazendo e fica olhando pra mim, levanto do banco e dou a volta no balcão, pego o vidro de pó da mão dele e coloco mais pó na cafeteira. Ele começa a arrumar a mesa e eu o ajudo. Quando o café fica pronto ele serve duas xícaras, me entrega uma e se senta de frente para mim, a mesa tem de tudo um pouco, pão, frutas, bolo, frios. Pego um pedaço de bolo de chocolate e tá muito gostoso. Mesmo olhando para a minha xícara posso sentir o olhar dele em cima de mim, levanto o olhar e vejo aquelas esmeraldas que em tão pouco tempo desenvolveram o dom de me trazer paz de uma forma que eu nunca tinha sentido, ele segura o olhar por um bom tempo e depois desvia a atenção para a xícara, Tobias pega a xícara e leva à boca pela primeira vez, ele toma um gole do café e eu fico esperando ele falar alguma coisa.

— Dá pra tomar. — Ele fala sobre o café.

Dou uma risada e volto a tomar meu café, o café da manhã passa em silêncio, um silêncio agradável que nenhum de nós gostaria de quebrar. Eu termino meu café e vou para a pia lavar as louças.

— Pode deixar que eu lavo depois. — Ele fala quando vê o que eu pretendia fazer.

— Tudo bem, eu não me importo de lavar.

Eu estou terminando de lavar um prato quando sinto o calor do corpo dele atrás de mim. Ele passa os braços ao redor de mim, me mantendo presa entre ele e a pia. Ele começa a lavar a xícara que tem nas mãos e eu posso sentir a respiração dele no meu ouvido, fazendo um arrepio passar pelo meu corpo, ele termina de lavar a xícara e abaixa a cabeça, passando o nariz pelo meu pescoço e inspirando forte, me fazendo fechar os olhos para apreciar o toque dele.

— Chocolate com pimenta. — Ele sussurrou e se afastou. — Vamos lá, temos muito trabalho pela frente.

Ele se afastou e começou a caminhar para a sala e eu fui atrás dele né. Ele sentou no chão e começou a ligar o notebook que tava na mesa de centro, eu me sentei ao lado dele e abri minha mochila para pegar meu caderno de anotações.

— Já tem alguma ideia em mente? — Ele perguntou enquanto digitava alguma coisa no computador.

— Eu tive algumas ideias, mas nenhuma delas me agradou de verdade.

— Me explica cada uma delas e depois a gente vê o que pode aproveitar de cada uma.

Eu comecei a explicar as minhas ideias e depois mostrei pra ele alguns rascunhos que eu fiz de como seria a interface do programa, ele pegou uma caixa retangular em cima da mesa, abriu e tirou dela um par de óculos de grau com armação quadrada, ele colocou os óculos e começou a observar os desenhos. Tenho que admitir, ele fica extremamente sexy concentrado e com esses óculos, é quase comestível. Ficamos tão concentrados que perdemos a noção do tempo, voltamos a realidade quando a barriga do Tobias roncou.

— Fome? — perguntei, segurando a risada.

—Pois é. — Ele fala meio rindo.

— Tudo bem. — Ele começa a levantar e ir pra cozinha. — Hum... Tobias, eu...  Hum... Eu queria...

— Desaprendeu a falar, Luna? — E o idiota está de volta.

— Nada. — Levantei e passei por ele indo pra cozinha, mas ele segurou meu braço.

— Não dê as costas pra mim, eu perguntei o que você queria?

— Já falei que não era nada, agora me solta. — disse com raiva tentando puxar meu braço, mas o idiota apertou ainda mais.

— Luna... — Ele apertou com mais força ainda, mas parou de repente, fechou os olhos e respirou fundo. — O que você queria, boneca? — Ele perguntou mais calmo e soltando o meu braço.

— Tomar um banho.

— Segunda porta à direita, tem toalha limpa lá. — Ele falou apontando pro corredor e depois saiu.

O corredor assim como a sala tem uma decoração predominante de madeira, abri a segunda porta à direita como ele disse e encontrei o banheiro que foge um pouco da decoração do restante da casa, é todo feito de mármore preto.

Tomei um banho rápido com a água gelada para despertar, vesti um macacão azul escuro com estampa de flores que tinha colocado na bolsa, fiz um coque frouxo com os cabelos já que não molhei eles, resolvi ficar descalça e não passei maquiagem, faz tempo que eu não fico “natural”. Saio do banheiro e sinto um cheiro que desperta meu estômago, caminho até a cozinha e fico escorada no balcão, o Sr. Mandão está de costas para mim olhando alguma coisa no forno que creio que seja o causador desse maravilhoso cheiro, mesmo de costas sei que ele sabe que estou aqui, pois olha rapidamente por cima do ombro confirmando a minha presença.

Dou a volta no balcão e me sento a mesa observando ele pegar uma luva e retirar uma travessa de macarrão com queijo do forno, ele começa a trazer a travessa para a mesa, mas paralisa antes de chegar na mesa e fica me olhando.

— Vai ficar me paquerando por muito tempo, garotão? Porque só o cheiro desse macarrão com queijo já me ganhou. — falo tentando descontrair, mas paro quando percebo o olhar serio no meu braço e resolvo olhar também.

Tem um hematoma esverdeado com o formato de cinco dedos se formando no meu braço direito, eu toco com o dedo e sinto uma leve pontada, nada que eu não possa aguentar, mas a forma como o humor dele é volátil me lembra um pouco de quando eu não conseguia controlar minhas emoções quando os meninos do acampamento implicavam comigo, eu me sentia oprimida e a raiva e a violência se tornaram minha única válvula de escape na época. De qualquer forma, esses surtos violentos dele me preocupam um pouco, por mais que eu saiba me defender, se o Tobias tiver um surto e se tornar violento, não sei se eu sairia ganhando.

— Então, achei que estivesse com fome. — falei sorrindo e ele colocou a travessa na mesa e se sentou.

Tobias serve uma porção enorme para mim e outra pra ele, começamos a comer em silêncio e depois de um tempo ele levantou e pegou uma jarra que eu creio que seja de suco na geladeira e serviu a gente, fiquei olhando para o copo quando ele matou a minha curiosidade.

— Laranja. — Ele fala e eu dou um sorriso com os dentes sujos, fazendo-o rir. E o almoço segue calmo.

Eu termino de comer e me sinto extremamente satisfeita, ele termina um pouco depois de mim e resolvemos que eu lavo e ele enxuga e guarda as coisas. Resolvo cortar o silêncio.

— Então, onde aprendeu a cozinhar assim?

— Isso foi um elogio, Malagueta? — Ele fala e eu me surpreendo com o apelido.

— Malagueta? Sério? — Eu pergunto rindo.

— Sério e eu aprendi a cozinhar com a minha mãe, ela sempre me ensinou a ser independente e aprender a cozinhar fazia parte do pacote de ser independente dela. — Ele fala e parece meio perdido em pensamentos.

— Você fica melhor assim. — Ele fala e eu o olho sem entender. — Sem maquiagem, eu gosto.

— Pronto, vamos voltar ao trabalho? — falo enxugando as mãos em um pano e desviando do quase elogio.

— Claro, vamos lá, Malagueta.

Voltamos para a sala e caímos de cabeça no projeto. Já passa das três da tarde quando nós resolvemos fazer uma pausa, vou à cozinha tomar água e quando estou quase chegando na sala escuto ele falando com alguém ao telefone e a curiosidade fala mais alto, eu me encosto na parede para escutar.

— ...eu não estou nem aí para o que você quer, ela não é nada sua então o que ela quiser que eu faça, eu vou fazer. — Ele fala calmamente frisando a parte do ela e faz uma pausa escutando o que a outra pessoa fala.

— Se você acha que isso é suficiente para mantê-la ao seu lado, tudo bem, mas eu quero ver se isso vai ser suficiente para manter ela nos teus braços quando tudo terminar. — Ele fala e depois de outra pausa começa a rir, mas não tem humor no seu tom.

— Vai ser um prazer ver você perder a cabeça e o coração pra ela, porque é isso o que ela vai fazer; conquistar e destruir, afinal está no sangue dela. — Ele fala e desliga na cara da outra pessoa. — É feio escutar as conversas dos outro, Malagueta.

— Não tenho culpa se o meu parceiro de estudos não me fala sobre ele, então eu tenho que descobrir de outras formas. — Ele dá uma risada e volta a se sentar. — Problemas com a namorada? — pergunto sem demostrar muito interesse.

— Ciúmes? — rebate levantando a sobrancelha e agora é a minha vez de dar risada.

— Apenas curiosidade, pelo pouco que eu entendi você parece estar metido um baita triangulo amoroso complicado. — Ele parece refletir um pouco antes de responder.

— Acho que podemos definir assim, mas isso não é da sua conta.

— Ok, só estava curiosa. — digo erguendo os braços e encerrando o assunto.

— Eu estava pensando, Luna, — Já sei que vem coisa séria, pra ele me chamar pelo nome. — Todas as suas ideias são boas, mas nós só precisamos de um projeto e é muito importante que ele seja perfeito, pois todo os outros trabalhos serão desenvolvidos em cima desse projeto. Entendeu?

— Certo, sim. E o que você sugere? — falo prestando atenção em cada movimento dele.

— De todas as suas ideias a que mais me chamou atenção foi a de desenvolver um programa que possa supervisionar os alunos, mas para isso já existe as monitorias. E se nós o adaptássemos para, ao invés de supervisionar os alunos, ele os rastreasse. Eu não sei se você sabe, Luna, mas nós temos um grande problema no campus que é o desaparecimento de pessoas, durante as festas que acontecem no campus muitas pessoas bebem demais e acabam desaparecendo e existe uma parte dele que fica na divisa com uma floresta e é muito difícil encontrar essas pessoas e existem alguns casos mais graves em que elas nunca foram encontradas. — Ele faz uma pausa para que eu possa digerir todas as informações.

— Certo, e como nós faríamos isso? Você tem alguma ideia? — Eu pergunto e começo a anotar as ideias que eu começo a ter.

— Você deve conhecer o sistema de controle de algumas empresas em que é utilizado um cartão de acesso? — Ele faz uma pausa e eu balanço a cabeça. — Certo, nós iríamos desenvolver um cartão que seria usado para entrar no campus, cada aluno vai ser cadastrado no sistema do programa e receber um cartão com um código de rastreamento que a partir do momento que for colocado no sistema será rastreado 24/7 dentro do território do campus, teríamos que usar um sistema de GPS que rastreasse os cartões em toda a área do campus e da floresta.

— Certo, mas você não acha que um cartão seria um pouco falho? Afinal uma pessoa bêbada não vai se lembrar de guardar um cartão e pode perde ele em qualquer lugar e aí o sistema de rastreamento seria inútil.

— Concordo, e o que você sugere?

— Sabe aquelas plaquinhas de metal que os militares usam?

— As placas de identificação?

— Isso. Então, elas são pequenas e podem ser usadas no pescoço como um cordão e além do mais o material é mais resistente, vai nos possibilitar usar um rastreador de melhor qualidade. O que acha?

— É uma ótima ideia, quando um aluno desaparecesse é só alguém ir na sala de segurança e dar o nome do aluno desaparecido que o sistema irá localizar se ele estiver na área de cobertura.

— Tobias, e se eu quisesse aumenta a área de procura, como seria?

— Depende do quanto você quer aumentar. — Ele fala desviando o olhar de alguma coisa que ele estava escrevendo em um bloco de anotações parecido com o meu.

— Digamos que no mundo todo. — Eu falo e ele começa a rir e fica me olhando, mas para quando percebe que estou falando sério.

— Bom, é possível, mas primeiro de tudo teríamos que arranjar uma antena com um pré-amplificador de sinal  e depois conseguir autorização para que o nosso sinal possa ser ancorado a um satélite com essa cobertura e que permita que a usemos para colocar o programa no ar, além construir uma unidade de controle e interface dentro do campus, pois as instalações de lá não iriam suportar a quantidade de dados.

— Certo, então acho que temos muito trabalho, não é mesmo? — Falo e começo a organizar todos os dados que anotei, mas ele continua me olhando. — O que foi?

— Nada, mãos à obra. — Ele fala e começa a pesquisar algo com um sorriso no rosto.

Voltamos ao trabalho e a tarde passa assim, nós dois enterrado em livros, desenho e cálculos.

Estava terminando um cálculo sobre a programação básica quando olho pro lado e vejo que estou sozinha na sala, olho para a cozinha e não tem ninguém lá. Levanto e vou até a varanda que tem ao lado da sala, ela dá uma vista perfeita do rio, mas ele não está lá também. Vou até a metade do corredor e está tudo silencioso, tem três portas do lado direto e quatro do lado esquerdo, vou até a metade do corredor e resolvo chamar.

— Sr. Idiotaaa!! — Mas não tenho resposta. — Babaca supremo! — tento mais uma vez, mas também não obtenho resposta.

Decido ir logo ao lado direito, abro a primeira porta e encontro um escritório, como no restante da casa a decoração é predominante de madeira, de um lado tem uma mesa com alguns papeis, uma poltrona atrás dela, duas cadeiras na frente e um sofá próximo a um bar no outro lado do cômodo, mas o que me chama atenção são os quadros pendurados nas duas paredes laterais do cômodo, retratam uma guerra e ao mesmo tempo uma paz contraditória do autor, são lindos, saio e fecho a porta. A segunda porta eu sei que é o banheiro, vou para a terceira porta, mas está trancada então resolvo partir para o lado esquerdo, abro a primeira porta e é um quarto, mas a decoração e os moveis são de cores neutras então deduzo que seja o quarto de hospedes. Abro a segunda porta e encontro uma academia — ele tem uma academia particular! — ela é enorme e tem vários tipos de aparelhos de um lado e um tatame com um armário do outro, a parede dos fundos é de vidro e tem uma vista linda do rio e de parte a cidade. Vou para a terceira porta e também está trancada então só restou uma, abro a quarta porta e encontro um quarto, ele é feito de madeira, mas essa é mais escura do que a que tem no restante da casa, uma cama king size está no meio da parede lateral do lado direito, tem uma porta ao lado da cama que eu creio que seja do closet já que a porta que fica de frente para a cama está entre aberta e é possível ouvir o barulho de chuveiro vindo dela.

O barulho de chuveiro para e logo depois um Tobias molhado com uma toalha ao redor da cintura sai de dentro do banheiro, ele está bagunçando o cabelo com a mão e fica extremamente sexy com esse peitoral definido, esses bíceps e tríceps fazendo isso. Ele para na minha frente ainda com a mão na cabeça e levanta uma sobrancelha, ficando ainda mais atraente.

— Aprovado? — pergunta dando o famoso sorriso de canto.

— Dá pro gasto. — respondo e ele ri alto. — Eu não te achei na sala e resolvi te procurar e então vim parar aqui, simples assim. — Falei e ele riu de novo.

— Senta aí, eu não vou demorar. — Ele fala e entra no closet.

Eu me sento em uma poltrona que tem perto da janela que vai do teto até o chão, observo um pouco o movimento lá fora e percebo que o sol já se pôs, fecho os olhos e encosto a cabeça na poltrona relaxando, o dia hoje foi um tanto cansativo e eu sei que está longe de acabar. Sinto um cheiro de terra molhada e sei que ele já voltou para o quarto.

— Eu te chamei algumas vezes para avisar que ia tomar um banho, mas você estava tão concentrada que não percebeu, então eu deixei você lá e vim. Vamos? — Continuo de olhos fechados apreciando o cheiro bom, mas escuto a explicação dele. — Luna? — Escuto a voz dele mais próxima, mas ainda não abro os olhos. — Malagueta. — Ele chama e eu abro os olhos encontrando aqueles olhos que agora olhando mais de perto me lembram uma pedra de Tsavorita, pois sua beleza e raridade se igualam a da pedra.

— Tudo bem? — Eu apenas balanço a cabeça. — Cansada?

— Um pouco.

— Fome?

— Nem tanto. – Ele se afasta um pouco e percebo seu visual, ele usa uma bermuda cargo bege, uma regata branca, está descalço e os cabelos foram penteados com a mão. — Vamos, vou pedir alguma coisa pra gente comer.

Fomos para a sala e ele ligou para um restaurante de comida mexicana e pediu tacos para a gente, ele se senta no sofá e dá tapinhas no assento do seu lado para eu sentar, me sento ao lado dele enquanto ele fala com o pessoal do restaurante, aproveito e pego minha bolsa e procuro meu celular. Acho meu celular, mas está desligado, creio que descarregou. Procuro meu carregador portátil e conecto no celular e espero um pouco para ligar ele, depois que ele liga vejo que tem algumas chamadas perdidas, duas do meu pai e cinco do Kai.

— Já volto. — O mandão fala e vai à cozinha.

Envio uma mensagem para os dois avisando que estou na casa de um colega fazendo um projeto da faculdade, o Kai responde perguntando se eu vou querer carona e olho pro Tobias que está na cozinha colocando umas coisas em cima da mesa e dispenso a carona do meu amigo, meu pai apenas me manda ter cuidado. Termino e guardo o celular e o carregador de volta na bolsa. A campainha toca e eu levanto para atender, mas ele já está na porta e recebe a nossa comida e vai para a cozinha, eu estou indo atrás dele quando ele volta com os tacos e dois pratos e coloca na mesa de centro e depois vai na cozinha e volta de novo com uma garrafa de Coca-Cola e dois copos. Ele coloca em cima da mesa também e nós começamos a comer em silencio. A nossa relação é estranha, nós mal nos falamos, mas nos damos bem — às vezes — ele sabe ser bem irritante quando quer. Terminamos de comer em silencio e eu percebo que não sei que horas são.

— Que horas são? — pergunto enquanto levamos as coisas para a cozinha.

— Nove e meia.

— Nossa, o tempo voa. — respondo meio surpresa.

— Vai querer continuar o projeto ou quer encerrar por hoje?

— Bom, nós ainda temos muito o que fazer e eu tô com algumas dúvidas em relação a alguns cálculos que eu acho que não deram muito certo, então se não for problema pra você eu gostaria de resolver pelo menos essas dúvidas e nós encerramos por hoje.

— Sem problemas, vem, vamos, pode deixar tudo aí que depois eu lavo.

— Nada disso, eu ajudo. — Empurro-o até ele ficar de frente pra pia, mas admito que ele deixou-se ser empurrado. Ele vai meio de cara feia, mas depois começa a rir.

Lavamos, enxugamos e guardamos tudo e depois voltamos para a sala. Ele olha os meus cálculos e diz o que está errado e eu conserto enquanto ele termina alguns ajustes no primeiro protótipo da interface. Termino todos os meus cálculos e percebo que deixei um fato passar.

— Telles.

— Humm? — Ele responde, mas não olha pra mim.

— Você disse que vamos ter que montar uma unidade de controle para colocar o programa no ar.

— Sim. — Ele responde sem me dar muita atenção ainda.

— Mas eu tenho que apresentar o programa funcionando até o final do semestre e pra isso nós temos que montar a unidade sozinhos, a universidade não vai ajudar.

— É pra isso que eu estou aqui, Malagueta. Vem comigo. — Ele fala e levanta.

Vou atrás dele e paramos em frente a terceira porta do lado direto do corredor, agora olhando direito percebo que tem um identificador de digital ao lado da porta. Ele coloca o polegar no identificador e a porta destrava, ele abre e de dá passagem, assim que entro paraliso. Ele tem uma oficina em casa, prateleiras e mais prateleiras com peças e ferramentas para montagem de qualquer tipo de sistema.

— Oh, puta merda! Isso aqui é incrível! — Falo admirada fazendo-o rir.

— Acho que tenho boa parte do que vamos precisar aqui e o que faltar posso conseguir com um amigo. — Apenas balanço a cabeça.

— Posso? — pergunto pedindo permissão para explorar o lugar, a oficina tem o dobro do tamanho da sala.

— Claro, fique à vontade.

Começo a andar pelo local e fico cada vez mais encantada com tudo. Paro na frente de uma grande bancada de madeira com alguma coisa em cima, acendo um abajur que tem do lado e vejo o que deve ser algum projeto dele.

— É um projeto novo que eu tô trabalhando. — Ele responde a minha pergunta não feita.

— Para a faculdade? — Ele nega com a cabeça. — Trabalho?

— Também não, é um projeto pessoal.

— E o que é?

— Segredo, quando ficar pronto quem sabe eu lhe mostre. — Ele fala e pisca pra mim. — Vem. — Saímos da sala e assim que a porta fecha é possível ouvi-la travando.

Voltamos para a sala e continuamos o que estávamos fazendo, aos poucos o cansaço do dia começa a chegar, estou a quase 48 horas sem dormir. Meu corpo começa a pesar e resolvo que talvez seja hora de parar, afinal não estou conseguindo nem terminar cálculos simples.

— Tobias?

— Diga, Luna. — Ele responde e olha pra mim, mas antes que eu fale um vento forte bate nas portas da varanda nos fazendo prestar atenção no tempo lá fora.

— Está vindo um temporal aí. — Ele fala travando as portas e fechando as cortinas. — O que você queria Luna?

— Você se importa em ir me deixar no acampamento?

— Eu iria sem problemas, Malagueta, mas está vindo um baita temporal aí e você sabe que não é seguro sair quando o tempo muda assim e além do mais já está bem tarde. Por que não dorme aqui e assim podemos aproveitar o restante do dia para adiantar o projeto?

— Restante?

— Já passa das duas da manhã. — Ele fala me mostrando o relógio no pulso. — Então?

Oh, Zeus! E agora?!


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Notas finais do capítulo

Eita Zeus que o negócio ta começando a esquentar o/
@Cam minha gratidão eterna!!
XOXO



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