Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Voltei e com um capítulo surpreendente.
Peguem a pipoca e os lencinhos e se preparem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693380/chapter/20

~ POV LUNA ~

— Luna! — Abro os olhos e a primeira coisa que vejo é o rosto da Hiyori bem próximo ao meu. — Ainda bem que você acordou, achei que teria que relatar a hora do seu óbito ao conselho, faz quase 5 minutos que tento te acordar.

— Desculpe, acho que acabei apagando. O que aconteceu? — Me sento na cama e tento despertar.

— Eles vão anunciar a última prova.

— Entendi. — digo e me levanto tentando ajeitar meus cabelos.

— Posso? — Hiyori pergunta apontando para o que estou fazendo.

— Acho que não temos tempo para isso.

— Prometo que serei super-rápida. — Ela faz um olhar pidão e acabo cedendo.

— Ok, mas se eu escutar a voz de alguém do conselho você para na hora.

— Combinado.

Me viro na cama ficando de costas para ela, rapidamente ela começa a separar as mechas do meu cabelo e trança-las, antes que eu perceba Hiyori finaliza e eu tenho duas tranças boxeadoras no meu cabelo.

— Pronto, perfeita.

— Obrigada. — agradeço e levanto pegando minha mochila no chão colocando nas costas e começo a caminhar para fora da tenda. — Você viu os outros por aí?

— Que outros?

— Os outros, sabe, os outros semideuses... — Ela me encara de forma incrédula e balança a cabeça.

— Nunca imaginei que viveria para ver a briguenta Luna tímida. — Antes que eu possa contestar ela continua. — Ou talvez seja apenas orgulhosa demais para admitir que está preocupada com os amigos que aparentemente está brigada.

— Que seja, não me interessa.

— Ué?! Não foi você que perguntou se eu sabia deles?

— Não importa, eu não quero mais saber. — Passo na sua frente e caminho em direção ao palco onde o conselho já começa a se organizar para divulgar a última prova.

— Desculpe, mas você assim é algo que eu nunca vi, precisava aproveitar. — Hiyori me acompanha rindo. — Enfim, o Kaique saiu com o Apollo em direção ao acampamento logo depois da chegada de vocês e da última vez que eu vi estava conversando com Alonsso.

— O filho de Ades?

— Isso, pelo que eu entendi ele estava procurando alguém e o filho do deus da guerra possui contatos que podem rastrear essa pessoa.

— Entendi. — Espero ela continuar, porem a mesma se mantem calada e fica me encarando. — O que foi? — pergunto parando em um ponto onde possa ver o conselho e me manter consideravelmente afastada do aglomerado de semideuses.

— Aconteceu alguma coisa durante a última prova depois que vocês atravessaram o rio?

— Por quê?

— Bom, quando vocês saíram da tenda do conselho você parecia bem irritada, já o Kaique parecia muito chocado com alguma coisa e o Tobias, ele nem chegou a sair da tenda do conselho ainda. A última vez que eu o vi foi quando vocês chegaram e ele parecia prestes a vomitar a qualquer momento.

— Muita coisa aconteceu, mas nada com o que você deva se preocupar. — digo fazendo um carinho no topo da sua cabeça, mas inconscientemente acabo me preocupando, durante todo esse tempo Tobias nunca demostrou qualquer sinal de fraqueza e tenho plena convicção de que eu sou a causa do seu mal-estar, esse pensamento me causa calafrios na espinha.

— Boa noite semideuses! Aos nossos finalistas, os meus parabéns, espero que estejam descansados pois essa prova será bastante intensa. — A voz de Ártemis soa impetuosa, mas sua aparência grita cansaço. — Nós prometemos ao nosso campeão uma arma feita pelo próprio Hefestos, digna de um verdadeiro Deus. Bom, a última prova de vocês é bem simples, vocês só precisam ir busca-la, aquele que chegar primeiro, será o portador da arma. Simples não é mesmo?! — Ela não espera a resposta de ninguém e continua. — Só existe uma regra, ninguém pode ficar para traz. O portal só abrira para o retorno de vocês quando todos que forem estiverem no local. Dez de vocês chegaram até a última prova, se alguém quiser desistir o momento é esse, pois depois que a prova começar terão que ir até o fim.

— Retornar de onde exatamente? — Hemerson pergunta, sua voz é leve e me lembra o som do vento passando entre as arvores.

— O que vocês procuram está guardado no mundo fora da nossa realidade, vocês devem ir ao encontro de Morpheu, ele lhes dará o que desejam. — Ela observa a multidão para ver se alguém irá desistir. — Temos dez finalistas corajosos, se aproximem!

A multidão dos semideuses vai abrindo caminho e rapidamente estou parada na frente do palco onde o conselho se encontra, percebo que há uma mesa logo a frente com vários frascos de coloração estranha.

— Como todos sabem, Morpheu o senhor dos sonhos não habita no nosso mundo e só existe uma forma de encontra-lo, no reino dos sonhos. Nessa mesa a frente de vocês estão dez frascos com uma poção que os fará cair no mais profundo dos sonos, entretanto a consciência de você permanecera acordada para que posam tomar suas decisões. Essa prova não terá um limite de tempo, mas tenham em mente que quanto mais tempo passarem no reino dos sonhos, mais difícil será distinguirem o que é sonho e o que é real. Ao ouvirem seus nomes sendo chamado, deem um passo à frente, peguem um frasco e bebam.

— Sebastian, filho de Afrodite. — Thoth chama com sua voz forte e observo o semideus caminhando em direção a mesa, ele toma o conteúdo do frasco de uma vez e seu corpo desaba no chão, galhos de trepadeira começam a envolver seu corpo e o sugar para dentro da terra.

— Enquanto a prova estiver acontecendo, seus corpos serão guardado pela floresta, para que nada lhes aconteça. — Ártemis explica.

— Elena, filha de Hades. — Thoth volta a chama e ela se aproxima. Observo a garota que agora sei que é minha meia irmã, não temos nada em comum. Ela é alta, esbelta e com a elegância de uma ninfa. Ela toma o liquido fazendo uma careta estranha e assim como foi com Sebastian, seu corpo é acolhido pela floresta.

— Johny, filho de Hestia. — O garoto aparenta ter a minha idade e exala uma energia que faz com que eu me sinta extremamente relaxada, é quase como se fosse a sensação de estar em casa. Ele toma o líquido e o processo se repete, Ártemis volta a chamar os semideuses e um deles atrai minha atenção.

— Tobias, filho de Posseidon. — Quando ela o chama eu sinto um frio na barriga incômodo, me repreendo mentalmente por ansiar ver ele, meus olhos me traem e vão até onde ele está.

Na última vez que o vi ele tinha um olhar cansado e uma expressão de dor no rosto, agora percebo que pouca coisa mudou, a expressão de dor se foi entretanto as olheiras acentuadas e o vinco entre suas sobrancelhas demostram que o cansaço ainda está lá. Tobias caminha até a bancada e toma o líquido de forma rápida, sem expressar qualquer reação ao gosto, antes de cair no chão ele lança um último olhar para Ártemis e pela primeira vez me surpreendo com a imagem que vejo refletida no rosto da deusa, é tristeza, quase com uma despedida silenciosa.

— Luna, filha de Perséfone. — Sinto os olhares recaindo sobre mim, caminho de forma firme até o último frasco cheio sobre a bancada. Quando seguro o frasco sinto um calafrio percorrer todo o meu corpo, o destampo e o cheiro faz meu nariz arder, tomo tudo em um único gole e a última coisa que escuto antes de apagar é a voz de Ártemis. — Que o sangue do olimpo os mantenha firme na batalha!

Abro os olhos e sinto minha cabeça nublada, procuro ao redor e não vejo nenhum dos outros semideuses por perto. Quando observo melhor percebo que estou na entrada do acampamento, ou em algo parecido com isso, o sol está se pondo e o ambiente começa a escurecer então não consigo enxerga nada com clareza, começo a caminhar  tentando encontrar alguém ou alguma coisa que me ajude a enfrentar essa prova. Passo pela entrada e não vejo ninguém, entro no prédio dos dormitórios e começo a abrir as portas.

— Peter?  Sebastian? — Começo a chamar na esperança de alguém me escutar, porém não obtenho resposta.

Estou olhando um dos quartos do segundo andar quando escuto um barulho estranho, olho ao redor e não vejo ninguém, a pouca luz alaranja do pôr do sol não me permite enxergar muita coisa. Aparentemente esse quarto deve pertencer a alguma das crianças do acampamento, os vários pôsteres de desenho animado indicam isso. Saio do quarto e quando piso no corredor novamente o barulho me chama atenção, é quase como se fosse o sibilo do vento passando por uma pequena fenda. Tento escutar de onde está vindo o barulho quando ele soa mais uma vez, só que dessa vez acompanhado de uma voz que faz meu sangue gelar.

Solte essa ponta e veja, a lâmina fria vai brilhar, então a história vai acabar. — Sinto um arrepio na base da minha coluna, a voz da Moira foi carregada pelo vento, sem pensar muito obrigo minhas pernas a se moverem e começo a seguir a voz escada abaixo. — O tempo está acabando, Leptynis! Logo logo os fios serão cortados.

Um pavor desconhecido toma conta de mim, chego ao andar de onde vem o som, mas não vejo ninguém. O sibilo do vento soa novamente e vejo que vem de uma porta que está entreaberta, uma porta que eu havia fechado, do quarto do Kai. Me aproximo e vou abrindo a porta devagar, a janela está aberta, o que fez o vento entrar e correr pelos corredores. Quando entro de vez dentro do cômodo percebo que algo está errado, depois de anos frequentando esse ambiente sei que é o quarto do meu ex melhor amigo, porém tudo está diferente. A decoração não é a mesma, a cama king não está mais lá e o guarda roupa foi substituído por uma cômoda, a porta do banheiro e abre e alguém sai de dentro, me ponho em estado de alerta.

— Quem é você? — Pergunto, mas não obtenho resposta, a figura continua se aproximando de mim e a pouca luz que passa pela janela não me deixa identificar quem é. — Se você não responder por bem, garanto que vai se arrepende. — A pessoa continua calada.

Leptynis. — Mais uma vez a voz das Moiras soa do lado de fora do quarto, me viro para a porta por um milésimo de segundo e quando olho para frente novamente a criatura está bem na minha frente. Começo a me afastar, mas uma mão conhecida me segura pela cintura não me permitindo colocar uma distância segura entre nós.

— Está tudo bem, Luna. Sou eu. — Paro de espernear quando escuto sua voz, Tobias está parado bem na minha frente. Descalço, vestindo apenas uma calça jeans de lavagem escura, seu cabelo está molhado e a barba por fazer em seu rosto está igual a última vez que o vi, os músculos rígidos brilham nos pontos em que a luz do crepúsculo toca. É a perfeita imagem de um anjo, o brilho nos seus olhos remete a força de um anjo vingador prestes a derramar sua vingança sobre a humanidade.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto e me assusto quando sua mão toca meu rosto em um carinho singelo.

— Eu estava esperando você. — Suas mãos quentes espalham uma sensação de relaxamento pelo meu corpo. — Eu senti sua falta, Malagueta. Por que demorou tanto?

— Eu estava tentando entender onde estamos, procurando os outros, você já encontrou mais alguém? — Ele continua a carícia no meu rosto e acabo apoiando a cabeça em sua mão aproveitando.

Ele coloca a mãe que estava na minha cintura por dentro da minha blusa e me puxa para mais perto de si.

— Não tem mais ninguém, somos apenas nós dois.

— O quê? — Abro os olhos assustada e me pergunto em que momento eu os fechei, tento me afastar e ele continua me mantendo grudada ao seu corpo. O calor que ele emana começa a ser demais para mim, sinto o suor se formando em minhas têmporas. — Me solta Tobias.

— Por quê? Vamos aproveitar o tempo que nos resta. — Ele se aproxima tão rápido que quando percebo seus lábios já estão colados aos meus. Ele começa um beijo lento e calmo, uma sensação de tranquilidade me invade. Eu acabo cedendo e sua língua inicia uma dança sensual com a minha, é um beijo que remete toda a saudade que sentimos um do outro. Passo minhas mãos por seu pescoço e uma delas vai para seu cabelo e um sentimento estranho me invade, é como se minhas mãos não reconhecessem a textura dos cabelos que estou tocando.

— Tobias, espera. — O empurro cessando o beijo e me afastando o máximo que consigo. — Esse não é o melhor momento pra isso, temos que ir atrás dos outros e finalizar a prova.

— Que prova, Luna? — A sua pergunta me pega desprevenida.

— Como assim? A prova... A prova do... — Tento me lembrar de que prova estou falando e minha mente parece nublada. O vento mais uma vez entra pela janela aberta e o cheiro do Tobias me atinge em cheio, terra molhada. — É... — Meus pensamentos estão embaralhados.

— Tá tudo bem, Malagueta. Você passou por muita coisa, precisa descansar, me deixa te ajudar.

Tobias volta a me beijar, dessa vez com mais intensidade. Correspondo seu beijo, mas continuo tentando me lembrar de que prova eu estava falando, como eu cheguei até aqui? Porém todos os pensamentos somem quando suas mãos descem para minhas coxas e seguram com firmeza. Segundos depois ele me ergue do chão, no momento seguinte eu estou passando minhas pernas pela sua cintura. Ele caminha comigo no seu colo nos encostando na parede ao lado da janela, nem mesmo o frio da parede conseguiu diminuir o calor de ter seu corpo colado ao meu e seus lábios me beijando, me sinto entrando em combustão.

Nossas bocas se separam por falta de folego e ele desce seus beijos para o meu pescoço, por onde sua boca passa é como se meu sangue estivesse entrando em ebulição. Minhas mãos passeiam pelo seu tronco, me deliciando com a textura dos seus músculos.

— Somos só eu e você agora, Luna. — Ele fala quando solta a pele outrora imaculada do meu pescoço. Me sinto entorpecida com a sua respiração na minha orelha e a única coisa que consigo fazer é balançar a cabeça concordando.

Me assusto quando nos afastamos da parede, Tobias me carrega para a cama me colocando nela com delicadeza, quase como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Ele se deita em cima de mim e volta a me beijar, suas mãos voltam a percorrer meu corpo e ele para uma delas na minha coxa apertando com vontade, minha única reação é soltar um gemido contido entre o beijo.

— Você vai ficar comigo, Luna? — Ele pergunta ao mesmo tempo que movimenta sua pelve de encontro ao meu baixo ventre e meu corpo reage imediatamente a esse contato. Todas as minhas células clamam por mais contato, por mais desse homem. — Ficaremos juntos até o retorno dos primordiais, veremos o mundo renascer. — Escuto suas palavras, mas não consigo compreender nada.

Todo meu esforço para tentar entender o que ele está dizendo cai por terra quando ele volta a movimentar sua pelve. Consigo sentir seu  membro rígido, me separo da sua boca para soltar um gemido sôfrego e a visão que tenho dele me faz ter certeza de que eu iria até o submundo se esse homem me pedisse. Seus cabelos estão assanhados, lhe dando um ar extremamente sexy, seus olhos estão escuros, nublados de desejo, o mesmo desejo que preenche meu corpo.

— Eu te amo, Luna. Desde o primeiro momento em que te vi, eu te amei. Você me faz ser alguém melhor a cada dia, mesmo depois que eu morrer, todas os átomos do universo saberão que cada célula minha ama você! — Não consigo responder, meu coração está prestes a explodir de tanta emoção, escutar essa declaração me fez perceber o quanto eu quero passar o resto da minha vida ao lado desse homem. — Fique comigo, irei dedicar todos os dias da minha vida a te fazer feliz. O que me diz, Malagueta?

— Tobias, eu... — As palavras parecem presas na minha garganta. — Eu amo você!  — Ele me olha com expectativa esperando minha resposta. — Eu ace-

Estou prestes a aceitar quando percebo algo, a luz da lua já se faz presente dentro do quarto e bate no corpo de Tobias, porém algo não está certo.

— Onde ela está? — Pergunto sentindo um gosto amargo na boca.

— Onde está o quê?

— A tatuagem, ela deveria estar aqui. — Toco seu peito no local que deveria estar a tatuagem e de repente o calor que sua pele emana acaba, sinto uma descarga elétrica percorrer meu corpo e minha mente volta a trabalhar corretamente. Eu sei por que estou aqui, para ganhar a prova do torneio. — Quem é você?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem será? Deixem suas hipóteses!

XOXO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acampamento Imortal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.